Já tinha visto a um bom tempo atrás por recomendação do mesmo senhor Leonard, mas ainda achei interessantíssimo revendo de novo. Acho que o principal ponto a se elogiar do documentário, é em como ele faz questão de expor esse cenário de vários ângulos diferentes. Tu tem o ponto de vista geral da coisa, que é basicamente tiozões e jovens outcasts babando em cima de garotinhas, o que vai variando bastante do patético até o chocante a medida que tu vai diminuindo a idade delas, mas tu também vai mais a fundo e foca na perspectiva mais pessoal das idols e desses fãs. Ter se dado esse trabalho de criar um elo empático com os envolvidos, principalmente com os fãs (como aquele tiozão líder do fãclube da Rio), enriqueceu pra cacete o que poderia ter sido só 80 minutos de puro choque e demonização da coisa, o que é basicamente o que tu vê em produções ocidentais que cobrem esse assunto, como nos vídeos que tu mandou ai. Tu até tem um ponto de vista mais duro e julgador sobre essa cultura idol através daquela jornalista, mas é só mais um em meio aos outros e não é em nenhum momento tratado como O parecer absoluto.
Não tem muito como você tentar negar o quanto essa merda toda é esquisita, a cobertura daquelas idols mais novas chega realmente a ser bem desconfortável de se assistir, e é bem estranho como isso já tá chegando num nível de normalidade bem grande por parte deles enquanto as garotinhas continuam tratando tudo aquilo com muita inocência. Ainda assim, tendo o ponto de vista da Rio — uma adulta que parece tar se mantendo nessa carreira por escolha própria — e vendo a paixão que ela tem pelo que faz, além do ponto de vista daqueles fãs que aparentam ser mais figuras tristes do que depravadas, vejo como bem injusto só taxar todo esse movimento cultural como uma arma de dominação e opressão masculina, como a jornalista lá ficou pontuando. Por parte dos caras, é puro escapismo para homens que muito provavelmente estariam miseráveis de qualquer forma, (no caso dos mais jovens, foi ainda botado em pauta o quanto essa cultura idol pode ser responsável pelo fracasso social deles, mas ao meu ver, os exemplos dos mais velhos bota isso um pouco em questionamento e talvez "prova" que é algo inevitável pra certa casta da população), e pras garotas é mais um caminho dentro da indústria do entretenimento, mesmo que dentro dela haja a tal "objetificação" e culto desenfreado a imagem, não acho que nada do que vimos é novo quando comparamos com o resto do mundo.
O japonês médio claramente tá cheio de problemas, e eu acho que fenômenos desse tipo são nada mais que sintomas de um problema maior e nem de longe a causa. É muito difícil não se identificar com a dor desses caras, nem com esse desejo de buscar idealizações dentro de fantasias, porque aturar a vida não é fácil...
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