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#Mesa 003 - Fire and Blood

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description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 20 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

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— Creio que tenhamos chegado a uma conclusão, Aaron. Quando essa guerra acabar os impostos sobre Caterly Rock serão aumentados por algum tempo, e você poderá coordenar todas as riquezas no local. Porém não posso dar-lhe o castelo de forma tão simples, mesmo que eu não dê a minima para seguir uma linhagem vinda dos antigos protetores do Oeste e odeie esse tipo de diplomacia, creio que teremos de juntar um de vocês com uma mulher de sobrenome Lannister — Disse mantendo uma expressão satisfeita com aquilo e dando um pequeno olhar de relance para Skyron, mas com intenção de deixar que eles discutissem sobre quem iria se dispor a isso. Voltou o olhar a Aaron. — Fará um juramento para que durante essa guerra sua espada e seu exercito lutem pela minha causa e dará a mim o ovo. Também jurarei a você transforma-lo no rei das ilhas de ferro e lorde de Casterly Rock quando essa guerra acabar.

— Podemos conversar sobre o casamento após a guerra. — respondeu sorrindo sarcástico.

— Agora o que me diz de massacrar alguns Baratheons e Lannister, meu amigo? — disse Talia.

— Será um enorme prazer, querida. — respondeu ainda sorridente.

Após isso, Aaron olhara para Skyron, acenando com a cabeça positivamente. Sabia que nada disso interessava ao irmão mais novo, porém o mesmo se manteria neutro. Já o Rei das Ilhas de Ferro, estava satisfeito com a maior parte do acordo que havia ido como planejado.


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Então, com a segunda resposta de Rhaego, o clima da taverna que antes era moderadamente leve, tornou-se silencioso e tortuoso. Sob olhares de todos presentes, a tensão crescia rapidamente, o tal "cavaleiro" e seus homens, antes risonhos, agora demonstravam no rosto nada mais que seriedade e, principalmente, na de Rody, notava-se uma certa impaciência e frustração com a escolha do azulado. O real cavaleiro e seu escudeiro tiveram sua atenção chamada pelo braço do homem à frente movendo-se lentamente, numa tentativa de esconder o que pretendia, os dedos de sua mão balançavam ansiosos e dirigiam-se à bainha. Cetim olhou em volta, vendo todos homens olhando-os, não tinha coragem de sacar seu arco ou sua adaga, mesmo tendo enfrentado ao lado do companheiro inúmeros inimigos, muitos mais perigosos do que aqueles aparentavam, estavam em completa desvantagem, sem qualquer proteção e sabia que entre aqueles homens, haviam alguns arqueiros, alguns que talvez, quando estivesse colocando a segunda flecha no arco para atirar, soltassem sua própria e acertasse seu pescoço, matando-o. Sobrou para ele, apenas esperar.
Quando os dedos chegaram à bainha, o homem de cabelos azuis já estava aproximando os seus para sua própria arma e preparava também toda saliva que podia para cuspir no rosto do homem, se era pra morrer num fim de mundo como aquele, levaria muitos com ele.
— Não sou cavaleiro, Sor... — murmurou Rody, numa voz sinistra, de repente. — Sou um nobre aventureiro — terminou numa risada, afastando a mão da bainha e curvando-se para Rhaego, um cumprimento que ali não era mais do que escárnio. — Se não ir conosco é o que deseja, não posso culpá-lo. Desejo-lhe boa sorte em sua empreitada, pelo menos.
E sem mais ou menos, os homens dele que riram na brincadeira sem graça, começaram segui-lo para fora da taverna, dando alguns olhares à Rhaego e Cetim antes de sumirem pela porta, que ao fechar-se depois do último sair, o clima leve voltou aos poucos. Mas não para dupla.
— Saiam daqui, agora! — exclamou a mulher, nervosa.
— Qual o problema, senhora? — questionou Cetim.
— Eles não são cavaleiros, idiotas, são malditos mercenários que vão nas vilas diariamente cobrarem moedas — explicou ela no mesmo tom, de forma rápida, provavelmente para que saíssem logo.
— Por que vocês dão? Não são muitos, juntando todos homens que tem poderiam facilmente afugentá-los — respondeu Cetim.
A velha riu.
— Eles não são poucos, querido. Se fossem, não estariam em domínio de Harrenhal neste momento. Agora saiam daqui, antes que voltem, podem ter certeza que irão atrás de vocês, aconselho que corram o mais rápido que puderem e vendam essas manoplas em outro lugar.
Rhaego não queria que sua viagem, mesmo curta, até ali fosse para nada, mas tampouco queria problemas e na atual situação, chamar atenção era o menos aconselhável. Sem opção, apenas puxou Cetim pelo ombro e saíram da taverna, lá fora, virou o rosto para direita ao escutar uma certa confusão e deparou-se com alguns dos homens fora de uma casa, viu Rody cair para fora da porta, com o nariz quebrado e viu os homens adentrando na casa. Ignorou aquilo, começando caminhar depressa com Cetim ao seu lado.
— Não olhe para trás, seu idiota — repreendeu Rhaego.
Mas era tarde demais, para que os notassem, o cabelo era suficiente.

Faltava pouco para que chegassem ao esconderijo onde seu grupo deveria estar e durante todo percurso tiveram atenção ao redor, buscando qualquer pessoa seguindo-os, mas não encontraram sequer uma pessoa. Não até que as pessoas decidissem não esconderem-se mais. Cetim cutucou Rhaego nas costelas, arrepiando-o, ao notar figuras surgindo pelas árvores e arbustos de forma calma e despreocupada, alguns dos homens da taverna. Só pararam de andar quando Rody surgiu do lado deles.
— Você não é realmente um cavaleiro qualquer, certo? — perguntou ele, mesmo que seu tom de voz demonstrasse que já soubesse a resposta.

Mapinha http://image.prntscr.com/image/357a288812f74808827a174de435dca5.png




Lucan observou toda aquela discussão com certa surpresa, a proposta do pirata era boa e não tinham muitas opções se não aceitá-la, mas o lorde ficara surpreso, de fato, ao ver como a rainha conduzira aquilo bem. O peso em suas costas era grande, carregava com si o fardo de ter nascido bastarda e naquele continente, um bastardo era visto como um ser sombrio que trama pelas costas de seus irmãos legitimados, exceto no extremo sul, nos desertos de Dorne, assim como também tinha de lidar com o preconceito sobre o fato de ser uma mulher. Mas Talia, para sua surpresa, lidava melhor com aquilo do que esperava, e de algumas conversas com ela, soube de seu passado em companhias mercenárias, ficou mais surpreso ainda ao vê-la sendo uma tão boa governante. Sabia que se Daeron estivesse vivo, ficaria orgulhoso de como sua mulher estava prosseguindo sua batalha.
E ele continuou achando-a esperta mesmo após o ousado e perigoso plano de dar aos piratas, mesmo sob domínio do trono ainda, o Rochedo Casterly. O problema veio quando preparavam-se para sair do salão. As portas se abriram numa força extremamente grosseira, batendo-as em ambos cantos da parede, criando um baque que chamou atenção dos quatro membros ali dentro. Cerca de quinze homens surgiram portando lanças, todos do Ninho.
— O que significa isso? — exigiu Lucan em voz alta.
— Senhora Lysa ordenou que prendêssemos os piratas e levássemos a rainha para seu próprio cômodo — explicou um deles, focando-se nos irmãos que colocaram as mãos em suas bainhas imediatamente. — Rendam-se!

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Assim que o acordo foi finalizado, levaria os irmãos a aposentos para que descansassem e em seguida marcaria para que continuasse tendo sua reunião com os nobres. Preparavam-se para sair do lugar quando as duas grandes portas se abriram causando surpresa aos quatro presentes. Quinze homens do vale Arryn adentraram no lugar munidos de lanças. Olhou sem entender o que aquilo queria dizer, não acreditava que tinha sido traída novamente, ainda mais por Lucan que tinha garantido um lugar de confiança para a mulher. Virou o olhar para o homem com indignação, mas se deparou com o mesmo tão surpreso quanto ela.

— O que significa isso? — exigiu saber o lorde do vale em voz alta

— Senhora Lysa ordenou que prendêssemos os piratas e levássemos a rainha para seu próprio cômodo — explicou o que devia estar liderando aquilo. O homem mantinha o olhar fixo nos Greyjoys que posicionavam suas mãos no punho de suas espadas.— Rendam-se!

Ao ouvir aquilo e ver que os loiros já se preparavam pra sacar suas armas, a mulher franziu o cenho e colocou-se entre os piratas e os soldados. Sabia que dos dois lados poderiam vir atitudes hostis, mas contava que os dois lados não fariam isso contra a rainha. Olhou com raiva para os homens. Tinha acabado de trazer mais uma tropa para o seu lado, aquela atitude de Lysa poderia fazer Talia perder a aliança com os Greyjoy, se não acabasse perdendo com o Vale. Manteve sua posição entre as lanças e as espadas e seu olhar fixo no soldado que falou sobre a ordem de Lysa.

— Sugiro que abaixe sua lança e peça pra que seus companheiros façam o mesmo, sor —  Falou ríspida para o cavalheiro — Lysa pode ter melhorado, mas Lucan ainda é o Senhor do Vale e vocês servem a ele. Espero que não estejam disposto a sujar esse salão de sangue e desonrar ao deuses. —  Virou-se olhando de relance para os irmãos atrás de si —  E a vocês recomendo que nem mesmo saquem essas espadas. Ninguém será levado a celas como prisioneiros hoje. Só derramaremos sangue daqui a três dias, e será o sangue de nossos inimigos, não de aliados. — Voltou o olhar tempestuoso aos soldados — Os Greyjoys serão levados a aposentos e até que eu tenha uma conversa com Lysa guardas ficarão fora de suas portas para que a Senhora Arryn consinta em libera-los. Lembrem-se de quem da as ordens nesse castelo, sores, pois desrespeito ao seu lorde pode ser considerado traição e creio que saibam as consequências da traição. —  Encerrou virando o olhar para Lucan esperando que ele concordasse com o que tinha dito, ou estaria encrencada.

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O Senhor do Vale sentiu-se nervoso ao escutar que as ordens eram de sua mãe, a mulher esteve ao seu lado em todas suas decisões políticas desde cedo, e só pensou por si mesmo em algumas poucas, a última sendo a aliança com os Targaryen, quando a mulher estava febril em seu quarto, sem condições nem mesmo de ficar mais que alguns minutos acordada. Os meistres disseram que ela estava com alguma doença séria que poderia levá-la a morte facilmente, mas aquela melhora que vinha dos últimos dias, mesmo que nada impactante, ainda era ótimo para ele, principalmente ao saber que ela já estava acordada.
Ficou perdido no que fazer por alguns segundos, não queria desobedecer sua mãe, muito menos quebrar com a confiança de Talia e a aliança que haviam acabado de fazer, então simplesmente respondeu:
— Escutem-me atentamente, pois direi apenas uma vez: a rainha está certa, não levaremos nossos convidados à cela alguma, muito menos os machucaremos, então todos abaixem suas armas até que tudo se resolva. Até lá, os senhores podem ficar em seus aposentos — exclamou Lucan, a última parte encarando a dupla de Greyjoys.
Os homens pareceram receosos, mas por fim, abaixaram suas lanças.




