#Mesa 003 - Fire and Blood

— Acredite, eu sou um dos últimos aqui que o perdoaria pelo que ele fez - Skyron respondeu, com uma expressão séria, relembrando do massacre à sua tripulação. — Porém, estamos em guerra e vamos precisar do Arryn, a menos que todo o exército dele aceite a troca de senhor sem problemas. Nós necessitamos dele para conseguir uma confiança razoável de seus homens. Você, como rainha, decide como irá usá-lo. Manipulá-lo? Forçá-lo a nomear o irmão? Faça a sua escolha.

Após alguns dias de recuperação, Aaron já estava praticamente totalmente curado, com exceção de seu braço. Se levantara naquela manhã com a visita do meistre em seus aposentos, para fazer novas ataduras em seu ferimento, também recebendo a mensagem de que Talia queria uma reunião.

Se dirigiu até os aposentos da rainha e chegando lá se encontrou com o resto, inclusive seu irmão. Nesse processo de recuperação eles mal se falaram, mas para Aaron foi até melhor assim, o Lorde Supremo das Ilhas de Ferro não possuía palavras de conforto ao caçula devido as perdas dos piratas. Nem o próprio rei sabia digerir aquela situação direito, mas manteve a postura imponente.

Enquanto Talia falava sobre a situação dos Arryns, o Greyjoy se dirigiu até o canto do quarto e se serviu uma taça de vinho. Até parecia que ele não prestara atenção em nada, mas o mesmo ouvia tudo. Skyron respondera a rainha, e Aaron continuava a se focar no vinho. Sentiu o aroma da bebida, deu um gole e deu de ombros com uma expressão de "nada mau".

Posicionou-se próximo dos outros e após Talia e Skyron terminarem de falar, ele tomou a palavra:

- Meu irmão está certo, qualquer decisão que tomar será uma aposta. - bebeu mais um gole do vinho. - Apesar de que eu adoraria matar os passarinhos do vale, todos concordamos que os soldados serão de grande utilidade.

Virou as costas e foi até o vinho se servir novamente. Após servido, se virou novamente para todos enquanto tomava a bebida.

- Tornar o garoto mais novo senhor do Vale me parece a melhor saída, mas ainda assim, não deixa de ser uma aposta.

Sentia-se fisicamente bem, seu estado já havia sido pior inúmeras vezes e havia bravamente aguentado como lhe havia sido dito, desde sempre. Saber que Hugar estava vivo foi um alívio para a loira, que há muito não sabia como eram os dias sem a grosseria sarcástica do grandalhão.
Todavia, sentia-se mentalmente esgotada. Sempre soube separar muito bem as pautas que lhe rodeavam; guerra, família e exércitos, que tornaram-se sua responsabilidade antecipada quando ainda era uma menina, mas após todas as baixas, ausências e crianças nascendo em meio a batalha, encontrava-se preocupada demais e escapavam, mesmo que minimamente, de seu controle.
Seus pensamentos, dia e noite, eram direcionados aos seus filhos. Queria avidamente saber que estavam seguros e protegidos em Winterfell, que o corvo muito bem treinado que havia enviado, por descuido perdeu-se no caminho, mas não havia tido nenhuma resposta. Enviou um mensageiro o mais rápido que pôde e ansiosamente esperava que voltasse com boas notícias, mas priorizando aquilo que precisava, esperava mais ainda, apenas que ele voltasse.


A Rainha, por outro lado, preocupava-se com a guerra, exercendo o pesado título que possuía. Havia convocado todos em seus aposentos, para discutir sobre qual decisão deveria ser tomada. Ouviu Talia atentamente, que logo foi seguida pelos Greyjoy, que não apresentavam objeções.

- Dar o título ao mais novo me soa como a melhor escolha que possamos fazer, no momento. Entretanto, propôr qualquer coisa ao jovem enquanto Lucan está por perto parece algo extremamente arriscado. - Parou por alguns segundos, repassando as possibilidades. - Mas não vejo opções que não sejam e que estejam em uma zona de conforto. Sem o irmão, o garoto teria um orientador a menos, e mesmo com ele e lordes aconselhando-o, acredito que as palavras de alguém primordial nessa guerra, como uma Rainha, seriam bem aceitas.

Ouviu atenta ao que os companheiros tinham a dizer de seu plano. Vendo que nenhum discordava, decidiu dar continuidade aquilo respondendo-os:

— Questiono-me se os homens do Vale tão cedo terão confiança em nós, levando em conta que temos seu antigo senhor como prisioneiro. Todavia, precisamos apenas que respeitem seu novo lorde e tenham consciência do que irá acontecer caso não o façam. Ademais, recuso-me a acreditar que causarão um levante desrespeitando as ordens de Dayron. Por isso, decretarei eu mesma o garoto como representante do Vale, pois assim como Alayne disse, qualquer contato com Lucan pode fazer com que os outros desrespeitem-nos. — Deu uma pausa tomando aquilo como decidido e virou-se para o guarda que protegia o local — Faça com que tragam o garoto até aqui. — Disse esperando poupar-lhes tempo enquanto discutia um ponto que não tinha proposto aos presentes até o momento  — Alem disso, preciso saber a opinião de vocês, levando em conta que a maior parte dos homens naquele salão não passavam de atores contratados pelo Arryn. Não cabe a nenhum de nos punir àqueles que não estavam presentes, mas haviam alguns poucos de casas menores que ainda sobreviveram. Questiono-me o que devemos fazer em relação a eles, já que nenhum possui filhos para tomarmos como reféns.

