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Mesa #009 - Fear of The Unknown

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Leonard
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— Senhor, primeiro eu lhe peço para tirar as mãos de mim — falou Andrew, calmamente. — Sinto muito, mas eu não posso fazer nada por elas. Infelizmente, elas faleceram.

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Por um momento, Andrew percebeu uma fúria tomar conta do homem. Seus olhos estavam obscuros e o toque de suas mãos nos braços do médico haviam ficado mais fortes e doloridos. A troca de olhares durou alguns segundos, pessoas ao redor observavam atenciosamente. Por fim, o homem começou a chorar e abraçou Andrew, com uma força incrível e quase machucando o mesmo, sem soltá-lo. Ouviu-o soluçar com o choro bastante alto. Andrew sentia um cheiro bastante forte e natural vindo do homem.

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─ Não se preocupe, obrigado ─ falei à mulher, ainda cabisbaixo. ─ Nessa situação, quase todo mundo segue a emoção e o instinto. Aqueles homens estão mortos de medo, e não culpo eles. Só não tenho mais nada pelo que temer, agora.

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Andrew não soube como reagir, esperava receber um soco, mas acabou surpreendido. Ele não devolveu o abraço, mas aguardou o desconhecido se recompor um pouco antes de afastá-lo calmamente e se levantar:

─ Preciso ver se alguém mais está ferido ou correndo risco de morte ─ falou, simplesmente. E se virou para ir em direção ao garoto e o tal "Arnold".

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O homem deixou Andrew e se focou na sua esposa e filha, mortas. Chorava alto.

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─ Alguém está seriamente ferido por aqui!? ─ gritou Andrew para todos na praia. ─ Se sim, me avisem imediatamente. Se não, eu estou entrando no avião para procurar por mais sobreviventes. ─ Antes que alguém respondesse, ele resolveu completar de uma vez: ─ E afastem-se do avião, a probabilidade que exploda não é pequena!

Ele seguiu o caminho em direção ao interior do avião.

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Stéphane se aproximou da jovem, tentando ser o menos invasivo possível. Sentou-se ao seu lado, em seguida.
─ Qual é o seu nome? — Indagou, buscando emitir serenidade em sua voz.

O ator nunca havia experimentado uma aproximação que transcendesse a mera relação fã-ídolo com alguém tão jovem — tinha aceito dentro de si que se dava melhor com pessoas mais velhas. Porém, via certo amadurecimento na jovem, apesar da pouca idade que aparentava ter.

O pai enfermo estava deitado, de olhos fechados e banhado em seu próprio suor. Movê-lo para um local fresco seria o adequado, pensou.

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De fora, nenhum movimento era visto na cabine do avião e seu interior parecia silencioso como um túmulo (o que de fato ele era, naquele momento). Talvez por isso, o braço que surgiu inesperadamente pela porta e bloqueou a entrada tenha sido bastante alarmante para o médico que vinha entrando, e provavelmente não esperando uma alma viva. O dono do braço se mostrou à luz que entrava pela porta da cabine, revelando-se como Eli, que encarou Andrew durante alguns curtos instantes. A falta de expressão em seu rosto talvez servisse para tornar aquilo ainda mais alarmante, mas logo o sorriso e olhar acolhedor surgiu para tentar diminuir um pouco a tensão inesperada do momento, não causada de propósito. 

─ Você está enganado. ─ enfim cortou em silêncio, num tom calmo de voz. O sentido por trás das palavras soava dúbio e estranho, mas o sorriso permaneceu, e as rugas em volta dos olhos apertados indicavam a aparente sinceridade nele. 

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─ Sobre o quê? ─ perguntou Andrew, seu rosto inexpressivo.

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─ O avião. ─ disse, levando mais alguns instantes para dar um passo para trás e gesticular para dentro da cabine, continuando. ─ Eu não acho que vai explodir, pelo menos eu espero. A fumaça vem aqui da frente, aqui com o que restou da equipe do avião. ─ sua testa se franziu em pesar quando falou deles. ─ Não vem das asas. ─ se voltou para Andrew, voltando com o sorriso simpático. ─ Não entendo muito de aviões, mas é nelas que fica o combustível, não? ─ agora que podia ver o homem dentro do avião por completo, poderia-se reparar que ele estava descalço e que os sapatos ele segurava em uma das mãos. 