Enquanto os guardas guiavam os irmãos como ordenado, sem encostá-los por respeito, a rainha seguia ao lado de Lucan, furiosa e indignada com aquele ato, eram convidados e, acima de tudo, homens propondo ajuda numa situação como aquela. Poderiam muito bem perdê-los se tudo tivesse se desenrolado de outra maneira.
— Ela está doente, Talia, não sei se uma visita agora é recomendável — tentou Lucan persuadi-la a não ir atrás de sua mãe.
— Se está bem suficiente para mandar homens atrás de mim e meus convidados, está bem suficiente para conversar comigo — respondeu a rainha, mal humorada, apressando o passo para que não tivesse de escutar mais as reclamações do lorde.
Soube que Serena tinha socado um guarda durante a confusão e que dois dos piratas foram mortos ao tentarem rebelar-se, e outros três foram feridos. E a preocupação em como aquilo poderia afetar o acordo com o Greyjoy só aumentara. Quando finalmente chegou ao quarto, haviam dois guardas ao lado da porta, ordenou que saíssem da frente e assim o fizeram, deixando-a entrar. Lá dentro, deparou-se com uma mulher deitada numa cama pomposa, embaixo de seu cobertor colorido, a aparência demonstrava o motivo de não tê-la visto desde que chegara ao Ninho, em seus olhos as olheiras eram chamativas de longe, a pele estava seca e amarelada. O meistre ao seu lado preparou-se para tirar Talia do quarto quando Lysa apenas chamou-lhe pelo nome e disse que podia deixá-las sozinhas, fazendo o mesmo pedido pra Lucan que saiu relutante.

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Lucan olhou nervoso por alguns segundos antes de mandar que os guardas ouvissem Talia. Ver a insegurança do homem a deixou ansiosa nesses segundos, pensou que ele negaria o que ela tinha falado, mas ele preferiu escolher a lealdade a ela do que as ordens da mãe. Olhou satisfeita mas ainda com raiva enquanto os guardas abaixavam as lanças e faziam o que ela mandou. Assentiu confiante para Aaron mas ainda com um olhar irritado pela situação, mostrando que não quebrariam a aliança. Caminharam para fora do salão com os homens do vale escoltando os irmãos sem nem mesmo encostar um dedo nos mesmos. Os guardas informaram o que tinha acontecido com os piratas que aguardavam a reunião, o que a deixou mais estressada, não podia perder uma parceria importante por conta de uma senhora que manteve-se desacordada por uma boa parte da guerra. Se perguntava se ela ao menos sabia o que estava acontecendo. Tinha descobrido que pelo ataque da senhora dois soldados dos Greyjoys tinham morrido e três se ferido, sem contar que Serena havia brigado com um dos guardas.

— Ela está doente, Talia, não sei se uma visita agora é recomendável — Disse Lucan enquanto caminhavam para o quarto da mãe do homem. Revirou os olhos sem que ele notasse, indignada. Lysa Arryn aparentava ter mais autoridade do que o homem que Talia considerava junto a Droenn como seus mais confiáveis companheiros.

— Se está bem suficiente para mandar homens atrás de mim e meus convidados, está bem suficiente para conversar comigo — Respondeu Talia claramente de mau humor e apressando o passo pra não ouvir mais recuadas do Protetor do Vale.

Manteve o ritmo até a porta do quarto, se deparando com dois guardas a protegendo, ordenou para que saíssem de sua frente e foi o que fizeram. Entrou no quarto furiosa encontrando a mulher deitada. Não tinha ido vê-la nem mesmo quando chegou no vale, por isso não sabia ao certo qual era a situação da mesma. Tinha cabelos ruivos e um maxilar pontudos, seus olhos era de um tom verde-marinho, e abaixo deles reparou nas olheiras profundas que carregava. Sua pele estava ressecada e amarela, mas nem mesmo vê-la naquele estado deplorável diminuiu sua raiva. O meister preparou-se para tirar a Rainha do quarto que apenas o metralhou com o olhar antes que a própria Lysa pedisse para que se retirasse junto a Lucan e deixasse as duas sozinhas. Encarou a mulher por alguns segundos com sua expressão irritada antes que começasse a falar.

— Vim aqui entender o que a senhora pretendia mandando guardas prenderem nossos aliados. — Falou num tom calmo porém mostrando seu desagrado enquanto mantinha o cenho franzido — Não sei se a senhora ficou sabendo mas enquanto estava doente seu filho se aliou ao meu exercito e agora temos um cerco em volta do Vale. Não podemos nem vamos perder uma tropa agora, senhora Arryn. Gostaria que me esclarecesse o motivo de tomar decisões como essa sem nem mesmo consultar o seu filho, que pelo o que sei é o real senhor do vale. — Encerrou com um olhar desafiador mas permanecendo educada e sem aumentar a voz.

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Lysa tentou sentar-se na cama, mas acabou apenas ajeitando-se, ficando mais curvada e melhorando sua visão da tal rainha.
— Eu sei, querida. Meu filho cometeu um erro se aliando à vocês e agora estamos num grande risco, tudo por uma guerra já perdida. E não basta vocês aqui, não aceitarei piratas também, não importa o que sejam pra você — respondeu ela. Antes de continuar, agarrou um pedaço de pano manchado com sangue e tossiu violentamente, parando alguns instantes depois, mostrando o líquido viscoso no pano ao colocá-lo de lado novamente. Era estranho ver aquela situação e considerarem o estado atual dela como uma melhora. — Estou sabendo de seus planos, quero que os faça de fato, não que sejam uma mentira. Jan é um bom homem e tem uma imagem a manter, não matará uma mulher grávida, seja rainha rebelde ou não. Você conseguirá sair viva disso. De resto, é a única recompensa que pode nos dar depois de nos colocar numa situação como esta.

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— Não sou cavaleiro, Sor... Sou um nobre aventureiro — O homem murmurou, com uma expressão sombria. Seus lábios retorciam-se com uma risada irritada, quando afastou a mão da bainha e curvou-se. — Se não ir conosco é o que deseja, não posso culpá-lo. Desejo-lhe boa sorte em sua empreitada, pelo menos.
O sujeito saiu do local, sendo seguido pelos seus homens, fazendo aos poucos o ar pesado se tornar mais rarefeito. Rhaego já havia notado, mas ao saírem a mulher ao balcão explicou-lhes que Rody e seus homens eram um bando de mercenários que cobravam moedas das vilas, estabelecidos em Harrenhal.
As consequências de uma Guerra, ele bem sabia, havia vivenciado-as do outro lado, na juventude.

— Agora saiam daqui, antes que voltem, podem ter certeza que irão atrás de vocês, aconselho que corram o mais rápido que puderem e vendam essas manoplas em outro lugar.
Enfiou as manoplas na bolsa e puxou Cetim pelo ombro para que saíssem do local, — como a mulher ordenara, — e ao passar pela porta viu uma confusão em uma das casas por perto, enxergara Rody cair para fora da porta com o nariz quebrado, e viu também seus homens adentrando-na logo após.
— Não olhe para trás, seu idiota — Advertira ao arqueiro. Puxou-lhe novamente e partiram em direção contrária, mas sabia que seriam notados; cabelos azuis não eram comuns naquela região.

A estrada corria paralela à floresta que a rodeava por ambos os lados, era um caminho arriscado, mas não havia outra opção. Caminharam por quase meia hora em direção norte, e aproximavam-se cada vez mais de seu destino. Por mais que tenham ficado atentos por todo o percurso, não houvera sinal de ninguém em volta, até que ouviu um pequeno ruído que se aproximava entre as folhas. Cetim recuou, por instinto, e cutucou-lhe a costela, fazendo Rhaego virar para avistar os homens da taverna surgindo dentre as árvores, aproximando-se sem parecerem preocupados ou prontos para batalha. Mantinham uma certa distância, mas o pequeno ruído que se aproximava eram passos de Rody, que surgiu ao seu lado.
— Você não é realmente um cavaleiro qualquer, certo? — perguntou, mesmo que seu tom de voz demonstrasse que já soubesse a resposta.
O tyroshi dirigiu-lhe um olhar furioso, e por mais que não compreendesse o motivo dele aproximar-se sozinho e sem espada em mãos, não tentaria escapar novamente por meio de palavras. Sua mão caiu sobre o cabo do arakh que, por não necessitar de bainha, se viu livre de suas amarras num instante; permitindo-o saltar sobre o homem desarmado e segurá-lo num movimento brusco, fazendo-o de refém. Cetim empunhou seu arco e moveu-se para às costas dos dois, certificando-se de que não seriam encurralados.
— Eu não sei quem você é, ou muito menos o que quer comigo, — Murmurou próximo de seu ouvido, com a lâmina repousando próxima ao pescoço do homem. — mas no momento as nossas vidas dependem da lealdade de seus homens. Então mande-os pararem de se mover, soltarem suas armas, e fazerem o caminho inverso; caso contrário, morreremos aqui.

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A mulher ajeitou-se na cama tendo uma melhor visão de Talia que a encarava irritada. Sabia que mesmo sendo a primeira vez que tinha contato com a Lysa provavelmente não haveria empatia ali. Lembrava-se de ficar sabendo que a mulher tinha se recusado a ajudar os nortenhos quando lhe foi pedido, e isso já era motivo o suficiente pra ela se sentir desagradada com a ruiva.

— Eu sei, querida. Meu filho cometeu um erro se aliando à vocês e agora estamos num grande risco, tudo por uma guerra já perdida. E não basta vocês aqui, não aceitarei piratas também, não importa o que sejam pra você — respondeu ela, fazendo Talia encara-la com mais desgosto que anteriormente. Se não estivesse grávida e fosse a rainha adoraria terminar o trabalho que a doença tinha começado na mulher. Lysa Arryn pegou um pedaço de pano ao lado da cama e começou a tossir. Quando retirou o pano da boca a rainha pode notar a mancha de sangue, mas continuou encarando a mulher sem ligar para aquilo — Estou sabendo de seus planos, quero que os faça de fato, não que sejam uma mentira. Jan é um bom homem e tem uma imagem a manter, não matará uma mulher grávida, seja rainha rebelde ou não. Você conseguirá sair viva disso. De resto, é a única recompensa que pode nos dar depois de nos colocar numa situação como esta.

Olhou indignada para Lysa, Jan tinha dizimado sua família e ela agia como se ele só tivesse trago bem. Franziu o cenho novamente com o que ela havia falado. A mulher parecia considerar o Baratheon como o homem que carregava a razão em meio aquela guerra, o que fez pensar que ela poderia arriscar tudo o que Talia tinha tentado construir, não só por temer que apoiasse o homem, mas por saber que se tratava de uma covarde. Agradeceu por ver o sangue no tecido e saber que mesmo que não pudesse cravar sua adaga na garganta da mulher ela já estava morrendo. Em Essos já tinha cruzado seu caminho com curandeiros, sabia que as chances da Arryn sobreviver eram minimas e se ela viesse um dia a levantar não seria tão cedo. Porém não era isso o que a preocupava, corvos fariam isso por ela se fosse esse o problema. Assim que saísse do quarto da mulher colocaria guardas para vigia-la e ao seu meister que cuidava dos corvos, faria com que não deixassem nenhuma mensagem sair até o fim daquela batalha.

— Creio que se dependesse de você teria feito o mesmo que fez anos atrás quando sua família precisou de você. Não me surpreende querer se afugentar novamente, mas diferente de você seu filho entrou nessa guerra bravamente, sabendo dos riscos. — Disse mantendo seu olhar revoltado para a mulher — Você considera essa guerra perdida, mas ela ainda não acabou. Continuarei sim com o meu plano e trarei sim resultados, ganharemos essa batalha e se houver próximas também. E você esta certa de fato sobre uma coisa, sairei dessa batalha viva, junto aos homens que se dispuseram a lutar ao meu lado — Disse mostrando confiança apesar de todas as inseguranças, faria de tudo pra que aquilo fosse verdade — Você pode escolher colaborar com a escolha do seu filho, ou tentar atrapalhar e arriscar a vida do mesmo, mas não creio que uma mãe prefira escolher o poder. — Forçou o maxilar olhando para ela seria. — Sobre os piratas, ficarão aqui por apenas mais algumas horas, antes que eu mande-os embora. Por esse tempo já tive o consentimento de Lucan, e é isso o que importa agora. Sua atitude trouxe riscos a essa guerra, senhora, e espero que mude suas atitudes agora. Gostaria de tê-la como minha aliada, mas se prefere portar-se como uma inimiga, acredito que o senhor do Vale já tenha escolhido seu lado. — Finalizou seria esperando pelo que ela diria.