— Uma vez tendo vantagem, conseguindo o apoio do jovem Arryn, indiretamente terá uma porcentagem de controle sobre as casas vassalas. Não são a maior preocupação, por isso sugiro não focarmos nelas no momento, mas submetê-las quando necessário e proveitoso. — Respondeu a pergunta de Talia, adiantando-se para o canto do aposento, onde encheu duas taças fartas de vinho. Ofereceu uma para a Rainha, enquanto degustava com um longo e satisfatório gole a doce bebida.

— Concordo com a nortenha - disse Skyron, enquanto enchia um copo com água. - Não há por que se preocupar com eles agora, se já estão atrás de grades. - Sentiu a temperatura fria da água quando deu o primeiro gole.

Aaron, já com o terceiro copo de vinho na mão, desaprovava com a cabeça o irmão que bebia água. Deu um longo gole na bebida, esvaziando o copo, e saudou com o copo o que Alayne havia dito, indicando que assim como Skyron, concordara com a loira.

Serena olhou um tanto quanto nervosa para Talia, não sabia o que esperar da mulher, qual reação teria ao descobrir, mas continuou quieta e foi brincar com o Lordezinho, enquanto ouvia eles conversarem. Mudou de berço, indo brincar com o Futuro Mercenário, enquanto o guarda que Talia enviara não voltava.

Quando chegou, veio acompanhado de Dayron que continuava com as mesmas roupas do banquete, mas bem sujas, as partes brancas estavam marrons agora, seu rosto também estava sujo e fedia um pouco. O guarda deixou-lhes ali com o rapaz que olhou rapidamente cada membro do quarto, analisando-os rapidamente. Suas mãos ainda estavam sob correntes.

— Então, qual a proposta? — questionou ele, acabando com o silêncio desde que tinha entrado no quarto.

Virou-se para Alayne assentindo ao aceitar a bebida em um gesto de agradecimento. Olhou para dentro do cálice por um segundo mexendo o conteúdo em seu interior enquanto ouvia o que o Greyjoy tinham a dizer. Assim que ambos concordaram com a Nortenha, concluiu que de fato deveriam pensar naquele assunto depois e tratar daqueles com maior urgência. Diante disso, apenas bebeu um pouco do vinho enquanto esperava pela chegada do novo lorde Arryn em seus aposentos. No momento em que sentiu a bebida em sua boca os pelos em seu braço eriçaram-se e um sorriso breve surgiu em seu rosto, nunca penso que um vinho comum como aquele a traria tanto prazer. Foi tomada de sua concentração na bebida quando por fim a porta se abriu e o garoto sujo entrou junto ao guarda que havia enviado. Sem delongas Dayron analisou os presentes e perguntou qual era a proposta que tinham a fazer. A principio, notando o estado deplorável do Arryn, que tinha estado nas masmorras durante toda a semana, assentiu para o guarda.

— Tire as correntes do garoto — Falou, sabendo que devido aos presentes ele não tentaria nada de estupido. Assim que ele estava livre, o analisou desafiadoramente esperando que ele fizesse algo, mas o mesmo apenas mexeu os punhos devido ao desconforto da prisão. Quando levantou os olhos para a Rainha novamente, voltou a falar ríspida. — Me pergunto se tinha noção do que aconteceria naquele salão, mas levando em conta que grande parte dos nobres naquele lugar eram atores, você tinha total consciência de que seu irmão trairia-nos. Porém, não entendo o motivo de ter concordado com isso, pensei que pelo menos você colocaria um pouco de juízo na cabeça de Lucan, mas me enganei, e creio que você saiba o que acontece com quem nos trai.— Fez uma pausa lembrando-se do dia em que Daeron espancara o Glover e matara seus vassalos. Mas antes que Dayron falasse qualquer coisa tomou novamente a palavra. — No entanto, apesar de ter massacrado grande parte dos nobres que la estavam, tenho de fato a intenção de lhe propor algo. Tenha em mente que a única coisa que me impede de arrancar a cabeça do seu irmão pelo que ele fez são os dez mil homens em seu poder, e é por isso que o chamei aqui. Se for de seu agrado posso torna-lo senhor do Vale e cumprir a promessa que tinha feito pra você, casando-o com Dania e tornando-o também senhor de Correrrio. Seu irmão continuará vivo como meu prisioneiro e assim que essa guerra acabar mandarei-o para a muralha deixando que viva. Nosso acordo inicial continuará o mesmo e o perdoarei por toda essa confusão, todavia, se em algum momento você repetir os atos de Lucan farei questão de eu mesma arrancar a cabeça dele e queimá-lo juntamente com você e todos os outros senhores do Vale. — Encerrou preponderante encarando o garoto de cenho franzido.

