#Mesa 003 - Fire and Blood

- R'hllor permite-me ver apenas o que quer, e pede por isso - respondeu ela, então olhou-a mais um pouco e aproximou-se, finalmente contando o que vira. O rosto da mulher pareceu meio chocado, incrédulo, mas ela engoliu em seco, e ficou em silêncio por alguns segundos. - Eu precisarei da Serena, é a única  nesse lugar com sangue de um rei, além de Daeron. Preciso que vá atrás convencê-la, a mim não falará por muito tempo.

- R'hllor permite-me ver apenas o que quer, e pede por isso - A mulher a olhou por um tempo depois das palavras e se aproximou contando de sua visão, olhou confusa para ela tentando entender o que significava aquilo. Mas não acreditava que sua dedução fosse o certo, sabia que profecias eram perigosas se fossem mal interpretadas, então preferia não pensar naquilo por enquanto. Ouviu as ultimas palavras da mulher dizendo sobre o que poderia fazer por Daeron. - Eu precisarei da Serena, é a única nesse lugar com sangue de um rei, além de Daeron. Preciso que vá atrás convencê-la, a mim não falará por muito tempo.

Talia olhou para o homem deitado na cama novamente, faria o que fosse necessário pra salva-lo e isso incluia fazer o que a mulher vermelha pedia. Suspirou e levantou-se, sentiu uma pequena tonteira, que passou em segundos. Apertou os olhos e voltou o olhar para Melissandre, talvez ela e seu deus merecessem a confiança da bastarda.

- Vou busca-la, fique com Daeron, serei o mais breve possivel. - Disse assentindo para a mulher em sua frente e se retirando do quarto em seguida. Em passos rapidos foi andando pelo castelo a procura da garota Targaryen

Encontrou-a no Bosque Sagrado, observando o chamativo represeiro, o tronco branco como a neve realçava as emaranhadas folhas vermelhas de cinco pontas, perto havia um pequeno lago e em todo lugar uma vegetação bem viva, era muito bonito. Aproximou-se dela, esfregando os próprios braços pelo frio absurdo.

- Estou surpresa de vê-la fora do quarto dele - soltou Serena, tirando os olhos da árvore, parecia mais séria que o comum. - Algum problema?

Depois de perguntar a algumas pessoas descobriu finalmente onde Serena estava. Ao colocar os pés fora do castelo sentiu o frio entrando em seus ossos, mas n tinha tempo para ir buscar maus roupas. Atravessou o pátio e foi em direção ao Bosque Sagrado onde os nortenho cultivam seus deuses através de represeiros esculpidos pelas crianças da floresta. Lembrava-se das histórias que tinha ouvido sobre os represeiros e os antigos habitantes de Westeros, mas era a primeira vez que entrava em um lugar como aquele. Ficou surpresa com toda aquela cor em meio a um lugar tão cinzento como o norte.

Parou ao ver Serena diante de uma das árvores, ela olhava para o rosto ali gravado com seriedade. Não sabia o que ela fazia lá, mas parecia um bom lugar pra pensar, mesmo com todo aquele frio. Sem que falasse nada a garota virou para Talia.

- Estou surpresa ao ve-la fora do quarto dele - disse com uma expressão mais seria que o comum- Algum problema? - Ao ouvir as palavras da garota a bastarda suspirou

-Daeron parece ficar cada vez pior, se não bastasse as feridas ainda tem essa maldita doença - Disse Talia colocando os braços em volta do corpo para se aquecer enquanto analisava o rosto da Targaryen. Tinha ficado sabendo pela boca dos meisters e das criadas sobre como a garota controlou Aerion nos dias anteriores. Não conseguia imagina lá controlando ele, mas o sangue de dragão também corria em suas veias e era só um pouco desse sangue que precisava para salvar o rei. Mesmo que ainda não confiasse totalmente em Melissandre, sabia que se ela tentasse algo que machucasse Serena, iria mata-la com suas próprias maos- Precisamos de você, Serena, talvez seja o único jeito de salva-lo

Droenn perguntava-se o que significava o sonho que tivera, uma vez que a reconquista de Winterfell havia sido um sucesso ─ mal podia acreditar que estava em casa. Caminhou ansioso para reencontrar a irmã, esquecendo-se de suas dores e alimentando a expectativa de vê-la bem. Os soldados que o acompanhavam deixaram-no assim que entrou no quarto.

─ Dania? ─ estava deitada, e num pulo afastou-se. Dizia quaisquer coisas para que não chegasse perto, cobrindo o rosto ferido com os braços cheios de manchas arroxeadas e marcados de mordida. Droenn lutou para conter uma lágrima, mas ela desceu pela cicatriz na bochecha. A figura do bastardo apareceu em sua cabeça, sentiu-se mais do que aliviado por ter acabado com o sofrimento. ─ Não tema, acabou ─ com um sorriso triste, disse, aproximando-se e estendendo-lhe a mão. Tudo o que mais queria nos últimos anos era um abraço da irmã.

Levantou uma sobrancelha, encarando sua amiga, sabia da situação do irmão, na verdade todo castelo sabia o quão doente estava, preocupou-se muito com ele nos primeiros dias, estando em seu lado desde o momento onde desmaiara, mas pouco depois escolheu caminhar pelo exército e nos acampamentos em volta de Winterfell, checando como as coisas desenrolavam-se, reparando na felicidade de alguns com a provável morte do homem e a preocupação de outros, notou facilmente que os sentimentos geralmente dividiam-se em dois grupos: nortenhos e os mercenários da Companhia Dourada, respectivamente. Estamos cercados como estivemos durante os últimos anos como mercenários, perguntara-se se ousariam algo contra Daeron.