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Com a lâmina negra em volta de seu pescoço, o líder daquele grupo de homens permaneceu com o rosto calmo, meio zombeteiro, ouvindo as ameaças do cavaleiro por sussurros, enquanto seus homens olhavam aquela ação com mistura de surpresa e tédio.
— Você é um cara bem extremo e antipático, sabe disso, não é? — brincou Rody, sentindo o aperto da lâmina contra seu pescoço aumentar ao comentar aquilo.
Os olhos do mercenário viraram para seu arqueiro, não tão longe deles, e numa piscada o homem entendera o recado, principalmente ao ver seu líder movendo a perna para distante do alvo.
— Quer saber de algo sobre nós, cavaleiro? — perguntou ignorando o aperto da lâmina. — Temos os melhores arqueiros do mundo.

Você precisa tirar 4 para não ser acertado por uma flecha.

http://prntscr.com/d6clvm + 3


Tão rápido quanto a colocou, a seta voou em direção ao alvo do arqueiro velozmente, buscando acertar sua perna. Porém, o alvo acertado não foi nada menos que a barriga de seu líder que gritou alto, de dor.
— Ai, caralho! — berrou Rody. — Qual a porra do seu problema?
E na surpresa de errar e o desespero da reação do cavaleiro, o arqueiro tirou uma flecha de sua aljava e colocou em seu arco, mas naquela altura, ao ver tudo que acontecia, Rhaego já estava ciente que seriam atacados de qualquer maneira.
Rody caiu sem vida no chão após sua garganta ser cortada por Rhaego, enquanto Cetim que virou-se em direção ao arqueiro ajeitando-se, ajoelhou-se de forma rápida no chão para ganhar mais firmeza e enviou uma de suas setas, que acertou o peito do homem facilmente. Então, em questão de segundos, a dupla estava correndo para dentro da mata, sumindo de vista dos homens e do arqueiro que havia surgido de repente, tentando acertar um flecha neles, mas errando ao fincá-la numa árvore qualquer.
Sabia que pelo menos as figuras que o seguiam pela floresta enquanto corriam depressa, não eram tantas assim, mas suficientes para que apenas eles dois tivessem sérios problemas, então, sem outra escolha, resolveu ir até seus companheiros. No local, uma pequena parte aberta da floresta, com um grande pedregulho nela, encontrou-os esperando-no. Mal tiveram tempo de dialogar, pois ao sair das árvores, minutos depois alguns homens saíram também.
— Maldita Westeros — amaldiçoou Arys, cansado do continente.

Mapa: http://image.prntscr.com/image/f1d279e8fc9148c683b1623fcc8794d2.png

O inimigo que vinha em direção a Rhaego vestia-se da mesma maneira que os outros, portava uma espada e seu corpo não era nada destacável entre tantos inimigos que lutara durante toda sua vida.




Lysa soltou uma risada, zombando das palavras de Talia.
— Você não entende que Jan não ganhou uma guerra antes apenas por sua habilidade em batalhar. Não tem como você ganhar esta e não precisa repetir que meu filho entrou em acordo com você, sei muito bem do erro do rapaz. Mas isso é entre ele e eu. — A mulher ficou em silêncio por alguns segundos, antes de finalizar a conversa, dizendo: — Você não nos levará a morte, bastarda, não deixarei. E agora, faça-me o favor de sair do meu quarto.

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— Você não entende que Jan não ganhou uma guerra antes apenas por sua habilidade em batalhar. — Disse a mulher depois de dar uma risada zombeteira do que Talia havia dito.— Não tem como você ganhar esta e não precisa repetir que meu filho entrou em acordo com você, sei muito bem do erro do rapaz. Mas isso é entre ele e eu. — A mulher ficou em silêncio por alguns segundos, antes de voltar a falar — Você não nos levará a morte, bastarda, não deixarei. E agora, faça-me o favor de sair do meu quarto.

Ao ouvir as palavras da mulher tudo o que conseguiu fazer foi suavizar sua expressão. Percebeu que não convenceria-a de ajudar Talia, o que fez com que se questionasse se a mesma já tinha se apaixonado ou fodido com o tio por idolatra-lo daquela maneira. Deu um sorriso sarcástico para Lysa, não valia se estressar por conta daquilo, resolveria logo em seguida. A única coisa que a preocupava agora era se a mulher já tinha feito seu movimento, já que era claro que ela em algum momento o faria. Lysa já tinha escolhido seu lado e Talia não teria um inimigo em meio aos seus aliados.

— Então é melhor que deseje-nos sorte, minha senhora. — Disse dando as costas para a mulher com uma reverencia.

Ao abrir a porta do quarto deparou-se com Lucan esperando claramente ansioso pelo final da conversa. Pobre homem, entre uma mulher como aquela e ter crescido como cresceu, sem uma mãe, preferia que as coisas fossem como foram. O protetor do Vale olhou-a com uma expressão curiosa esperando que ela falasse o que aconteceu, mas a principio a mulher apenas negativou com a cabeça e sinalizou para que se afastassem dos guardas e do meister que logo em seguida entrou no quarto. Seguiram alguns metros mais distantes do quarto antes que Talia falasse.

— Não consegui convencê-la do que esta acontecendo e do que os atos dela poderiam ter trago a nos. Sua mãe é uma mulher difícil e age como se Jan carregasse a razão nisso tudo, Lucan. —Disse seria para o homem— Não há mais nada que eu possa fazer, por isso peço a você que é o senhor desse castelo que me autorize a manter meus guardas nas passagens para fora do vale e para que acompanhem o meister e guardem o viveiro dos corvos. Creio que Lysa ainda esteja sofrendo com a falta de senso que traz sua doença, E até que pare de cuspir sangue imagino que não aceitara a verdade — O homem mesmo que ainda com um olhar ansioso assentiu concordando com a mulher. Provavelmente estava em conflito entre a mãe ou a rainha, mas até o momento tinha escolhido o lado de Talia. — Espero que lembre-se do certo, meu amigo, de resto lhe desejo boa sorte no encontro com ela — Encerrou falando para o companheiro que agradeceu e foi em direção ao quarto da mãe

Deu as costas ao lugar satisfeita por ter visitado o quarto da mulher naquele dia, poderia resolver cedo o problema que ela poderia lhe trazer. Deu as ordens para que seus homens já se posicionassem como guardas, em seguida iria para o quarto dos greyjoys, mas antes tinha uma outra parada. Andou sozinha pelos corredores do ninho se dirigindo ao quarto de Melissandre Não tinha visto a mulher quando entraram na reunião, mas ficou sabendo que ela estava junto a Serena. Deu duas batidas fortes na porta de madeira do lugar onde a sacerdotisa vermelha estava, se identificou ouvindo a mulher dizendo com suavidade para que entrasse. Ao entrar deparou-se com ela sentada em frente a larareira olhando para as chamas concentrada, o lugar já estava escuro por conta do anoitecer, o que fez Talia se preocupar com o tempo que ainda tinha.

A mulher virou seus olhos vermelhos para a rainha que a cumprimentou notando o olhar curioso da mulher. Estranhava que a mesma não tinha ido até Talia para dizer coisas sobre Daeron, mas provavelmente tinha visto tudo pelas chamas.

— Preciso da sua ajuda — Falou com seu olhar serio dirigido a mulher. Fez uma pausa vendo a ruiva encara-la. — Sei que em seus pertences traz objetos que eu nem mesmo ouso entender. Minha fé ainda é nos sete pois cresci dessa forma, mas sei que seu deus carrega um poder além do meu entendimento. E não foi compreensão o que vim buscar hoje, trago um problema que precisa ser resolvido, mas preciso de alguém como você.— Disse notando que nunca havia pensado em usar aquele tipo de arma em alguém, sempre tinha achado ser uma arma de covardes, mas agora que dependia da diplomacia percebeu que era também uma arma diplomática. Lysa Arryn provavelmente tentaria impedir que Talia vencesse aquela guerra, e isso não podia aceitar. Lembrou-se do sangue que a mulher havia tossido no tecido e da doença que ela carregava. Se aquilo fosse feito de maneira certa, a mulher morreria pelo que parecia ter sido a doença tirando as suspeitas da morte dela de qualquer um, e a rainha poderia fazer o que fosse sem ninguém que atrapalhasse. — A senhora Arryn acordou de sua doença mais cedo hoje, e nesse tempo já interferiu em assuntos dessa guerra. Estive nos aposentos da mulher poucos minutos atrás e ela declarou estar do lado de Jan, ameaça interferir de forma pior, mas não irei deixar isso acontecer. Se eu apenas fizesse da maneira que eu desejava e enfiasse uma lamina na garganta da mulher, eu perderia a aliança do Vale, por isso preciso de um veneno. Por conta de sua doença ela esta até mesmo tossindo sangue, mas creio que a morte dela irá demorar se eu deixar assim, nesse tempo ela pode estragar tudo. Preciso de um veneno que faça com que ela continue a cuspir sangue como já anda fazendo, mas que leve ela a morte em poucas horas.

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Toda fascinação nas chamas estava mórbida nos olhos de Melisandre, que o encarava com a cabeça vazia e completamente distraída. Desde o dia do anuncio da morte de Daeron, um pedaço dela havia morrido junto, para ela o homem era o escolhido e seu Deus sempre o mostrara como tal. Agora o homem era um cadáver e ela estava perdida em suas próprias interpretações, sua fé estava, de certa forma, quebrada. Teve sua atenção retirada das chamas ao ver Talia adentrar no quarto.
Ouviu cada palavra da mulher, não surpreendendo-se com o pedido, a esposa de Daeron sempre fora uma criatura feroz e determinada, e fora por isso que Daeron se apaixonara por ela.
— Veneno é uma tática soturna, majestade, mas também sempre deixa seus resquícios. O que posso fazer é algo com tantas chances de ocorrer naturalmente, quanto claramente um assassinato. As possibilidades são muitas, as chances de dar errado também — respondeu-a, encarando as chamas, um tempo atrás esperaria uma resposta delas, mas ali notou que não diziam nada. — Aconselharia você procurar outra maneira.

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— Veneno é uma tática soturna, majestade, mas também sempre deixa seus resquícios. O que posso fazer é algo com tantas chances de ocorrer naturalmente, quanto claramente um assassinato. As possibilidades são muitas, as chances de dar errado também — respondeu a mulher vermelha focada nas chamas. Talia direcionou o olhar ao fogo esperando que visse algo também, mas pra ela era só fogo, se perguntava o que a outra via ali se via algo — Aconselharia você procurar outra maneira.

Talia voltou o olhar para a mulher vendo seus olhos vermelhos e vazios. Estava certa, aquilo poderia falhar por qualquer erro minimo, e acarretaria em muitas más consequências. Mas também não poderia deixar a mulher viva com as chances de manipular o filho e fazer Talia perder a batalha. Mordeu o lábio pensando sobre o que faria, chegando a conclusão que pegaria o veneno, porém antes de usa-lo conversaria com Lucan para ver a influencia que a Arryn tinha tido sobre ele. Se fosse necessário de fato, faria com que fosse servido veneno junto a refeição da doente.

— Você tem razão, qualquer erro pode dar muito errado, e por isso vou ver a real necessidade de usar esse método antes de por em prática — Disse tentando passar confiança para a mulher que não faria besteira. — Se necessário de fato usarei, se não, apenas irei te devolver o veneno. Agora mais do que nunca não podemos perder essa guerra, como você sempre diz, os mortos estão se aproximando e Jan não da a minima. Por enquanto peço que providencie pra mim o tipo que preciso e me explique a quantidade para que não haja erros.

A mulher virou seu olhar para ela assentindo e pegando um pequeno frasco em suas coisas. Explicou para Talia qual era o efeito do veneno e o tanto necessário pra que Lysa não morresse em minutos, mas para que também não demorasse dias. Antes que entregasse a mulher vermelha segurou calada o recipiente analisando a grávida. Assim como a Rainha, Melissandre aparentava cansada, e mesmo que tentasse esconder como a Baratheon fazia, sabia reconhecer que ela tinha perdido o chão. A mulher considerava que o Targaryen seria o salvador, e agora ele estava morto. Ela aproximou-se colocando o vidro na mão de Talia que deu um pequeno sorriso triste.