Dayron aparentava estar mais entediado que amedrontado ouvindo as palavras de Talia. Enquanto ela continuava falar, seus olhos miraram novamente em todos membros daquela sala, todos machucados e surrados, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. Suspirou, decepcionado. Por anos seu tio dissera à ele que a cada dois atos inteligentes de sua mãe, ela fazia o dobro em burrice, e que Lucan havia herdado aquilo dela, enquanto Jesh tinha herdado o coração do pai e ele o cérebro. Agora, Lucan estava preso e Jesh tinha sumido. Os pais mortos e o tio que tinha matado seu pai, também desaparecido. Só restava ele com alguma sanidade mental... ou vivo.

— No dia que minha mãe prendeu vocês dois — apontou para Aaron e Skyron —, meu irmão tentou de tudo para mudar a mente de minha mãe. E quando ela quis jogar vocês fora, ele ameaçou de renunciar o cargo, pois iria contra sua honra, tinha feito um acordo e não seria desfeito. Ameaçou de deixar o Ninho, coisa que nunca faria, mas para minha mãe, já enlouquecida da perdas que já tinha sofrido, ficou desesperada. E você quer saber o que aconteceu depois isso? — Dayron olhou diretamente para Talia, bem em seus olhos, para que ela soubesse que dizia a verdade. — Ela mudou de ideia e meu irmão a convenceu.

Deu alguns passos em direção à taça de água, deixando todos alertas.

— Posso beber água?

Skyron deu de ombros e deixou o rapaz passar. Dayron pegou a taça, derramou num copo e bebeu, sua garganta estava seca.

— Ela já tinha mudado de ideia quando você a envenenou — falou virando-se para Talia e voltando para onde estava, enquanto esfregava seus pulsos. — Então, não. Eu não sabia de nada disso. Se fosse o contrário, você estaria morta agora. Meu irmão foi estúpido. Fez um acordo com Jan e o homem exigiu que de algum jeito juntasse todos inimigos num só lugar, incluindo os irmãos Greyjoy. Tudo para matá-los de uma só vez. Um homem preguiçoso, meu irmão um fracote para completar, por ter concordado com isso. Tenho certeza que você descobriu bem tarde sobre meu irmão e seus planos, nesse meio tempo, eu não juntaria ninguém. Os lordes não tem culpa... — Virou-se para Droenn, lançando um olhar de decepção para ele. Filho do irmão de sua mãe e pouco importava-se com aquilo, aparentemente a honra dos Stark tinha acabado em Joran Stark. — Os lordes não tinham culpa alguma pelo erro de sua rainha. Eram inocentes. E nisso, meu irmão foi estúpido. Porque bastava uma noite silenciosa e sua garganta poderia ter sido cortada com tanta facilidade quanto roubar doce de criança.

Estendeu os braços em direção à ela, mostrando os pulsos.

— A única coisa que me faria te ajudar, é um pedido de desculpas sincero — disse Dayron com um sorriso curto. — Mas você é uma assassina. Não pensou, não esperou, apenas agiu por medo. Então, faça o que quiser com meu irmão, ele fez sua escolha. Agora, se acabamos aqui, gostaria de voltar a dormir.

Skyron ouviu atentamente as palavras do Arryn e ficou surpreso com a sua revelação. Sua opinião sobre a rainha tendia a ser neutra, mas agora... Agora tinha que ficar mais atento. O Greyjoy já havia sofrido bastante com aquela batalha. Não queria que as coisas ficassem ainda pior.

Ao ver que a rainha havia ficado surpresa e sem palavras inicialmente, Skyron decidiu agir. Olhou para Aaron por um momento e acenou. Depois, deu um passo à frente e olhou nos olhos de Dayron.

— Arryn, eu e meu irmão estamos tanto surpresos quanto você. Eu o entendo perfeitamente e concordo que o plano do seu irmão foi bastante idiota. Teria sido bem melhor ter matado a Baratheon de uma vez e acabar com tudo. Evitaria muitas perdas e teria poucas chances de fracassar, mas agora toda a desgraça já aconteceu. Nós perdemos nossos homens e você perdeu sua mãe. Ambos gostaríamos que as coisas tivessem acontecido de modo diferente, mas de nada adianta agora. Pelo que você falou, a Baratheon não tinha uma real intenção de matar a sua mãe. Ao meu ver, me pareceu que foi a única opção para ela, apesar de concordar com você que foi uma ação muito desesperada. Porém, tenho certeza de que se ela soubesse que sua mãe tivesse mudado de ideia, não a teria feito mal nenhum e se arrependeria de ter pensado em fazer isso. Eu tenho certeza que a Baratheon irá lhe pedir perdão por ter feito isso e será bastante sincera ao fazê-lo. Bem, estamos em guerra e o seu perdão e a sua ajuda nela poderá salvar muitas vidas - suspirou por um momento, como se tivesse acabado de exteriorizar tudo que sentia. - Eu não sei exatamente porque estou lhe falando tudo isso, não tenho nada a ver com essa confusão, mas já estou cansado de tantas mortes. Estou cansado de guerra.