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─ Não necessariamente ─ respondeu Andrew. ─ A localização do combustível varia de avião para avião, mas o normal é que, sim, estejam nas asas, mas também no "peito" do avião. Além disso, existem outras fontes de explosão em aviões também. O sistema hidráulico. Um avião desses deve carregar no mínimo uns 400 litros de fluído hidráulico? Talvez mais, talvez menos. Um pequeno problema neles e... bem, boom. ─ Andrew devolveu o sorriso simpático. ─ Mas não é como se eu fosse um especialista também, eu geralmente lido com o depois, quando já explodiu.

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Richard, que estava sentado junto a praia próximo ao bico do avião, recuou alguns vários passos ao ouvir o médico gritar que ele tinha boas chances de explodir. Ele viu ao longe o homem entrar na água, até pretendia acompanhá-lo, mas depois de ouvir as palavras "avião" e "explodir" mudou de ideia. Quando ele o viu subir no avião, porém, teve um estalo repentino: não havia lhe dito quem era o Arnold.

─ Ei, Eiii!!! ─ ele correu de volta até a praia, mantendo uma certa distância lateral do avião. Ele saltava de pernas abertas sobre a água sem notar que isso só o molhava mais. Balançava os braços sobre a cabeça agitado. ─ POLTRONA 52, DOUTOR! O ARNOLD, POLTRONA 52! HOMEM GRANDE, CARA FEIA!

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16 de junho de 2015 - Final do PRODUCE X 101

O clima não era dos melhores na sala de espera do famoso reality que formaria o próximo grupo coreano de sucesso onde Kang estava entre os 10 finalistas.

— Uaaah! Não consigo acreditar que hoje é o nosso último dia aqui, parece que foi ontem que nos conhecemos. De verdade, espero que todos aqui consigam o sucesso que procuram, independente do acontecer hoje, saibam que se precisarem de algo é só me procurar. — Disse um sorridente Daniel, visando melhorar o ambiente.

Todos ali já tinham se acostumado com o lado animado de Kang, dificilmente alguém ficava pra baixo quando ele estava por perto. Próximo de Daniel estava seu melhor amigo, Lee, no qual sonhavam estrear juntos desde que se conheceram no primeiro dia.

— Eu só cheguei até aqui graças a você, se não tivesse me ajudado com as coreografias ou me apoiado nos momentos difíceis, já teria perdido faz tempo. Não só eu, Daniel, vários aqui temos que te agradecer de alguma forma por chegarmos além das nossas expectativas. — Afirmou, Lee.

De fato, Daniel sempre ajudou os demais participantes, mesmo que todos ali fossem rivais buscando a melhor classificação no ranking final. Daniel sabia que não podia passar por cima de ninguém e aprendeu a superar as diferenças devido aos problemas que teve durante sua infância.

Esse lado bondoso e energético de Daniel fez com que ele conquistasse o carinho do público, assim chegando ao primeiro lugar e consequentemente entrasse na lista de idols em ascensão daquele ano. Seu amigo Lee também havia conquistado uma vaga entre os cinco que formariam o grupo, daquele dia em diante passariam a maior parte do tempo juntos.

https://www.youtube.com/watch?v=l_qdfQ2euqo

Já nos bastidores, os cinco que se classificaram se reuniram para comemorar e Daniel deu uma pequena palavra para sua nova família:
— Hoje demos o primeiro passo para o nosso sucesso, vamos trabalhar juntos de maneira mais sincera possível e vamos sempre apoiar uns aos outros, mesmo nos momentos de dificuldade ficaremos juntos. Tenho certeza que daqui alguns anos estaremos nos apresentando ao redor do mundo. — Finalizou, com um olhar entusiasmado para Lee.


***

Daniel, que já estava a alguns minutos jogado na areia, perdido em pensamentos e sem esboçar reação, despertou ao ouvir o suposto médico sugerir para se afastarem do avião. Por um lado ele nem fazia mais questão do que poderia acontecer com ele, ficaria ali jogado, esperando o fim iminente, havia perdido tudo mesmo, morrer pra uma explosão seria um fim rápido pelo menos. Por outro, não poderia deixar o legado de sua banda terminar de tal forma, deixar as promessas e sonhos que seus amigos tinham ir embora assim, do nada.