Caminharam juntas em direção ao quarto onde o rei dormia doente, no caminho os olhos da Targaryen encontraram-se com os de Dieck Locke, notou o sorriso em seu rosto e enfureceu-se, mas ignoraram e continuaram, depararam-se com o meistre nortenho saindo dali após outra dose de leite de papoula e entraram no cômodo, encontrando a mulher vermelha encarando as chamas no braseiro. Virou-se quando percebeu a presença das duas, então sem outra palavra foi em direção à mesa perto do rei, mandando a garota sentar-se na cama ao lado dele. Trouxe um frasco com três lesmas dentro, fazendo Serena levantar-se de imediato.

- Que merda é essa? - exclamou a garota, até mesmo a bastarda parecia surpresa com as lesmas.

- Não se preocupe, cada uma delas pegará apenas um pouco do seu sangue, o suficiente para salvá-lo - disse Melisandre olhando rapidamente para o rosto pálido de Daeron.

- E isso fará algo comigo? - questionou a garota, desconfiada.

- Quando ele acordar e levantar da cama, forte e saudável, fará você feliz - respondeu calma, tirando uma das lesmas e pousando-a no braço da garota.

O braseiro soltou jatos de fagulho para o ar conforme a mulher jogava as lesmas nas chamas, um barulho nojento e estridente emitiu com o molusco derretendo aos poucos. Melisandre recitou algumas palavras de olhos fechados e quando os abriu, voltou sua atenção às duas mulheres.

- Está feito.

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A garota demorou muito para tomar coragem de abrir os olhos e ver quem estava em sua frente, no momento que percebeu quem era as lágrimas brotaram, o controle delas logo foi perdido e ela começou chorar como uma criança, pulando nos braços do irmão, estava tão aliviada de vê-lo que mal percebeu tudo que sofrera saindo de sua boca, como tentara manter-se forte e confiante de um futuro próspero, mas acabara quando o bastardo demonstrou-se o monstro que era, obrigando-a fazer coisas terríveis. Abraçou-a, tentando confortá-la, deixou que desabafasse e chorasse até cansar-se.

Dania dormia em seus braços, finalmente em paz, quando um soldado entrou no quarto, desculpando-se imediatamente pela intrusão, mas avisando-o de uma carta enviada à ele, pegou-a e dispensou o rapaz, olhou-a e notou o selo da casa Baratheon.

As manhãs seguintes desabrochavam límpidas e geladas, o frio era lancinante, mas Rhaego maravilhava-se só de pensar em quão linda deveria ser a região no degelo da primavera. Apesar de saírem vitoriosos da Batalha de Winterfell as perdas haviam sido enormes para o Velaryon: havia perdido boa parte de seus homens e os restantes jaziam enfermos pelos cantos do castelo, assolados pela doença que afetara boa parte do exército. Preocupava-se especialmente com Daeron e Droenn, ambos haviam sido feridos e ele tinha noção de que a morte de qualquer um dos dois poderia significar o desmantelamento do exército e um consequente fracasso na Guerra. Orava para deus nenhum para que nada acontecesse com eles, enquanto raspas de geada salpicavam seus cabelos sentado a um dos bancos do castelo, comia restos de pão seco, quando Cetim desatou a falar.

— Senhor — chamou-lhe, de repente. — Senhor, você sabe do que chamavam o rei quando era criança?
— Não, Cetim. De quê? — Respondeu-lhe, empurrando o miolo do pão goela abaixo, sem demonstrar muito interesse.
— Daeron, O Doente. Em seu nascimento o corpo era tão fraco que o rei tivera de chamar todos os meistres mais habilidosos para tentar ajudá-lo a sobreviver, durante a infância não parecia o tipo de garoto que passaria de duas décadas de seu nome.
Rhaego virou o rosto em sua direção, com a testa franzida.
— Olhe para você mesmo: um merdinha completo, e mesmo assim é um dos companheiros que eu mais me orgulho por ter lutado lado a lado. As aparências enganam, e se o Rei sobreviveu uma vez quando era uma fraca criança, não vejo porque não o faria agora que é homem feito.
— Eu sei, eu não quero desejar mal, mas... e se ele não conseguir melhorar dessa doença? Digo, seria muito irônico ele morrer doente.
— No mundo em que vivemos o irônico é estarmos vivos, Cetim. — Sua atenção fora fisgada por um corvo um pouco diferente dos nortenhos aproximando-se do castelo e sumindo sobre sua cabeça. — Valar morghulis, "todos os homens devem morrer". — Concluiu.  
— O que acontecerá conosco? — questionou Cetim, numa voz preocupada e baixa. — Será que a morte dele será uma coisa boa?
O mercenário respirou fundo, parecia escolher as palavras antes de dizê-las.
— Seria tudo menos uma coisa boa. Daeron pode até não ser o Rei que merecemos, mas é o que precisamos. Então reze como eu para deuses que nem mesmo acredita, porque pode ser muito pior sem ele. — Desfarelou um pequeno pedaço de pão e jogou-o ao chão para que os corvos juntassem. — E, se tivermos o infortúnio de perder o nosso Rei... o dragão tem três cabeças, e eu nunca tive nenhuma dúvida sobre a última delas. — Avistara os feitos recentes de Serena com Aerion e acreditava que aquilo contaria para os soldados se precisassem segui-la. —  Com certeza terá um impacto grande nos homens, mas Droenn manterá a fidelidade dos nortenhos, eu certificarei aos piratas que nada mudará para eles, Desmond lidará com a Companhia Dourada, manteremos nosso exército unido e tomaremos a coroa do Veado com fogo e sangue como prometemos. E então faremos da Princesa uma Rainha.
O rapaz ficou em silêncio por alguns segundos, observando os corvos beliscarem as migalhas no chão. — Digo... muitos estão murmurando pelos corredores que será ótimo. Alguns até consideram a ideia de algo como... como chamaram mesmo? Lembrei. Rei do Norte, algo assim.
As palavras de Cetim o assustaram de súbito, Droenn nunca faria isso, pensou consigo mesmo, não sem uma necessidade extrema... — Você tem certeza que foi isso que ouviu? Sussurros entre as fileiras levantam a ideia de um Rei do Norte?
O rapaz assentiu, em silêncio. Parecia não entender a real dimensão daquilo. — O Rei, ou a Rainha, terão o sangue do dragão, Cetim, e isso eu lhe garanto. — Considerava que as ameaças de Daeron poderiam ter inflado algum tipo de ressentimento nos nortenhos, e pretendia falar com Droenn o quanto antes para que o amigo pudesse controlar seus seguidores. — Não terá um Rei no Norte enquanto um dragão viver, — Ao longe vira Aerion rasgar os céus, do lado de fora das muralhas de Winterfell. — e o dragão vive.

