Estranhamente, naquela manhã particular, o alvorecer surgira numa nevasca congelante, os rios distantes das colinas começaram solidificar-se e as estradas sumirem na camada de neve sobreposta, as vestes de pele não serviam tanto quanto antes e o frio era algo inevitável de sentir, eram poucos grupos sob o castelo afastados de uma quente e grande fogueira, principalmente os seguidores do estandarte do urso, tentaram uma rebelião no momento onde as notícias sobre o aprisionamento de seu lorde espalharam-se, nenhum deles alegou qualquer fidelidade ao esfolador e irritaram-se quando os superiores pareceram não ligar, então decidiram tirá-lo dali, porém um rugido alastrou-se pelo lugar e amedrontados com a chegada do dragão branco, acalmaram-se. Preso em celas frias e sujas do calabouço, o brutamontes não soltou uma palavra, não foram poucas pessoas atrás dele procurando respostas e provas, o homem não dissera nada, limitava-se num palavrão ou cuspir no rosto do oposto, o que aconteceu com Droenn Stark. Os dias seguintes da reunião estavam longe de serem considerados bons, mas na tarde anterior o castelo alegrou-se nas notícias emitindo a salvação da garota Dania Stark, todo o norte infestou-se daquela sabedoria e muitos urraram de prazer, dezenas de corvos pousaram no viveiro, casas questionando se poderiam segui-los mesmo após manterem-se no lado dos Bolton. Aquele dia comprovara a fidelidade de Taren Hornwood, e finalizara de vez o respeito de Hugar Mormont, nomeado traidor pela grande maioria dos lordes, acharam-no o culpado quando tudo começou dar certo.
O ar fresco da manhã corrompeu-se no momento que pisaram no vilarejo infestado de peixes, a guarnição segurou a respiração no primeiro contato com o cheiro, mas não havia nada que pudesse ser feito, os moradores viviam daquilo e o pequeno porto que usariam para receber o homem azulado além de enviar a irmã do rei para longe seria de grande ajuda, precisavam movimentar-se na surdina durante a guerra e o rei fazia isso muito bem, raro os que sabiam dos planos dele para garota. A vila mostrava vários locais com sinais de incêndio e destruição, as pessoas olhavam-lhes cobertos de suspeitos e muitas vezes os evitavam. O grupo dirigiu-se diretamente à pequena construção eclodida da areia macia e terminada alguns metros de distância dela, sobre as águas salgadas e geladas do mar. Pararam, observando o navio aproximando-se, o dia destacava-se pelo sol vivo e luminoso, não havia nuvens de chumbo ou qualquer tempestade, apenas o pouco calor fornecido no começo daquele inverno e um horizonte amigável, onde podia-se ver os pássaros passeando. Os tripulantes soltaram barcos e saltaram sobre eles, remando em direção à civilização, o capitão bem vestido na sua armadura causou um sorriso no rosto do Targaryen, parecia melhor do que a última vez que o vira. Lembrou-se da morte de alguns conhecidos seu, como o mascarado queimado durante a proteção de sua família, aquilo o entristecera, mas perdas eram comuns, bastava vingá-las, como pretendia. A filha do usurpador pudera ser encontrada conforme aproximavam-se, um saco de batata tampava seu rosto e suas mãos estavam amarradas atrás de suas costas, soltava alguns gemidos, mas nada chamativo. Quando encostaram as embarcações no pier, os aliados pularam para ponte de madeira e vieram atrás do grupo esperando-os na praia.
- Há quanto tempo - disse o rei sorrindo, apertando a mão de Rhaego.
Jenna Baratheon balançou a cabeça como louca e jogou a sacola longe, direcionando seus olhos raivosos para o homem de cabelo branco que olhou-a gentilmente. O capitão avisara seus homens da necessidade de afastarem-se da garota pela sua preciosidade e nenhum pareceu muito motivado a desobedecê-lo, percebiam a loucura dela sob tamanha beleza e educação. A mulher olhava-lhes todos com ódio, mas não passou despercebido por nenhum deles o quão chocada ficou quando encontrou sua prima alguns passos atrás da aglomeração de homens, olhando-a num misto de emoções, a mulher não mudou a expressão até o saco ser jogado sobre sua cabeça novamente, obrigando-a caminhar para longe, em direção à saída da vila. Então toda atenção, antes dela, reunira-se numa só garota, Serena Targaryen.
- Então acho que é isso - murmurou ela.
