E aí, galerinha da pesada.
Cá estou eu para mais uma fic que, pasmem, tenho capítulos prontos para não abandonar. Como foi feita totalmente sem a opinião de ninguém, provavelmente se não gostarem de algo será contínuo, então peço desculpas desde já. E peço também um pouco de paciência, pois vocês conhecem minha escrita. Então é isso aí, espero que gostem, ainda mais por ser um projeto que tenho guardado há tempos.
Sinopse: A história se passa na cidade de Foreek City, se focando em um grupo de criminosos que fazem de tudo para manter seu espaço na cidade e o mais importante de tudo: sobreviver entre as gangues que não terão misericórdia em colocar um fim na vida de cada um.
Season One
Última edição por Chris em Qua Set 21 2016, 22:29, editado 18 vez(es)
Cá estou eu para mais uma fic que, pasmem, tenho capítulos prontos para não abandonar. Como foi feita totalmente sem a opinião de ninguém, provavelmente se não gostarem de algo será contínuo, então peço desculpas desde já. E peço também um pouco de paciência, pois vocês conhecem minha escrita. Então é isso aí, espero que gostem, ainda mais por ser um projeto que tenho guardado há tempos.
Sinopse: A história se passa na cidade de Foreek City, se focando em um grupo de criminosos que fazem de tudo para manter seu espaço na cidade e o mais importante de tudo: sobreviver entre as gangues que não terão misericórdia em colocar um fim na vida de cada um.
Season One
Spoiler :
S01E01 - Pilot
Fazia frio na pacata cidade de Venturas. Com exceção da mansão Marconi, onde além da chique lareira que a casa possuía, o clima esquentava cada vez mais com a situação que ali ocorria. Dois corpos italianos jaziam no chão com buracos de bala em suas testas, e três homens com máscaras de ski em pé, com malas nas costas preenchidas com notas de cem dólares. No meio dos três homens havia uma bela e jovem garota loira, em choque com a situação que ali acontecia. Ela encarava os corpos assustada, enquanto um dos homens apontava uma pistola para ela.
— É uma adolescente, porra! Não podemos simplesmente executar ela! - berrava Gabriel.
— Ela é uma testemunha! - rebateu o homem que apontava a arma.
Se tratava de William Fort, a pessoa no comando daquele roubo. E o terceiro homem era o mais jovem, Prime, com apenas 21 anos.
— Nós não somos assassinos, Will. - insistiu tomando a frente do líder.
— Tem dois corpos italianos logo ali. Também não somos heróis. — retrucou com seriedade na voz.
O negro empurrou Gabriel para o lado e puxou o gatilho da arma que mirava a cabeça da garota. Quando o “clic” da arma saiu, Prime e Gabriel fecharam os olhos por um momento, mas para a surpresa de ambos e alívio de certa forma, bala nenhuma saiu da 9mm.
Gabriel levou as duas mãos na cabeça, olhando inconformado para os companheiros. Will resmungou um “merda” e checou o pente vazio da arma enquanto negativava com a cabeça para si mesmo.
— Você puxou o gatilho! — gritou Gabriel. — Você mataria essa garota!
Will se aproximou do parceiro com um olhar frio, e sussurrou para ele:
— Se meu jeito de liderar te incomoda, Heisen. Faça melhor. — disse lhe dando as costas. — Estou curioso para ver como deixará essa testemunha de boca fechada.
O líder se dirigiu até a SUV do grupo que estava estacionada no pátio da mansão, com meia dúzia de corpos baleados de seguranças da casa. Enquanto Prime olhava para Gabriel esperando uma ação do mesmo. Já a garota chorava enquanto implorava pela vida, com frases do tipo “não me mate”, “não contarei nada”. Após um longo suspiro, Gabriel puxou sua pistola e deu uma coronhada na jovem, fazendo-a desmaiar.
— Amarre-a e cubra sua boca e seus olhos. Levaremos ela conosco.
Prime arqueou as sobrancelhas ao ouvir aquilo, mas sem retrucar fez o que lhe foi pedido. E logo em seguida seguiram para a SUV. Dentro do veículo os três retiraram as máscaras de ski, podendo respirar melhor após toda aquela tensa situação. Gabriel possuía dois ferimentos no rosto devido a uma breve luta com um dos seguranças.
— Você só pode estar de brincadeira comigo. — falou Will ao ver a garota na traseira da van.
— Vamos logo para casa. — disse o parceiro num tom baixo.
Demorou cerca de uma hora a viagem deles até Foreek City, o lar do grupo. Andavam pelas ruas da pequena cidade, porém populosa, com sutileza para não chamar atenção. Gabriel desceu do veículo antes do destino, parando no hospital para tratar de seus ferimentos cujo mesmo mentiu que foi em uma “briga de bar”. O mesmo estava em um dos quartos hospitalares sentado na maca, quando uma bela moça de jaleco entrou.
— Imagino que o outro cara esteja pior. — disse brincando a doutora enquanto limpava os ferimentos com um algodão.
Gabriel deu uma breve risada concordando com a cabeça. Olhou para o crachá da médica e leu o nome escrito nele “dra. Mary Blood”.
— Obrigado, doutora Blood.
— Pode me chamar de Mary. — respondeu enquanto colocava os curativos. — Aconselho dar um tempo nas brigas até os ferimentos se curarem.
— Entendido. — respondeu o homem sorrindo.
A doutora acompanhou-o até a porta, e o mesmo a agradeceu novamente. Se retirando do hospital, porém não deixando de olhar para trás enquanto caminhava pelos corredores para vê-la novamente, com uma certa admiração.
Observava os corpos italianos no chão, tentando encontrar qualquer pista que pudesse levá-lo a uma conclusão, embora o detetive Cohle já havia suspeitas em sua enigmática mente. A perícia fotografava a cena do crime e recolhia quaisquer evidências que ali haviam.
— Obrigado por ter vindo, detetive. Não possuímos pessoas talentosas como você aqui em Venturas. — disse um policial careca e de bigode.
O detetive não deu muita bola para o homem, apenas acenou com a cabeça. Deu mais uma breve olhada pela casa e se retirou do local. No jardim da Mansão Marconi, viu peritos conversando sobre fios loiros de cabelo localizados perto dos corpos, e Josh sabia que só havia duas pessoas que poderiam ser as donas daqueles fios loiros.
Pegou estrada em sua camionete até de volta a sua cidade, Foreek City, onde foi diretamente até um bar que embora de esquina, bastante organizado. Após passar por debaixo do letreiro escrito “Sadboys”, adentrou o local deparando-se com algumas lindas e joviais mulheres pelas mesas acompanhadas por homens um pouco mais velhos. A atenção do velho balconista foi chamada ao ver o oficial entrando no lugar.
— Não sabia que frequentava lugares como esse, detetive. — disse o velho.
Se tratava de Bradley Assher, conhecido por Bad Assher pela cidade. Um ex-gangster de 70 anos, o triplo de anos que passou na cadeia. Já fazia duas décadas que sua ficha estava limpa, mas o instinto do detetive sabia que havia histórias por debaixo do tapete sobre aquele homem e de seus parceiros.
Na frente do velho estava o ruivo irlandês Dwight Phillips, provavelmente o integrante daquele grupo com menos sujeira na ficha com exceção do jovem Prime, que também estava no local.
— Apenas quando preciso encontrar criminosos. — deu sua resposta Josh ao velho.
Dwight virou sua caneca de cerveja e deu uma breve risada, se metendo na conversa:
— O único crime que vai encontrar aqui, detetive, é o preço da cerveja.
O detetive ignorou a brincadeira, sabia que aqueles caras tirariam sarro da situação sem entregar nada, mas o intelecto de Josh o forçava a tentar tirar nem sequer uma certeza de que eles poderiam estar envolvidos no caso Marconi.
Desviou seu olhar para Prime, que tinha uma garrafa de cerveja na mão. Sucedido de seu olhar um tanto misterioso, o detetive perguntou ao jovem:
— Qual sua idade?
— Relaxa, detetive. Sou velho o suficiente para beber e reconhecer porcos estúpidos. — respondeu Prime.
— Eu gostei dessa, garoto. — disse Dwight com uma expressão de aprovação.
Josh, paciente como sempre, relevou as infantilidades dos dois e voltou a falar:
— Como vocês já devem saber houve algumas mortes e uma certa quantia de dinheiro roubada na mansão Marconi. Por sorte não havia ninguém da máfia na casa, apenas dois irmãos da raiz secundária da família e seus seguranças.
— Com todo o respeito, detetive, nós assistimos ao noticiário. Poderia ir logo ao ponto? — falou Bad Assher interrompendo Josh.
— Meu ponto é que isso aconteceu duas semanas depois que o bar de vocês de Greenzone foi invadido e destruído por vândalos tão cuidadosos com pistas quanto mafiosos. — os três fecharam as risonhas caras e começaram a prestar mais atenção no que o detetive falava. — Foram encontrados fios loiros na cena do crime, está indo para a análise de DNA. Meu palpite seria que esses fios pertencem a Claire Marconi, irmã mais nova dos italianos mortos, mas como não temos informações concretas de que ela realmente estava na mansão, fico pensando que os fios poderiam ser de um dos criminosos. Alguém de cabelos longos e loiros. Imagino que não conheçam ninguém assim, não é?
O silêncio permaneceu no local por uns segundos e o detetive, com apenas um “passar bem”, deixa o local.
S01E02 - Doubts
— Ele tem suspeitas sobre a gente, irmão. — disse o irlandês a Will sobre o detetive.
Além do negro e de Dwight, estavam no local Gabriel e Bad Assher. Os quatro conversavam em uma sala que ficava aos fundos do bar, onde eles se reuniam para debater os assuntos de trabalho. Era um lugar simples, com uma mesa e algumas cadeiras, um mapa da cidade na parede e uma lousa no canto. Havia também um sofá preto.
— Eles tem fios de cabelo que possuem a Claire Marconi. Não são provas que ligam o acontecimento até a gente. — disse o líder coçando a cabeça com uma feição cansada. — Onde está a garota?
— Estamos mantendo ela na minha casa. Prime está lá vigiando. — respondeu o veterano do grupo.
Will olhava para mesa pensando na situação. Josh era esperto, não teria ido ao bar apenas para assustar os rapazes, ele queria ver qualquer sinal de culpa no olhar deles, e o negro temia que ele tivesse obtido. Notara que na ponta inversa da mesa Gabriel nada dissera desde o início da reunião, permaneceu quieto o tempo todo, sabia que teria de ter uma conversa com o rapaz, mas agora não era hora.
— Chris está terminando de fechar negócio com a Dama das Armas em Normtown, deve retornar amanhã. — informou Dwight.
— Ótimo. Ligue para ele e avise sobre as suspeitas de Josh sobre ele e sobre a gente, mantenha-o informado.