Sentou-se numa cadeira próxima da cama de sua irmã dorminhoca, passara tantos dias no inferno que agora aproveitava cada minuto do dia para dormir num sono profundo e calmo, isso o fazia sorrir algumas vezes, mas morria logo no lembrar do conteúdo da carta. Um corvo naquela manhã chegara ao viveiro carregando uma carta com o selo da casa Baratheon, quando o viu levantou uma sobrancelha e não conseguiu entender muito bem o que esperar dentro dela, então quando resolvera lê-la finalmente, surpreendeu-se. A escuridão dificultava a leitura, mas a lera tanto que na memória registrara cada palavra.

"Seu pai foi um homem honrado, isso ninguém pode negar, mas desculpe-me pelas palavras, foi estúpido em exigir um julgamento tão extremista décadas depois do ato de sua esposa e minha atual Mão do Rei. Dei-lhe certeza das punições que os leões receberiam do erro passado do homem, mas ele exigira muito mais, algo mais mortífero, algo que eu não poderia entregar-lhe. Expliquei, mas o homem enfurecido virou-se e caminhou para fora, dias depois anunciou sua rebelião. Lembro-me da tarde onde escutei a nomeação Rei do Norte pela primeira vez naquela ano, foi aí onde todas chances de Joran Stark ser poupado, de sua idiotice, foram mortas. Quando tudo acabou, eu puni a família de esfoladores pelos assassinatos desnecessários, algo que aposto não ter chegado à seus ouvidos. Mas não restara nenhum Tully, obrigando-me colocar os Frey como senhores das Terras Fluviais.

Eu sou um homem que tenta evitar perdas que podem ser evitadas. Sim, seu pai foi morto num casamento, e isso poupou várias centenas de soldados do exército que está usando agora, assim como os meus. Mulheres não tornaram-se viúvas, filhos não viraram órfãos e os homens puderam voltar às suas casas. E tentarei fazer isso novamente nesta guerra. Estou dando-lhe oportunidade de ceder mais décadas de vida à seus jovens e últimos anos felizes à seus idosos. Basta entregar-me a cabeça dos irmãos Targaryen, jurar lealdade à mim, então essa guerra inútil será evitada e você continuará como protetor do norte, exatamente o que seus homens querem e lutaram para ganhar. Ofereço também minha filha à seus dispor, um casamento poderá ser feito entre você e Jenna para fechar nosso acordo, unir o norte e o sul.

Caso queira negociar, basta enviar-me uma resposta, estarei a espera. Pense bem em suas escolhas, e nas escolhas que resultarão delas. Seja um homem racional, Droenn Stark, seja esperto, deixe seus homens viverem anos bons sob sua boa cautela.

- Jan Baratheon, Senhor dos Sete Reinos, Rei dos Ândalos, Dos Roinares e dos Primeiros Homens, Protetor do Reino."

Levantou-se, escondendo a carta num dos bolsos da calça, no bater da porta, avançou rápido para ela, tentando evitar o despertar da irmã, quando abriu-a finalmente, deparou-se com um soldado. Perguntou o que queria e o homem apenas disse que Dieck Locke o chamava para uma reunião no salão de jantar. Suspirou, vendo-o afastar-se, aproximou-se da irmã, beijou sua testa e então foi em direção ao local. Soube de uma melhora repentina do rei, porém não o suficiente para determinar seu futuro incerto. Chegou no lugar, deparando-se com um lugar escuro, muito diferente do que normalmente seria uma reunião, preparava-se para sair dali quando viu uma pequena iluminação num dos cantos do local, foi atrás, segurando o pomo de Netuno, e encontrou vários dos vassalos, dos principais lordes vira apenas Dieck e Taren Hornwood, havia também os responsáveis pelas casas relacionadas à Glover, e a própria garota herdeira.

- O que está acontecendo? Pensei que teria uma reunião de fato - exigiu saber, mal humorado.

Os nobres entreolharam-se, pareceram pensar um pouco no que dizer, então quando as palavras e explicações começaram surgir, o Stark só pôde escutá-las, sentindo um peso maior em suas costas.

- Ele está doente, prestes a morrer, e até mesmo seus maiores seguidores suspeitam dos poucos dias de vida que tem, podemos aproveitar-se do meistre para envenenar seu leite de papoula. Bebe regularmente para diminuir sua dor. Morrerá sem que ninguém suspeite de nosso envolvimento - explicou Dieck, bem orgulhoso do plano. - Sei o que está pensando agora, mas pergunte à qualquer um daqui, estamos aqui para segui-lo, estivemos para tirar o norte das mãos inimigas. Você quase sacrificou-se para exterminar o maldito bastardo.