Por fim, Skyron deu um passo para trás e encarou a rainha.

Ouviu as palavras do garoto escondendo rapidamente sua surpresa e voltando a sua expressão neutra. No entanto, antes que se pronunciasse, Skyrom tomou a palavra comunicando-se com o jovem que em uma pose de destemor pedia que levassem - o de volta até sua cela. Aproximou-se da beira da cama levantando-se com um pouco de dificuldade. A dor em sua perna fazia com que tudo piorasse, mas o pouco de orgulho que ainda carregava a forçou a caminhar ficando de frente aos outros. Sentiu o fluxo de sangue molhando um pouco o curativo que envolvia sua panturrilha mas manteve-se encarando o garoto. De fato sua atitude matando a mãe dele tinha sido covarde, e agora, não tinha nada mais a esconder para nenhum dos ali presentes.

- Pelo visto, você está decidido no que diz e foi bem franco pelo que parece, e nisso merece meus parabéns, pois seu irmão nada mais foi que um covarde. De fato, me arrependo de ter recorrido a uma maneira sórdida para o que fiz, porém não posso dizer que me arrependo de tê-lo feito. Sua mãe foi bem clara em suas vontades e não tardou dizer que trairia-me e faria exatamente o que Lucan fez. Tenho certeza que ela nada mais fez do que manipulá-los, e com o antigo senhor Arryn funcionou perfeitamente, pois ele não passou de uma marionete. - Deu uma pausa mantendo seu olhar no garoto, esperando que pudesse resolver-se com os outros depois e torcendo para que o Arryn de maneira alguma soubesse do papel de Serena em sua decisão. - Se Desculpas é o que espera, então terá as minhas por ter feito mal a sua mãe, mas talvez não devesse ameaçar cortar minha garganta. Porque no fim de tudo, nada mais fiz do que meu dever como Rainha, e se espera que eu visse parada sua mãe tramando contra mim enquanto arrisco a vida dos meus, se enganou precisamente, já que uma coisa que posso lhe garantir é que não vou deixar com que meu povo e meus filhos corram risco diante de uma mulher que nada mais era além de louca. Ela escolheu um lado, Dayron, é a sua vez de escolher o seu.

— Claramente, você é péssima em pedir desculpas — observou Dayron, erguendo uma sobrancelha. — Mas eu tenho que admitir, seu carisma deve ser bem grande para que todos aqui realmente confiem em você. Sua necessidade de estar sempre certa de algum jeito, mesmo errada, mostra bastante sobre você. Cada palavra que saiu da sua boca deve ter saído da boca de vários outros reis e líderes cruéis. Ontem, você se sentiu ameaçada por uma senhora louca e a matou. Amanhã, quem será? Um deles — olhou para as pessoas no quarto —, quando descordarem de você ou não seguirem o que você quiser? Quando te contrariarem e decidirem não fazer o que manda, entrarão todos na sua lista de assassinatos? — Suspirou, decepcionado. Era um sentimento recorrente naqueles últimos dias. — Poupe-me de seu ego, Talia. Você se mostra o tipo de rainha que não pretendo seguir no momento que diz que fez o que fez para proteger seu "povo". Saiba, que no momento, que fizemos nossa aliança, que você chegou aqui dizendo que era melhor que Jan, eramos seu povo. Eu, meu irmão, minha mãe. Enquanto meu irmão lutava para te proteger, fazendo de tudo para manter o juramento dele. Você o quebrou. Não somos terras de cavaleiros a toa, posso me ajoelhar a você, mas nenhum homem irá querer seguir alguém sem palavra. Jan, o homem que era o protetor do reino até que lhe foi conveniente matar o que lhe causava problema num casamento, não é algo tão diferente da sua ideologia, não é mesmo? Orgulhe-se, Talia — Dayron sorriu — você partilha mais com Jan do que apenas o sangue.

O rapaz ergueu os pulsos novamente, mostrando que queria voltar a sua cela.

Olhou-o com atenção enquanto falava, sentindo o peso de cada palavra que saia do garoto. O que a atingiu de fato, foi saber que ele não estava tão enganado assim, prometera que seria diferente de seu tio e provavelmente tinha quebrado essa promessa. Respirou fundo, dessa vez sem esconder sua expressão, mas mantendo o olhar fixo no garoto. Assim que ele terminou de falar estendeu a mão esperando que levassem-o a prisão novamente, porém não podia deixá-lo ir com aquilo em mente. Desde o início havia se disposto a ser uma rainha melhor que todos os lordes que tinha conhecido, pretendia ser diferente, não apenas alguém que por obrigação fora parar naquele lugar. Nunca havia estimado o poder que tinha, pois tão cedo percebeu que ter uma vida pra si, era mais fácil do que viver também em prol de outros. Porém, escolheu aquele destino para si por conta das circunstâncias e não porque em algum momento prezou ter a vida que via em outros durante sua infância. Todavia, quando assumiu aquele posto e foi obrigada a tomar decisões, tornou-se pragmática, tentando explicar os meios através dos fins, afinal tratava-se de uma guerra. Porém, pela primeira vez, tinha visto vida surgir de um ambiente onde só havia morte e dor e o que o garoto dissera fez com que se perguntasse qual caminho havia seguido desde o princípio, porque no fim de tudo, tornou-se tirana em alguns aspectos, o que lhe trouxe o questionamento se tinha válido a pena.

