Henry
Estava ali há cinco dias. Os militares recusavam-se a dar informações detalhadas, e tudo que podia fazer era recolher-se até sua tenda ─ onde dormia com mais cinco pessoas ─ e esperar por notícias de Bella, sua esposa. Era quase impossível reconhecer a beleza do Central Park: fileiras de tendas foram montadas em cada espaço de grama disponível, as maiores comportavam os enfermos e as menores para os demais refugiados. Haviam duas ainda maiores, situadas no norte e no sul do parque e, segundo boatos, serviam para o extermínio dos infectados. Os militares eram extremamente rígidos quanto à doença, realizavam testes diários afim de abaixar a taxa de doentes nas zonas de quarentena do país e quando recebiam queixas dos mínimos sintomas, isolavam o indivíduo e qualquer piora no quadro significaria a morte. Construíram uma cerca de alta voltagem em volta de todo o parque e reforçaram-na com concreto, nunca via-se a cidade lá fora, e poucas eram as pessoas que chegaram a ver um infectado em ação e sobreviver para contar a história. Os contos eram contraditórios, em uns, os doentes eram extremamente lentos, noutros, violentos, rápidos e mortais. Ouviu-se diversas especulações sobre o vírus: uns diziam que era o começo de uma guerra biológica iniciada pela Rússia, outros comentavam ser obra dos extremistas islâmicos determinados em concluir a missão de purificar todo o mundo. Henry ignorava tudo aquilo e também não fazia questão de entender. A única coisa que importava para o homem era proteger a esposa e o filho que ela carregava na barriga.
Jipes e caminhões iam e vinham pelo acampamento, trazendo suprimentos, armas e pessoas ─ na maioria das vezes, famílias inteiras desciam. Pelo armamento pesado que os soldados transportavam, a ameaça era grande. A história dos velocistas mortos é verdadeira, pensou, enquanto via inúmeras caixas de munição, lança-mísseis e granadas, tudo sendo transportado para cabana maior, ao sul. Henry tentava observá-las ao máximo: na última conversa que tiveram, seu pai havia dito que estaria indo para o Central Park. Sentia falta do velho e começava a preocupar-se, morava em Baltimore e as autoridades repetiam que as estradas deviam ser evitadas. Desta vez, um grupo diferente de pessoas chegou, despertando a curiosidade do rapaz ─ logo pensou serem rebeldes infiltrados, uma vez que o padrão era raramente quebrado.
Uma sirene soou e anunciou o almoço. No mesmo instante, pessoas começara a sair de suas tendas, algumas até desesperadas para chegar cedo. Henry tratou de ser um dos primeiros, e sempre que olhava para trás, via uma enorme fila estendendo-se até onde não conseguia enxergar mais. No rosto de todos, estampavam-se o mau-humor e a raiva. Henry não os culpava: estavam sendo tratados da pior maneira possível.
─ Agiliza essa merda! ─ o casal em frente xingava a moça no balcão.
─ Estamos com fome! ─ gritava alguém de trás. E mesmo assim não adiantava. Qualquer um poderia ver que se aquela situação se agravasse, a desordem iria reinar. Quarenta minutos se passsaram, até que conseguiu.
─ São dois almoços ─ murmurou, abrindo a sacola.
─ Não são.
─ Como não? Eu trouxe a identificação da minha esposa.
─ Estamos enfrentando um sério problema quanto aos alimentos, e temos de racionar. Lamento.
─ Você não está entendo. Isso mal dá para uma pessoa comer, imagina duas. Minha esposa está grávida, por favor.
─ Sai daí, porra! ─ berrou um qualquer na fila.
─ Se o senhor não se retirar, terei de tomar atitudes.
Antes que pudesse resmungar, uma rajada de tiros foi ouvida, e outra, e outra. As pessoas na fila foram baleadas, homens surgiram por trás do balcão e cortaram a garganta dos militares e dos funcionários. Bella... Desatou a correr, desesperado ─ ao redor, pessoas faziam o mesmo. Soldados caíam, uns esfaqueados, outros baleados ou espancados até a morte. Henry começava a entender a situação.
Quando entrou na tenda, deparou-se com a esposa, amarrada numa cadeira, ao lado de um desconhecido armado. Estava pavorosamente calmo, de vez em quando sorria.
─ Shhhh... Quieto... ─ disse o homem, calmo, apontando a arma para a cabeça de Bella, que não exibia machucados. Henry olhou ao redor, e viu que estavam sozinhos, também notando no rapaz as vestimentas dos funcionários. ─ Esta é a filha do Coronel Cooper, não é?
─ Sim ─ estava claramente apavorado. ─ Não toque nela!
─ Acalme-se. Agora, você me dirá onde encontrar o maldito do Coronel Cooper.
─ O que você quer com ele?
O homem apenas destravou a arma e aproximou-a mais da mulher.
─ Fileira dois, sul. A maior tenda que você ver, ele estará lá ─ começava a suar.
─ Não é um bom começo mentir para nós ─ o desconhecido sorriu e atirou na cabeça de Henry, sem hesitar. Bella começou a berrar enquanto chorava, descontrolada. ─ Eu não posso ouvi-la, um momento ─ disse, tirando-lhe a fita da boca, mas a mulher nada falou e continuou a chorar. O homem levantou-se, sorrindo: era corpulento, tinha um rosto abominável e faltavam-lhe cabelos, dentes e um olho. ─ Bem-vinda ao inferno ─ e gargalhou.
O pessoal do chat estava querendo um RPG de apocalipse zumbi, e como ninguém queria lidar com esta pica, acabaram passando ela pra mim. É o meu primeiro RPG mestrando, logo, não vai ser nada no nível que estão acostumados, já que pediram e ninguém mais queria fazer, lá vamos nós. O RPG foi praticamente organizado pelo chat e por MP, e por enquanto o limite de jogadores é 6, mas quem quiser jogar é só mandar uma MP e mais para frente será incluído.
- Jogadores (6/6): Chris, Dwight, Gulielmus, Josh, Luckwearer e Babi.
- O RPG será postado neste tópico.
- Mínimo de 7 linhas (para situações de interação haverão exceções), mas é sempre bom fazer posts maiores, para dar a profundidade necessária ao seu personagem.
- As regras já são conhecidas.