Imaginativamente falando, a morte do Chris foi – de longe – a mais abrangente. Dá para imaginar a maioria dos passos de Chris, através de potenciais dicas fragmentadas, mas todo o conjunto é meio inconcebível, porque o assassino necessitaria da sorte em, pelo menos, duas ocasiões em todos os cenários. Analisar a morte me fez desistir de analisar as mortes vindouras. É muita coisa inconcebível e pouquíssimos detalhes, por outro lado a suspeita coletiva e a forçação de obviedades nunca cessa. Enfim, minha contribuição final.
Embora quase todos os jogadores vivos tenham pistas que lhes imputem a suspeita, a morte do Chris me fez dar exclusividade a três sujeitos, até o momento: Daenerys, Dwight e Leonard. Obviamente, graças aos elementos vagos, tive que relevar algumas coisas e forçar certas conclusões para descartar o restante, e, de qualquer forma, é apenas a minha leitura do momento.
Chris estava no exercício de sua função. Não só pelo uniforme: o conteúdo da lata de lixo do carrinho indicam que ele havia limpado os quartos de alguns personagens, passando pelos andares de forma descendente. Os habitantes dos andares mais superiores são Dwight, Luckwearer, Daenerys e Gulielmus. Dos itens, em especial, podemos relacionar as cinzas de cigarro – embora possam pertencer ao próprio Chris – e as flores azuis, associadas ao Gulielmus, que já havia enviado uma flor para Prime. As cascas de banana podem ser relacionadas com qualquer um, dado o caráter trivial, mas há de citar especialmente Lazarus, o cozinheiro; os papéis toalha amassados poderiam ser de Nilsu, um personagem que só chora, e que assim como Lazarus vive um andar abaixo do quarteto. Chris, teoricamente, estava no “segundo” (Josh não enumerou os andares, infelizmente) andar durante o interlúdio.
A primeira conclusão óbvia nos leva a outra obviedade: Chris foi abordado por alguém no segundo andar e, junto a esse alguém, entrou no elevador e foi morto. Demandaria muita sorte, planejamento e principalmente esforços físicos para o assassino apunhalar Chris, colocá-lo junto ao carrinho, empurrá-lo rumo ao elevador e descer; sem ser notado e, principalmente, sem deixar vestígios para trás e entregar o andar de origem. A menos que Gulielmus* seja o assassino, Chris foi morto no elevador, originalmente saindo do segundo ou terceiro (cascas e papéis são triviais) andar.
*coloquei esse trecho com generosidade, uma vez que um químico bem graduado dificilmente utilizaria vestes para dar fim a vestígios e se entregaria ao mostrar tudo abertamente. Isso só aconteceria se, e somente se, Guilherme Bezerra.
Dentro do elevador, o apunhalar. Imagino que Chris e o assassino tenham trocado meros cumprimentos, em especial fora do elevador, pois é uma morte que necessita de imediatismo. Também não descarto uma “surpresa”, mas imagino que isso não afetaria em nada o produto final. O sangue no chão do elevador é outro indício de que o assassinato aconteceu ali, embora possa ser encaixado em outros cenários, mas dependeria de inúmeros fatores. Ao passar por um ou dois andares, obviamente Chris foi empurrado e o assassino seguiu o seu caminho.
Chegamos na parte crucial e difícil de ser concluível. Como não temos os andares de vivência dos personagens enumerados, tive de partir de dois pontos e bifurcar todo o meu pensamento a partir daqui. Do primeiro ponto, Leonard e eu vivemos no primeiro andar. Do segundo, nós vivemos num andar coeficientemente maior.
1. Leonard e Odassacarf no primeiro andar: neste cenário, tenho tendência descartar Leonard como o assassino, porque, imaginativamente, não consigo conceber o assassino atravessar o próprio andar rumo ao quarto após empurrar o carrinho – e nem deixar o corpo no próprio andar. Mas não é só isso. O delay da batida para a descoberta do corpo é pequeno: ao que tudo indica, Babi estava no primeiro andar, na casa de alguém (imagino) e, ao sair, encontrou o corpo. E não só ela, bem como o funcionário que escutou a batida também deveria estar no primeiro andar, limpando o quarto de alguém.
Se Babi estivesse no térreo, toda a explanação se reverteria e Leonard seria o potencial assassino. Atravessaria o próprio andar rumo ao quarto, contando com a sorte (ninguém ali para vê-lo), e o delay casaria perfeitamente dela entrar no elevador e notar o corpo no primeiro andar.
Leonard ir ao térreo, em ambos os subcenários, é o fator mais inimaginável. No segundo, ele toparia de cara com Babi.
Em resumo:
Se Leonard mora no primeiro andar e Babi estivesse no primeiro andar no momento da morte: Leonard inocente;
Se Leonard mora no primeiro andar e Babi estivesse no térreo: Leonard suspeitíssimo.
Contaria com a ajuda divina e com a sorte nas duas situações. E olha que estou apenas levando a Babi em conta, sem pensar nos demais moradores, que seria um dos inúmeros fatores a anular quaisquer cenários. Mas enfim, não temos câmeras, temos dois detetives inúteis que não anotam nada e não interrogam ninguém. Temos um personagem burro o bastante para sair com uma camisa cheia de sangue em pleno dia de assassinato, como o próprio Leonard teve outro dia com a mão ensanguentada. As obviedades marcam presença, talvez seriam detetives melhores.
2. Esse aqui abrange todos, e penso que nesse cenário o assassino partiria direto para o próprio quarto. Estava exercitando a insônia e escreveria tudo o que penso aqui, mas ao fazê-lo notei o quão insensível o jogo está, praticamente me forçando a fazer uni-duni-tê e chutar alguém, entõa vou resumir:
Dwight e Daenerys em especial por morarem no andar coeficientemente maior. Luckwearer, assim como o meu personagem, não recebe destaque algum, talvez o narrador queira que morramos. Gulielmus eu descarto pela obviedade e por ter saído durante a tarde.
Dwight disse que passou a tarde toda pintando, mas foi visto usando o elevador. Daenerys é mulher e não confio nela, não gostaria de perder para ela. Não gostaria de perder para os óbvios Lazarus e Gulielmus e nem para o sem-destaque Luckwearer. Para falar a verdade, após escrever tudo isso, imagino que acusaria a Babi se ela não fosse eliminada. Pelo menos nisso você não foi desumano, Josh.