- Levarei-o de volta a sua cela, mas antes quero que responda-me. O que você esperava que eu fizesse? Deixasse minha garganta ser cortada no meio da noite?

Após a Baratheon ter dito que não tinha se arrependido de ter matado a mãe do garoto, Skyron abaixou sua cabeça em tom de negação e foi até a cadeira mais próxima para se sentar, levando consigo um copo de, dessa vez, vinho, no qual tomou inteiro em apenas uma virada e esperou o resto do diálogo se desenrolar.

— Como eu disse, Talia, somos de uma terra de cavaleiros. Lucan e nossos lordes fizeram um juramento à você, dificilmente quebrariam. Você só tinha que esperar. — Dayron terminou exatamente no momento que o guarda voltou para dentro do quarto e trancou seus pulsos em correntes novamente.

Serena sentiu-se culpada também, a morte da mulher viera das mãos dela, mas não se deixou torturar por causa daquilo, já estava feito e nada mudaria aquilo. Viu que Talia observou o rapaz indo embora, um tanto quanto culpada e surpresa, então vendo que naquele momento mais nada sairia daquela reunião, resolveu interromper o silêncio:

— Eu preciso falar com ela agora. A sós. — Nunca fora formal ou carinhosa com palavras, não passava impaciência na voz ou algo do tipo, simplesmente era seu estilo de falar.

O resto do "Conselho" saiu logo em seguida, dando espaço para as duas.

— Como você está se sentindo? — perguntou Serena, depois que estavam sozinhas, preocupada.

Assim que o garoto foi levado de volta a sua cela, questionou-se se de fato deveria ter assumido a culpa diante dos outros. Porém, antes que tomasse alguma decisão sobre o que dizer para eles, Serena pediu para que todos se retirassem. Olhou surpresa para a garota sem entender o motivo de querer a conversa a sós, de modo que apenas fitou-a até que por fim todos tivessem saído do ambiente. Quando o quarto se resumia a ela, os dois filhos e a Targaryen, a garota perguntou-lhe como estava se sentindo. Devido as surpresas do dia apenas deu de ombros e caminho novamente ate sua cama sentando-se novamente.

- Cansada - Falou dando uma pausa e olhando-a nos olhos. - Quando matamos Lysa, falei para você que podíamos ser melhores, mas Dayron não se equivocou no que disse. Eu me dispus a passar sobre qualquer um para conquistar o trono para Daeron e meus filhos, porém ainda não temos esse trono e nosso inimigos tornam-se cada vez maiores. E pela primeira vez, notei que talvez eu lhe devesse um pedido de desculpas por tudo que tenho feito você passar, sei que desde aquela maldita traição anos atrás nos acostumamos a viver uma vida como essa, mas a verdade é que não quero me tornar meu tio.- concluiu com um sorriso triste para a garota.

— Fizemos o que fizemos com o tanto de informação que tinhamos até aquele momento. Não podiamos arriscar, bastava uma ordem dela e seríamos jogados para fora do castelo. Erramos sim, mas você não é o Jan por isso. Reis cometem erros toda hora, você também pode. — Serena deu um sorriso doce à ela, mas ele logo morreu.

— O que foi? — perguntou Talia, notando.

Serena mordeu o lábio, pensativa. Por fim, escolheu que era melhor dizer logo.

— Jan estava no ataque — contou ela, relutante. — Junto de alguns guardas reais. Ele escapou quando viu que a situação estava contra ele... um dos soldados contou que na fuga os guardas reais fugiram com ele, mas um deles teve o pescoço atravessado por uma flecha... — Serena ficou em silêncio por alguns instantes. — O soldado reconheceu o homem. — Respirou fundo. — O soldado reconheceu o homem, disse que seu nome era Rodner Baratheon... seu irmão. E não acabou aí. Jenna foi levada, eles a conseguiram de volta. Não tem nada mais que impeça Jan de nos matar.

Respirou fundo e dirigiu seu olhar ao chão após ouvir as palavras da garota. Sabia que mais cedo ou mais tarde enfrentaria aquilo, mesmo tendo feito Daeron prometer que não massacraria sua família, tinha consciencia que, em algum momento, uma noticia como aquela chegaria aos seus ouvidos. "O que acha de conhecê-lo, Talia?" Ouviu a voz do pai em sua cabeça. Suspirou sentindo uma dor latejante em sua tempora devido ao cansaço e as situações do dia. Levantou-se e caminhou com dificuldade até a mesa, servindo-se de uma taça de vinho. Apoiou-se com as duas mãos e olhou para a bebida sendo momentaneamente levada a lembranças.