- O mesmo que obrigou minha mãe comer seus próprios dedos, o mesmo que a enlouqueceu - complementou Taren.

- Você é mais ideal à um rei do que Daeron. Ele é louco, violento e imprevisível. Me diga o que acontecerá quando perder mais pessoas queridas durante essa guerra. Enlouquecerá? Provável, e nessa altura não podemos servir alguém assim. Você perdeu muito e mais um pouco, porém continua firme e honroso - os outros lordes concordaram. - Nós todos o seguiríamos até os confins do sul ao tomar o cargo de rei para si. O Rei do Norte. Honre o legado de seu pai, o que pretendia fazer durante sua própria guerra, ele se orgulharia de você.

- Sobre a garota, mande-a para longe ou de volta à Essos, ou deixe-a aqui mesmo, é sua escolha, ela não precisa exatamente morrer, me parece uma boa pessoa, mas longe de uma boa líder ou rainha - disse um dos lordes. - Jovem demais, impulsiva demais, inteligência não é uma de seus virtudes.

- Então, a seguinte decisão está em suas mãos: escolha-nos, seu povo, o que ajudou-lhe nessa vitória, a vingar sua família, nossas famílias, anuncie-se Rei do Norte e o seguiremos até onde quiser... ou escolha o Targaryen, nos perca todos, quase metade de seu exército nortenho. Voltaremos para casa, fizemos nossa parte - terminou Locke. - Deixaremos que pense, tem até a manhã para nos dar uma resposta. Espero que pense bem, senhor.

Então foi deixado sozinho no salão escuro.

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Sim, você tem três escolhas que levarão o RPG para três caminhos totalmente diferentes, mas você não precisa fazer exatamente o que está escrito ali. Se quiser pode adiar coisas, planejar outras, criar um novo rumo pra parada. Enfim, boa sorte, Prime.

Tomou um tempo para si mesmo e deixou-se escorado numa parede qualquer no meio daquela escuridão fria. Traição, dizia ele, e ria, provavelmente zombando da proposta feita pelos lordes. Sem que percebesse, estava com a carta em mãos ─ dobrava-a diversas vezes e a abria novamente, parou apenas para levá-la consigo de volta para o quarto.

Assim como nos dias que se passaram, tão acinzentado era o céu que não poderia discernir aquela manhã duma tarde chuvosa. Passeou pelo interior do castelo e pelo pátio, lembrando-se de quando pegava uma espada de madeira e treinava com seus irmãos ali mesmo. Enxotou as memórias com um sorriso de canto, enquanto continuava sua trajetória pelo castelo. Coxeava aqui e ali devido ao corpo ainda dolorido, mas insistiu relutante que ajuda nenhuma era necessária.

O Grande Salão parecia morto quando os candelabros e archotes não ardiam. Apenas os quatro sentavam-se ali: Talia, Alayne, Rhaego e Droenn, como o combinado. Pães e queijos haviam sido despejados sobre a mesa, o Stark recusou-se a mordiscar qualquer coisa.
─ Leiam-na, se quiserem ─ disse, lançando o papel na madeira. ─ Jan Baratheon me propõe a filha e o norte em troca de Serena e Daeron... Isso ou terminarei como meu pai. Os lordes me dizem para envenenar o leite de papoula do Rei e me anunciar Rei do Norte, do contrário virarão as costas com o sentimento de dever cumprido ─ as palavras saíam iradas. ─ Eu nunca trairia meu juramento, disso sei. Dieck Locke ainda me falou sobre honra, enquanto cuspia o plano, como se fosse algo digno de se orgulhar... ─ percebeu que acabou falando demais e fitou os companheiros, triste. Perguntava-se também qual era a posição da Karstark sobre aquilo. ─ Me desculpem. É algo que preciso compartilhar com vocês, não conseguirei passar por tudo isso sozinho.

Não acreditava em magia, mas também não acreditava em Outros, e desde que tinha voltado aquele continente, tudo aquilo tinha se revelado verdade. No tempo que se passou apos Melissandre queimar as lesmas no fogo o estado do rei melhorava cada vez mais, quando antes a esperança de melhora era quase zero. De qualquer modo manteve-se ao lado dele até o momento em que Droenn pediu para que fosse ao salão. Abandonou o quarto de Daeron com um pouco de receio, pedindo para que os guardas ficassem de olho para caso o Targaryen acordasse.

Ao chegar no salão se deparou com Alayne e Rhaego sentados em uma das mesas. Ergueu uma sobrancelha curiosa com o que aquilo poderia significar e sentou-se cumprimentando os outros. Sobre a mesa havia queijos e pães para comerem, mas seu estomago voltava a embrulhar de pensar em comer aquilo, mesmo que também tivesse melhorado ainda sentia enjoo. Droenn logo chegou com uma carta em mãos, fez um gesto com a cabeça cumprimentando o amigo que sentou-se ao seu lado.