Mesmo com o desgaste, Daniel decidiu se levantar e caminhou, mesmo cambaleando, em direção ao rapaz que havia perdido sua mãe, se sentou ao lado dele, porém entendia que não era o momento para um diálogo. Ali ficou, observando as ondas do mar com seus olhos já quase sem vida, ao lado do rapaz que passava pela mesma situação, se perdendo novamente em pensamentos, tentando entender o porque daquilo tudo estar acontecendo.

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— Quem você perdeu, garoto? — perguntou a mulher ao lado de Vincent para o coreano, com uma voz calma e afetuosa.

***

A garota demorou um pouco para responder. Por um momento, Stéphane achou que ela não responderia. Ela encarava o pai que tossia um pouco, de olhos fechados, sem dizer nada.

— Aurora Foster. Você é Stéphane, certo? — a voz dela estava completamente sem entusiasmo e isso era compreensível para Stéphane. — Pesquisei sobre você antes da decolagem.

Aurora não olhava diretamente para o ator. Tinha suas mãos no braço do pai e continuava a olhar o seu rosto.

***

Eli e Andrew ouviram um movimento que, naquele instante, pareceu estranho. Olharam para o corredor do avião, a fonte do barulho, e perceberam uma mulher removendo uma pequena mala preta no local acima das poltronas, onde costumam ficar as bagagens de mão. Ela olhou para os dois no fim do corredor e caminhou até eles. Era uma mulher muito bonita: tinha cabelos loiros e curtos, um corpo em forma e seu rosto era limpo e calmo. Ela andava e olhava pelas janelas. Parecia ter acordado há pouco tempo. Aproximando-se dos dois, mantinha uma expressão neutra, embora razoavelmente amigável. Estava com sua mala na mão esquerda. Olhou rapidamente para a cabine e percebeu o sangue.

— Os dois devem estar certos — ela disse. Apesar de uma postura rígida e uma expressão séria, sua voz era doce. — Mas acho que você deveria medir um pouco as palavras que direciona para as pessoas lá fora. — Ela olhava para Andrew. — É muito bom que esteja preocupado com a segurança de todos, mas o pânico pode fazer qualquer pessoa tomar decisões irracionais. — Era uma mulher bastante articulada. Seu tom era de uma amiga e não parecia arrogante. — Ah, desculpem. Meu nome é Laura.

***

Os grupos que antes se aproximavam de Louis e sua filha, agora se afastavam e se agruparam à esquerda do avião. Não pareciam estar em pânico, mas alguns aparentavam preocupação. As pessoas que tinham malas ou mochilas em mãos começavam a remover alguns pertences, como cobertores ou panos, para se sentar na areia. Todos se sentavam de frente para o mar, e ninguém tomava a iniciativa de falar algo e iniciar um diálogo.






* Mapa e localizações atualizados na planilha.

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— Andrew Shephard — respondeu, cumprimentando-a. Não viu necessidade de retrucar o comentário da mulher. — Prazer — falou não só para ela, mas para o homem também que até agora não havia dito seu nome.

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A aproximação da mulher lhe fez pensar brevemente na situação do resto dos passageiros ainda dentro do avião, se todos ali só estavam descordados e, como eles, só precisavam de mais algum tempo para retornarem a si, ou se a situação era muito mais tenebrosa do que parecia. De qualquer forma, ele achou agora um bom momento para descobrir, juntando o útil ao agradável. Voltou com o sorriso acolhedor de antes e esperou Andrew antes de também falar, logo em seguida:

— Elijah. Elijah Stone, mas só Eli já fica bom. — apertou os olhos e deu uma olhadela atrás da mulher, antes de gesticular ao todo interior do avião. — E seria uma pena se explodisse. Uma vez limpo, aqui daria um bom abrigo. — direcionou olhares para ambos e por fim para a mala que a mulher segurava. — Melhor pegar a minha, também. Talvez o pessimismo do... — pensou um pouco, se lembrando do que ouviu o garoto lá fora gritar. — ...doutor esteja certo. — levou um instante para deixar os sapatos que segurava ao lado da porta e retornou para seguir o médico, quem ele via que estava indo mais para dentro do avião. 