— Obrigada — Falou com franqueza olhando a mulher nos olhos. Mesmo que o inicio das duas não tivesse sido um dos melhores em Karhold, notava que estavam do mesmo lado nisso tudo.

Saiu do quarto guardando o frasco em suas roupas e caminhando até os aposentos dos Greyjoys. Tinha que envia-los o mais rápido possível pro Rochedo, quanto antes chegassem no lugar, mais cedo se livraria da parte Lannister no exercito de Jan. Contava que Jordan Lannister se separaria dos Baratheons pra proteger sua casa, e mesmo sabendo que seria uma batalha difícil para Aaron, confiava no mesmo para ganha-la, Afinal sua propriedade em Westeros seria aquela. Chegou na porta do quarto mandando que os guardas que os vigiava saíssem, o que fizeram. Bateu algumas vezes na porta esperando que algum dos homens abrisse.

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— Você é um cara bem extremo e antipático, sabe disso, não é? — brincou Rody.
— Já me chamaram de coisas piores. — retrucou-lhe em tom áspero, pressionando a lâmina contra o pescoço do homem.
— Quer saber de algo sobre nós, cavaleiro? — perguntou ignorando o aperto da lâmina. — Temos os melhores arqueiros do mundo.

Fora seu erro final. O arqueiro pusera a flecha no arco e disparara num piscar de olhos, mirando a perna do azulado, mas acertando a barriga de seu líder.
— Ai, caralho! — berrou Rody. — Qual a porra do seu problema?
Merda, praguejou em seus pensamentos. Não era assim que planejara, pegá-lo como refém era um blefe, mas já que as coisas assim se desenhavam, não via motivos para mantê-lo vivo. Cetim virou-se em um giro rápido e apoiou um dos joelhos ao chão, disparando uma de suas flechas num zunido surdo e matando o arqueiro adversário facilmente. Deixara o homem ver que não tinha os melhores arqueiros do mundo, e então deslizou a lâmina contra sua garganta.

Em questão de segundos a dupla já havia se infiltrado na mata, sumindo do campo de visão daqueles poucos que os seguiam. Considerou que, nas atuais condições, o mais prático seria levá-los até aonde os outros estavam, onde se tornaria fácil subjugá-los. Correram depressa por mais alguns minutos, sem olharem para trás, desviando das árvores em tamanha velocidade que nada mais eram do que borrões e folhas em seu caminho, até encontrarem uma pequena clareira com um grande pedregulho nela, com o resto de seus companheiros esperando-o. Pouco tempo teve para explicar a situação até que os homens de Rody surgissem, dentre as árvores, atacando-os.
— Maldita Westeros — amaldiçoou Arys, levantando-se rapidamente com os machados em mãos.

Um dos homens corria em sua direção carregando uma espada, mas não aparentava que seria um grande desafio: vestia-se tão desprotegido quanto os outros, e não assustaria nem mesmo Cetim pelo seu tamanho. Rhaego esperou-o aproximar-se e gingou o arakh de uma mão à outra com destreza, o golpe do homem fora indômito e descuidado, agarrou-lhe a mão armada com a direita e em um movimento rápido com a mão oposta amputou-lhe o membro próximo ao cotovelo. Ele caiu de lado, sacudindo-se em espasmos nervosos tentando desesperadamente estancar o jorro de sangue que esguichava de onde minutos atrás estava seu braço, medo e apavoramento misturavam-se em sua expressão. Talvez não fosse um homem tão mal assim, talvez o fosse, — não importava. As consequências de uma Guerra, pensou novamente, e então abriu-lhe um ferimento do pescoço a barriga, fazendo-o parar de retorcer-se.

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Skyron surpreendeu-se quando os guardas entraram na sala com a ordem de prendê-los. Admitiu para si mesmo que havia errado em confiar demais naquele lugar e na Baratheon, mas quando a garota pediu para que abaixassem as lanças, aliviou-se. Porém, provavelmente havia ocorrido um conflito com os homens dos Greyjoys e os do Vale. Aquilo lhe deu uma certa preocupação.

Quando soube que dois dos seus homens haviam sido mortos por reagirem, ficou um pouco decepcionado consigo mesmo. Estava confiando de que nada poderia acontecer com eles, mas morreram, e outros foram feridos. Agora estava com menos esperanças e menos confiança naquela aliança. Apesar de tudo, manteve-se calmo e relaxado, tentando não demonstrar sua insatisfação.

No quarto onde ficaram hospedados, os irmãos Greyjoy conversaram um pouco sobre aquilo. Aaron reclamava algumas vezes da situação deles naquele lugar. Skyron mostrou-se descontente, falando que se aquilo acontecesse de novo era melhor voltarem para Pyke. Opinou que se a "rainha" continuasse com conflitos com os próprios aliados, como estava acontecendo com o povo do Vale, aquilo não poderia acabar bem e os Greyjoy só iriam se prejudicar.

Depois de uma longa conversa e muito tempo sem novidades, os irmãos resolveram jogar cyvasse até alguém chegar. Aaron era muito pensativo e analítico em suas jogadas, enquanto Skyron mantinha sua calma e tocava harpa enquanto não era sua vez. O jogo foi interrompido quando alguém bateu na porta. Skyron resolveu ir por estar mais perto e não era sua vez de jogar. Enquanto isso, Aaron colocou os dois pés na mesa e encarou a porta para ver quem batia.

O Greyjoy esperava que fosse a Baratheon ou o Arryn, mas depois do que aconteceu com os seus homens, não poderia ficar desatento ou despreparado para surpresa desagradáveis. Abriu a porta de uma vez, baixando seu olhar e vendo que era de fato a Baratheon, com seus olhos bem azulados. Skyron mostrou-lhe um pequeno sorriso gentil, com sua expressão solene.

— Estávamos à sua espera, Baratheon — disse, com sua voz grave e talvez um pouco desanimada. Expandiu mais a abertura da porta para que ela entrasse e Aaron a visse melhor.

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Irrompeu no quarto sem esperar um convite mais formal de Skyron que abriu a porta para Talia. Parou entre os dois homens dirigindo seu olhar a Aaron que sentava-se com os pés apoiados sobre uma mesa de cyvasse, aparentemente antes que a mulher chegasse estavam jogando uma partida, que chutava pelo tabuleiro que teria Aaron como vencedor. Ficou seria para o homem, não podiam ficar la por mais tempo, já estava anoitecendo e era uma longa viagem para o Rochedo.

— Perdão pela intrusão no quarto e por todas as confusões de mais cedo, não voltarão a acontecer. Desde o momento que aceitei sua aliança não permitirei coisas como aquilo — Pediu desculpa trocando o olhar entre os dois homens dando uma pausa de segundos. Reparava na diferença entre os irmãos, Aaron provavelmente era a tempestade, enquanto Skyron trazia em seu olhar a calmaria. — Infelizmente vim interromper o descanso de vocês. Preciso que partam para o Rochedo o mais rápido possível, tenho mais alguns dias antes da batalha, e espero que corra tudo bem, mas se não correr da forma que imagino iremos nos manter firmes em uma resistência. Nesse tempo vocês chegarão a sua nova cede e tiraram grande parte do exercito de Jan, já que os Lannister se separarão para lutar por sua casa. Colaborarei com o que puder, tenho navios esperando por uma ordem perto do lugar. Mandarei alguém para ajudar no comando dessa frota e levando minhas palavras para que não haja comportamento hostil. De resto conto com vocês para levar todos os navios e ganhar essa batalha. O que acha?

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— Perdão pela intrusão no quarto e por todas as confusões de mais cedo, não voltarão a acontecer. Desde o momento que aceitei sua aliança não permitirei coisas como aquilo — disse a rainha.

Aaron estava sem o seu sorriso costumeiro dessa vez, possuía uma expressão séria. Apenas assentiu para a mulher, não havia o que fazer em relação aquilo.

— Infelizmente vim interromper o descanso de vocês. Preciso que partam para o Rochedo o mais rápido possível, tenho mais alguns dias antes da batalha, e espero que corra tudo bem, mas se não correr da forma que imagino iremos nos manter firmes em uma resistência. Nesse tempo vocês chegarão a sua nova cede e tiraram grande parte do exercito de Jan, já que os Lannister se separarão para lutar por sua casa. Colaborarei com o que puder, tenho navios esperando por uma ordem perto do lugar. Mandarei alguém para ajudar no comando dessa frota e levando minhas palavras para que não haja comportamento hostil. De resto conto com vocês para levar todos os navios e ganhar essa batalha. O que acha?

O Rei das Ilhas de Ferro olhou para o irmão, coçou a barba e se levantou da cadeira. Pegou sua espada, Tempestade e tomou a frente de Talia, olhando a nos olhos.

— Estamos prontos. Espero que seus homens também. — disse.

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O homem levantou-se da cadeira pegando sua espada, fazendo a atenção da mulher ir pra arma, por conta de todas as confusões não tinha notado o material da lamina dos dois irmãos. Pelo pouco que aparecia na bainha notou que era de aço valiriano, uma arma bonita sem duvidas, e de melhor desenvoltura que o aço comum. Perguntou-se onde tinham conseguido tanto do metal, chegando a conclusão que conheciam mais do mundo que imaginava, afinal tinham navios e coragem, era o suficiente pra chegar no limite do mapa, ou até mais. Caminhou até em frente a Talia olhando-a nos olhos.

— Estamos prontos. Espero que seus homens também. — Falou Aaron fazendo Talia dar um pequeno sorriso

— Então é melhor que já comecem a viagem, capitão. — Disse estendendo a mão como tinha feito anteriormente na reunião porém dessa vez sendo retribuída pelo homem que segurou junto a ela os pulsos um do outro selando o acordo e a amizade entre os dois reinos — A partir de agora conto com você e seus homens, Aaron Greyjoy. — Encerrou soltando o braço do homem e virando-se para porta assentindo para Skyron antes que saísse do lugar.

Ao sair do quarto viu que os guardas da senhora Arryn já tinham se retirado do lugar, agora havia apenas um homem da rainha em frente a porta que esperava que a mesma saísse. Era o homem que tinha sido escolhido por Daeron para coordenar os soldados que ficavam no castelo, era também o cavalheiro que Talia tinha mandado que montasse as guardas sobre Lysa. Acompanhou a mulher até seu quarto informando-a das medidas que tinha tomado, e deixando claro que nenhuma carta ou informante sairia do castelo sem a autorização dela. Assim que chegou na porta de seus aposentos agradeceu ao homem e pediu para que mandasse algum servo para chamar Lucan.

Entrou no quarto se deparando com o baú contendo o ovo verde em cima de uma das mesas. Aproximou-se passando a mão sobre o ovo e sentindo as suas escamas, era um artefato encantador, e apesar de parecer petrificado, sabia o que poderia sair de lá. Depois da batalha levaria o mesmo para Serena, a garota já tinha feito um ovo chocar, talvez fizesse dois. Fechou a tampa da arca deixando-o onde estava e dirigindo-se a varanda onde se aproximou um pouco receosa pela a altura, mas não desistindo. Apoiou suas mãos na amurada olhando o ambiente, era um lugar pacifico e se olhasse pra baixo tudo o que se via era nuvens com buracos onde conseguia ver a distancia do lugar para o chão. Desviou o olhar, olhando apenas para a vastidão do lugar, que assim como estar no meio do mar trazia apenas mais água, o céu trazia apenas mais vazio e nuvens.

Tirou o frasco de veneno de suas roupas e ficou segurando-o por algum tempo pensando nas atitudes que tinha a tomar não só com Lysa e os Greyjoys, mas na batalha,  acordou de seus pensamentos apenas quando ouviu baterem na porta. Guardou de volta o vidro e virou-se mantendo uma mão na sacada pedindo para que entrasse e deparando-se com Lucan. Tirou o olhar do homem virando-se novamente para o céu e esperando que ele se aproximasse.