O ruivo assentiu e se retirou do local.
— O que faremos a respeito da família Marconi. — perguntou Bradley.
— Marcarei um encontro com Lazarus, direi que não tivemos envolvimento com o que aconteceu.
— E ele simplesmente acreditará na gente? — indagou Gabriel num tom amargo.
— Com provas, sim. — disse o negro se levantando e deixando o local.
Gabriel apenas o observou saindo da sala, com um olhar que misturava desaprovação e dúvida.
Will foi até seu carro, onde dirigiu até a casa de Bad Assher, que ficava um pouco afastada da cidade, uma casa de madeira um tanto quanto antiga, porém grande. Entrou na casa, sem fazer muito barulho, e foi até a porta que dava no porão, onde estava Claire Marconi sentada em uma poltrona, porém amarrada e Prime em uma cadeira próxima assistindo televisão, a garota não dizia nada, apenas olhava para o nada com os olhos inchados devido aos choros.
Sem chamar a atenção dos dois, retornou para o centro da casa, indo até um dos quartos. Neste quarto havia além de uma cama, um guarda-roupa velho, que Will abriu e revelou o que tinha dentro. As três malas com o dinheiro dos Marconi's.
Com um pouco de dificuldade, levou as três para seu carro sem fazer muito barulho para não alertar Prime. E então deu o fora dali. Dirigiu cerca de vinte minutos até chegar num galpão na área industrial da cidade. O galpão era vigiado por dois homens, altos e fortes. Ambos carecas, porém um deles usava um cavanhaque. Ambos armados com metralhadoras, e o detalhe mais importante: com tatuagens de estrela nos braços, simbolizando que pertenciam à Máfia Russa. De longe, Will observava os homens e o galpão que os mesmos guardavam, com um plano em mente.
O jovem Prime olhava para a televisão mas seus pensamentos estavam na garota amarrada ao seu lado. Ela não havia dito uma palavra desde que chegaram ali, até mesmo as lágrimas haviam cessado, porém seu silêncio acompanhado de um olhar quebrado era contínuo.
Percebera que Claire começou a observá-lo, e depois de alguns momentos falou sua primeira frase desde que chegara na casa do velho Bad Assher:
— Estou com fome.
Seu tom de voz era amargurado, e embora fosse uma garota de no máximo dezenove anos o olhar mafioso de sua família era presente em seu rosto, por segundos deixou Prime sem palavras.
— Certo, eu, ahn, vou ali preparar algo e já volto. — disse o rapaz subindo as escadas do porão, mas logo voltando. — Por favor não tente nada estúpido. — terminou.
Não havia muitas coisas na casa já que Bad Assher ficava mais na loja de bebidas do que em casa, então Prime teve de improvisar um sanduíche para a italiana. Preparou o lanche e levou até ela, entregando junto de um copo de suco.
— Desculpe, era só o que tinha. — disse Prime.
A garota nada disse, apenas começou a comer o sanduíche e tomar o suco nos intervalos de mastigação. Ela devia estar realmente faminta devido a forma que se deliciava daquelas duas fatias de pão com presunto e queijo dentro.
Após terminar de comer, ela olhou torta para o jovem que a mantinha ali e o indagou:
— Por que vocês mataram meus irmãos?
Aquela pergunta chocou Prime, e o olhar sem expressão da garota o deixava mais nervoso ainda. Um tanto quanto atrapalhado ele respondeu:
— Nós tínhamos a informação de que a casa estava vazia, apenas com os seguranças. Não sabíamos que vocês estariam lá. — respondeu ele — Sinto muito.
— Eu não me dou bem com minha família de criminosos. Mas ainda sim eram meus irmãos.
Claire agora olhava para o nada, refletindo sobre a morte de seus entes nem tão queridos. Era difícil para Prime interpretar o que a garota sentia, já que a mesma misturava tristeza com inexpressão. Parecia bastante durona também, apesar dos choros que ocorreram na hora do crime.
Prime quisera dizer algo mais, porém percebeu que não havia o que dizer, e o silêncio seria a melhor opção naquela hora. Mas para sua surpresa, a jovem loira continuou o assunto:
— Eu não contarei nada ao meu tio se você me deixar ir.
— Você sabe que eu não posso fazer isso. — respondeu num tom culpado.
— Eles vão me matar se eu continuar aqui! — falou num tom mais alto e choroso. — Eu presenciei tudo…
— Eu não vou deixar isso acontecer. — disse rápido o jovem, que acabou trazendo o olhar de Claire para si. — Quero dizer… Meus parceiros não matariam uma garota inocente.
— Até mesmo o negro? — perguntou retoricamente a loira.
Prime olhava nos olhos de Claire e infelizmente não tinha resposta que agradasse os ouvidos da garota. Tudo que fez foi pegar o prato e copo vazio que a mesma utilizara e subir as escadas lentamente, de cabeça baixa. Enquanto Claire assistia tristonha ele se retirar do local.
S01E03 - In Game
A praça central de Foreek City possuía suas árvores balançantes devido ao fraco vento que soprava, acompanhado de um sol agradável que entregava a manhã do dia. Dwight, Will e Gabriel chegaram de jipe no local, estacionando e caminhando até o centro da praça, onde havias bancos para as pessoas sentarem, brinquedos para as crianças e áreas para esportes.
Sentado em um banco, estava um homem com roupas sociais, óculos escuro e um cigarro na boca. Se tratava de Lazarus Marconi, o chefe da máfia italiana.
— Lá está ele. — disse Will indo até o banco.
Dwight e Gabriel se entreolharam a seguiram o negro, porém mantendo uma leve distância. O italiano ao ver o negro se aproximando jogou o cigarro no chão, e se levantou pisando na bituca para apagá-la. Não apresentava nenhuma expressão raivosa, pelo contrário, tinha um curto sorriso otimista no canto da boca. Quando Will estava próximo, cumprimentou-o com um aperto de mão.
— William.
— Lazarus. — cumprimentou de volta Will. — Obrigado por ter vindo.
— Parecia importante. O que há?
Will tentava manter a pose de bravura para não apresentar medo ao chefão da máfia, mas teve de dar uma olhada em seus dois homens antes de continuar a falar. Deu uma leve coçada na cabeça e iniciou o assunto que queria tratar com Lazarus Marconi:
— Eu sei que você deve achar que foi eu e meus caras que assaltaram a mansão de Venturas. Mas não tivemos nada a ver com aquilo. Queria lhe dizer isso pessoalmente.
Lazarus retirou os óculos e tudo que disse foi um “ok”, com uma expressão de que acreditava no que Will dizia. Dwight por instinto, manteve uma das mãos próxima da arma que possuía nas costas, pois estranhara a atitude do mafioso.
— Então estamos bem? — perguntou Will.
— Vocês assaltaram um banco em Polotown que continha uma grande quantia de dinheiro da minha família, houve um atraso quando precisei retirar o dinheiro. Por isso ataquei sua loja, admito. Estamos quites desde então. — falou o italiano num tom tranquilo. — Admiro a coragem de vir me falar isso cara a cara.
O líder apenas assentiu ao mafioso, e virou as costas prestes a se retirar. Porém teve seu nome chamado por Lazarus, fazendo-o virar novamente.
— Tem mais uma coisa. A polícia encontrou o dinheiro da minha família numa propriedade dos russos. — nesse momento Gabriel e Dwight arquearam as sobrancelhas. — Eu vou precisar de muito armamento para uma retaliação. Pensei que pudessem me ajudar com essa questão.
Will odiou o tom de voz gentil de Lazarus que era apenas uma capa para uma ameaça, porém se manteve em postura firme e rebateu:
— Sinto muito, Lazarus, mas nossas armas são compradas nas ruas. Mas se eu encontrar algum distribuidor posso lhe recomendar.
— Eu não preciso de distribuidor. Preciso de alguém para fazer o carregamento. Soube que vocês tem fácil acesso de Norms City até Spotland.
— Tenho alguns contatos, sim. Mas custa caro fazer transporte de algo ilegal entre cidades, são mais de dez policiais subornados, fora outros detalhes. — respondeu Will tentando desviar da proposta.
— Eu cobrirei todos os custos, apenas preciso que transportem as armas.
— E qual a localização das armas?
— Galpão Sokolov, em Spotland. — respondeu Lazarus com um sorriso de canto.
Os três parceiros se olharam sem reação ao que acabaram de ouvir. Um mafioso pretendia roubar armas de russos e eles eram obrigados a fazer parte daquilo. Tudo isso para tirar quaisquer suspeitas de cima deles. Will não respondera nada, apenas olhou nos olhos do mafioso, aguardando que ele dissesse mais alguma coisa.
— Façam esse trabalho por mim e fico devendo um favor a vocês. — disse o mafioso sorrindo e colocando os óculos. — Se cuidem, cavalheiros. Eu entrarei em contato com os detalhes.
A vontade de meter uma bala na nuca da cabeça do mafioso crescia em Will, mas aquilo seria suicídio. O trio não pode deixar de perceber cerca de quatro carros luxosos pretos e de vidros escuros se deslocarem da quadra, indicando a segurança de Lazarus.
— O que o dinheiro fazia numa propriedade russa? — perguntou Gabriel olhando para o nada, um tanto quanto interrogador.
— Salvava nossa pele. — disse Will se afastando e indo até o jipe.
Josh estava sentado em sua sala um tanto quanto bagunçada, olhando para a movimentação dos policias através dos vidros transparentes de seu recinto. Refletia sobre o caso na mansão Marconi, conhecia Will e os outros há um bom tempo para suspeitar do envolvimento deles. Além dos fios loiros de cabelo que o mesmo torcia para que pertencessem a Chris, o que em sua cabeça justificaria a ausência do mesmo na cidade.
Havia poucas pistas na cena do crime, já que as balas dos corpos não levavam a nada. Nada além do dinheiro foi levado, e por que o grupo faria algo do tipo arriscando-se colocarem na mira da máfia? Fora a conveniência do dinheiro ter sido encontrado num galpão russo através de uma ligação anônima.
Seus pensamentos foram interrompidos por uma policial loira de meia idade já, que adentrou sua sala com alguns papéis em mão.
— Chegou da Venturas. Os fios de cabelo realmente pertencem a Claire Marconi. — falou a policial largando os papéis na mesa do detetive.
Josh sem olhar para a colega de trabalho, pegou os papéis e começou a ler. Inexpresso. Jogando-os na mesa com desaprovação.
— Já iniciamos as buscas pela garota. — informou a policial.
O detetive apenas assentiu com a cabeça e girou sua cadeira para trás, olhando através da janela o sol do meio dia.
— Tem mais uma coisa, detetive… — disse a loira esperando que ele virasse para ela para escutar, mas sem essa reação, ela continuou — Pela tarde chegará dois agentes do governo solicitados pelo chefe, eles farão parte do caso.