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Andrew deu uma boa olhada no avião e suspirou. Maldita hora que me anunciei como médico de trauma...

— Eu vou checar se tem mais algum sobrevivente ainda desacordado e, bem, quantos estão mortos. — Andrew passou pelos dois ali, iniciando da cadeira mais próxima que tinha alguém. — Se vocês quiserem me ajudar checar o pulso deles faria o processo mais rápido. Porém, se não quiserem correr o risco de ficarem dentro do avião, é bom já saírem — falou enquanto checava o pulso, erguia as pálpebras, etc dos passageiros.

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Daniel em meio aos pensamentos, foi surpreendido pela pergunta da simpática mulher que estava próxima:

— Se eu falar que perdi tudo você aceitaria minha resposta? — Respondeu com um sorriso irônico mas ao mesmo tempo sincero. — Perdi os membros da minha banda, eles eram como minha segunda família... Provavelmente perderei a fama e o reconhecimento que conquistei também, já que não vou sair vivo daqui mesmo, nem vou conseguir me despedir dos meus pais... É, acho que tudo ainda é pouco para descrever o que perdi, mas agradeço a preocupação. — Finalizou olhando para a mulher, com um sorriso sem graça no rosto.

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Filmografia :



Stéphane Truffaut tinha uma imagem amistosa de um profissional da área de atuação: sempre receptivo com fãs, simpático em entrevistas e atencioso nas redes sociais. O canadense foi obrigado por contrato a zelar por sua imagem pública e, principalmente, jogar-se inteiramente no mundo de Iron Heart — transmitia propriedade em suas falas sobre os mechas japoneses em entrevista ao podcast de Joe Rogan e segurou com entusiasmo o próprio action figure “lançado” em primeira mão no programa de Ellen DeGeneres.

As maiores controvérsias eram ligadas ao sobrenome do ator: filho de um diretor francês e uma atriz canadense. Seu pai, outrora um diretor expressivo, caíra em decadência no terço final de sua carreira, vista nos dias de hoje sob um olhar reflexivo, uma vez que seus filmes eram recheados de personagens sexistas e continham um teor político evidente. Stéphane sempre se manteve distante dessas associações.

***


— Aurora. Um nome muito bonito. Dentre os personagens que você interpretou ou concebeu, você tem algum favorito?

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Foi seguindo até sua poltrona enquanto escutava ao que o Andrew dizia, além de dar mais uma olhada pelos assentos à procura de alguma movimentação entre os desacordados. Seria um processo longo checar se todos possuíam pulso ou não, mas certamente era o certo a se fazer, principalmente se o risco de explosão de fato existisse. Mas antes, ele chegou até o bagageiro em cima de sua poltrona e encontrou sua mala, logo ao lado da do homem com que ele lembra de dividir o assento; este que ele não lembra de ter visto desde que acordou. Pausou o que fazia, porém, e deixou escapar um curto riso quando escutou o comentário do médico sobre "correr riscos". 

— Depois de ter sobrevivido a isso? — o gesto que ele fez indicou que ele se referia ao acidente como um todo. Trazia serenidade na voz. — Não, acho que alguns riscos não são nada demais agora, pelo menos não pra mim. — os olhos que eles não viam, porém, traziam um caráter pensativo. Enquanto falava, ele voltou a descarregar o bagageiro e também tirou a mala do homem que estava ao seu lado, a pondo junto da sua depois que a tirou. — O destino as vezes tem um jeito de te dizer que ainda precisa de você... — murmurou a última frase mais para si mesmo, soturno, e foi dando alguns passos para o fim do corredor. 

— Espero que com eles seja a mesma coisa. — se virou e deu uma olhadela para os dois, sorrindo um sorriso esperançoso antes de partir. Aparentemente sem perder a calma que demonstrou até então, foi ir checar sozinho o estado dos passageiros no fundo do avião.

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— Ajudarei — disse a loira. 