— Como foi a conversa que teve com sua mãe, meu amigo? — Disse curiosa para saber se a mulher tinha conseguido fazer a cabeça do filho e se seria necessário usar o veneno que tinha a pouco guardado

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Dwight escreveu:
Um dos homens corria em sua direção carregando uma espada, mas não aparentava que seria um grande desafio: vestia-se tão desprotegido quanto os outros, e não assustaria nem mesmo Cetim pelo seu tamanho. Rhaego esperou-o aproximar-se e gingou o arakh de uma mão à outra com destreza, o golpe do homem fora indômito e descuidado, agarrou-lhe a mão armada com a direita e em um movimento rápido com a mão oposta amputou-lhe o membro próximo ao cotovelo. Ele caiu de lado, sacudindo-se em espasmos nervosos tentando desesperadamente estancar o jorro de sangue que esguichava de onde minutos atrás estava seu braço, medo e apavoramento misturavam-se em sua expressão. Talvez não fosse um homem tão mal assim, talvez o fosse, — não importava. As consequências de uma Guerra, pensou novamente, e então abriu-lhe um ferimento do pescoço a barriga, fazendo-o parar de retorcer-se.


Você precisa tirar 3 para concluir essa ação.

http://prntscr.com/d772zb + 5


Segurou o braço armado do homem e decepou-lhe, deixando o cotoco jorrar sangue por todo lugar, inclusive nele próprio. Colocou o pé sobre o pescoço do homem sacudindo-se e gritando no chão para calá-lo, enquanto explicava aquilo para os companheiros, e cansado do homem tentar tirá-lo de sua garganta com o braço que havia sobrado, deu-lhe o golpe final.

Tudo pareceu calmo até que o grupo se virasse para floresta novamente, onde inúmeras figuras surgiram das árvores, alguns com espadas, outros com machados, poucos com clavas, a maioria com arcos, apontados para eles com flechas esperando qualquer movimento. Nenhum cavaleiro, nem nobre teve reação ao verem-se cercados. Depois de tanto tempo fugindo dos grupos enviados pelos inimigos, alguns mercenários que nunca ouviram falar antes os encurralou.
— Há outra coisa que preciso contar sobre nós, Sor — gritou uma voz aproximando-se.
Cetim esbugalhou os olhos e Rhaego olhou descrente para figura que surgiu das árvores. Rody colocou-se em frente ao grupo de arqueiros com tranquilidade, a mesma de quando ficou em frente à Rhaego, a diferença era que dessa vez estava distante dele e do restante. Havia um furo com sangue seco em suas vestimentas da flecha e sua garganta parecia normal, mas era difícil dizer pela grande quantidade de sangue cobrindo-a.
— Nós somos os donos dessas terras! — afirmou num sorriso. — E nada acontece aqui que não chegue aos nossos ouvidos... Então, quem é o Rei entre vocês?




Lucan esfregou a mão no rosto, aproveitando-se que os olhos da mulher focavam-se no exterior da varanda. Sua cabeça estava pesada e num conflito infernal, mas ela não precisava ter noção daquilo.
— Ela ainda está mal, mas também está melhorando, o meistre disse que talvez em poucas semanas ela possa até mesmo saltitar — respondeu ele, soltando uma risada no final. Sua expressão tornou-se séria quando chegou o momento de falar do que sabia ser o que a rainha pretendia ao chamá-lo ali. — Ela ainda mantém firme que você nos trará desgraça. Eu não acredito fielmente nisso, mas não estamos numa boa situação, estamos numa péssima. Sei que do seu ponto de vista e tudo que você perdeu, e o que pode perder no futuro, existe apenas uma escolha nisso tudo, que é lutar até a morte. Mas minha mãe e, sinceramente, muitos dos lordes do Ninho, acreditam no contrário. Eles não tem nenhum sentimento pessoal nesta guerra, isso faz com que não tenham motivo algum para continuarem com isso.
Ficou em silêncio por alguns minutos.
— Vou fazer o meu melhor, mas minha mãe conhece todos esses lordes há muito mais tempo que eu e temo que confiem mais em sua sabedoria do que na minha. — Era notável o peso de cada palavra que saia da boca do homem, e para que tivesse peso, a visão dele não estaria fixa em apenas uma reta.
E ao olhá-lo nos olhos pela segunda vez, Talia soube daquilo.

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O bosque recebeu de bom grado a brisa calma e límpida, deixando que seus galhos balançassem e as folhas dançassem no ar. Sob as copas, um grande grupo de homens andava por uma estrada, alguns riam e conversavam, outros permaneciam em silêncio. Os únicos que murmuravam eram os prisioneiros, trancados em uma gaiola de madeira presa a uma carroça, puxada por dois cavalos. Além do Rei, o lorde do Vale e os guardas reais, a cela era grande suficiente para que coubesse também mais três homens, um careca barbudo qualquer, um velho com calvice e o rosto bastante machucado, e o terceiro homem que chamou bastante atenção de Desmond, mas que não conseguiu reconhecê-lo a primeira vista, mesmo que tentasse bastante. Metade de seu rosto estava queimado e a outra parte inchada de um provável espancamento, seu cabelo era uma mistura de fios dourados com uma grande cabeleira castanho escuro e seus olhos eram uma coloração estranha. Viu-lhe conversando de forma quase inaudível com o velho, mas preferiu não encará-lo demais.
Contou cerca de trinta homens, alguns iam em cavalos e outros a pé. A maioria eram arqueiros, percebeu. Ele e o restante de seus companheiros conversaram poucas vezes durante o caminho, nos primeiros dias, ao tentarem, receberam avisos e ameaças de que receberiam espancamentos se o fizessem, e por mais que dentro daquela cela tivessem os melhores guerreiros do continente, poderiam saber de todas táticas e golpes com uma espada, mas ainda não haviam aprendido a desviar de flechas. Então, sem nada a mais para fazer, pegou-se refletindo sobre como deveria estar a situação com a rainha e os nortenhos no Vale, perguntou-se principalmente como Serena reagiria ao saber da morte de seu irmão, algo que conversara com Daeron num dos dias que fugiram dos homens de Jan.
— Como acha que sua esposa e sua irmã estão reagindo? — perguntara à ele.
Daeron demorara para responder, pensando naquilo melhor.
— Não venho focando-me muito nisso, apenas foco em voltar logo para casa para vê-las novamente. Sei que ela deve estar sentindo por sua morte, Desmond, você está com ela há muito mais tempo que eu. Mesmo assim, sei que Serena suportará bem e nos vingará caso demoremos para voltar. Sobre Talia... — ele voltou a pensar, sorrindo ao, aparentemente, terminar de decidir o que responder: — Em parte, me apaixonei por sua beleza. Mas atrás da aparência de Talia há muito mais, há uma mulher forte e determinada, protetora e com senso de justiça, e foi isso o que me fez escolhê-lá. Faz muito tempo já que ela ganhou meu respeito, Desmond, por isso sei que lidará bem com isso.
E realmente esperava que fosse como seu rei havia especulado.

Descobriram onde os mercenários estavam levando-os muitos dias depois. Harrenhal mostrou-se à eles com toda sua magnitude, das muralhas gigantescas às torres tão grandes quanto, chegando alcançar a figura do sol nos céus, tampando-o. Era o maior castelo de Westeros, afinal, diziam ser três vezes Winterfell, suas cozinhas serem do tamanho dos grandes salões dos outros castelos e apenas seu Bosque Sagrado cobria vinte acres. Viu que Daeron estava completamente maravilhado com aquela visão, assim como a irmã, mesmo escondendo devido sua posição, sentia-se uma criança ao conhecer todos lugares que sempre desejou durante sua estadia no outro lado do mar.
Observou os mercenários mais a frente na fila larga de homens, gritando para que abrissem os portões e soube que o principal das vozes era o líder. Rhaego contou-lhes sobre ter cortado a garganta do homem, assim como Cetim jurou ser verdade, e mesmo que a primeira reação fosse não acreditar, não tinham como negar a quantidade de sangue que parecia ter saído de sua garganta, principalmente ao verem, num dos dias, o homem limpando o sangue e mostrando uma ferida não tão séria quanto deveria, tampando-a em seguida com um pano que enrolou no pescoço. Queria entender quem eram aqueles homens e de onde surgiram, como conquistaram um castelo tão grande e, de certa forma, importante como aquele. Mas as dúvidas aumentavam e aumentavam, e nenhuma resposta era ganha.
— Olhem esse lugar — apontou Arys conforme a carroça adentrava no lugar calmamente, passeando pelas rotas sob visão das grandiosas torres, a mais pequena do mesmo tamanho da maior de Winterfell, e a maior não existia palavra para que pudessem descrever seu tamanho. — Olhem em volta — dessa vez falava das inúmeras pessoas caminhando por ali, das várias barracas e pessoas dormindo em cobertores sujos e rasgados, jogadas em cantos. Era um lugar, ao mesmo tempo que enorme, muito pequeno devido a grande quantidade de destroços e outras coisas por seu caminho. — Quando abrirem essa cela, atacamos e aproveitamos da cobertura para fugirmos.
— Isso seria suicídio — respondeu Daeron, anotando em suas lembranças por onde passavam.
— Mas se não fizermos nada, é bem provável que nos matem — respondeu Arys. Estava certo, sabiam quem eram eles, e mesmo que não tivessem respondido a pergunta de Rody, temia que acabassem descobrindo quem era Daeron alguma hora.
— Paciência — disse o rei, novamente.
Quando a carroça parou, estavam num tipo de pátio. Demorou certo tempo para que cerca de dez arqueiros ficassem alguns metrôs de distância das portas da cela, enquanto eram abertas por mercenários.
— Deuses, o que infernos vocês temem? — gritou alguém surgindo dos corredores de alguma construção ao lado deles, em seu lado estavam Rody e um homem de cabelos brancos, provavelmente de velhice, olhava para baixo e sua expressão não era das melhores, a garrafa de hidromel em sua mão não agregava em nada aquela visão.
O homem aproximou-se de um dos arqueiros, que olhou-lhe nervoso, parou em sua frente, ficando com o rosto alguns centímetros de distância do rapaz, então, alguns segundos depois, deu um pequeno grito que assustou-o e alguns outros.
— Eles são temíveis sim, mas não tanto — disse ele, gargalhando. Virou-se para a cela, deu uma boa olhada em quem estava ali dentro e suspirou. — Eu simplesmente não consigo acreditar que é você de novo Barret. — Numa voz irritada e alta, continuou: — Joguem esses malditos para fora da cela e formem uma fila com eles.
E assim seus homens fizeram. Agarraram um por um e todos foram jogados na lama, chuviscava, molhando-os aos poucos. Numa fila de onze pessoas, ficaram lado a lado. O tal homem começou andar em frente à eles, indo para esquerda e para direita, pensativo.
— Quem é o último? — questionou ele, dirigindo-se ao careca barbudo.
— Toman tentou comer sua filha e ele o matou — explicou Rody.
— A garota queria? — Sua voz era rouca e grossa, deixando suas risadas e brincadeiras mais bizarras do que já eram. E naquele momento, a seriedade era surpreendentemente ameaçadora.
Rody acenou com a cabeça que sim. A verdade era que enquanto o mercenário esfregava sua mão na garota, ela chorava e tremia de medo.
O homem que mostrava-se superior a Rody em poder, o verdadeiro líder, encarou-lhe por alguns segundos, o rosto tornando-se sombrio por poucos instantes, algo que apenas os observadores viram, mas balançou a cabeça negativamente, sacou sua espada e atravessou a cabeça do careca, deixando que seu cadáver caísse no chão.
— Não ééé do meu interesse — virou-se com um sorriso, voltando a caminhar de forma descontraída por toda fila, olhando um por um, até que chegou em Rhaego, parando para observar seu cabelo azul. — Que porra é essa?
— Não sei, vai entender — respondeu Rody. — Foi ele quem encontrei na taverna, senhor.
Todos estavam de joelhos na lama, então o desconhecido abaixou-se em frente à Rhaego, ficando cara a cara com ele. Olhou-lhe de baixo para cima e assoviou de forma lenta, terminando num sorriso indecifrável.