Ele virou a cadeira lentamente para ela, mas ainda sem olhar para a mulher. Com uma cara confusa e desapontada, ele responde:
— Eu trabalho sozinho. E não será necessária a ajuda deles.
E em seguida deixou a sala, saindo com uma certa pressa.
Entrou em seu Impala e dirigiu pela cidade até o pacato bairro dos Panels, onde havia belas casas porém nada muito extravagante. Parou na frente de uma da cor branca, de dois andares. Acendeu um cigarro dentro do carro e ficou ali parado por uns instantes. Após terminar o fumo, desceu do carro e foi até a porta, batendo e aguardando resposta.
A porta se abriu e o detetive foi recebido por uma bela mulher, de cabelos negros e olhos verdes. Era Barbara Phillips, mulher de Dwight.
— Detetive Josh, quanto tempo. Veio para o almoço? — disse sarcástica com um sorriso.
Josh apenas ignorou a brincadeira e tomou a palavra:
— Estamos investigando um caso cujo seu marido é um dos suspeitos. Quero fazer algumas perguntas. — falava tão rápido e sério que era claro o esforço que fazia para interagir com a mulher.
A morena abriu mais a porta e fez um gesto para que Josh entrasse, com uma cara de “e lá vamos nós”. O detetive entrou dando uma breve olhada em volta da casa, nada de incomum, bem organizada até.
— Presumo que seu marido estava em casa na noite do assalto na mansão Marconi.
— Yep. — positivou Barbara enquanto ia na cozinha. — Aceita um café?
Josh apenas balançou a cabeça recusando, voltando as perguntas:
— Quando foi a última vez que viram Christopher Walker?
A mulher de Dwight retornou da cozinha com uma xícara de café na mão, sentando-se no sofá da casa dando um gole na bebida quente. Fez um gesto para que o homem se sentasse numa das poltronas também, e assim ele fez.
— Pensei que as perguntas fossem sobre o meu marido. — disse Barbara.
— Seu marido e Walker se conhecem desde que Dwight veio da Irlanda aos quinze anos. E até hoje são parceiros. Imagino que você saiba um pouco sobre o relacionamento dos dois. — respondeu Josh insinuativo.
— Bem, o sexo é só comigo. — tirou sarro Babi, com um sorriso zombeteiro. — Chris está de viagem já faz dez dias, detetive, e meu marido esteve no bar pelo dia e de noite em casa. Eles não tiveram nada a ver com o assalto. — terminou mais séria.
Josh se levantou do sofá e começou a andar lentamente até a porta, porém sem olhar para Barbara ele continuou a falar.
— Nesse caso, ainda bem. Pois a máfia italiana tem certeza de que foram eles e temos provas em análise de DNA nos laboratórios de Venturas. Seria horrível vê-los presos, ou pior, mortos pelos italianos.
Barbara mudou sua expressão tranquila para uma mais séria, encarando o homem que se dirigia até a porta. Josh virou-se para ela, aguardando uma reação, e tudo que obteve foi um:
— É, seria horrível.
E então o detetive deixou o local, deixando uma Barbara preocupada e séria naquela situação.
S01E04 - Dad's Gonna Kill Me
O irlandês dirigia o jipe pelo caminho de casa enquanto apreciava um cigarro. Já havia largado Will e Gabriel no bar, para seu alívio, pois o clima pesado havia resultado num silêncio constrangedor no veículo. Pensava no encontro de hoje cedo, sobre a ameaça fantasiada de proposta de Lazarus. O quão sádico poderia ser aquele homem? Nem sequer sentiu falta da sobrinha. Preferia não pensar que corria perigo, assim como os outros.
Estacionou o veículo em frente a sua casa e dirigiu-se até a porta, entrando e anunciando sua chegada:
— Estou em casa, querida.
— Aqui na cozinha! — gritou Barbara revelando onde estava.
Dwight foi até lá encontrando sua mulher fumando um cigarro, sentada na mesa esperando alguma coisa ficar pronta no fogão. O cheiro era bom.
— Está tudo bem? — perguntou o irlandês dando um beijo nela e se dirigindo até a cafeteira.
— Josh esteve aqui fazendo algumas perguntas. Sobre a mansão dos italianos.
O ruivo estranhou e virou-se para a companheira, com a xícara de cafés em mãos. Notou uma certa preocupaçao no olhar de Barbara, embora a mesma tentasse não aparentar. Teve de perguntar:
— O que esse lunático te disse?
— Que você e os outros podem estar correndo perigo. — respondeu tragando o cigarro e desviando o olhar.
O homem largou a xícara de café em cima da mesa e sentou-se em uma cadeira próxima de sua mulher, puxando-a pelo queixo, para a mesma o olhar nos olhos. E então começou a acalmá-la:
— Ei, eu não estou em perigo. Ele só estava tentando assustar você para tirar respostas, sabe que policiais fazem isso.
— Ele foi bem convincente com toda essa merda da máfia acontecendo. — falou um tanto cabisbaixa, apagando o cigarro no cinzeiro.
— Eu não corro perigo. Eu prometo. — disse fazendo um carinho no rosto de Barbara. — Ok?
A mulher de cabelos negros assentiu, retribuindo um sorriso que o marido deu. Dwight estava aproximando o rosto para beijá-la, mas foi impedido pelo seu celular que começara a tocar. Revirou os olhos e atendeu. Após ouvir alguém falar, respondeu:
— Certo, já estou indo. — disse, desligando o celular.
— Algum problema? — perguntou Barbara.
— Chris está de volta, tenho que ir lá. Desculpe. — respondeu lamentando por não poder ficar mais.
Despediu-se com um breve beijo na esposa e se retirou da casa.
— É, eu preciso de um amante. — fala pra si mesma enquanto vê o marido sair.
Já havia entardecido quando Dwight chegou na loja de bebidas, entrando e cumprimentando o velho Bad Assher que limpava o balcão. Foi até a sala dos fundos e lá estava Chris, com seus cabelos loiros e sua cara sarcástica de sempre, sentado na mesa contando alguma história para Will e Gabriel.
O loiro se levantou quando viu o amigo, abrindo os braços aguardando um abraço. E assim o ruivo fez, soltando uma brincadeira:
— Droga, havia apostado que a Dama das Armas te mataria.
— Que mulher me mataria após uma boa noite comigo? — respondeu sorrindo abraçando o amigo.
— Todas que você rouba após o sexo. — comentou Will, fazendo todos rirem.
Dwight se sentou a mesa e Will começou a explicar que as negociações com a Dama das Armas em Norms City deram tudo certo, Chris conseguiu comprar tres dúzias de glocks, KG-9 e AK's. Tanto para uso do grupo quanto para tráfico. E também foi explicado a Chris tudo que aconteceu naquele dia mais cedo com Lazarus.
— Então vocês estão com a garota? — questionou o loiro franzindo o cenho.
— Prime está vigiando ela na casa do Bad Assher. — respondeu Dwight.
— E por quanto manteremos a mafiosinha como refém?
Will naquele momento olhou para Gabriel com um olhar sério e julgador, e obteve como resposta um tão sério quanto. Era uma briga de socos e chutes disfarçada de troca de olhares.
— Não temos certeza ainda. — respondeu o negro. — Mas algo terá de ser feito em breve. — completou ainda encarando Gabriel.
Os quatro estavam sentados na mesa, bebendo algumas cervejas, rindo e jogando conversa fora. Porém o clima de farra foi interrompido pelo Bad Assher que entrou na sala, com uma expressão de que vinha com notícias não muito agradáveis.
— Um amigo me ligou avisando que uma briga de rua está se formando na Principal, perto do território dos negros.
— Seu amigo não pensou em ligar para a polícia ao invés da gente? — perguntou Chris.
— A briga é de alunos desordeiros da Foreek High School. — disse Bad Assher olhando para Will.
O negro se levantou rapidamente resmungando um “merda!” e fazendo sinal para os outros o seguirem. Dwight e Gabriel checaram suas pistolas e seguiram o negro, Chris foi mais devagar atrás reclamando:
— Vocês são péssimos com festas de boas-vindas.
Todos adentrarem no jipe, com Will no volante, e partiram em alta velocidade até a rua principal. Próximo da escola da cidade já era possível ver um aglomerado de gente que olhavam vidrados para uma rua secundária estreita. O jipe com o quarteto foi freado bruscamente fazendo uma curva esfumaçante naquela rua, onde foi possível ver alguns adolescentes caídos no chão, outros apanhando contra a parede de quatro negros, com tacos de beisebol na mão.
Will e os outros desceram do carro sacando suas armas e apontando para os negros, que assim que os viram sacaram armas também.
— Apontando armas para a própria raça, Will? — disse o líder da quadrilha, era um negro com uma cicatriz no rosto.
— Não vim aqui para causar uma confusão em cima de uma confusão, Al. — respondeu Fort — Deixe o de boné em paz.
O tal Al olhou para trás e viu um jovem negro de boné e um ferimento no rosto, caído no chão. Sorriu e voltou seu olhar ao negro rival, já havia entendido que se tratava do filho de Will.
— Havia um bando de crianças com facas e pedaço de pau no meu quarteirão, irmão. Algo deveria ser feito.
— Dar uma surra neles foi uma solução bastante pacífica. — ironizou Chris.
Al apenas sorriu de canto para o comentário do loiro e voltou seu foco ao homem de mesma cor.
— A polícia vai chegar aqui em alguns minutos, deixe meu garoto e te garanto que ele não causará mais problemas.
O líder da gangue balançou a cabeça com um gesto positivo, porém um olhar de que aquilo não acabaria ali, e fez um sinal para seus parceiros largarem os jovens e irem embora dali. “Sem mais essas palhaçadas por aqui.” deixou no ar Al.
— Johnny! — chamou Will seu filho fazendo um sinal para ele ir para o carro.
O garoto com uma expressão repleta de marra caminhava um pouco manco até o jipe. Os outros já estavam no veículo, porém Will parou o filho antes que adentrasse o jipe e começou falar:
— Você está tentando se matar?
— E por que você se importa? — respondeu grosseiro Johnny.
— Porque eu sou a porra do seu pai. — falou mais alto Will. — É meu dever te proteger.
— Devia ter usado esse heroísmo pra proteger a mamãe. — disse o garoto encarando o pai, mas depois dando as costas. — Eu vou andando pra casa.
Will ficara sem palavras ao ouvir aquilo de seu filho, tudo que fez foi entrar com a cara fechada no jipe e dar o fora dali. Sem nem mesmo notarem o veículo do detetive Josh que estava em frente a escola, apenas observando eles.