Entrou no quarto junto ao homem mantendo-se em silencio devido ao sono do bebe, sabia que seu nascimento tinha sido difícil e que devido a isso a mãe dele não levantaria tão cedo. Apesar de não contar ao pai, a mulher provavelmente não gostaria da bastarda perto do pequeno, no entanto, havia esperado toda a noite próxima ao quarto pelo novo membro da família. Aproximou-se de seu berço ficando na ponta do pé para conseguir olhá-lo.
- É um garoto - Falou Edren vendo sua curiosidade com um sorriso- Irá se chamar Rodner, tentei impedir mas contra uma mãe é difícil argumentar.
Uma careta surgiu em Talia e o homem aproximou-se despenteando o cabelo da menina. Diante da risada do pai, o bebe despertou, encarando-os com curiosidade e tomando um sorriso da bastarda. Olhou-o nos olhos, eram de um azul que caracterizava os Baratheon, porem divergia do seu e do pai, sendo mais claro. Fitou-o curiosa com o que tornaria-se no futuro.
- Ele vai casar-se e tornar-se lorde de algum castelo, papai? - Perguntou com uma sobrancelha levantada enquanto passava a mao no rosto do garoto pelas grades. Lembrava-se do meister dizendo que era o que geralmente acontecia para formar alianças quando um nobre tornava-se adulto.
- Talvez, mas talvez escolha se tornar um grande cavalheiro, afinal, você pode ensiná-lo a ganhar dos seus primos quando estiverem mais velhos, o que acha?

- Acho que isso será apenas mais um peso que terei que carregar pelo resto da vida - Falou virando-se para Serena sentindo-se tonta.

Algo a atingiu devido a noticia da garota, mas questionava-se de fato se era tristeza. Não lembrava-se do rosto ou do sorriso do garoto, apenas lembrava-se de seus olhos. Mesmo com aquilo sentia-se como se estivesse diante de uma sombra, de resquicios de um passado arcaico, no qual assemelhava-se a um sonho. Todavia sabia não ser um sonho, o que tornava aquela sensação próxima a um vazio. Suspirou diante daquilo, mas não sentia-se culpada nesse ponto, pois sabia que ele provavelmente sentiria-se da mesma maneira. 12 anos haviam se passado desde a ultima vez que tivera a companhia do irmão, e por isso ele tornara-se nada mais que um estanho, um desconhecido que não hesitaria em mata-la diante das ordens de Jan. Ou era aquilo que queria acreditar, pois no fim de tudo, era apenas mais um jovem morto na guerra que já havia matado milhares de jovens.

- Porém, ficar me lamentando não tornara mais facil. Essa guerra ainda não acabou, e de milhares de fantasmas que me perseguirão pelo resto dos meus dias, ele será mais um, assim como todos os que morreram por minhas mãos ou minhas ordens. - Pegou a taça sentindo sua mão tremer, mas ignorou saboreando a bebida - Só não se engane Serena, Jenna nunca foi um motivo que impedisse Jan de matar-nos. Fico contente que pelo menos, com isso, ele irá nos atacar com tudo. Precisamos dos homens do Vale por isso, de qualquer modo, quando ele vier será nos ou eles, e por fim, sobre sangue essa guerra irá acabar. Talvez isso nos torne fantasmas que atormentaram meu tio pelo resto da vida, ou talvez eles tornem-se nossos. Só espero que dessa vez eu não falhe com todos. - Caminhou ate o lado de Serena e dos berços com suas crianças. Sorriu para o pequeno principe enquanto segurava a mão do Mercenáriozinho. Virou-se novamente para Serena seria.- O que aconteceu com seu dragão e o ovo que estavam no seu quarto? - Perguntou intrigada

Serena viu que a rainha não tinha reagido muito bem e, sinceramente, não sabia por que tinha esperado algo diferente. Apenas deixou-a ter alguns minutos de silêncio para ela mesmo, até que a mesma os interrompeu.

— Viselon está bem e o ovo continua no mesmo lugar. Escondi ele antes de sair para o banquete.

A garota continuou ali por mais algumas horas, até finalmente ir embora.

Nem todo exército de Talia tinha ido para o Ninho, alguns acampamentos, praticamente todos de nortenhos, continuaram pelas redondezas das fronteiras do Vale. Daeron, sabendo disso e também do cerco, passou por vários deles, surpreendendo-se ao ver que a maioria não estava mais onde deveria, logo chutando que Talia os convocara para ajudá-la. Percebeu que talvez a situação estivesse mais urgente que nunca. Avançou rapidamente com o exército para o Ninho, junto de Rhaego, Cetim e Arthur, só para deparar-se com a vitória de Talia e a fuga do exército de Jan. Decidiu, então, pausar seu caminho e atacar o exército cansado e ferido da batalha que acabara de escapar. Montado em seu dragão, caçou um por um, exterminando quase todos sobreviventes, restando apenas algumas dezenas que escaparam do Vale.

Então, era a hora de voltar a sua família.