Ela ajudou a checar os pulsos e respiração dos passageiros junto com a dupla. A mulher parecia saber fazer aquilo muito bem, para a surpresa de Andrew, descobrindo se um passageiro estava morto ou não em muito pouco tempo.

Nenhum passageiro respirava ou tinha pulsação. Para Andrew, a situação deles era basicamente a mesma da filha e da esposa do homem que o abordou mais cedo. O que mais incomodava o médico era não saber a causa da morte. Nenhuma das suas teorias era suportada por muitas evidências para que acreditasse em alguma.

— Todos mortos — disse a mulher loira, com uma voz mais pesada e triste, para Andrew. — Algum palpite? — perguntou, olhando para os corpos, procurando uma resposta para aquela tragédia, após verificarem todos os corpos.

***

A mulher com traços asiáticos tentou confortar Daniel, colocando a mão em seu ombro. Ela tentou falar algo, mas nenhuma palavra foi ouvida. Ela simplesmente não sabia o que dizer e manteve-se em silêncio, pelo Kang e pelo outro homem.


***

— Não — disse a garota para Stéphane. Continuava encarando o corpo do pai, que a cada momento que passava, ficava mais imóvel e silencioso. A sombra de Aurora estava no rosto de Louis. O rosto dela estava mais sério e menos choroso.

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— Eu solenemente me comprometo a consagrar minha vida a serviço da humanidade. Darei aos meus professores o respeito e gratidão que merecem. Praticarei minha profissão com consciência e dignidade. — Andrew não conseguia esconder o sorriso formando-se em seu rosto conforme fazia seu juramento como médico, sua voz misturando-se com as dos demais internos, enquanto Richard Webber observava pacientemente. Era onde sua vida realmente começaria, os últimos 20 anos todos para esse momento. — A saúde de meus pacientes será minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados, mesmo após a morte de meus pacientes. Manterei de todas as maneiras a honra e a nobreza da profissão. Meus colegas serão meus irmãos e irmãs. Não permitirei que considerações de idade, doença, deficiência, crença, origem étnica, sexo, raça, filiação política, nacionalidade, orientação sexual, posição social ou qualquer outro fator interferir entre meu dever e meu paciente. Vou manter o máximo respeito pela vida humana. Não vou usar meus conhecimentos médicos para violar direitos humanos e liberdades civis, mesmo sob ameaça. Faço estas promessas solenemente, livremente e sobre a minha honra. — E ao terminar aquelas palavras, o Shephard abaixou a mão e respirou fundo, orgulhoso.

Seu futuro seria naquele hospital a partir daquele momento. Seus feitos seriam ali. Aqueles pacientes seriam as vidas que ele salvaria. Nos olhos de Andrew, ele estava entrando no céu, mas não demorou muito para que logo descobrisse que aquele "céu" mais aparentava um inferno.


E aquele avião não era muito diferente de um hospital. Ainda mais quando se era um cirurgião de trauma. A única diferença era que os cadáveres estavam mais próximos dos outros.

— Eu não acredito em destino — respondeu após escutar Eli falando, não havia nenhuma grosseria na voz do médico, apenas palavras sem emoção. — De um ponto de vista lógico não faz sentido algum termos sobrevivido ou sequer esse avião estar de pé como está. Por mais que eu tente pensar em uma explicação, realmente não há. Mas não vamos abusar da sorte, precisamos nos apressar.

Andrew já tinha desistido de encontrar alguém vivo há muito tempo. Ele não se sentia muito mal por todas aquelas pessoas mortas, não a ponto de atormentá-lo pelo menos, mas ao encontrar aquele tal de Arnold morto, contar ao garoto não lhe era uma cena que ansiava por acontecer.

E como esperado, realmente não havia nenhum sobrevivente ali.

— Todos mortos — disse a mulher loira, com uma voz mais pesada e triste, para Andrew. — Algum palpite? — perguntou, olhando para os corpos, procurando uma resposta para aquela tragédia, após verificarem todos os corpos.

O Shephard suspirou.

— O que mais me incomoda é não fazer ideia da causa da morte — respondeu já procurando nos compartimentos do avião por caixas de remédio e coisas do tipo. — Vamos sair daqui.