─ Leiam-na, se quiserem ─ disse ele jogando a carta que carregava sobre a mesa. ─ Jan Baratheon me propõe a filha e o norte em troca de Serena e Daeron... Isso ou terminarei como meu pai. Os lordes me dizem para envenenar o leite de papoula do Rei e me anunciar Rei do Norte, do contrário virarão as costas com o sentimento de dever cumprido. Eu nunca trairia meu juramento, disso sei. - Olhou para ele apertando o punho da espada com raiva da carta e dos nortenhos,  lembrando-se do que Melissandre havia visto na chamas. "Um lobo sobre um dragão, porem um dragão vivo e ferido e o lobo indeciso". Não tão indeciso afinal pensou dando um pequeno sorriso- Dieck Locke ainda me falou sobre honra, enquanto cuspia o plano, como se fosse algo digno de se orgulhar...- Disse ele com raiva em sua voz-  Me desculpem. É algo que preciso compartilhar com vocês, não conseguirei passar por tudo isso sozinho.

Sem dizer nada Talia pegou o papel sobre a mesa e abriu lendo seu conteúdo. Não imaginava Jan propondo aquilo, o plano provavelmente vinha da mão do rei, um homem astuto em suas taticas, mas não conhecia o novo protetor do norte. Colocou o papel novamente sobre a mesa, apesar de nervosa com as propostas e com o fato de ter deixado Daeron sentia um divertimento pela escolha de Droenn. Suspirou e subiu o olhar para os companheiros e a Karstark na mesa.

- Sobre isso - Disse apontando para a carta e franzindo o cenho - Não ha nenhuma outra escolha a fazer se não ignorar meu tio, creio que ele saiba dos riscos, e quando estivermos no sul, vamos fazer a morte que ele quer jogar sobre você e os Targryen cair sobre ele.  - Disse dando uma pausa em seguida - Sobre os nortenhos, eles juramentaram suas espadas a você, se quiserem fugir de seus deveres serão desertores, como protetor do norte creio que você deveria deixar bem claro o que acontece a desertores. - Terminou num tom irritado.

Seus dentes rangiam enquanto encolhia-se sob o manto feito de pele de urso que carregava ao redor do pescoço, neve rodopiava através do pátio de Winterfell à medida que dava passos largos em direção ao Grande Salão onde Droenn formaria um pequeno conselho.

Rhaego bateu a neve do corpo ao entrar, o local enorme dispunha de diversas fileiras com longas mesas completamente desertas, provavelmente acomodaria um pequeno exército se necessário. Apenas na mesa principal, disposta sobre uma pequena plataforma, havia algum sinal de vida: sobre a mesa haviam sido despejados pães e queijos, e em uma das suas laterais estava sentada Alayne Karstark. Dentro das espessas paredes de pedra do castelo era possível se encontrar algum calor, mas ainda fungava constantemente, não havia nascido para aquilo.

— Senhora Karstark, — Cumprimentou-a com uma reverência simples, espirrando ao erguer a cabeça. — eu odeio o Norte, com todo o respeito. — Resmungou com a voz anasalada, puxando uma cadeira e juntando-se à mesa. Talia chegou alguns minutos depois, cumprimentou-os, mas pela sua expressão ao vê-los também não fazia ideia sobre o que aquilo se tratava. Alguns instantes depois Droenn atravessou a grossa porta de madeira do Grande Salão, seu semblante era sério e nitidamente caminhava com dificuldades, acenou-os com a cabeça e sentou-se à mesa.

— Leiam-na, se quiserem — disse o Stark, lançando o papel na madeira. Talia juntou-o antes que o fizesse. — Jan Baratheon me propõe a filha e o norte em troca de Serena e Daeron... Isso ou terminarei como meu pai. Os lordes me dizem para envenenar o leite de papoula do Rei e me anunciar Rei do Norte, do contrário virarão as costas com o sentimento de dever cumprido — Suas palavras estavam envoltas de revolta. — Eu nunca trairia meu juramento, disso sei. Dieck Locke ainda me falou sobre honra, enquanto cuspia o plano, como se fosse algo digno de se orgulhar... — Pausou por alguns instantes, fitando-os. — Me desculpem. É algo que preciso compartilhar com vocês, não conseguirei passar por tudo isso sozinho.
— É uma proposta e tanto, ei de admitir. — Disse, juntando um pedaço de pão à mesa e mordiscando-o.
Os outros não pareciam estar com tanto apetite.
— Sobre isso — Talia largou a carta sobre a mesa, apontando-a — Não ha nenhuma outra escolha a fazer se não ignorar meu tio, creio que ele saiba dos riscos, e quando estivermos no sul, vamos fazer a morte que ele quer jogar sobre você e os Targaryen cair sobre ele. — Disse, dando uma pausa em seguida — Sobre os nortenhos, eles juramentaram suas espadas a você, se quiserem fugir de seus deveres serão desertores, como protetor do norte creio que você deveria deixar bem claro o que acontece a desertores. — Seu tom havia se tornado ríspido com o avançar das palavras.
Rhaego deixou escapar uma risada, o que fez três olhares sérios se virarem para ele.
— Eu concordo com você na parte óbvia, deixaremos o Usurpador esperando uma carta que nunca chegará. — Largou o pão novamente sobre a mesa para que pudesse falar. — Mas sobre os nortenhos, se é o que acabou de ser sugerido, decapitá-los agora seria tão estúpido quanto um Rei do Norte, os perderíamos da mesma maneira e ainda abalaria a confiança dos outros nortenhos que continuam conosco. Foi esse tipo de atitude impulsiva que nos trouxe até essa reunião em primeiro lugar. — Ajeitou-se na cadeira, colocando os cotovelos sobre a mesa e apontando o olhar para Droenn. — Eu entendo que Daeron remexeu com orgulhos e egos que nem mesmo ele é capaz de mensurar, mas tudo que você pode fazer é mostrar aos seus vassalos quem é o seu senhor e protetor do Norte, deixe claro que se as forças Targaryens e Stark se dividirem, ambas cairão sobre o exército da Coroa, lembre a aquele porco Hornwood as palavras de sua casa e questione-os sobre o quão honroso é usar veneno para matar um homem enfermo, veneno este conhecido por toda Westeros como uma arma de mulher. — Escorou-se novamente para trás, deparando-se com um olhar rígido da loira. — Só...só das mulheres fracas. — Sorriu desajeitadamente, impulsionando o corpo para frente e voltando imediatamente a colocar os cotovelos sobre a mesa.
— O que eu quero dizer, Droenn, é que se eu fosse você, o que não é o caso, lhes daria um simples aviso: se escolherem acovardar-se e se esconderem em seus castelos ao invés de lutar ao seu lado, você optará por se manter honrado e marchará ao Sul ao lado do Targaryen como jurou sua espada. Se formos derrotados, eles já conhecem como funciona o reinado de Jan Baratheon e provavelmente voltarão ao domínio de Roose Bolton, o mesmo que tão covardemente matou vários de suas próprias famílias. — Pausou por um breve momento, fungando novamente. — E caso contrário, caso saíamos vitoriosos da guerra e com a coroa sobre a cabeça do dragão, então você voltará, — Parecera o menos sério durante toda a conversa, mas agora demonstrava gravidade em suas palavras, — e deixe-os saber de que sua punição será mais severa do que Lorde Sanguessuga jamais fora.