S01E05 - Welcome Party
O vento balançava seus cabelos conforme acelerava mais rápido a sua Wrangler. Andava pelas ruas de Foreek City naquela bela noite estrelada, com destino a casa de Bad Assher, para além de cumprimentar Prime e checar o garoto, deixar algumas armas que estavam no bar e Will achara melhor tirar elas de lá caso o detetive Josh decidisse fazer mais alguma visita inesperada.
Parou em frente da casa do velhote e se dirigiu até ela, adentrando e largando a mala de armas no sofá. Deu uma olhada na cozinha para ver se encontrava Prime, mas sem sinal do rapaz, continuou mais afundo na casa, indo até o porão. Desceu as escadas e deparou-se com o rapaz entregando um sanduíche um tanto quanto grande para a italiana e um copo de suco.
— Eu comprei mais algumas no mercado, esse deve estar melhor que os anteriores. — dizia Prime.
— Obrigada. — agradecia Claire cabisbaixa, aparentemente não possuía raiva do garoto.
Chris continuou a descer as escadas, pisando mais forte dessa vez para alertar que havia chegado, fazendo os dois olharem para ele com caras assustadas.
— Chris… Você voltou! — disse Prime sem jeito.
— Espero não ter interrompido seja lá o que está acontecendo aqui. Na verdade, eu prefiro nem saber. Só vim dar um olá para você e trazer algumas coisas para cá.
— Fico feliz que tenha voltado.
— Já vou indo. Cuide bem da Miss Máfia. — despediu-se Chris.
Antes de deixar o porão o loiro fez uma careta para Prime que o mesmo entendeu como um aviso de “não faça nenhuma besteira”, e então foi até a sala pegar a mala de armas para esconder, colocou no mesmo guarda-roupas onde antes era esconderijo do dinheiro italiano.
Estava prestes a sair da casa do velho Bad Assher, quando seu celular toca e o mesmo percebe ser um número desconhecido, de qualquer forma atende a ligação.
— Um caminhão de bebidas deixará as armas no bar da sua gangue. — disse uma voz de mulher, bastante seduzente.
— Foi um prazer fazer negócios com você. — respondeu Chris, sorrindo para si mesmo.
— É, realmente foi. — disse a voz da Dama das Armas desligando o telefone.
O loiro deu uma breve e baixa risada após desligar o telefone e foi até a Wrangler para retornar ao bar. Dirigiu tranquilamente pelas ruas enquanto ouvia música country num volume alto que fez com que o mesmo não notasse uma van preta colando ao seu lado. A porta lateral da SUV se abriu, chamando a atenção do loiro, e um homem com máscara de ski e metralhadora começou a atirar no veículo de Chris, que sem pensar duas vezes acelerou mais ainda. A van continuou a metralhar a Wrangler e por fim, bateu no carro do galanteador fazendo com que o mesmo tombasse para fora da pista, caindo num barranco. Causando grandes danos no veículo. A van deu o fora do local, e lá embaixo, estava Chris gemendo de dor com alguns cortes e um tiro no ombro esquerdo.
Com dificuldade ele pega seu celular e disca um número, aguardando que atendessem.
— Aye. — disse a pessoa do outro lado da linha, com um sotaque irlandês.
— Até logo. — despedia-se a doutora Blood de colegas que passavam por ela pelos corredores do hospital.
Chegando na recepção do hospital, para sua surpresa, estava aquele homem que a médica atendeu há alguns dias com ferimentos de briga. Gabriel conversava com a recepcionista um pouco nervoso, procurando por Mary. Quando o rapaz notou a presença dela, se aproximou.
— Hey, eu estava procurando por você. — disse com um sorriso, mas seu tom era nervoso.
— Hey. — cumprimentou de volta Mary estranhando a presença dele. — O que precisa?
Gabriel olhou para os lados para ver se ninguém ouvia a conversa e começou a falar:
— Eu tenho um amigo que está ferido… — iniciou.
— Oh meu Deus, precisa de uma ambulância? — perguntou a médica.
— Na verdade preciso de alguém para tratar ele fora do hospital. — disse Gabriel sem jeito.
No mesmo instante ela percebeu o que estava acontecendo, e fez um sinal para ambos irem para fora do hospital. Quando estavam longe das pessoas, ela tomou a palavra:
— Eu não posso operar fora do hospital. O quão grave é?
— Só alguns cortes… E uma bala no ombro.
A doutora nada pode falar além de reagir com uma expressão de “é sério isso?”. Negativou a si mesma olhando para o nada.
— Por favor, ele está mal. — pediu novamente.
Embora ela soubesse que aquilo não era boa coisa e não quisesse se envolver com o perigo. Ela via bondade no olhar de Gabriel, por algum motivo confiava nele. Levou as mãos até a cabeça e acenou positivamente com a cabeça.
— Está bem, mas temos que pegar algumas coisas em minha casa. — disse Mary.
— Obrigado. — disse o homem aliviado. — De verdade.
Os dois foram até o jipe que o Gabriel veio dirigindo e foram até a casa da médica, que pegou um kit médico com alguns outros utensílios. E com bastante pressa, foram até o Sadboys, onde Chris estava repousando.
Entraram com pressa no bar, que estava vazio, e o velho Bad Assher mostrou aonde eles estavam para a doutora. Foram até a sala dos fundos e lá estava, Chris deitado sobre a mesa, sem camisa, com a jaqueta de travesseiro, acompanhado de Dwight e Will.
— Jesus Cristo. — murmurou Mary enquanto tirava gazes do kit. — Devo perguntar?
Dwight negativou com a cabeça, até porque mesmo se eles fossem dizer, não sabiam que havia atacado Chris. A doutora percebeu que o negro havia chamado Gabriel para fora da sala, suas mãos removiam a bala do ombro do loiro, mas seus ouvidos ouviam a conversa dos dois fora da sala.
— Você trouxe uma doutora para tratar de um ferimento de bala? — indagou Will.
— Nós podemos confiar nela. — disse Gabriel.
— Ah, é? E a quanto tempo você conhece ela? — insistiu o negro, inconformado com a situação.
Gabriel não quis responder para não dar argumentos ao parceiro, mas continuou a defender a médica:
— Ela veio até um bar tratar de um desconhecido fora do hospital, Will. O que você acha que ela vai fazer com isso? Nos ameaçar em troca de favores? Se não fosse por ela, Chris poderia piorar. Ela está nos ajudando, eu confio nela.
— Isso e a garota Marconi explodirá um dia. — alertou Will. — E caíra sobre você! — terminou apontando para Gabriel e voltando para a sala.
Dwight segurava Chris para que ele não se mexesse muito enquanto a doutora removia a bala. E logo depois a médica limpou o ferimento e fez um curativo, terminando finalmente.
— Obrigado, doc. — agradeceu o loiro, meio fraco ainda.
— Sem problemas. — disse Mary dando um sorriso para ele e os outros.
A profissional juntou o que sobrou do kit médico e se retirava da sala, quando retornou como se tivesse esquecido algo e encarou Will.
— Eu não falarei nada.
Foi tudo que dissera, fazendo Will retribuir apenas assentindo sem jeito. Gabriel se ofereceu para levá-la em casa. E então os dois saíram do bar, deixando o clima um pouco menos tenso.
S01E06 - Begins
Dirigia em silêncio com a companhia da doutora na carona. Não dizia nada pois não havia palavras para explicarem a situação para ela, então a conversa do carro se resumia em Mary explicando onde ficava sua casa para ele.
A médica, inquieta, puxara assunto:
— Então… Você e seu chefe parecem terem algumas diferenças.
Gabriel fungou uma risada.
— Ele não é meu chefe. — respondeu olhando para a rua através da janela do carro. — Está mais para um amigo que está se distanciando.
— Posso perguntar o que vocês fazem?
— Temos uma loja de bebidas. — respondeu rindo.
Mary revirou os olhos rindo também, no fundo ela sabia que era melhor não saber. Aos poucos o sorriso de Gabriel sumia, conforme ele lembrava do passado quando tinha seus quinze anos e morava na rua, Bad Assher e Will precisavam de alguém para um trabalho sujo qualquer e o destino cruzou seus caminhos, dando a oportunidade de Gabriel sair das ruas mas como consequência entrar para a vida do crime.
Se desfez das memórias do passado e reparou a médica olhando para o movimento da estrada, quieta. Não podia negar que havia achado ela uma pessoa interessante, além de bela.
Minutos depois estavam em frente a casa de Mary, ambos desceram do jipe e o homem acompanhou ela até a porta.
— Obrigado de verdade pelo que fez hoje. — agradeceu novamente Gabriel.
— Está tudo bem. — disse pegando as chaves em sua bolsa. — Obrigada pela carona.
Os olhares dos dois se encontraram, deixando Mary sem jeito. Um pouco atrapalhada ela fala:
— Bem, boa noite ent…
Fora interrompida pelos lábios de Gabriel que tocaram os seus, inesperadamente. Foi um beijo rápido, mas marcante o suficiente. O homem se afasta sorrindo.
— Boa noite.
Mary apenas acena com a cabeça sem jeito e corada, entrando para dentro de casa. E Gabriel vai até o jipe para retornar ao bar, dando uma risada devido ao que fez.
Conversava com Chris enquanto Will estava num telefonema, o loiro estava sentado num sofá que ficava na sala de reuniões, reclamando da situação:
— Eu volto a dizer: vocês são péssimos com festas de boas-vindas. — disse fazendo uma careta devido ao ombro ferido.
Dwight apenas riu do amigo, dando um gole numa garrafa de cerveja que bebia. O negro retornou para sala desligando o celular e começou a falar:
— Era um dos homens de Lazarus. — fez uma pausa olhando para baixo — Deu os detalhes de onde fica o galpão dos russos e para onde temos de levar as armas.
— Vamos mesmo fazer isso então? — questionou o irlandês.
— Ainda não sei. Isso é claramente esse maldito italiano nos testando, ele tem homens suficientes para pegar as armas daquele galpão.
Chris tomou a palavra dessa vez, dando uma ideia:
— E que tal as armas da Dama? Podíamos oferecer para ele.
— Mas ele não afetaria os russos com isso. Ele quer causar dano na máfia rival e na gente ao mesmo tempo. — falou Dwight. — Nós temos que pensar muito antes de tomar uma decisão.
O negro e o loiro concordaram com a cabeça.
— E quanto ao nosso outro problema? — falou Chris. — Os caras que me atacaram.
— Eu vou falar com o Al. Se foi ele, resolveremos isso. — respondeu Will.
Após mais alguns minutos de assunto, Dwight despediu-se dos amigos e foi para casa passar a noite com sua mulher, já havia sido um dia e tanto e uma boa noite de sono faria bem. Teve o dobro de cuidado no caminho para não ter nenhuma surpresa desagradável como houve com seu amigo. Após um aparente tranquilo caminho, chegara em casa. As luzes estavam todas apagas, indicando que Barbara já estava dormindo.