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É inexplicável. — sua voz surgiu de repente, junto de sua silhueta que veio do fim do corredor, munida de passos silenciosos. As linhas de seu rosto carregavam pesar, já confirmando o resultado de sua missão antes mesmo dele precisar verbalizá-la; algo que ele ainda o fez, mesmo assim:

— Nada ali também, infelizmente. Uma pena... — anunciou. A voz podia estar calma como sempre, mas o pesar por trás dela era perceptível, embora ele também tivesse um sútil brilho nos olhos, difícil de se decifrar.   Pelo visto você foi a última da nós a acordar, Laura. — lançou-lhe um olhar afável e um meio-sorriso um pouco triste e assentiu para Andrew, seguindo o caminho deles de volta para a saída do avião e até a praia. No caminho ele apanhou as duas malas, (sua e de Stéphane), e seus sapatos juntos à porta. Sentia-se um pouco melhor por finalmente estar deixando aquele avião, que a essa altura já havia se tornado mórbido demais para ele. Comentou para os dois acompanhantes, durante o breve trajeto:

— Perdão pela insistência, mas tive um tempo pra pensar nos últimos minutos, e ainda vejo o avião como um bom abrigo no momento... — fez uma curta pausa, esperando até ter captado a atenção de ambos para continuar. — Caso Andrew esteja enganado, claro. — olhou para o médico e deu um sorriso, antes de continuar. — Precisaríamos tirar os corpos daqui antes, com certeza, mas acho que vai ser algo necessário de um jeito ou de outro. — suspirou e esfregou o suor da testa com o antebraço. — Ah, bem... Durante hoje um acampamento na praia deve ser suficiente, só vamos ter que entrar aqui de novo e pegar o que for necessário, mesmo com os "riscos". Além da floresta também, evidente. — ele tinha bastante calma no que dizia, mas havia algo que ele parecia não  considerar em momento algum: o resgate. Seus planos já estavam indo um pouco a frente, talvez até a mais dias do que levaria até eles finalmente serem resgatados, algo que seria o esperado em quedas de aviões comerciais. Ele resolveu não se prolongar mais e se focar no trajeto, por mais que sua mente estivesse a mil naquele momento, apenas finalizando:

— Tenho certeza que tomarão uma decisão apropriada, seja ela qual for.

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— A ideia de usar o avião como abrigo não é ruim. Eu concordo com você, por hoje construir um acampamento na praia deve ser suficiente. Um dia já basta para termos mais que certeza de que vai explodir ou não. — Andrew acompanhou Eli enquanto se dirigiam para fora do avião.

Caminhou até perto do grupão esperando que quem estivesse por perto ouvisse também.

— Ninguém no avião sobreviveu. Nós somos os únicos sobreviventes — falou Andrew em voz alta. Ele deu uma olhadela para Richard para ver a reação do garoto, sentindo um pouco de pena dele.

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Laura observava com atenção as palavras de Andrew e pareceu intrigada com aquele mistério. Saiu do avião, pela primeira vez. O vento batia em seu corpo e fazia seus cabelos loiros se movimentarem. Molhou suas botas ao sair pela porta e pisar na água rasa ao lado do avião. Estava com sua mala em mãos e observava todas as pessoas na praia. Percebeu a desesperança e a tristeza nos olhares e no silêncio. Andou para mais longe, à direita do grande grupo, sentou-se na areia e analisou suas coisas em sua mala, com cuidado.

Andrew encontrou alguns band-aids, curativos e analgésicos no avião, mas nada além disso. Poderia ser suficiente caso ninguém se ferisse gravemente.

Ao dizer aquelas palavras, percebeu surpresa em alguns poucos rostos. No entanto, a maioria parecia já estar esperando aquela notícia. Não parecia haver esperanças naquelas pessoas. Não pareciam achar que haveria resgate e que sobreviveriam. Era como se já estivessem aguardando a morte. Andrew não sabia quem dali tinha parentes ou conhecidos no avião, mas sabia que a simples notícia de cerca de uma centena de mortos deixaria qualquer um para baixo. Acontece que eles já estavam assim há algum tempo, talvez antes de ele mesmo acordar.

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