Daeron avançou e abraçou-a, apertando-a com força, talvez fosse a última vez que se vissem, esperava que não, mas era provável numa guerra. Os irmãos ficaram assim por um tempo, até que ele a soltasse e beijasse sua testa.
- Cuide-se lá, por favor - pediu soltando-a.
- Você tem que parar de ser tão gentil em frente a seus homens - respondeu ela sorrindo, limpando a testa.
- Boa sorte, garota - disse Talia, abraçando-a.
- Adeus, Talia - abraçou-a também. - Trate de cuidar desse cabeça oca como eu disse antes, prometeu-me.
- Tente não abandonar os velhos costumes e começar usar vestidos - brincou o azulado abraçando-a também.
- Obrigado por tudo, Rhaego, desejo-lhe boa sorte nessa guerra - respondeu abraçando-o também.
Afastou-se do grupo, juntando-se alguns homens que voltariam para os barcos e a levariam embora. Harrold preparou-se para ir também, a mão do rei seria precisa mais no sul conversando nas terras desérticas do que nas batalhas futuras.
- Adeus, Harrold - disse Daeron, formalmente.
O homem sorriu pela formalidade e o pegou num abraço, ignorando tudo que havia ensinado-lhe em anos e anos. Durante toda vida do Targaryen considerara o ruivo como um irmão mais velho. Separaram-se e o homem seguiu a garota, subindo no mesmo barco.
- Não morram até que eu volte, pretendo ajudar vitoriosos e não cadáveres! - gritou Serena quando os remos começaram bater contra água.
Seus companheiros sorriram, a garota havia crescido muito desde as épocas onde a família de mercenários sorriam após missões bem concluídas. O irmão apenas pôde perder o sorriso conforme o barco da garota afastava-se, levando-a para longe novamente, a bastarda colocou a mão sobre seu ombro tentando confortá-lo e ele a apertou, sorrindo para ela carinhosamente, mesmo que a tristeza fosse clara. Os últimos dias da dupla foram prazerosos, toda noite reuniam-se em seu quarto e na manhã seguinte a mulher esgueirava-se de volta à seu próprio quarto, mesmo que todos soubessem deles. Quando finalmente puderam vê-los subir no navio e a grande embarcação começar mover-se, começaram caminhar de volta às casas de madeira, encontrando-se com o grupo carregando a filha do usurpador esperando-os. Rhaego não tirou os olhos de seu navio durante toda caminhada.
- Não fique triste, um dia você voltará a tê-lo - brincou o rei, caminhando ao seu lado.
- Espero - respondeu ainda fitando-o, antes que finalmente sumissem da praia e adentrassem na vila novamente.
Serena viu aquelas pequenas figuras sumindo da praia e sorriu, sua família estava ali, virando-se para voltarem a guerra. As memórias de sua infância na família de mercenários, de sua adolescência perturbando-os em busca de tarefas enquanto Brandyn tentava pará-la e o começo de sua vida adulta passaram em seus olhos rapidamente, fazendo-a sorrir sozinha.
- Você ficará bem - disse Harrold, aproximando-se da amurada.
Quando preparou-se para respondê-lo alguns tripulantes apontaram para o vilarejo e puderam ver muito movimento dentre as casas, principalmente ao notarem as catapultas saindo da proteção das mesmas e parando na praia, enquanto carregavam. Ordens foram berradas, a irmã e a mão do rei puderam afastar-se da murada antes das pedras começarem ser jogadas, sobrevoando muitos metros de água e acertando em cheio a embarcação. Serena tentou processar o que acontecia, mas conforme o navio era destruído começara acordar e finalmente voltar ao mundo real.
- O que está acontecendo? - berrou para Harrold.
- Eu não sei! - gritou ele, um pouco longe dela.
Um pedregulho acertou o convés, quase ferindo-a, viu mais vindo em direção à eles e preparou-se para mandá-lo pular com ela, porém uma das pedras acertou em cheio o homem explodindo-o num jato de sangue que a congelou, então a última coisa que sentiu minutos depois foi a água cercando-a e o navio afundando.
O grupo caminhou calmamente pela vila, cercando o rei e a refém, mas diferente de quando chegaram algumas ruas estavam mais vazias que o normal, principalmente as barracas deixadas solitárias, os poucos moradores entravam nas casas ou olhavam-os mais sombrios que o comum. Os homens começaram trocar palavras, espalhando em toda guarnição para ficarem preparados para qualquer coisa.
- Estamos numa emboscada, então - comentou o rei, não parecendo muito surpreso.