Chegou no castelo dias depois, deixando o exército que viera com ele na entrada do lugar, protegendo-o. Teve um problema na entrada, os guardas não quiseram deixá-lo entrar, mas viram o cabelo branco de Rhaego e o tomaram como rei, deixando-o entrar e então, Daeron e os outros dois. Riu daquilo, na hora, Rhaego não ligou de ser saudado como rei, se divertindo com aquilo também. Ali foi onde se separaram.

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Talia[Babi]
Vestimenta: Roupas bem quentes.

Talia estava distraída, brincando com Mercenáriozinho que sorria e tentava agarrar seus dedos com as mãozinhas, era um bebê muito carinhoso. Daeron tinha aproveitado aquilo para entrar no quarto e fechar a porta silenciosamente, aproximando-se dela sem fazer barulho. A mulher tomou um susto quando sentiu braços a envolverem e ser abraçada por trás, fazia tanto tempo que não sentia aquilo que seu primeiro instinto foi atacar, mas antes que fizesse aquilo, a voz de quem tanto amava a tranquilizou:

— Não sei se fico com ciúmes ou feliz que minha mulher está se tornando uma comandante de guerra melhor que eu — falou Daeron num tom de choro.


Droenn[Prime]
Vestimenta: Roupas bem quentes.

Alayne[Mary]
Vestimenta: Roupas bem quentes.

Rhaego[Dwight]
Vestimenta: Roupas bem quentes.

Aaron[Chris]
Vestimenta: Roupas bem quentes.

Skyron[Josh]
Vestimenta: Roupas bem quentes.

Maioria das pessoas estavam tomando café da manhã no grande salão quando as portas foram abertas e Rhaego adentrou junto de Cetim. Levou uma questão de segundos para realizarem quem era e quem tinha voltado. Serena foi a primeira a se levantar, pulando por cima da mesa e jogando sopa em quem estava no outro lado, foi correndo até Rhaego e pulou nele, abraçando-o.

— Rhaego! — gritou ela ao pular nele. — Puta merda, eu pensei que você tava morto.

Ele viu que ela estava um pouco maior e de cabelo curto, parecia um pouco mais madura. Logo atrás, surgiram Droenn, Rina, Tobin — que estava disposto a cumprimentá-lo mesmo que não se conhecessem bem — e Alayne.

— O bobo da corte voltou — berrou Hugar, gargalhando e depois tossindo. Veio cumprimentá-lo também. E naquele vazio, Rhaego notou a estranha ausência do resto dos lordes. Também notou que todos estavam feridos, alguns piores que os outros, provavelmente por causa da batalha.

Os Greyjoy observaram aquilo confusos, não sabendo quem era.

Aaron e Skyron estavam sentados mais isolodamente dos outros, por motivos óbvios, em uma mesa no canto do salão. Na frente do Rei, havia um prato com comida que o mesmo não tivera apetite para comer, apenas bebia um copo de água, substituindo o costumeiro vinho.

Vira o homem de cabelos brancos chegar e causar uma felicidade enorme em Serena e receber os cumprimentos dos outros. Aaron apenas observara sem entender direito do que se tratava, até começar a raciocinar o que havia acontecido conforme as falas das pessoas do salão.

— Por que eu não fui recebido assim quando voltei do Rochedo? — disse num tom de brincadeira para Skyron.

O pequeno sorriso que havia em seu rosto desapareceu quando percebera que havia seriedade no olhar de seu irmão mais novo. Bebeu o resto de água de seu copo, olhou para seu prato por uns segundos refletindo e começou a falar:

- Não conversamos muito desde a traição. - deu uma breve risada chateada. - Eu nunca havia me sentido tão patético. Estava tão alto com meu orgulho que o tombo acabou sendo grande. Sofremos uma traição, perdemos inúmeros homens, temos um clima hostil aqui dentro e eu não falei uma única palavra.

Seu tom de voz era sério tentando disfarçar uma certa chateação. O Greyjoy agora encarava o nada pensando que talvez tivesse tomado algumas decisões erradas, ou precipitadas. Pensava em como estava confuso anteriormente e acabou não se portando como líder. Se livrou dos pensamentos e retornou a falar:

- Eu tomei um caminho diferente de Balon que eu considerava certo. Mas o meu erro foi não perceber que o nosso pai soube liderar de uma forma que funcionava. Há muitas coisas que eu posso tirar da forma que ele governava. E é exatamente isso que eu farei. - voltara novamente a olhar para Skyron. - Mas e você? O que passa na sua cabeça num momento como esse? Após a traição, as perdas e essa merda toda com os Arryns...

Skyron não sabia quem era o homem que havia entrado, mas achou curioso seu cabelo branco. Não deu muita atenção ao perceber que não era o rei e voltou-se para seu mingau de aveia cheio de nutrientes, que estava mais saboroso do que os que fazia nas Ilhas de Ferro. 

— Por que eu não fui recebido assim quando voltei do Rochedo? — Aaron disse num tom de brincadeira para Skyron.