Obviamente tá todo mundo sem armas. Agora será um momento longo de diálogos, então tudo bem se seus posts forem curtos, tipo uma ou duas linhas de diálogo só, Dwight, não vai dar pra fazer um texto toda hora. Apesar que nesse primeiro, creio que você tenha bastante coisa para falar.
E tá aí sua oportunidade de pagar de Poe.

Última edição por Luckwearer em Ter Nov 15 2016, 17:13, editado 1 vez(es)

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— Que porra é essa? — Indagou o estranho homem à um de seus subordinados, ao avistar seus cabelos azuis.
— Não sei, vai entender — respondeu Rody. — Foi ele quem encontrei na taverna, senhor.

Rhaego estava de joelhos, na lama, e a inusitada figura encarava-o de cima à baixo, com um sorriso indecifrável no rosto. O homem ficou quieto por alguns segundos, somente emitindo um assovio quase silencioso enquanto o analisava.
— Então, quem fala primeiro? Você fala primeiro? Eu falo primeiro? — encarava os olhos pálidos que o analisavam, dando de ombros em seguida. — Temo que respondi minha própria pergunta ao abrir a boca, perdão. Corante de caracóis, se é à coloração que se refere. — Virou o rosto em direção à Rody parecendo não se importar, e fingindo não reparar no súbito frio que tomava conta da atmosfera após o homem abrir o crânio do careca. — Oh sim, claro; Rody não é? Me ofereceu ajuda na taverna, homem de valor que você tem à seu serviço. Infelizmente nos desentendemos quando ele insistentemente me seguiu pela floresta, mas sem orgulhos feridos, meu senhor, já que nenhum de nós saiu com qualquer ferimento disto. — Dirigiu um olhar pouco discreto à garganta do homem, onde uma grande quantidade de sangue empapava o pano que ele enrolara em volta da região que o tyroshi abrira. — Que descortês de minha parte, — voltou o olhar ao bizarro homem, elevando as mãos algemadas indicando que lhe cumprimentaria, se pudesse. — Rhaego de Tyrosh, meu senhor.

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Talia[Babi]
Vestimenta: Vestimentas nobres e uma calça normal.

Nervosismo resumiria o sentimento de todos inimigos de Jan naquele dia. O plano precisava dar certo, repetiam em suas cabeças, e era verdade, se falhasse, o risco do homem dominar o local e matá-los no processo era gigantesco. Mas para rainha, estar próxima do campo de batalha era necessário, queria ver o desenrolar de tudo com seus próprios olhos e estar no topo da enorme montanha não faria o rei ter mais confiança naquele tratado. Então, pela manhã do quinto dia, lá estavam todos reféns, alguns lordes e a própria Talia, atravessando a ponte que conectava as terras cercadas por montanhas que formavam as terras nos pés do Ninho e o castelo chamado de Portões da Lua. Era uma estreita ponte com amuradas de pedra, era larga suficiente para que uma carroça passasse.
— Vocês serão nosso heróis hoje, lembrem-se disso e não temam nada. Tudo bem? — disse Talia com um de seus belos sorrisos. Os rapazes que voluntariaram-se ou foram recomendados por seus lordes, em grande maioria eram escudeiros que desejavam fama e honra, e mesmo sob todo risco, a rainha conseguira convencê-los de passarem-se por filhos ou sobrinhos dos lordes do Vale. — Vão.
E liderando-os, Mylan, um comandante de guerra muito conhecido por seus feitos passados, ia em frente. Lucan o havia recomendado e a rainha, ao conhecê-lo, viu como era respeitoso e sábio com suas palavras, então aceitou confiar aquilo nele.
Talia encarou-lhe levando os rapazes verdes por todo caminho, até que ficassem distantes demais para que pudesse vê-los claramente.

Ao chegarem nos Portões Sangrentos, os portões foram abertos, enquanto vários arqueiros miravam de cima do lugar para que Jan e seus homens no outro lado não tentassem nada. Mylan apontou com a cabeça para os rapazes e eles caminharam lentamente até Jan que observou cada um passando por ele.
— Quem são estas pobres crianças? — ordenou o rei.
Mylan disse uma por uma, falando dos pais e de qual família eram, explicando também que não haviam tido tempo suficiente para todos reféns e que aqueles seriam os primeiros. Por fim, terminou dizendo que agora poderiam adentrar e gritou para que os arqueiros abaixassem seus arcos.
Jan encarou aquilo com uma feição estranha, até que gritou de volta:
— Onde está minha filha? Não me levem como idiota, sei muito bem que não deixariam seu maior trunfo no Norte, quero-a aqui agora. Até lá, levantem seus malditos arcos e você vá atrás da rainha, quero minha filha aqui, agora.
Sem outra opção, o homem teve que aceitar aquilo e conforme afastou-se com seu cavalo, cavalgando rapidamente, os portões foram fechando-se novamente e os arqueiros voltando as suas posições, enquanto Jan virou-se olhando para os reféns novamente e iniciando uma cavalgada lenta de volta ao seu acampamento, com eles.
A rainha, que ainda estava na ponte, estranhou a volta do homem e perguntou qual era o motivo de estar ali.
— Jan quer a filha dele para que entre no vale, senhora — respondeu Mylan.


Droenn[Prime]
Vestimenta: Vestes de dormir.

Não dormia bem há dias, todas vezes que fechava seus olhos era um tormento maldito, pesadelos que não fazia noção se eram previsões ou não, se podia acreditar nas imagens ou não. Sua mente estava um verdadeiro inferno. E naquela noite específica não fora diferente. Fora pior.
Viu Daeron com o rosto enfiado em lama, em suas costas havia uma pequena fenda do que parecia uma espada atravessada e ao seu lado estava Rhaego, com os olhos vazios e o peito perfurado por uma espada também, ambos lado a lado, numa poça de sangue própria deles. Viu Alayne gritando de dor quando litros de óleo quente caiu sobre ela, queimando-a aos poucos, até que caísse no chão, com os berros cessados e a vida inexistente. Viu Talia recebendo inúmeras facadas em sua barriga e alguma figura de cabelos dourados, mesmo que parecessem brancos, parado ao lado dela, virando-se para deixá-la morrer aos poucos, chorando e sangrando no chão. Sozinha. Viu alguns lordes nortenhos e do Vale sendo mortos também, mas alguns em batalhas, outros em seus próprios quartos, pouquíssimos em corredores. Viu sua esposa tendo a garganta cortada e Tobin a cabeça esmagada por um martelo. E, por fim, viu sua irmã sendo arrastada para escuridão pelas pernas, por braços tão secos que os ossos eram visíveis e no breu duas orbes azuis destacaram-se, ouviu um grito, tão doloroso, que a dor pareceu ser nele, focada em seu coração, notando que talvez fosse luto, mas luto de quê? Então, ao mostrar-se, viu que a figura não era ninguém menos que Roose Bolton, com alguns dedos em sua boca, os dedos de Dania.
Acordou berrando, sentando-se na cama rapidamente, o tecido embaixo dele estava ensopado de suor, ele mesmo estava encharcado de suor. Fazia alguns dias que uma febre repentina o atacara. Rina que estava na cadeira ao seu lado, quase caindo no sono, ergueu-se rapidamente.
— Querido, acalme-se! Querido! — repetiu a garota, tentando acalmá-lo, mas não conseguindo.
Só alguns instantes depois o Stark parou de gritar.
— O que está acontecendo comigo? — questionou-se com a voz desesperada, quase chorosa, colocando as mãos no rosto. Nunca teve problemas como pesadelos, o acompanhavam durante toda sua vida desde a morte de sua mãe, mas aqueles, aqueles pareciam tão reais quanto sacar sua espada e lutar em campos de batalha como fizera antes.
Rina apenas o abraçou, colocando-o em seus seios e beijando seus cabelos, falando baixinho que fora apenas um pesadelo. Eram casados há pouco tempo, a intimidade nunca chegara ser o que devia entre eles, principalmente pelas circunstâncias do casamento, até que contasse à ela sobre os sonhos que tinha. Quando a garota não o levou como louco e lhe disse sobre visões verdes que alguns homens tinham, um interesse surgiu dentro dele sobre a garota sem que notasse. E ela só provava-se mais a cada dia que passava. Desde o momento que deitou na cama pela febre fortíssima, a garota não saíra de seu lado, sempre pedindo à aias que trouxessem água e comida, mas nunca tendo coragem de sair do quarto, sentando-se na cadeira ao lado por dias. As olheiras em seus olhos mostravam isso, acordava-a de seu sono com seus gritos de terror após um pesadelo ocasionalmente, e ela não ligava, só tentava acalmá-lo e depois pedia para que tentasse dormir novamente.
Quando Droenn tirou o rosto dos seios da esposa, virou-se e surpreendeu-se ao encontrar Tobin num canto do quarto, esculpindo algo num pedaço de madeira com uma adaga.
— Tobin? — perguntou, surpreso de ver o rapaz ali dentro. Sentiu um pouco de vergonha ao saber que o rapaz tinha presenciado toda aquela cena, mas logo notou que todo castelo devia saber de seus pesadelos, seus gritos não eram baixos e deviam alastrar-se por todo local.
— Pensam que você está enlouquecendo — salientou Tobin levantando-se. Colocou a mão em sua testa e depois em sua garganta, sem importar-se com o contato repentino. — Sua febre está melhorando, pelo visto.
— Sim, está — concordou Rina, sorrindo, estava feliz de ver Droenn melhor.
Um silêncio permaneceu no quarto por alguns segundos, até que Tobin tomou a palavra novamente:
— Eu que te pergunto isso, Droenn: o que está acontecendo com você? Gostaria de saber, porque todo castelo está pensando que está enlouquecendo e nossos lordes já não estão felizes com o recente acordo com os Greyjoy. Não sei o que aconteceria se você de fato enlouquecesse também.
Droenn não sabia de acordo algum, surpreendendo-se com a notícia, principalmente pelo fato de lembrar-se que há poucos meses atrás quem mais os atacava no norte eram exatamente os mesmos piratas.
— E... — o Reed interrompeu suas próprias palavras, um pouco receoso de continuar.
— O que? — perguntou Droenn, esperando uma resposta.
— E eles já não estão tão confiantes na sua liderança como antes. Respeitam-no pelo que fez no Norte, mas...
Rina olhou para Droenn, preocupada.


Rhaego[Dwight]
Vestimenta: Trapos rasgados e sujos.