Não demorou muito para serem atacados, algumas dezenas de homens os cercaram com bestas e espadas, seus soldados levantaram escudos e correram para atacá-los, enquanto alguns ficaram em volta de Daeron para protegê-lo. O Targaryen tirou sua espada da bainha junto alguns outros companheiros e ordenou que levassem Jenna depressa para longe dali. Parou para analisá-los e nenhum daqueles homens portava um estandarte ou qualquer sinal de quem serviam, vestiam algumas camadas de proteção como couro e cota de malha, mas nada além disso. Foi quando escutaram alguns barulhos de rodas e puderam ver catapultas avançando em ruas distantes.
Mapa: https://i.imgur.com/zuADaAw.pngRhaego[Dwight]Vestimenta: Sua
armadura era leve, favorecendo a mobilidade: as ombreiras eram feitas de couro, esculpidas em quatro camadas que desciam por seu ombro, o braço era protegido por escamas do mesmo material. O peito era protegido por couro flexível e sedas coloridas esvoaçantes cobriam-lhe até o meio das pernas, por cima de calça simples e botas.
Armas: Arakh de Aço Valiriano e duas adagas com o punho em formato de cavalos-marinhos esculpidos em prata presas cada uma a um lado da cintura.
Um brutamontes de machado matou dois ou três aliados, colocou-lhe como alvo e foi em sua direção, acompanhado de dois outros homens com espadas que correram em sua direção antes que o verdadeiro perigo chegasse, afinal andava em passos lentos. Cetim surgiu em seu lado, segurando uma espada normal, o arco mantinha em suas costas, bem firme numa corda, o garoto fora um prostituto épocas passadas e sofria preconceito em sua tripulação por causa disso, mas era inegável suas habilidades.
Talia[Babi]Vestimenta: Calças, botas de cavalaria e uma cota de malha por baixo das vestimentas.
Armas: Duas espadas curtas e uma adaga com um chifre gravado na lamina.
Matou alguns inimigos, lutava lado a lado com o rei, e ambos tiveram sua atenção chamada quando uma das catapultas mudou sua rota, virando-se para praça onde estavam, provavelmente para atirar uma das pedras contra eles.
- Eu acho que vou precisar da sua ajuda - pediu Daeron, sentindo seu orgulho ferido novamente, quando tratava-se de batalhas as duas derrotas anteriores o faziam distanciar-se da mulher nos assuntos.
Correram em direção aquilo, deparando-se com alguns homens em seu caminho. O Targaryen teria de enfrentar três deles e ela dois de espadas, precisavam ser rápidos antes que conseguissem colocar algum peso dentro da catapulta.
Droenn[Prime]Vestimenta: Uma armadura normal, um pouco velha devido o uso, com ombreiras um pouco maiores que o normal, além da cota de malha embaixo.
Armas: Espada com a cabeça de um lobo gigante esculpida em seu punho, nomeada de Netuno. No guarda-mão, as dizeres de sua casa grafados: O inverno está chegando.
O bosque era frio e sombrio, as árvores cobertas de neve davam aquele lugar um clima mórbido e solitário. Cercado de uma guarnição formada por mais de cinquenta homens habilidosos, do Manderly ao seu lado e o Reed bem atrás, seguindo-os silenciosamente como sempre, sentia-se sozinho e incomodado, e tudo aquilo era subjugado pela ansiedade de reencontrar sua irmã, pretendia compensá-la todos dias horríveis que tivera dentro das muralhas de Winterfell sob cuidado das mãos inimigas, abusando-a. Encontraria-se com os homens de Taren num fazenda qualquer, distante de algumas vilas locais bem habitadas e um pouco depois da bifurcação de um rio.
- Por que você está aqui, Henrik? - questionou o Stark.
- Claramente fui um dos que mais recebeu desconfiança, talvez ainda seja, estou aqui em seu lado para prová-lo minha lealdade, assim como farei nos meses futuros na guerra - avisou-lhe, ainda fitando o caminho a frente.
Conforme avançavam na floresta o emaranhado sobre suas cabeças sombreava cada vez mais o caminho em frente. Poucos realmente prestavam atenção em volta, então só notaram os barulhos aproximando-se quando era tarde demais. Inúmeras flechas voaram.