Entrou no quarto e lá estava ela, deitada apenas com um abajur acesso ao lado da cama. Se virou quando ele adentrou o recinto, sorrindo para ele e feliz por vê-lo bem, mas, ainda assim, preocupada já que Chris havia sido atacado mesmo depois do marido dizer que eles não estavam em perigo.
— Estava esperando por você. — falou em tom baixo a mulher.
O ruivo sorriu para sua amada e despiu-se, deitando ao lado dela. Colocou sua mão no branco rosto dela e começou a beijá-la. Começara a se desfazer das roupas de Barbara, tendo enfim algum momento de prazer após vários problemas. E ali ficaram até o sono tomá-los por completo.
Após uma comum noite em claro, Josh já estava no seu escritório cedo da manhã. Observava um quadro de pistas e ligações do caso Marconi, enquanto tomava uma xícara de café para mantê-lo ativo. Criava hipóteses, possíveis cenários em sua cabeça e tentava encaixar as peças daquele quebra-cabeça.
A maior dificuldade do caso era a falta de pistas, já que tudo que tinha era corpos baleados, uma garota desaparecida e um palpite de quem seriam os responsáveis pelo crime, mas sem prova nenhuma além de achismo. Porém, Cohle não era nenhum detetive qualquer. Encerrou 90% dos casos no último ano, um total de cinquenta criminosos presos. Havia realmente algo de especial no homem, embora julgado estranho pelos outros.
Ouviu batidas na porta de sua sala e sem tirar os olhos do quadro de pistas, informou que estava aberta rapidamente para seja quem fosse entrar, mesmo desaprovando que o incomodassem.
— Detetive Cohle? — disse uma voz feminina estranha.
O mesmo se virou e deparou-se com uma mulher e um homem parados, ambos com distintivos na cintura.
— Agente Anna Danvers, FBI. — se apresentou estendendo a mão para o detetive. — E esse é meu parceiro, o agente Nelson Barnes.
Josh olhou para os dois e depois para mão da mulher, enfim apertando. Mas logo em seguida voltando sua atenção para o quadro. Os agentes se entreolharam após o oficial ter praticamente os ignorados, mas a mulher voltou a falar:
— Fomos mandados pelo governo para investigar junto com você o acontecimento em Venturas.
O detetive fez uma anotação na lousa e permaneceu em silêncio, fazendo com que Anna estranhasse o homem mais ainda. Após uns segundos sem palavras, Josh fala:
— Vocês não são muito jovens para serem agentes do FBI?
— Somos ambos agentes renomados, nossa idade não influencia em nossa competência. — disse a agente já perdendo um pouco da paciência com o jeito de Josh.
Josh largou a caneta na mesa, terminou seu café e pegou sua jaqueta na cadeira. Retirou-se da sala dizendo para os dois agentes:
— Eu não preciso de ajuda nesse caso.
E desapareceu tão rápido que nem pode ouvir o irônico “claro que não” que a federal largou após ele sair.
Estava dirigindo pela rua principal indo rumo a Venturas, para dar mais uma olhada na mansão Marconi, porém quando estava próximo da esquina onde ficava o Sadboys, reduziu a velocidade notando Will recebendo um caminhão de bebidas no bar. Primeiramente não havia dado importância, até ver o negro entrando no veículo e o caminhão saindo dali sem deixar nenhuma bebida. Notara também a placa do caminhão indicando ser um veículo de Norms City, então para investigar, Josh seguira o veículo.
S01E07 - Drinks
— Aqui está o endereço onde você vai deixar as armas. Um dos meus caras está lá. — disse Will entregando um papel ao motorista do caminhão de bebidas.
— Certo. E você, ficará aonde? — perguntou o gordo de bigode e boné que transportava as armas.
— Na próxima rua, na primeira casa branca. — repondeu Will.
O caminhão parou na casa desejada pelo negro e o mesmo desceu do veículo, se dirigindo até a casa. Josh que estava de carro logo atrás, estranhou mas continuou a seguir o caminhão de bebidas.
William entrando em sua casa, atira-se no sofá, soltando um longo suspiro. Havia uma grande decisão a tomar sobre a situação com os italianos, ainda tinha a garota na casa do Bad Assher e agora o ataque que Chris sofrera. Tinha convicção de que acertaria as coisas com Lazarus colocando a culpa do assalto na máfia russa, mas subestimou a inteligência dele, agora ele estava dentro do joguete do chefão Marconi.
Ainda aguardava uma resposta de Al, queria ir a fundo nessa investigação para ter certeza de que não havia sido os homens do gângster que atacaram Chris. Mas infelizmente não havia conseguido contatar o homem, teria de ir pessoalmente até lá.
Escutara a maçaneta da porta girar, eis que Johnny chega em casa, acompanhado de uma bela jovem, de cor negra e longos cabelos trançados. O garoto ao ver o pai fez uma cara de desapontamento e apenas fez um gesto de “vamos lá” para a garota, subindo as escadas rumo ao seu quarto. Will apenas negativou a si mesmo. Embora fosse carrancudo, lhe chateava a distância que tinha com seu garoto devido a Johnny culpá-lo pela morte de sua mãe.
Tentando não se afogar em tristes lembranças, Will ligou a televisão e começou a assistir aos noticiários. Após alguns minutos das notícias de esporte, o tédio do negro fora apagado quando apareceu a foto de Claire Marconi e o repórter noticiando que ela ainda estava desaparecida. Os pais da garota falaram poucas palavras, apenas que tinham fé de que ela estivesse bem. Will não conhecia muito bem o irmão de Lazarus, mas até onde ele sabia o mesmo não se envolvia com assuntos da máfia.
Ouviu o barulho de passos descendo as escadas e vira seu filho indo até a cozinha, abrindo a geladeira e procurando por algo. Foi até a cozinha e puxou assunto com o garoto:
— É uma bela garota.
— É. — respondeu ignorante como sempre.
Pegou duas garrafas de cerveja da geladeira e começou a direcionar para as escadas novamente, mas Will tomou a sua frente trancando sua passagem, segurando seu braço.
— Eu sinto muito, filho. — disse num tom melancólico. — E eu sei que você passou por muita merda por minha culpa. Mas eu te amo, Jonhny.
O garoto tentou disfarçar mantendo a expressão fechada, mas não podia esconder seu olhar surpreso com aquelas palavras. Não conseguira largar outro comentário arrogante, apenas assentiu para o pai, que o retribuiu e o deixou subir as escadas.
Will coçou a cabeça e voltou ao sofá, para tentar descansar um pouco. Os próximos dias seriam bastante cansativos.
— Detetive, Josh. Aqui é a agente Danvers. Solicitamos sua presença no departamento de polícia.
Josh apenas ignorou o comunicado da agente através seu rádio de polícia da caminhonete, desligou o aparelho após isso. Seguia numa certa distância o caminhão de bebidas, dirigindo disfarçadamente o máximo que pudesse, a princípio não havia sido notado.
Começara a estranhar o caminho, já que estavam se afastando do centro da cidade. Quando estava prestes a desistir de seguir o veículo, notara que ele parara em uma casa um pouco mais isolada que ficava no fim da cidade.
O detetive parou próximo de algumas árvores, e começou a observar de longe. O cenário era um gordo descendo do caminhão e aguardando resposta de dentro da casa. Eis que surge Prime de dentro da casa, indo até a traseira do caminhão junto do homem e como Josh suspeitava, a carga não era bebida. Através de um carregador, eles desceram dois grandes caixotes de madeira e começaram a carregar até os fundos da casa.
Tomara um pequeno susto quando ouviu um som de carro velho se aproximando, virou-se para a estrada e notou uma picape velha parando ao seu lado. O motorista era nada mais nada menos que o velho Bad Assher.
— Dando um tempo da cidade, detetive? — brincou o velhote.
O policial teve de pensar em alguma boa resposta, já que foi pego em flagrante espionando um possível crime. Com seu jeito único de sempre, responde o veterano:
— Vai ser uma festa e tanto, presumo, devido ao tanto de bebida que fora entregue nesse local. — o comentário tirou uma breve risada do velho que ficou sério sucessivamente — Se importaria se eu desse uma olhada?
— Volte com um mandato e eu deixo até você capinar meu gramado, detetive. — respondeu sério Bad Assher. — Até mais ver.
O homem deu partida em sua picape fumacenta e dirigiu rumo a casa. Não demorou muito para o gordo motorista do caminhão retornar e dar o fora do local, seguindo direto para fora da cidade. Rumo a Norms City, provavelmente.
O celular do detetive começara a tocar, dizia ser do departamento de polícia. O mesmo, bufando, atendeu querendo ver o que queriam logo.
— Agora eu entendo porque você trabalha sozinho. — disse a voz de Anna. — Se tiver terminado seja lá o que for mais importante que ouvir o que temos a dizer, apareça na sua sala. Temos novas informações sobre o caso Marconi.
— Estou ouvindo. — disse Josh.
— Você tem um “amigo” chamado Gabriel Heisen, não é? Ele deu entrada no hospital com ferimentos de uma suposta briga no dia do crime. Talvez a doutora que atendeu ele tenha algo que lhe interesse. — a agente informou sendo retribuída por um silêncio. — Acredito que a palavra que procura seja “obrigado”.
Ignorando a brincadeira da federal, Josh desligou o celular e entrou em sua caminhonete. Olhou novamente para a casa e começou a raciocinar. Se ele fosse até o departamento de polícia buscar um mandato, seria tempo o suficiente para eles sumirem com seja lá o que tivesse nos caixotes. E mesmo que conseguisse incriminar eles, prenderia os dois membros menos influentes do grupo, não teria como ligar os outros ao tráfico. Infelizmente, Josh teve de abrir mão daquela situação, para encontrar um jeito de incriminar todos de uma vez. Deu partida em seu carro e se dirigiu até o centro da cidade novamente para pegar informação da doutora com os federais.
S01E08 - Time for Relationships
S01E09 - Dark Things
S01E10 - Solutions
S01E11 - The Deal
S01E12 - Solokov
S01E13 - Win [Season Finale]
Spoiler :
Fazia frio na pacata cidade de Venturas. Com exceção da mansão Marconi, onde além da chique lareira que a casa possuía, o clima esquentava cada vez mais com a situação que ali ocorria. Dois corpos italianos jaziam no chão com buracos de bala em suas testas, e três homens com máscaras de ski em pé, com malas nas costas preenchidas com notas de cem dólares. No meio dos três homens havia uma bela e jovem garota loira, em choque com a situação que ali acontecia. Ela encarava os corpos assustada, enquanto um dos homens apontava uma pistola para ela.
— É uma adolescente, porra! Não podemos simplesmente executar ela! - berrava Gabriel.
— Ela é uma testemunha! - rebateu o homem que apontava a arma.