O estranho sorriu com a resposta de Rhaego. Ergueu-se, esfregando a palma da mão no rosto até que caísse pelo queixo e soltou uma gargalhada.
— Gostei dele, é destemido — apontou para Rhaego, sorrindo. Virou os olhos para Rody, voltou-os para Rhaego e depois dirigiu-lhes novamente para seu homem. — Foi ele quem te matou, não é?
— Sim, senhor.
O homem fez uma expressão de nada mal e voltou a caminhar de um lado da fila para o outro, observando cada um deles, até que finalmente chegou de volta à Rhaego.
— Meu nome é Kean, aliás. Alguns dos meus homens me chamam de Kean, Quebra-Homem, mas acho o apelido um quanto ruim e grosseiro para pessoa que sou. — Virou-se de costas e afastou-se da fila, virando-se novamente para eles quando ficou longe suficiente para que pudesse enxergá-los todos. Estava sério. — Sou o lorde desse castelo, vim de lugar nenhum, não tenho nenhuma família de nome conhecido. Um homem poderoso para que saibam. Todos homens que verem armados neste castelo, até os desarmados, são meus. Todos meus. Fazem o que eu quero, quando eu quero e como eu quero. Não é mesmo, Rody?
Rody balançou a cabeça que sim, obediente, fazendo com que o homem sorrisse novamente.
— Não é mesmo, sacerdote? — perguntou ao homem embriagando-se.
Este tirou a garrafa da boca e acenou que sim, colocando um punho em frente a boca para tampar o arroto que viera em seguida.
— Sete infernos, homem, pare de beber ou morrerá disso em breve — reclamou Kean, balançando a cabeça negativamente. — Quase me esqueço de vocês. Hm... sou um homem bom, mas que tem suas próprias leis e condições, quem as quebram... bem. — Encarou o velho ao lado do homem que Desmond estranhara. — Você, Barret, me conhece e sabe muito bem que não dou segundas chances.
— Eles tentaram pegar mais moedas que o normal, nãos podíamos, eu tenho família, Kean — respondeu Barret, o velho.
Kean suspirou, aproximando-se, a espada ainda estava em suas mãos, ensaguentada.
— Quem é o homem? — perguntou ao parar em frente à eles.
— Edam, é um ajudante de ferreiro meu — respondeu Barret.
— Você é bom no que faz, Edam? — questionou Kean, encarando-o. — Porque você é feio pra caralho.
Edam não ergueu os olhos para olhar o rosto do homem em pé, em sua frente, continuou encarando as gotas de chuva impactando-se na lama.
— Ele é surdo? Fiz uma pergunta.
— Edam — sussurrou o velho com certo desespero na voz. — Responda-o, rápido.
O homem de rosto queimado ajeitou-se um pouco, ficando mais confortável de joelhos, mesmo que seus olhos ainda focassem no chão.
— Sou — respondeu simplesmente.
Desmond virou-se para o homem no mesmo instante, tendo seus olhos um tanto quanto chocados. Durante todo caminho perguntou-se quem era aquele homem que tinha impressão de conhecer, e ao ouvir sua voz, aquela voz que apenas seus companheiros da Guarda Real reconheceriam, identificou-lhe como seu antigo e extremamente honrado amigo, Arthur Dayne. Barristan também tivera a mesma reação. Mas ambos, mesmo encarando o homem com os olhos no chão e perguntando-se como ele estava vivo, principalmente o velho que vira o homem sendo cercado num ataque surpresa na Batalha do Tridente, mesmo assim continuaram quietos devido a situação. Kean encarou-lhe por alguns segundos com seu rosto sério e amedrontador, então fez novamente sua cara de nada mal e num corte rápido, a garganta do velho abriu-se, borrifando jatos de sangue na lama, até que caísse no chão e uma poça começasse brotar, enquanto o pobre idoso dava seus espasmos e engasgava-se em seu próprio sangue.
— Não sou um homem de segundas chances — disse Kean numa voz grave. Olhou para Rody que estava encarando-o. — Digo, segundas chances apenas para os que me interessam. Mas terceiras chances, com toda certeza não. — E vendo que o homem arrepiou-se ao ver aquilo, voltou-se sorrindo para Edam que encarava o cadáver do velho com choque, mostrando alguma emoção pela primeira vez. — Bem, você sabe onde a família dele deve morar. Talvez até more junto com eles. Então, diga-me, vai trabalhar na minha ferraria por quanto tempo eu quiser e voltar para casa dele com as moedas que ganhar?
Edam não respondeu.
— Entendo o choque, mas se você não aceitar... bem, sabe-se lá o que pode acontecer com a família de Barret, não é? — falou soltando uma risadinha maléfica.
Os olhos de coloração estranha do homem encararam o rosto de Kean pela primeira vez. Mas não com raiva ou ódio, desejo de vingança. Apenas vazios. Acenou com a cabeça e o homem sorriu.
— Então, diga-me, você vai ser minha putinha? — perguntou Kean, que ao ver que o homem estranhou a pergunta, explicou: — Juramentos nobres são estúpidos, cheios de honras e promessas nunca se cumprirão. Sou um cara sincero, meus homens são sinceros e meu juramento por consequência também será.
Edam pareceu um pouco receoso, mas por fim respondeu:
— Eu vou ser sua putinha.
Kean gargalhou alto.
— Levem-no, pensei que poderia fazer algo corajoso, mas parece que o único com bolas aqui é o palhaço de cabelo azul — ordenou aos risos, afastando-se do homem enquanto dois de seus soldados o agarraram e o levaram dali com facilidade. — Voltando ao assunto principal de hoje: quem de vocês é o rei?
— Senhor... — Rody tentou pronunciar-se, mas Kean o interrompeu:
— Nanana. Quero que eles me digam. Uma relação, acima de tudo, precisa de sinceridade, não é? Como viraremos amigos sem intimidade, certo, companheiros? — exclamou a última pergunta com uma voz animada, soltando outra risada. — Mas não posso culpar o rei entre vocês de ficar quieto, eu também ficaria depois das últimas notícias que se espalharam pelo continente.
Daeron mesmo tentando disfarçar teve sua atenção chamada por aquilo. E Kean que já sabia quem era o rei, dito por Rody, deu um sorriso de canto ao perceber aquilo.
— Vocês não sabem? — gritou chocado. — O Ninho da Águia foi invadido por Jan depois de um cerco de dias. Ele matou cada um dos nobres ali dentro e enviou suas cabeças para suas respectivas casas, com cartas dizendo para os herdeiros irem à Porto Real para fazerem um juramento ou teriam o mesmo destino. E, obviamente... durante o processo a tal bastarda grávida foi morta junto com seus bebês.
Os guardas ficaram um pouco atordoados ao saber daquilo, não tendo noção se poderiam acreditar ou não. Daeron olhou para o chão com uma expressão mais chocada que devia, quase abandonando o disfarce, olhava para lama com tanta tristeza que Kean achou que poderia chorar a qualquer momento.
— É uma merda, não é? Pensava que Jan, mesmo com seus erros, era um homem nobre, mas mostrou-se um verdadeiro tirano. Talvez devesse ajudá-los a matá-lo, quem sabe — disse rindo, girando sua espada na mão e espirrando sangue pelo chão. — Dois de vocês portavam espadas de aço valiriano. Um é o palhaço de cabelo azul e o outro... é você — apontou com sua espada para direção do rosto de Daeron que ainda estava em choque. — Nenhum rei e seus homens são estúpidos suficientes para enviarem ele mesmo para uma vila qualquer em busca de informações, o que só sobra você, meu caro amigo.
Abaixou-se em frente à Daeron, sorrindo.
— Como está aí? Tudo bem? — questionou dando alguns tapinhas no rosto de Daeron que não correspondeu em nada, ainda em choque. — O cara paralisou — exclamou Kean soltando uma risada altíssima —, a porra do rei paralisou! Deuses, esse dia está me dando ótimas coisas. Nunca pensei que veria um rei paralisado em minha frente, principalmente o rei dragão que estava colocando tanto medo no continente e em seus inimigos. Que sobreviveu a emboscada do grande rei Baratheon! — parou de rir e voltou ao sorriso perverso. — Parece que o dragão não passa de um gatinho amedrontado.
Kean olhou para os guardas reais, notando os olhares nele, alguns sombrios. O sorriso aumentou ao ver que eram pelas suas provocações com Daeron.
— Pelas minhas contas, vocês mataram cinco dos meus — disse Kean de repente, com a voz séria e um sorriso pequeno que mostrava apenas os lábios. — Seis, se contarmos com meu amiguinho aqui — apontou para Rody com sua espada. — Vou contar como seis, porque um corte na garganta é algo fodidamente sério, caso não saiba.
Voltou a caminhar pela fila com o polegar e o indicador esfregando-se nos ossos nasais do nariz, enquanto seus olhos estavam fechados. Parecia pensativo.
— Matar meus homens é algo que não perdoo tão facilmente. Não posso porque são meus amigos também, temos uma relação, alguns que vocês mataram até eram bem íntimos, viu. E isso não cai bem para minha liderança, não quero ser visto como alguém que não se importa com seus amigos. Vocês entendem o que eu digo?
Nenhum cavaleiro, obviamente, se deu ao trabalho de dizer algo.
Kean suspirou ao ver que não disseram nada.
— Arqueiros, formem um cerco neles e coloquem flechas em seus arcos, se qualquer um deles se mover, matem-nos imediatamente. Entenderam? — perguntou em voz alta, recebendo vários acenos que sim enquanto posicionavam-se e colocavam as flechas nos arcos, puxando-as e esperando qualquer movimento. — Rody, cadê a arma do azulado?
Rody correu para dentro do lugar de onde haviam saído e voltou com o arakh, dando-o para Kean que guardou sua espada na bainha, sem se importar de estar suja com sangue, e agarrando a arma curva.
— Que espada estranha, viu? — observou olhando-a. — Já vi várias dessas, mas isso não vem ao caso, a impressão é que seu criador e divulgador era um verdadeiro idiota. Mas tenho que admitir que esta é bonita... talvez por seu aço.
Kean balançou a cabeça, afastando sua distração e riu de si mesmo.
— Desculpem-me. Não me levem como uma palhaço, sou um cara bem sério quando preciso — disse ainda rindo de si mesmo. — Enfim, palhaço de cabelo azul, toma.
O arakh caiu em frente à Rhaego.
— Você começou toda essa confusão e vai ser você quem vai terminá-la — explicou Kean, sorrindo perversamente. — Peguem o rei e tragam-na para cá.
Alguns homens agarraram Daeron que acordou do choque e tentou combatê-los, mas recebeu chutes e socos que o atordoaram um pouco. Os cavaleiros sentiram-se extremamente tentados de levantar-se e ajudá-lo, mas ali seriam flechados e não fariam diferença alguma. Quando o rei foi jogado na lama, cerca de três homens ficaram ao seu redor, não deixando-o levantar-se. Estava alguns metrôs ao lado de Kean e uma certa distância da fila.
O lorde de Harrenhal aproximou-se de Rhaego e agachou-se em sua frente novamente, pisando em cima do arakh não pego até aquele momento.
— O destino é algo engraçado, não é mesmo? — falou sorrindo. — Você matou seis dos nossos e... um — olhou para Barristan ao seu lado —, dois — olhou para Desmond em seguida —, três — olhou para Arys —, quatro — olhou para Kevan —, cinco — olhou para Yohn —, seis. — Terminou olhando para Cetim. O sorriso tornou-se irônico e zombador, seus olhos focaram-se nos de Rhaego que o encarava também. — Seis dos meus por seis dos seus.
Ergueu-se, chutando o arakh para os joelhos de Rhaego e voltou-se para onde estava.
— Pegue o arakh e mate-os todos, um por um. Então, estaremos de acordo — ordenou encarando-o.
Ao ver que nem o azulado nem os guardas, nem mesmo o rei tiveram uma reação aquilo, provavelmente escolhendo não fazer nada, ele suspirou novamente.
— Arqueiros, se um dos guardas levantarem, sabem o que fazer. Se o rei tentar impedi-los, arqueiros, vocês sabem o que fazer.
— Impedir-nos, senhor? — questionou um deles, confuso.
— Comecem a espancá-lo — ordenou Kean sem o sorriso, a voz estava tão séria que tornava-se completamente macabra. Seu rosto era assustador sem uma expressão leve ou seu sorriso.
Os homens começaram a fazer o ordenado, enquanto os cavaleiros tiveram que segurar-se com todas forças para não levantarem-se. Daeron recebeu um chute no rosto que atordou-lhe, quase quebrando seu nariz, recebeu vários na barriga e alguns nas pernas e nas costas, até que o homem mais robusto e gorducho dali puxou-lhe pro lado, iniciando uma sequência de socos em seu rosto que criou feridas rapidamente.
— Pegue o arakh e decepe as cabeças dos homens ao seu lado, Rhaego — ordenou Kean, novamente.
Rhaego e o restante dos cavaleiros não tiveram nenhuma reação.
Kean fechou os olhos e esfregou o rosto com a palma da mão de novo, perdendo a paciência.
— Vocês fizeram o juramento de dar a vida por seu rei, servi-lo até a morte. E parece que não são tão honrados quanto deviam. Brack, você tem uma adaga? — perguntou ao homem robusto, interrompendo os socos ao fazê-lo virar-se. Ao escutarem isso, a Guarda Real ficou tensa.
— Sim, senhor.
— Pegue-a e cegue o rei, um olho a menos não fará falta à ele — mandou Kean dando uma olhada a Brack e virando-se para a fila. Segundos depois, virou-se novamente para Brack que tirou rapidamente a adaga da bainha e disse: — Não arranque o olho fora, é uma cena muito feia pra mim e não quero ele feio demais também. Mas mesmo assim, faça lentamente, quero que ele sinta cada pingo de dor. — Brack acenou para ele e Kean virou-se para os cavaleiros. — Já que não farão nada, podemos fazer isso pela tarde inteira até que não haja mais nada no corpo dele para torturar. Talvez até morra, seria uma pena.
E quando a adaga tocou um pouco acima da sobrancelha de Daeron e fincou-se, começando descer calmamente, os gritos baixos do rei começaram surgir e os cavaleiros só puderam observar, sabendo que se mexessem, seriam bombardeados de flechas e de qualquer jeito seu rei morreria.
— Faça, Rhaego, faça — gritou Desmond para ele, quase implorando.
— Faça! — gritou Arys em conjunto.