Você precisa tirar 11 para não ser acertado por nenhuma.
http://prntscr.com/a4jcol + 3Duas flechas acertaram-lhe nas costas, fazendo-o cair no chão, seu cavalo afastou-se desesperado, sentiu-as quebrando-se quando colidiu no chão e adentrando mais, levantou-se com dificuldade quando o Manderly pulou de seu próprio animal para ajudá-lo, viu um grande número de inimigos cercando-lhes, pareciam homens dos esfoladores, não sabia o que pensar daquilo, diversas duvidas espalharam-se em sua cabeça, escutou um gemido e virou seu rosto para o lado, viu Henrik engasgando em seu próprio sangue, uma seta encravara-se em seu pescoço. O homem desabou em seus braços e deixou que ele caísse lentamente, vendo seus últimos resquícios de vida sumir, no silêncio e quietude, sem despedir-se de sua família ou palavras honrosas, apenas uma dolorosa e lenta morte. Ergueu os olhos e viu uma
mulher sorrindo, abaixou seu arco e desviou de alguns de seus aliados atacando-a.
Levantou-se do chão, sacou sua espada e olhou em volta atentamente, viu seus homens sendo derrotados um por um e sabia que os sobreviventes não durariam muito contra o grande número de inimigos. Dois homens o rodearam, esperando que abrisse a guarda, ambos de espadas longas, do mesmo tamanho que a sua, mas não da mesma qualidade.
Mapa: https://i.imgur.com/o9bN8VC.pngAlayne[Mary]Vestimenta: Uma camisa azul, calças marrons e uma bainha de couro.
Armas: Espada nomeada como Solar, a empunhadura negra é feita de couro e o pomo feito de prata, em formato de sol, daí o nome. Uma adaga com os dizeres de sua casa gravado na lâmina curvada: o sol no inverno. Tem a empunhadura negra e sem adornos.
Desviou de alguns golpes do filho, o garoto lutava como uma fera e não pensava antes de atacar, tudo que escolhia era violência, aquilo o mataria futuramente se não aprendesse com os erros.
- Brandon - disse Alayne desviando de outro golpe e acertando um golpe fraco em sua nuca com a parte achatada de Solar - tente não atacar os outros como se fosse uma besta, em batalha precisará de habilidade e inteligência, não apenas força bruta.
Como resposta, o garoto gritou e jogou-se contra ela, caindo no chão quando ela deu alguns passos para o lado. Riu da inocência do rapaz, ajudou-o levantar e beijou-lhe na testa. Tirou seus filhos do pátio do castelo, levando-os para o quarto, pretendia alimentá-los, normalmente iriam para o salão de refeição, mas naqueles dias de desconfiança eterna e a ausência de seu marido, perambular com suas crias não era uma boa ideia. Henrik havia desculpado-se pelo silêncio daqueles últimos dias, tentara compensá-la alegrando-a de toda maneira que pudesse, algo que cedeu facilmente, e mesmo chateando-a ao despedir-se, entendia a necessidade de seguir o Stark, ela mesmo notara os olhares desconfiados em seu marido.
- Mãe, eu quero continuar treinando! - reclamou Brandon, o menino mais velho, seus cabelos loiros e os olhos azuis vieram da mãe.
Sorriu, pediu para que umas das aias trouxessem comida e deixou que entrassem no quarto, jogando-se na cama, o mais novo chamado Landor de cabelos tão castanhos quanto os olhos começara pular em sua própria cama, causando algumas risadas na mulher, o outro escolhera jogar-se sobre ela, emburrado de não poder mais treinar com sua espada de madeira pousada em uma das paredes do quarto. Escutou a porta sendo aberta e virou-se para tirar a bandeja das mãos da serva, mas encontrou apenas três homens cobertos de couro e cota de malha adentrando no quarto, suas expressões denunciavam o que planejavam.
- O que posso fazer por vocês? - perguntou calmamente.
- Foder - respondeu o com dentes amarelos e rosto tão feio que parecia deformado.
- Cala a boca, seu idiota - repreendeu um deles.
Alayne levantou uma sobrancelha, simplesmente sacou sua espada e mandou que os filhos ficassem atrás dela, eles não precisaram de palavras e pularam das camas para ficarem colados no canto da parede mais distante do trio, o loiro segurava sua espada de madeira como se fosse servir de algo.
- Aqui permanecemos - disse o que havia repreendido o companheiro.
- Aqui ficamos - disse outro, errando o lema da casa Mormont.
- Aqui permanecemos - recitou o feio.
O primeiro possuía uma espada curta, o segundo uma adaga e o terceiro um pequeno machado.
Mapa: https://i.imgur.com/XCN2Yom.pngÚltima edição por Luckwearer em Ter Ago 29 2017, 23:03, editado 1 vez(es)