Se tratava de William Fort, a pessoa no comando daquele roubo. E o terceiro homem era o mais jovem, Prime, com apenas 21 anos.
— Nós não somos assassinos, Will. - insistiu tomando a frente do líder.
— Tem dois corpos italianos logo ali. Também não somos heróis. — retrucou com seriedade na voz.
O negro empurrou Gabriel para o lado e puxou o gatilho da arma que mirava a cabeça da garota. Quando o “clic” da arma saiu, Prime e Gabriel fecharam os olhos por um momento, mas para a surpresa de ambos e alívio de certa forma, bala nenhuma saiu da 9mm.
Gabriel levou as duas mãos na cabeça, olhando inconformado para os companheiros. Will resmungou um “merda” e checou o pente vazio da arma enquanto negativava com a cabeça para si mesmo.
— Você puxou o gatilho! — gritou Gabriel. — Você mataria essa garota!
Will se aproximou do parceiro com um olhar frio, e sussurrou para ele:
— Se meu jeito de liderar te incomoda, Heisen. Faça melhor. — disse lhe dando as costas. — Estou curioso para ver como deixará essa testemunha de boca fechada.
O líder se dirigiu até a SUV do grupo que estava estacionada no pátio da mansão, com meia dúzia de corpos baleados de seguranças da casa. Enquanto Prime olhava para Gabriel esperando uma ação do mesmo. Já a garota chorava enquanto implorava pela vida, com frases do tipo “não me mate”, “não contarei nada”. Após um longo suspiro, Gabriel puxou sua pistola e deu uma coronhada na jovem, fazendo-a desmaiar.
— Amarre-a e cubra sua boca e seus olhos. Levaremos ela conosco.
Prime arqueou as sobrancelhas ao ouvir aquilo, mas sem retrucar fez o que lhe foi pedido. E logo em seguida seguiram para a SUV. Dentro do veículo os três retiraram as máscaras de ski, podendo respirar melhor após toda aquela tensa situação. Gabriel possuía dois ferimentos no rosto devido a uma breve luta com um dos seguranças.
— Você só pode estar de brincadeira comigo. — falou Will ao ver a garota na traseira da van.
— Vamos logo para casa. — disse o parceiro num tom baixo.
Demorou cerca de uma hora a viagem deles até Foreek City, o lar do grupo. Andavam pelas ruas da pequena cidade, porém populosa, com sutileza para não chamar atenção. Gabriel desceu do veículo antes do destino, parando no hospital para tratar de seus ferimentos cujo mesmo mentiu que foi em uma “briga de bar”. O mesmo estava em um dos quartos hospitalares sentado na maca, quando uma bela moça de jaleco entrou.
— Imagino que o outro cara esteja pior. — disse brincando a doutora enquanto limpava os ferimentos com um algodão.
Gabriel deu uma breve risada concordando com a cabeça. Olhou para o crachá da médica e leu o nome escrito nele “dra. Mary Blood”.
— Obrigado, doutora Blood.
— Pode me chamar de Mary. — respondeu enquanto colocava os curativos. — Aconselho dar um tempo nas brigas até os ferimentos se curarem.
— Entendido. — respondeu o homem sorrindo.
A doutora acompanhou-o até a porta, e o mesmo a agradeceu novamente. Se retirando do hospital, porém não deixando de olhar para trás enquanto caminhava pelos corredores para vê-la novamente, com uma certa admiração.
Observava os corpos italianos no chão, tentando encontrar qualquer pista que pudesse levá-lo a uma conclusão, embora o detetive Cohle já havia suspeitas em sua enigmática mente. A perícia fotografava a cena do crime e recolhia quaisquer evidências que ali haviam.
— Obrigado por ter vindo, detetive. Não possuímos pessoas talentosas como você aqui em Venturas. — disse um policial careca e de bigode.
O detetive não deu muita bola para o homem, apenas acenou com a cabeça. Deu mais uma breve olhada pela casa e se retirou do local. No jardim da Mansão Marconi, viu peritos conversando sobre fios loiros de cabelo localizados perto dos corpos, e Josh sabia que só havia duas pessoas que poderiam ser as donas daqueles fios loiros.
Pegou estrada em sua camionete até de volta a sua cidade, Foreek City, onde foi diretamente até um bar que embora de esquina, bastante organizado. Após passar por debaixo do letreiro escrito “Sadboys”, adentrou o local deparando-se com algumas lindas e joviais mulheres pelas mesas acompanhadas por homens um pouco mais velhos. A atenção do velho balconista foi chamada ao ver o oficial entrando no lugar.
— Não sabia que frequentava lugares como esse, detetive. — disse o velho.
Se tratava de Bradley Assher, conhecido por Bad Assher pela cidade. Um ex-gangster de 70 anos, o triplo de anos que passou na cadeia. Já fazia duas décadas que sua ficha estava limpa, mas o instinto do detetive sabia que havia histórias por debaixo do tapete sobre aquele homem e de seus parceiros.
Na frente do velho estava o ruivo irlandês Dwight Phillips, provavelmente o integrante daquele grupo com menos sujeira na ficha com exceção do jovem Prime, que também estava no local.
— Apenas quando preciso encontrar criminosos. — deu sua resposta Josh ao velho.
Dwight virou sua caneca de cerveja e deu uma breve risada, se metendo na conversa:
— O único crime que vai encontrar aqui, detetive, é o preço da cerveja.
O detetive ignorou a brincadeira, sabia que aqueles caras tirariam sarro da situação sem entregar nada, mas o intelecto de Josh o forçava a tentar tirar nem sequer uma certeza de que eles poderiam estar envolvidos no caso Marconi.
Desviou seu olhar para Prime, que tinha uma garrafa de cerveja na mão. Sucedido de seu olhar um tanto misterioso, o detetive perguntou ao jovem:
— Qual sua idade?
— Relaxa, detetive. Sou velho o suficiente para beber e reconhecer porcos estúpidos. — respondeu Prime.
— Eu gostei dessa, garoto. — disse Dwight com uma expressão de aprovação.
Josh, paciente como sempre, relevou as infantilidades dos dois e voltou a falar:
— Como vocês já devem saber houve algumas mortes e uma certa quantia de dinheiro roubada na mansão Marconi. Por sorte não havia ninguém da máfia na casa, apenas dois irmãos da raiz secundária da família e seus seguranças.
— Com todo o respeito, detetive, nós assistimos ao noticiário. Poderia ir logo ao ponto? — falou Bad Assher interrompendo Josh.
— Meu ponto é que isso aconteceu duas semanas depois que o bar de vocês de Greenzone foi invadido e destruído por vândalos tão cuidadosos com pistas quanto mafiosos. — os três fecharam as risonhas caras e começaram a prestar mais atenção no que o detetive falava. — Foram encontrados fios loiros na cena do crime, está indo para a análise de DNA. Meu palpite seria que esses fios pertencem a Claire Marconi, irmã mais nova dos italianos mortos, mas como não temos informações concretas de que ela realmente estava na mansão, fico pensando que os fios poderiam ser de um dos criminosos. Alguém de cabelos longos e loiros. Imagino que não conheçam ninguém assim, não é?
O silêncio permaneceu no local por uns segundos e o detetive, com apenas um “passar bem”, deixa o local.
S01E02 - Doubts
Spoiler :
— Ele tem suspeitas sobre a gente, irmão. — disse o irlandês a Will sobre o detetive.
Além do negro e de Dwight, estavam no local Gabriel e Bad Assher. Os quatro conversavam em uma sala que ficava aos fundos do bar, onde eles se reuniam para debater os assuntos de trabalho. Era um lugar simples, com uma mesa e algumas cadeiras, um mapa da cidade na parede e uma lousa no canto. Havia também um sofá preto.
— Eles tem fios de cabelo que possuem a Claire Marconi. Não são provas que ligam o acontecimento até a gente. — disse o líder coçando a cabeça com uma feição cansada. — Onde está a garota?
— Estamos mantendo ela na minha casa. Prime está lá vigiando. — respondeu o veterano do grupo.
Will olhava para mesa pensando na situação. Josh era esperto, não teria ido ao bar apenas para assustar os rapazes, ele queria ver qualquer sinal de culpa no olhar deles, e o negro temia que ele tivesse obtido. Notara que na ponta inversa da mesa Gabriel nada dissera desde o início da reunião, permaneceu quieto o tempo todo, sabia que teria de ter uma conversa com o rapaz, mas agora não era hora.
— Chris está terminando de fechar negócio com a Dama das Armas em Normtown, deve retornar amanhã. — informou Dwight.
— Ótimo. Ligue para ele e avise sobre as suspeitas de Josh sobre ele e sobre a gente, mantenha-o informado.
O ruivo assentiu e se retirou do local.
— O que faremos a respeito da família Marconi. — perguntou Bradley.
— Marcarei um encontro com Lazarus, direi que não tivemos envolvimento com o que aconteceu.
— E ele simplesmente acreditará na gente? — indagou Gabriel num tom amargo.
— Com provas, sim. — disse o negro se levantando e deixando o local.
Gabriel apenas o observou saindo da sala, com um olhar que misturava desaprovação e dúvida.
Will foi até seu carro, onde dirigiu até a casa de Bad Assher, que ficava um pouco afastada da cidade, uma casa de madeira um tanto quanto antiga, porém grande. Entrou na casa, sem fazer muito barulho, e foi até a porta que dava no porão, onde estava Claire Marconi sentada em uma poltrona, porém amarrada e Prime em uma cadeira próxima assistindo televisão, a garota não dizia nada, apenas olhava para o nada com os olhos inchados devido aos choros.
Sem chamar a atenção dos dois, retornou para o centro da casa, indo até um dos quartos. Neste quarto havia além de uma cama, um guarda-roupa velho, que Will abriu e revelou o que tinha dentro. As três malas com o dinheiro dos Marconi's.
Com um pouco de dificuldade, levou as três para seu carro sem fazer muito barulho para não alertar Prime. E então deu o fora dali. Dirigiu cerca de vinte minutos até chegar num galpão na área industrial da cidade. O galpão era vigiado por dois homens, altos e fortes. Ambos carecas, porém um deles usava um cavanhaque. Ambos armados com metralhadoras, e o detalhe mais importante: com tatuagens de estrela nos braços, simbolizando que pertenciam à Máfia Russa. De longe, Will observava os homens e o galpão que os mesmos guardavam, com um plano em mente.
O jovem Prime olhava para a televisão mas seus pensamentos estavam na garota amarrada ao seu lado. Ela não havia dito uma palavra desde que chegaram ali, até mesmo as lágrimas haviam cessado, porém seu silêncio acompanhado de um olhar quebrado era contínuo.
Percebera que Claire começou a observá-lo, e depois de alguns momentos falou sua primeira frase desde que chegara na casa do velho Bad Assher:
— Estou com fome.
