Daeron suspirou, se dando por vencido, Rhaegar era um bom nome de qualquer maneira. Fazia tanto tempo que não estava com a mulher que tanto amava que pouco importava-se com discussões bestas, tudo que queria era aproveitar o tempo com ela, cada minuto era muito importante para ele. Depois que a atenção fugiu das crianças e voltou para eles, sorriu tristemente ao ver a preocupação de Talia.
— Não se preocupe, eu não vou a lugar nenhum. Não mais. — Abraçou-a, confortando-a, novamente. — Agora, preciso que você me explique tudo o que aconteceu desde a minha ida.
Escutou com atenção tudo que sua esposa contou, desde quão triste ficara com sua "morte" ao momento que desacordou, durante a traição. Viu que as palavras dela saiam com bastante culpa quando falou da mãe de Lucan, chegou a parar por alguns instantes para tomar coragem de contar sobre o veneno para ele. Falou sobre os Greyjoy e o que achava deles, o acordo que fizera e o sucesso com Rochedo Casterly; os sonhos de Droenn, no qual inicialmente não acreditou, mas lembrando-se de cadáveres erguendo-se e dragões sobrevoando florestas, aquilo parecia simples demais para não acreditar; falou das mortes e perdas, dos lordes nortenhos, soldados e a fuga de Jenna. Talia tinha contado tudo, cada detalhe, cada acerto e cada erro. E no final, Daeron olhava para Daemon em seus braços, balançando-o e sorrindo para o bebê que devolvia o sorriso, sem dentes. O rei estava em silêncio, não olhava para ela e isso preocupava demais Talia, que aguardava ansiosamente o marido dizer algo. Fosse um elogio, fosse um esporro, só queria que ele falasse algo para ela, a fizesse sentir que não estava mais sozinha naquele mundo de escolhas e consequências.
— Eu estou orgulhoso de você — falou Daeron de repente, ainda olhando para o bebê. Ergueu o rosto, olhou-a profundamente com os olhos que ela tanto amava, que sempre a aquecia, e sorriu. — Você cometeu erros, mas manteve você e muitos outros vivos. Essa guerra viva. Nenhum rei ou rainha é livre de erros, Talia, sem eles nunca aprenderemos. Eu mesmo tive que errar mais de uma vez... talvez duas... talvez cinco, para aprender — riu, beijando ela de novo, um selinho rápido. — Nada que não possamos consertar ou superar.
Talia pareceu aliviada com aquilo, mas era visível em seus olhos que ainda permanecia a culpa e arrependimento sobre a mãe de Lucan.
— Ela queria jogá-los para Jan. Isso não significa dar um passeio ou perder um jogo de tabuleiro, isso significa você e todos outros morrerem. Não é um risco pequeno, é vida ou morte. Você poderia ter esperado — suspirou —, mas quem garante que estaria segura mesmo? Se você realmente quer levar isso para o resto da sua vida, não leve apenas como um erro e sim como aprendizado.
Talia sorriu, beijando-o.
— Eu tenho outro conselho para dar — sussurrou em meio a beijo, numa voz sacana, que fez Talia sorrir na mesma hora.
— Diga, estou curiosa — disse enquanto o beijava também.
— Primeiro, vamos devolver nossos bebês para o berço — observou Daeron, soltando uma risada, causando uma em Talia também que junto dele, colocou as crianças para dormir novamente.
Os dois se agarraram em seguida, indo para cama em passos lentos. Daeron tirou a camisa dela e ela tirou a dele.
— Agora, eu tenho uma coisa muito importante para dizer.
— O que? — perguntou, beijando-o desesperadamente.
— Tente não acordar as crianças — disse o conselho, sorrindo. Afastou-se da boca dela, mas continuou com os beijos pelo corpo da mulher, conforme ia desentrelaçando os nós do corpete. Quando já tinha desentrelaçado tudo, suas mãos foram para calça da mulher, desamarrando-o para abaixá-lo, ainda descendo lentamente com seus beijos. Talia observava-o, mordeu o lábio ao vê-lo sorrir para ela antes de agarrar suas calças com as mãos e puxar para baixo.
— Daeron! — berrou Serena, abrindo a porta com um dos maiores sorrisos que já tivera em seu rosto.
Talia gritou assustada e apertou o corpete aberto contra o peito. Daeron apenas levantou a calça da mulher com o rosto branco.
— Puta merda, desculpa! — exclamou a garota colocando as mãos na frente do rosto.
— Serena! — gritou Talia, irritada.
— Eu lá ia adivinhar que vocês estariam com mais tesão do que saudades, porra!
— Existe uma coisa bater na porta!
— Eu tava empolgada!
As crianças começaram a chorar com aquela gritaria e ambas correram para os berços, pegando um cada uma e começando brincar com eles nos braços, para acalmá-los. Daeron que já estava em pé, sorriu ao ver aquilo, sentiu um sentimento muito bom, de estar em casa novamente, cercado de sua família.
Minutos depois abraçou a irmã e fechou os olhos, apertando-a tão forte como se nunca mais fosse soltá-la, enquanto ela engolia as lágrimas em seu peito. E pelo resto daquele dia, não saiu do quarto, apenas queria passar aquela tarde com sua família... antes de que voltasse para guerra outra vez.
Rhaego tirou a camisa e jogou na cama, ficando em pé na frente de Melisandre que tocou em suas feridas feitas por Kean, ao matá-lo, não uma, mas duas vezes. O choque e curiosidade dela enquanto o inspecionava o incomodava um pouco. A última vez que a vira, sua cor vermelha era radiante, agora estava apagada, como se estivesse pálida, viu que ela tremia algumas vezes, como se estivesse com frio.
Daeron que o tinha levado até ela por pedido da mulher, já tinha saído do quarto naquela altura.
— O sacerdote que fez isso... ele disse como fez? — perguntou Melisandre.
Após sair do quarto, Daeron resolveu andar pelo castelo, apreciar um pouco do seu tempo livre antes que as reuniões começassem novamente e tudo que vinha com elas.
Pelos corredores estavam espalhados diversos sinais de batalha, como marcas de espada nas paredes e de sangue que os servos não conseguiram lavar. Aquele castelo teria que carregar as memórias daquela traição por muito tempo, até que resolvessem reformar aquilo.
Subiu para o terceiro andar, o topo do castelo, para observar a paisagem coberta de neve, mas para sua surpresa, nas escadas, escutou uma canção leve e harmónica, trazendo não só agrado de escutá-la, mas nostalgia também.
— Você toca bem — comentou Daeron, aproximando-se, após deixá-lo terminar de tocar.
Skyron estava sentado na ameia, quando o Targaryen chegou.
— Meu irmão também tocava, tentei aprender e o resultado foram canções que eu não mostraria nem para meus piores inimigos — falou, sorrindo. Estendeu a mão para o homem. — Daeron Targaryen. Você deve ser Skyron Greyjoy.