— Não conversamos muito desde a traição. - deu uma breve risada chateada. - Eu nunca havia me sentido tão patético. Estava tão alto com meu orgulho que o tombo acabou sendo grande. Sofremos uma traição, perdemos inúmeros homens, temos um clima hostil aqui dentro e eu não falei uma única palavra.

— Eu tomei um caminho diferente de Balon que eu considerava certo. Mas o meu erro foi não perceber que o nosso pai soube liderar de uma forma que funcionava. Há muitas coisas que eu posso tirar da forma que ele governava. E é exatamente isso que eu farei. - voltara novamente a olhar para Skyron. - Mas e você? O que passa na sua cabeça num momento como esse? Após a traição, as perdas e essa merda toda com os Arryns...

Antes de responder, Skyron deu um gole em seu chá de hortelã que acompanhava o mingau e então olhou para o seu irmão.

— Eu era um homem quebrado há uns dias atrás. De corpo e de mente. Não conseguia compor uma simples canção. Já estou melhor agora, mas depois do que essa "rainha" fez, fico preocupado. — Tomou mais um gole de chá. — Você, como líder e como pessoa, é melhor do que o nosso pai jamais foi ou seria. Não entendíamos de batalhas e de guerra tanto quanto ele, mas já estamos começando a aprender muito cedo. Claro que existiam aqueles rebeldes que preferiam à cultura antiga dos Greyjoys e não gostavam de você e nem de mim, mas depois que tornamos as Ilhas independentes e tomamos o Rochedo, eles se calaram rapidamente. Você trará um ótimo futuro para o nosso povo, disso eu tenho certeza. Porém, tenho receio quanto a essa guerra. Para ser sincero, não acho que a Baratheon irá vencê-la. Preciso conhecer esse rei para talvez ter alguma esperança.

O olhar distante do Stark mirava na porção de pão recheado sobre o prato. Nos últimos dias, tudo acontecera tão rápido que mal tivera tempo para processar seus pensamentos, seus medos e seus anseios, mas apesar disso, alimentava dentro de si alguma faísca de esperança. Arrancou um pedaço de pão e serviu-se com um gole de leite, que pareceu não facilitar a descida. Suas mãos tatearam o pescoço em busca de algo, mas há algum tempo as marcas já não estavam aparentes como antes - quando concentrava-se, sentia, todavia, o gelo das mãos daquela criatura, e então era engolido pelo medo. Tentou enxotar aqueles pensamentos, e quando voltou-se à comida, ouviu o ranger das portas ao se abrirem. Numa primeira olhadela, não conseguiu distinguir a aparência dos dois homens, mas soube exatamente quem eram logo após. Ao lado de Cetim, Rhaego trazia cabelos brancos no lugar dos característicos fios azuis - e o mais importante de tudo, era que sua presença ali contrariava aquilo que tinha visto nos sonhos. Um bom sinal, pensou. Droenn esperou que Serena se jogasse primeiro para que pudesse dar um abraço no amigo.

- Todos pensamos - complementou a fala da garota com um sorriso, também direcionado ao escudeiro de seu amigo, num cumprimento breve. - Fico contente em saber que está vivo, Rhaego.

Distraía-se brincando com o mercenáriozinho enquanto ao seu lado o Pequeno Príncipe estava em um sono profundo. Via o sorriso do pequeno tentando agarrar seus dedos, enquanto risadas espontâneas saiam dos lábios da Rainha devido ao filho. Apesar de todas as dificuldades que enfrentava, alegrava-se constantemente com o carinho de suas crias. Sorria para o seu caçula quando sentiu mãos abraçando-a por trás, o que no primeiro momento gerou-lhe um instinto defensivo. Porém, quando preparou-se para atacar quem estivesse fazendo aquilo, ouviu suas palavras. No choque inicial manteve-se estagnada na mesma posição, mas ao sentir o homem abraçando-a mais forte virou-se de olhos cerrados, abraçando-o de volta. Sentia o nó em sua garganta enquanto suas lágrimas molhavam as roupas de Daeron Targaryen.

- Seu babaca. - Disse baixo, sem tirar os braços do homem enquanto suas lágrimas corriam.

Afastou o rosto de seu peito, olhando-o nos olhos e vendo pela primeira vez sua nova cicatriz. Passou a mão sobre o corte analisando um dos olhos que de púrpura tornara-se branco, todavia sem nenhuma palavra, beijou-o por um tempo sentindo o aperto dentro de seu peito, aliviada. Abraçou-o novamente pensando na diferença do homem que partira, um corte havia o cegado em um dos olhos, seus cabelos estava curtos e seu rosto estava recuperando-se de alguma luta. Depois de um tempo mantendo-se em silêncio nos braços do Rei, decidiu responder, tinham muito o que conversar mas havia algo mais importante no momento.

- Pelo contrário, ganhei uma batalha, mas consegui tornar as coisas mais difíceis. Criei inimigos, perdi alianças e causei a morte de milhares de homens. - Falou apertando seu rosto no peito dele - No entanto, apesar de todos os meus grandes erros, consegui trazer vida a essa guerra. - Afastou-se dando um passo ao lado deixando que o homem visse as crianças - Vidas, na verdade.