Seu tom de voz era amargurado, e embora fosse uma garota de no máximo dezenove anos o olhar mafioso de sua família era presente em seu rosto, por segundos deixou Prime sem palavras.
— Certo, eu, ahn, vou ali preparar algo e já volto. — disse o rapaz subindo as escadas do porão, mas logo voltando. — Por favor não tente nada estúpido. — terminou.
Não havia muitas coisas na casa já que Bad Assher ficava mais na loja de bebidas do que em casa, então Prime teve de improvisar um sanduíche para a italiana. Preparou o lanche e levou até ela, entregando junto de um copo de suco.
— Desculpe, era só o que tinha. — disse Prime.
A garota nada disse, apenas começou a comer o sanduíche e tomar o suco nos intervalos de mastigação. Ela devia estar realmente faminta devido a forma que se deliciava daquelas duas fatias de pão com presunto e queijo dentro.
Após terminar de comer, ela olhou torta para o jovem que a mantinha ali e o indagou:
— Por que vocês mataram meus irmãos?
Aquela pergunta chocou Prime, e o olhar sem expressão da garota o deixava mais nervoso ainda. Um tanto quanto atrapalhado ele respondeu:
— Nós tínhamos a informação de que a casa estava vazia, apenas com os seguranças. Não sabíamos que vocês estariam lá. — respondeu ele — Sinto muito.
— Eu não me dou bem com minha família de criminosos. Mas ainda sim eram meus irmãos.
Claire agora olhava para o nada, refletindo sobre a morte de seus entes nem tão queridos. Era difícil para Prime interpretar o que a garota sentia, já que a mesma misturava tristeza com inexpressão. Parecia bastante durona também, apesar dos choros que ocorreram na hora do crime.
Prime quisera dizer algo mais, porém percebeu que não havia o que dizer, e o silêncio seria a melhor opção naquela hora. Mas para sua surpresa, a jovem loira continuou o assunto:
— Eu não contarei nada ao meu tio se você me deixar ir.
— Você sabe que eu não posso fazer isso. — respondeu num tom culpado.
— Eles vão me matar se eu continuar aqui! — falou num tom mais alto e choroso. — Eu presenciei tudo…
— Eu não vou deixar isso acontecer. — disse rápido o jovem, que acabou trazendo o olhar de Claire para si. — Quero dizer… Meus parceiros não matariam uma garota inocente.
— Até mesmo o negro? — perguntou retoricamente a loira.
Prime olhava nos olhos de Claire e infelizmente não tinha resposta que agradasse os ouvidos da garota. Tudo que fez foi pegar o prato e copo vazio que a mesma utilizara e subir as escadas lentamente, de cabeça baixa. Enquanto Claire assistia tristonha ele se retirar do local.
S01E03 - In Game
Spoiler :
A praça central de Foreek City possuía suas árvores balançantes devido ao fraco vento que soprava, acompanhado de um sol agradável que entregava a manhã do dia. Dwight, Will e Gabriel chegaram de jipe no local, estacionando e caminhando até o centro da praça, onde havias bancos para as pessoas sentarem, brinquedos para as crianças e áreas para esportes.
Sentado em um banco, estava um homem com roupas sociais, óculos escuro e um cigarro na boca. Se tratava de Lazarus Marconi, o chefe da máfia italiana.
— Lá está ele. — disse Will indo até o banco.
Dwight e Gabriel se entreolharam a seguiram o negro, porém mantendo uma leve distância. O italiano ao ver o negro se aproximando jogou o cigarro no chão, e se levantou pisando na bituca para apagá-la. Não apresentava nenhuma expressão raivosa, pelo contrário, tinha um curto sorriso otimista no canto da boca. Quando Will estava próximo, cumprimentou-o com um aperto de mão.
— William.
— Lazarus. — cumprimentou de volta Will. — Obrigado por ter vindo.
— Parecia importante. O que há?
Will tentava manter a pose de bravura para não apresentar medo ao chefão da máfia, mas teve de dar uma olhada em seus dois homens antes de continuar a falar. Deu uma leve coçada na cabeça e iniciou o assunto que queria tratar com Lazarus Marconi:
— Eu sei que você deve achar que foi eu e meus caras que assaltaram a mansão de Venturas. Mas não tivemos nada a ver com aquilo. Queria lhe dizer isso pessoalmente.
Lazarus retirou os óculos e tudo que disse foi um “ok”, com uma expressão de que acreditava no que Will dizia. Dwight por instinto, manteve uma das mãos próxima da arma que possuía nas costas, pois estranhara a atitude do mafioso.
— Então estamos bem? — perguntou Will.
— Vocês assaltaram um banco em Polotown que continha uma grande quantia de dinheiro da minha família, houve um atraso quando precisei retirar o dinheiro. Por isso ataquei sua loja, admito. Estamos quites desde então. — falou o italiano num tom tranquilo. — Admiro a coragem de vir me falar isso cara a cara.
O líder apenas assentiu ao mafioso, e virou as costas prestes a se retirar. Porém teve seu nome chamado por Lazarus, fazendo-o virar novamente.
— Tem mais uma coisa. A polícia encontrou o dinheiro da minha família numa propriedade dos russos. — nesse momento Gabriel e Dwight arquearam as sobrancelhas. — Eu vou precisar de muito armamento para uma retaliação. Pensei que pudessem me ajudar com essa questão.
Will odiou o tom de voz gentil de Lazarus que era apenas uma capa para uma ameaça, porém se manteve em postura firme e rebateu:
— Sinto muito, Lazarus, mas nossas armas são compradas nas ruas. Mas se eu encontrar algum distribuidor posso lhe recomendar.
— Eu não preciso de distribuidor. Preciso de alguém para fazer o carregamento. Soube que vocês tem fácil acesso de Norms City até Spotland.
— Tenho alguns contatos, sim. Mas custa caro fazer transporte de algo ilegal entre cidades, são mais de dez policiais subornados, fora outros detalhes. — respondeu Will tentando desviar da proposta.
— Eu cobrirei todos os custos, apenas preciso que transportem as armas.
— E qual a localização das armas?
— Galpão Sokolov, em Spotland. — respondeu Lazarus com um sorriso de canto.
Os três parceiros se olharam sem reação ao que acabaram de ouvir. Um mafioso pretendia roubar armas de russos e eles eram obrigados a fazer parte daquilo. Tudo isso para tirar quaisquer suspeitas de cima deles. Will não respondera nada, apenas olhou nos olhos do mafioso, aguardando que ele dissesse mais alguma coisa.
— Façam esse trabalho por mim e fico devendo um favor a vocês. — disse o mafioso sorrindo e colocando os óculos. — Se cuidem, cavalheiros. Eu entrarei em contato com os detalhes.
A vontade de meter uma bala na nuca da cabeça do mafioso crescia em Will, mas aquilo seria suicídio. O trio não pode deixar de perceber cerca de quatro carros luxosos pretos e de vidros escuros se deslocarem da quadra, indicando a segurança de Lazarus.
— O que o dinheiro fazia numa propriedade russa? — perguntou Gabriel olhando para o nada, um tanto quanto interrogador.
— Salvava nossa pele. — disse Will se afastando e indo até o jipe.
Josh estava sentado em sua sala um tanto quanto bagunçada, olhando para a movimentação dos policias através dos vidros transparentes de seu recinto. Refletia sobre o caso na mansão Marconi, conhecia Will e os outros há um bom tempo para suspeitar do envolvimento deles. Além dos fios loiros de cabelo que o mesmo torcia para que pertencessem a Chris, o que em sua cabeça justificaria a ausência do mesmo na cidade.
Havia poucas pistas na cena do crime, já que as balas dos corpos não levavam a nada. Nada além do dinheiro foi levado, e por que o grupo faria algo do tipo arriscando-se colocarem na mira da máfia? Fora a conveniência do dinheiro ter sido encontrado num galpão russo através de uma ligação anônima.
Seus pensamentos foram interrompidos por uma policial loira de meia idade já, que adentrou sua sala com alguns papéis em mão.
— Chegou da Venturas. Os fios de cabelo realmente pertencem a Claire Marconi. — falou a policial largando os papéis na mesa do detetive.
Josh sem olhar para a colega de trabalho, pegou os papéis e começou a ler. Inexpresso. Jogando-os na mesa com desaprovação.
— Já iniciamos as buscas pela garota. — informou a policial.
O detetive apenas assentiu com a cabeça e girou sua cadeira para trás, olhando através da janela o sol do meio dia.
— Tem mais uma coisa, detetive… — disse a loira esperando que ele virasse para ela para escutar, mas sem essa reação, ela continuou — Pela tarde chegará dois agentes do governo solicitados pelo chefe, eles farão parte do caso.
Ele virou a cadeira lentamente para ela, mas ainda sem olhar para a mulher. Com uma cara confusa e desapontada, ele responde:
— Eu trabalho sozinho. E não será necessária a ajuda deles.
E em seguida deixou a sala, saindo com uma certa pressa.
Entrou em seu Impala e dirigiu pela cidade até o pacato bairro dos Panels, onde havia belas casas porém nada muito extravagante. Parou na frente de uma da cor branca, de dois andares. Acendeu um cigarro dentro do carro e ficou ali parado por uns instantes. Após terminar o fumo, desceu do carro e foi até a porta, batendo e aguardando resposta.
A porta se abriu e o detetive foi recebido por uma bela mulher, de cabelos negros e olhos verdes. Era Barbara Phillips, mulher de Dwight.
— Detetive Josh, quanto tempo. Veio para o almoço? — disse sarcástica com um sorriso.
Josh apenas ignorou a brincadeira e tomou a palavra:
— Estamos investigando um caso cujo seu marido é um dos suspeitos. Quero fazer algumas perguntas. — falava tão rápido e sério que era claro o esforço que fazia para interagir com a mulher.
A morena abriu mais a porta e fez um gesto para que Josh entrasse, com uma cara de “e lá vamos nós”. O detetive entrou dando uma breve olhada em volta da casa, nada de incomum, bem organizada até.
— Presumo que seu marido estava em casa na noite do assalto na mansão Marconi.
— Yep. — positivou Barbara enquanto ia na cozinha. — Aceita um café?
Josh apenas balançou a cabeça recusando, voltando as perguntas:
— Quando foi a última vez que viram Christopher Walker?
A mulher de Dwight retornou da cozinha com uma xícara de café na mão, sentando-se no sofá da casa dando um gole na bebida quente. Fez um gesto para que o homem se sentasse numa das poltronas também, e assim ele fez.
— Pensei que as perguntas fossem sobre o meu marido. — disse Barbara.
— Seu marido e Walker se conhecem desde que Dwight veio da Irlanda aos quinze anos. E até hoje são parceiros. Imagino que você saiba um pouco sobre o relacionamento dos dois. — respondeu Josh insinuativo.