Assim que terminou de falar Rhaego soltou uma risadinha fazendo Talia levantar a sobrancelha, o azulado começou a falar  seu discurso motivacional fazendo a bastarda ficar sem paciência sobre como o homem tinha a interpretado de forma errada. Tamborilava o dedo sobre a mesa enquanto sorria para as palavras que saiam da boca do Velaryon, até que finalmente ele se calou olhando para os outros três sentados na mesa. Soltou uma risadinha para o pequeno silencio que se seguiu.

—Belas palavras, meu amigo, mas eu não me lembro em momento algum de dizer que Droenn deveria decapitar esses homens. — falou com um sorriso de canto para ele— Eu tinha em mente o mesmo que você acabou de sugerir, não precisamos de mais traições ou batalhas por enquanto, mas se eles querem fugir terão o destino que merecem—  Virou o olhar para Droenn — e com isso não digo que deva fazer cabeças rolarem, mas tire os titulos, o castelo e o legado de um nobre que você terá o destino que quer para eles, ou simplesmente mate-os...como quiser.- Disse dando de ombros  — Quando eu disse sobre deixar bem claro o que acontece a desertores, não disse para ataca-los, mas se você os deixar sair sem nem menos um aviso o tratarão como um fraco. Avise-os do risco que correm e vamos ver se a escolha de todos será correr como pretendem.

—Belas palavras, meu amigo, mas eu não me lembro em momento algum de dizer que Droenn deveria decapitar esses homens. — falou com um sorriso de canto para ele, o qual recebeu de volta. — Eu tinha em mente o mesmo que você acabou de sugerir, não precisamos de mais traições ou batalhas por enquanto, mas se eles querem fugir terão o destino que merecem — Virou o olhar para Droenn — e com isso não digo que deva fazer cabeças rolarem, mas tire os titulos, o castelo e o legado de um nobre que você terá o destino que quer para eles, ou simplesmente mate-os...como quiser. — Disse dando de ombros — Quando eu disse sobre deixar bem claro o que acontece a desertores, não disse para ataca-los, mas se você os deixar sair sem nem menos um aviso o tratarão como um fraco. Avise-os do risco que correm e vamos ver se a escolha de todos será correr como pretendem.

— "Se é o que acabou de ser sugerido,...", — Repetiu as palavras que a pouco havia dito — você sabe no que implica o "se", correto? Não tomei como dito e tentei deixar isto claro, só citei a maneira como desertores costumam ser tratados no Norte, o que quis dizer pouco me importa e nada afeta em meu ponto. — Inclinou-se para trás pela centésima vez, entrelaçando os dedos sobre o peito. — Mas se pensamos o mesmo, fico feliz. — Sorriu de leve, tentando retirar a rispidez das palavras.

— "Se é o que acabou de ser sugerido,...", — Repetiu as palavras que a pouco havia dito fazendo Talia sorrir — você sabe no que implica o "se", correto? Não tomei como dito e tentei deixar isto claro, só citei a maneira como desertores costumam ser tratados no Norte, o que quis dizer pouco me importa e nada afeta em meu ponto. Mas se pensamos o mesmo, fico feliz. — Terminou sorrindo

— Sei muito bem o que significa "se", você deu seu ponto levando em conta que sua interpretação estava certa, eu só estava te informando que não — Deu um sorriso provocando ele — Mas a questão não é você se importar com o que eu acho, principalmente porque essa reunião não é sobre o que você acha da minha opinião e sim o que Droenn acha. — Assentiu com a cabeça pra ele sorrindo e esperou que os outros da mesa se pronunciassem.

— Sei muito bem o que significa "se", você deu seu ponto levando em conta que sua interpretação estava certa, eu só estava te informando que não — Deu um sorriso provocando ele — Mas a questão não é você se importar com o que eu acho, principalmente porque essa reunião não é sobre o que você acha da minha opinião e sim o que Droenn acha. — Assentiu com a cabeça pra ele sorrindo e esperou que os outros da mesa se pronunciassem.

— Se a questão não é essa você poderia ter deixado eles falarem a muito tempo, minha amiga. O meu ponto não se baseava na sua opinião, mas na possibilidade de puni-los agora em meio a guerra, o que seria de fato muito estúpido. Se não foi o que você quis dizer, a carapuça não precisa servir. — Deu de ombros, com um sorriso travesso nos lábios.