Só postar se você vai pegar o arakh do chão ou não, Dwight, isso obviamente vai representar sua escolha. Eu vou postar em seguida e bem, você vai postar outra vez e nele você vai poder descrever o estado mental do Rhaego de uma vez.

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Rhaego agarra o arakh ao chão.

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Ao ver o enviado se aproximando novamente sentiu um calafrio subir por sua espinha. Ficou nervosa ao pensar que o Baratheon de alguma forma teria estragado o plano, apesar de mostrar-se confiante para seus soldados, temia pelo resultado daquele conflito. Sabia que os garotos que tinha enviado com um sorriso caloroso eram corajosos e fariam sua parte do plano, mas não sabia o que esperar ao ver Jan dando meia volta com seu cavalo e levando-os. Manteve seu olhar serio até que Mylan se aproximou explicando o motivo pelo qual o homem tinha agido daquela forma, fazendo com que a mulher apenas franzisse o cenho furiosa pensando no que faria. O tio não tinha cobrado a prima nos portões, apenas alguns reféns, e usaria isso como argumento, de uma forma que aparentemente traria a satisfação do ponto de uma rainha que fugiria e de um rei que venceria. Acenou para seus guardas mandando que trouxessem Jenna e virou-se novamente para seu emissário.

— Diga a Jan que dei a ele minha garantia de que não haverá hostilidade, ele tem meus reféns consigo, mas também tenho de ter minha segurança —  Falou séria —  Fale que não sou tão estupida quanto ele pensa de arriscar a minha vida e do meu filho sem uma precaução que ele cumprirá com sua parte do trato. Jenna esperará junto a mim nesse portão, e ele terá sua filha assim que provar que não matará a mim e a todos aqui — Encerrou mandando o homem novamente

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O arakh foi pego do chão com hesitação, mas ainda assim com toda firmeza que Rhaego poderia ter naquele momento.
— Vamos, meu guardinha, vamos, vamos, vamos! Seu tempo está esgotando, seu rei está sofrendo! — berrou Kean, soltando algumas risadas.
Os gritos de Daeron aumentaram quando a ponta da faca encostou em seu olho e começou feri-lo.
Rhaego levantou-se do chão e virou-se para Barristan que era o primeiro na fila, olhando com um peso que nunca tivera na vida antes.
Rhaego olhou com muita fascinação o Trono de Ferro, era uma construção de deixar qualquer um babando, tão grande e espinhosa que finalmente acreditara que haviam mil espadas ali. Devia ter seus dez anos, então não prestava atenção às conversas de seu pai com o rei, apenas olhava em volta. Parou de olhar o trono, quando seu pai mandou que saísse, teria que ficar mais um tempo ali discutindo e iria junto com rei, alguns conselheiros, para um lugar mais fechado.
— Eu posso ficar com ele — voluntariou-se Barristan, muito mais jovem e bonito. Vestia sua armadura branca que brilhava nos raios de sol que passavam pelas janelas do salão.
— Obrigado, Barristan — agradeceu Daemon.
Barristan apenas acenou com um sorriso e virou-se, colocando sua mão nas costas do garoto e acompanhando-o até a porta.
— Aconteceu alguma coisa séria? — questionou ele.
— Não, são apenas problemas financeiros, temos todos anos — respondeu Barristan, soltando uma risada.
— Pensei que meu pai tinha feito algo de errado.
— Seu pai é um ótimo homem, nunca faria nada errado. Nunca fez, na verdade.
— Eu sei navegar tanto quanto ele — disse Rhaego, orgulhoso, com seu típico sorriso arrogante.
Barristan abaixou os olhos pro rapaz enquanto andavam, sorrindo.
— É mesmo?
— Sim. Sou tão bom quanto lutando também.
— Rhaego, o Temível Caveleiro do Mar — nomeou Barristan, rindo.
— Esse vai ser meu título, obrigado! — respondeu Rhaego continuando com seu sorriso.
— Talvez um dia com toda essa coragem e habilidade você possa se juntar à nós da Guarda Real.
— Acho que não. Não tenho paciência pra servir ninguém, seria mais fácil eu socar o rosto do rei caso me enchesse o saco.
Barristan riu novamente, dessa vez mais alto.
— Bem, então caso um dia mude de ideia, lembre-se que eu te ornarei como um de nós.

Barristan notou que mesmo levemente, a mão de Rhaego tremia. Queria dizer ao homem que o pai dele ficaria orgulhoso de quão honrado seu filho tornara-se, chegando num ponto como aquele e escolhendo os votos que fizera. Ele mesmo estava orgulhoso do homem. E no fundo, rezava para que se continuasse vivo depois de matá-los, que nunca carregasse a culpa de tê-los matados.
Deu um sorriso para Rhaego e virou os olhos para o chão, esticando seu pescoço para que o golpe ou os golpes fossem rápidos, e não tão dolorosos.




Vai ser o mesmo esquema até a última vítima, você posta matando ela de preferência com mais de um golpe pra ficar realístico, eu posto de novo sobre a próxima e por assim vai.

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Embora cultuada ao longo de gerações pelos Stark, a fé nos Deuses Antigos nunca despertou-se em Droenn. Em Winterfell, quando garoto, as visitas ao bosque sagrado não passavam de obrigações; a leitura, a tradição e todo o conhecimento por trás da religião nunca foram perseguidas a fundo pelo Stark, que preferia a diversão dos combates e treinos no pátio do castelo. Depois das palavras de sua esposa sobre os videntes verdes, estava certo de que seria mais um deles, mas restava-lhe verificar a veracidade dos pesadelos que atormentavam suas noites. Nunca antes desejara ter ouvido mais atentamente à Velha Ama e seus contos, ou simplesmente ter se interessado pelas crenças ─ talvez estaria melhor lidando com os dias tempestuosos, estes preenchidos com puro ócio e picos de uma febre incessante.

As noites eram ainda piores: os pesadelos avassalariam seu sono e trariam consigo os estarrecedores cenários e as indecifráveis visões. Naquela noite, em especial, viu Daeron de bruços sobre a lama. Uma ligeira fissura desenhava-se nas costas do Targaryen, supostamente por onde a espada que tirou-lhe a vida entrou. O rei dragão e Rhaego ─ que tinha o peito perfurado ─ compartilhavam duma mesma poça de sangue. Óleo quente caiu sobre Alayne até quando ela pôde suportar. Ao lento esvair de sua vida, a nortenha entregou-se ao chão. A lâmina portada por uma enigmática figura de fios claros perfurou a barriga de Talia por incontáveis vezes, e a rainha ali foi deixada, a sós com a morte. Em batalhas, em corredores e em seus próprios quartos, os lordes do Vale e do Norte foram cruelmente assassinados, assim como foi sua esposa e seu amigo Tobin, este que teve a cabeça reduzida à migalhas por um martelo. Membros esqueléticos arrastaram a irmã para as sombras, e nelas viu o pavoroso azul dos olhos de Roose Bolton. 

Droenn simplesmente desatou a berrar quando finalmente acordou, sentando-se sobre os panos empapados de suor e fitando a parede em frente com olhos incrédulos e esbugalhados ─ tudo parecia excessivamente real naqueles pesadelos. Acabou acordando Rina, que colocou-se de pé num salto assustado. 

─ Querido, acalme-se! Querido! ─ repetiu a garota, tentando acalmá-lo, e falhando. Passados breves momentos, obteve algum resultado.
─ O que está acontecendo comigo? ─ perguntou-se em desespero. Sua voz beirava um tom choroso, e suas mãos, após esfregá-las no rosto, voltaram mergulhadas em suor. A esposa abraçou-lhe, colocou-o em seu peito e tentou acalmá-lo ─ nos dias de febre e cama para o Stark, Rina mostrou-se extremamente atenciosa, repetindo o ritual para fazê-lo voltar a dormir após os eventos. E de alguma forma aquela fase turbulenta aproximava os dois. Enquanto ela dizia-lhe baixo que "era só um pesadelo", Droenn agradeceu a quaisquer deuses a presença da esposa junto a ele. Só os deuses sabiam o que seria de sua sanidade caso ela não estivesse ali. 

─ Tobin? ─ perguntou, após retirar-se do aconchego de Rina e notar o Reed num canto do quarto. O amigo usava uma adaga para esculpir qualquer coisa num pedaço de madeira.
─ Pensam que você está enlouquecendo ─ salientou Tobin levantando-se. Colocou a mão em sua testa e depois em sua garganta, sem importar-se com o contato repentino. ─ Sua febre está melhorando, pelo visto.
─ Sim, está ─ concordou Rina, sorrindo. Estava feliz de ver Droenn melhor. E naquele momento, vê-la feliz era a única coisa que poderia trazer-lhe alegria.
─ Eu que te pergunto isso, Droenn: o que está acontecendo com você? Gostaria de saber, porque todo castelo está pensando que está enlouquecendo e nossos lordes já não estão felizes com o recente acordo com os Greyjoy. Não sei o que aconteceria se você de fato enlouquecesse também ─ falou Tobin, após um silêncio repentino. Surpreso com a notícia, o Stark franziu o cenho. Até onde se recordava, os homens das Ilhas de Ferro eram o autores de frequentes e recentes saques no Norte, e ter um dos principais motivos da traição dos Glover como aliado preocupava-o.
— E... — o Reed interrompeu suas próprias palavras, um pouco receoso de continuar.
— O que? — perguntou, esperando uma resposta.
— E eles já não estão tão confiantes na sua liderança como antes. Respeitam-no pelo que fez no Norte, mas...
Rina olhou para Droenn, preocupada.
─ Mas...? É claro que não confiam, não os culpo. Me limito a deitar nesta cama diariamente, chorando em cima de pesadelos ─ deu uma risadinha breve, tossindo logo após. Olhou para a mão que levou à boca, e embora esperasse ver sangue, nada saiu. ─ Assim que colocar meu pés para fora desse quarto, farei do meu melhor para que lhes faltem motivos de desconfiança. Fazer o que líderes fazem ─ levou ambas as mãos aos cabelos, recolheu as pernas para perto e apoiou seus cotovelos sobre os joelhos. ─ Tobin, temo que não tenha lhe contado. Todos essas noites tempestuosas, tudo... isso ─ pegou nos tecidos molhados. ─ tem motivos. Toda noite, tenho essas visões que arrancam-me o sono. Na maioria das vezes, elas me trazem morte e são envoltas de enigma, às vezes me trazem luto, às vezes algo que está além da minha compreensão. Não estou louco, não ficarei louco. Se realmente significam algo, apenas preciso encará-las e saber usá-las ao meu favor.

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