O frio tão desafiador para os sulistas não seria notado por Alayne se não tivesse se agravado em Winterfell. Os casacos de pele duplicaram-se sobre as peles geladas dos que ali estavam, cansados e esperando por um comando.
A neve se acumulava infatigável dentro e nos arredores da fortaleza. As tempestades logo viriam mais fortes, e nem as paredes que emanavam calor seriam capazes de enganar e fazer os hospedados esquecerem por segundos, que estavam em um inferno gelado que os engolia.

Não demorou para chegar no Grande Salão que estava escuro e gelado, seus passos decididos ecoavam pelo espaço tão carente de vida. As festas que aconteceram ali há tempos se apagariam diante da tensão e do vazio que pairava pelo ar, mesmo quando haviam apenas Alayne e Droenn no local. Continuou do mesmo jeito após a chegada de Rhaego e Talia, apenas mais aceso e colorido devido aos cabelos chamativos do rapaz. Devido sua postura ao aproximar-se, notou que aquele devia ser um de seus objetivos: ser notado.

— Senhora Karstark, — Cumprimentou-a com uma reverência simples, espirrando ao erguer a cabeça. — eu odeio o Norte, com todo o respeito. — Resmungou com a voz anasalada, puxando uma cadeira e juntando-se à mesa.

Alayne sorriu. Então ele era um dos que haviam sido fisgados em uma das armadilhas do Norte.
— Se oque tem é apenas um simples resfriado, tenha certeza de que o Norte não te odeia. Pelo contrário, deve agradá-lo muito, Rhaego. — Brincou, com as sobrancelhas erguidas. O rapaz de cabelos gelados sentou-se e assim Droenn pôde se pronunciar. Jogou sobre a mesa uma carta que foi pega pela Baratheon assim que tocou a madeira fria.
─ Leiam-na, se quiserem.─ Jan Baratheon me propõe a filha e o norte em troca de Serena e Daeron... Isso ou terminarei como meu pai. Os lordes me dizem para envenenar o leite de papoula do Rei e me anunciar Rei do Norte, do contrário virarão as costas com o sentimento de dever cumprido ─ as palavras saíam iradas. ─ Eu nunca trairia meu juramento, disso sei. Dieck Locke ainda me falou sobre honra, enquanto cuspia o plano, como se fosse algo digno de se orgulhar... ─ percebeu que acabou falando demais e fitou os companheiros, triste. ─ Me desculpem. É algo que preciso compartilhar com vocês, não conseguirei passar por tudo isso sozinho.

Prestou atenção nas palavras sentidas de Droenn e considerou todos os argumentos ditos depois de seu apelo. Só não considerou, a briga infantil; parecia estar em Karhold vendo seus dois filhos brigando por um pedaço de comida. Observou a divertida discussão tão impassível quanto Droenn, com quem apenas trocou olhares reprovadores e significantes.

Interrompeu-os, sua voz chamou a atenção.
— Peço desculpas por interromper a inútil discussão. Ambos estão argumentando sobre o quão errado seria sugerir que decapitassem os desertores, logo, está errado e estão cutucando vocês mesmos. — Sorriu ironicamente mas ainda assim, de forma amigável. Talia e Rhaego pareciam estar emburrados, e dirigiu-se à Droenn.
— Não existem fundamentos para acreditar nas falsas promessas de Jan. Ele deixou subentendido que tendo a cabeça dos Targaryen, seria mais fácil obter a sua, Droenn. Essa proposta me soa como uma tentativa de que você acabe consigo mesmo. — Pausou seu raciocínio por mínimos instantes, encarando fixamente o Stark pensativo. — Ele pede que seja esperto e esqueça sua honra, sabendo muito bem que homens honrados são infinitamente mais perigosos e preocupantes que homens espertos. E são motivadores como os desertores jamais serão. — Terminou, colocando despreocupadamente suas mãos sob a mesa, encarando os outros dois que agora estavam calados.

Rhaego mais uma vez respondeu a ela com um sorriso travesso no rosto, sorria em resposta aos comentários dele

— Creio que nos dois temos culpa em não deixar eles falarem... - Antes que pudesse concluir a resposta a loira do outro lado da mesa se pronunciou pela primeira vez

— Peço desculpas por interromper a inútil discussão. Ambos estão argumentando sobre o quão errado seria sugerir que decapitassem os desertores, logo, está errado e estão cutucando vocês mesmos. — Sorriu a mulher com ironia mas ainda assim, de forma amigável. — Não existem fundamentos para acreditar nas falsas promessas de Jan. Ele deixou subentendido que tendo a cabeça dos Targaryen, seria mais fácil obter a sua, Droenn. Essa proposta me soa como uma tentativa de que você acabe consigo mesmo. Ele pede que seja esperto e esqueça sua honra, sabendo muito bem que homens honrados são infinitamente mais perigosos e preocupantes que homens espertos. E são motivadores como os desertores jamais serão. — Terminou, colocando despreocupadamente suas mãos sob a mesa, encarando a bastarda e o Velaryon.  Sorriu e virou o olhar para Droenn

— Bom, agora que todos deram sua opinião é com você, Stark  —  Disse se levantando. — Qualquer coisa estarei disposta a ajudar —  Fez uma reverencia aos que estavam ali e se retirou do salão voltando ao quarto de Daeron

O dia seguinte a minúscula e consideravelmente conturbada reunião chegou depois de uma tarde e noite calmas, nada desenrolou-se contra o homem de cabelos brancos e isso apenas alegrou a bastarda em seu lado, a própria guarnição cuidando do corredor aumentara de dois para seis, ninguém aproximava-se muito sem tomar uma advertência. A mulher dormia sobre os braços ao lado do moribundo rei, muito cansada pela exaustão repentina, por sorte até então não havia vomitado, algo que quando virou rotina a irritou muito. Acordou, piscando os olhos várias vezes e depois os esfregando após sentir uma mão acariciando o seu rosto. Daeron Targaryen expressou satisfação e um sorriso gentil mesmo sob tantas bandagens no rosto.

- Parece que perdi a reunião - comentou numa voz fraca. - Como você está?

Assim que voltou ao quarto pediu para que mais guardas juntassem aos dois que já estava ali. Sem muita objeção mais quatro homens foram enviados. Sentou-se ao lado do rei e ficou por horas observando ele ou se entretendo com qualquer objeto que encontrasse. Do lado de fora ouvia os guardas conversando. Em certo momento decidiu deitar sobre seus braços para descansar um pouco, odiava a fadiga vinda da doença, mas pelo menos não vomitava mais. Não demorou muito tempo para que dormisse de exaustão. Acordou provavelmente horas depois, piscou várias vezes e depois esfregou os olhos após sentir uma mão acariciando o seu rosto. Ao olhar para o lado Daeron sorria gentil para a bastarda que sentiu lagrimas se aproximando, esfregou os olhos mais uma vez para afasta-las

- Parece que perdi a reunião - comentou o Targaryen numa voz fraca. - Como você está? - A pergunta do homem trouxe um sorriso ao rosto da bastarda, qualquer um poderia perceber o alivio ao ver o rei bem. Pegou a mão do homem e fingiu uma expressão brava mesmo que conter o sorriso era quase impossível

-Como você ousa me perguntar isso, Daeron Targaryen? Você é realmente um babaca - Disse franzindo o cenho - Diferente de você eu não estive na cama por dias, então deixe-me fazer as perguntas aqui - Amenizou a voz depois de dito aquilo e soltou as palavras com certa tristeza e alivio- Como você esta se sentindo?

Apertou a mão da mulher, acariciando-a.

- Sinceramente, meu rosto está doendo pra caralho - respondeu num tom de voz dolorido, enquanto ajeitava-se na cama e soltava alguns gemidos de dor. - Mas estou feliz de vê-la aqui, por um momento pensei que morreria.

- Sinceramente, meu rosto está doendo pra caralho - respondeu num tom de voz dolorido tentando se arrumar. A bastarda sentou-se na cama de frente para ele tentando ajuda-lo a se ajeitar preocupada com a situação do homem - Mas estou feliz de vê-la aqui, por um momento pensei que morreria.

- Bom, alguém precisava de ficar de olho em você. Se você morresse eu te buscaria em qualquer um dos sete infernos, Não é tão facil se livrar de mim, Daeron. - Disse com um sorriso de divertimento e abaixou o olhar para a mão dos dois. Passou dias ao lado da cama do rei sem nem ao menos se preocupar consigo mesma, estava exausta, mas tudo o que conseguia pensar agora era em como estava aliviada ao vê-lo acordado. - E afinal eu preciso de você.

- Não se preocupe, rainha da beleza, não te abandonarei tão cedo, não teria coragem de fazer isso com você - respondeu sorrindo, provocando-a com o apelido comum. Apertou a mão da mulher com mais força. - Obrigado por manter-se em meu lado, como sei que ficou.

- Não se preocupe, rainha da beleza, não te abandonarei tão cedo, não teria coragem de fazer isso com você - o homem respondeu com um sorriso tentando provoca-la com o apelido. Sorriu para ele levantando o olhar para os olhos purpuras do Targaryen. Ele apertou sua mão com mais força - Obrigado por manter-se em meu lado, como sei que ficou. - Ao ouvir aquilo sentiu um peso em seu peito, não queria agradecimentos por aquilo, desde o inicio só queria a melhora dele. Sorriu e se aproximou de Daeron o abraçando. Ignorou os gemidos de dor sem solta-lo.

- Sugiro que não faça diferente do que promete, meu rei, eu não suportaria perde-lo - Sussurrou em seu ouvido enquanto se aquecia nos braços do Targaryen - E pode ter certeza que se for de sua vontade estarei sempre ao seu lado.

Surpreendeu-se com o gesto da mulher e suas palavras, mas sorriu e devolveu o abraço, apertando-a contra seu corpo dolorido.

- Eu te amo, Talia - soltou o que guardava há tanto tempo, sem perceber. - Sempre estarei em seu lado também, prometo não abandoná-la.

Daeron devolveu o abraço apertando Talia contra o seu corpo, fazendo a mulher sorrir.

- Eu te amo, Talia. Sempre estarei em seu lado também, prometo não abandoná-la. - Disse o homem surpreendendo a bastarda com as palavras, não tinha nenhum costume de ouvir aquilo. Tinha estado confusa antes que Daeron se machucasse, sabia dos sentimentos que nutria por ele, mas preferia desacreditar e esconder até de si mesma, mas quando viu Targaryen de joelhos com o rosto ferido foi como se a guerra a sua volta fosse o de menos, só queria tira-lo de la e nos dias que se seguiram daria tudo para que ele melhorasse. Ao ouvi-lo dizer que sentia aquilo não sabia como reagir, seria uma garota verde se acreditasse que aquilo daria certo, ela era só uma bastarda e ele o rei. Fechou os olhos e ignorou tudo isso, podia sempre deixar as coisas complicadas pra depois.

-Eu também te amo, Daeron e sei que posso confiar em cada palavra que você diz - Disse o abraçando com mais força e sorrindo ao ouvi-lo soltar um gemido de dor.