— Bem, o sexo é só comigo. — tirou sarro Babi, com um sorriso zombeteiro. — Chris está de viagem já faz dez dias, detetive, e meu marido esteve no bar pelo dia e de noite em casa. Eles não tiveram nada a ver com o assalto. — terminou mais séria.
Josh se levantou do sofá e começou a andar lentamente até a porta, porém sem olhar para Barbara ele continuou a falar.
— Nesse caso, ainda bem. Pois a máfia italiana tem certeza de que foram eles e temos provas em análise de DNA nos laboratórios de Venturas. Seria horrível vê-los presos, ou pior, mortos pelos italianos.
Barbara mudou sua expressão tranquila para uma mais séria, encarando o homem que se dirigia até a porta. Josh virou-se para ela, aguardando uma reação, e tudo que obteve foi um:
— É, seria horrível.
E então o detetive deixou o local, deixando uma Barbara preocupada e séria naquela situação.
S01E04 - Dad's Gonna Kill Me
Spoiler :
O irlandês dirigia o jipe pelo caminho de casa enquanto apreciava um cigarro. Já havia largado Will e Gabriel no bar, para seu alívio, pois o clima pesado havia resultado num silêncio constrangedor no veículo. Pensava no encontro de hoje cedo, sobre a ameaça fantasiada de proposta de Lazarus. O quão sádico poderia ser aquele homem? Nem sequer sentiu falta da sobrinha. Preferia não pensar que corria perigo, assim como os outros.
Estacionou o veículo em frente a sua casa e dirigiu-se até a porta, entrando e anunciando sua chegada:
— Estou em casa, querida.
— Aqui na cozinha! — gritou Barbara revelando onde estava.
Dwight foi até lá encontrando sua mulher fumando um cigarro, sentada na mesa esperando alguma coisa ficar pronta no fogão. O cheiro era bom.
— Está tudo bem? — perguntou o irlandês dando um beijo nela e se dirigindo até a cafeteira.
— Josh esteve aqui fazendo algumas perguntas. Sobre a mansão dos italianos.
O ruivo estranhou e virou-se para a companheira, com a xícara de cafés em mãos. Notou uma certa preocupaçao no olhar de Barbara, embora a mesma tentasse não aparentar. Teve de perguntar:
— O que esse lunático te disse?
— Que você e os outros podem estar correndo perigo. — respondeu tragando o cigarro e desviando o olhar.
O homem largou a xícara de café em cima da mesa e sentou-se em uma cadeira próxima de sua mulher, puxando-a pelo queixo, para a mesma o olhar nos olhos. E então começou a acalmá-la:
— Ei, eu não estou em perigo. Ele só estava tentando assustar você para tirar respostas, sabe que policiais fazem isso.
— Ele foi bem convincente com toda essa merda da máfia acontecendo. — falou um tanto cabisbaixa, apagando o cigarro no cinzeiro.
— Eu não corro perigo. Eu prometo. — disse fazendo um carinho no rosto de Barbara. — Ok?
A mulher de cabelos negros assentiu, retribuindo um sorriso que o marido deu. Dwight estava aproximando o rosto para beijá-la, mas foi impedido pelo seu celular que começara a tocar. Revirou os olhos e atendeu. Após ouvir alguém falar, respondeu:
— Certo, já estou indo. — disse, desligando o celular.
— Algum problema? — perguntou Barbara.
— Chris está de volta, tenho que ir lá. Desculpe. — respondeu lamentando por não poder ficar mais.
Despediu-se com um breve beijo na esposa e se retirou da casa.
— É, eu preciso de um amante. — fala pra si mesma enquanto vê o marido sair.
Já havia entardecido quando Dwight chegou na loja de bebidas, entrando e cumprimentando o velho Bad Assher que limpava o balcão. Foi até a sala dos fundos e lá estava Chris, com seus cabelos loiros e sua cara sarcástica de sempre, sentado na mesa contando alguma história para Will e Gabriel.
O loiro se levantou quando viu o amigo, abrindo os braços aguardando um abraço. E assim o ruivo fez, soltando uma brincadeira:
— Droga, havia apostado que a Dama das Armas te mataria.
— Que mulher me mataria após uma boa noite comigo? — respondeu sorrindo abraçando o amigo.
— Todas que você rouba após o sexo. — comentou Will, fazendo todos rirem.
Dwight se sentou a mesa e Will começou a explicar que as negociações com a Dama das Armas em Norms City deram tudo certo, Chris conseguiu comprar tres dúzias de glocks, KG-9 e AK's. Tanto para uso do grupo quanto para tráfico. E também foi explicado a Chris tudo que aconteceu naquele dia mais cedo com Lazarus.
— Então vocês estão com a garota? — questionou o loiro franzindo o cenho.
— Prime está vigiando ela na casa do Bad Assher. — respondeu Dwight.
— E por quanto manteremos a mafiosinha como refém?
Will naquele momento olhou para Gabriel com um olhar sério e julgador, e obteve como resposta um tão sério quanto. Era uma briga de socos e chutes disfarçada de troca de olhares.
— Não temos certeza ainda. — respondeu o negro. — Mas algo terá de ser feito em breve. — completou ainda encarando Gabriel.
Os quatro estavam sentados na mesa, bebendo algumas cervejas, rindo e jogando conversa fora. Porém o clima de farra foi interrompido pelo Bad Assher que entrou na sala, com uma expressão de que vinha com notícias não muito agradáveis.
— Um amigo me ligou avisando que uma briga de rua está se formando na Principal, perto do território dos negros.
— Seu amigo não pensou em ligar para a polícia ao invés da gente? — perguntou Chris.
— A briga é de alunos desordeiros da Foreek High School. — disse Bad Assher olhando para Will.
O negro se levantou rapidamente resmungando um “merda!” e fazendo sinal para os outros o seguirem. Dwight e Gabriel checaram suas pistolas e seguiram o negro, Chris foi mais devagar atrás reclamando:
— Vocês são péssimos com festas de boas-vindas.
Todos adentrarem no jipe, com Will no volante, e partiram em alta velocidade até a rua principal. Próximo da escola da cidade já era possível ver um aglomerado de gente que olhavam vidrados para uma rua secundária estreita. O jipe com o quarteto foi freado bruscamente fazendo uma curva esfumaçante naquela rua, onde foi possível ver alguns adolescentes caídos no chão, outros apanhando contra a parede de quatro negros, com tacos de beisebol na mão.
Will e os outros desceram do carro sacando suas armas e apontando para os negros, que assim que os viram sacaram armas também.
— Apontando armas para a própria raça, Will? — disse o líder da quadrilha, era um negro com uma cicatriz no rosto.
— Não vim aqui para causar uma confusão em cima de uma confusão, Al. — respondeu Fort — Deixe o de boné em paz.
O tal Al olhou para trás e viu um jovem negro de boné e um ferimento no rosto, caído no chão. Sorriu e voltou seu olhar ao negro rival, já havia entendido que se tratava do filho de Will.
— Havia um bando de crianças com facas e pedaço de pau no meu quarteirão, irmão. Algo deveria ser feito.
— Dar uma surra neles foi uma solução bastante pacífica. — ironizou Chris.
Al apenas sorriu de canto para o comentário do loiro e voltou seu foco ao homem de mesma cor.
— A polícia vai chegar aqui em alguns minutos, deixe meu garoto e te garanto que ele não causará mais problemas.
O líder da gangue balançou a cabeça com um gesto positivo, porém um olhar de que aquilo não acabaria ali, e fez um sinal para seus parceiros largarem os jovens e irem embora dali. “Sem mais essas palhaçadas por aqui.” deixou no ar Al.
— Johnny! — chamou Will seu filho fazendo um sinal para ele ir para o carro.
O garoto com uma expressão repleta de marra caminhava um pouco manco até o jipe. Os outros já estavam no veículo, porém Will parou o filho antes que adentrasse o jipe e começou falar:
— Você está tentando se matar?
— E por que você se importa? — respondeu grosseiro Johnny.
— Porque eu sou a porra do seu pai. — falou mais alto Will. — É meu dever te proteger.
— Devia ter usado esse heroísmo pra proteger a mamãe. — disse o garoto encarando o pai, mas depois dando as costas. — Eu vou andando pra casa.
Will ficara sem palavras ao ouvir aquilo de seu filho, tudo que fez foi entrar com a cara fechada no jipe e dar o fora dali. Sem nem mesmo notarem o veículo do detetive Josh que estava em frente a escola, apenas observando eles.
S01E05 - Welcome Party
Spoiler :
O vento balançava seus cabelos conforme acelerava mais rápido a sua Wrangler. Andava pelas ruas de Foreek City naquela bela noite estrelada, com destino a casa de Bad Assher, para além de cumprimentar Prime e checar o garoto, deixar algumas armas que estavam no bar e Will achara melhor tirar elas de lá caso o detetive Josh decidisse fazer mais alguma visita inesperada.
Parou em frente da casa do velhote e se dirigiu até ela, adentrando e largando a mala de armas no sofá. Deu uma olhada na cozinha para ver se encontrava Prime, mas sem sinal do rapaz, continuou mais afundo na casa, indo até o porão. Desceu as escadas e deparou-se com o rapaz entregando um sanduíche um tanto quanto grande para a italiana e um copo de suco.
— Eu comprei mais algumas no mercado, esse deve estar melhor que os anteriores. — dizia Prime.
— Obrigada. — agradecia Claire cabisbaixa, aparentemente não possuía raiva do garoto.
Chris continuou a descer as escadas, pisando mais forte dessa vez para alertar que havia chegado, fazendo os dois olharem para ele com caras assustadas.
— Chris… Você voltou! — disse Prime sem jeito.
— Espero não ter interrompido seja lá o que está acontecendo aqui. Na verdade, eu prefiro nem saber. Só vim dar um olá para você e trazer algumas coisas para cá.
— Fico feliz que tenha voltado.
— Já vou indo. Cuide bem da Miss Máfia. — despediu-se Chris.
Antes de deixar o porão o loiro fez uma careta para Prime que o mesmo entendeu como um aviso de “não faça nenhuma besteira”, e então foi até a sala pegar a mala de armas para esconder, colocou no mesmo guarda-roupas onde antes era esconderijo do dinheiro italiano.
Estava prestes a sair da casa do velho Bad Assher, quando seu celular toca e o mesmo percebe ser um número desconhecido, de qualquer forma atende a ligação.
— Um caminhão de bebidas deixará as armas no bar da sua gangue. — disse uma voz de mulher, bastante seduzente.
— Foi um prazer fazer negócios com você. — respondeu Chris, sorrindo para si mesmo.
— É, realmente foi. — disse a voz da Dama das Armas desligando o telefone.
O loiro deu uma breve e baixa risada após desligar o telefone e foi até a Wrangler para retornar ao bar. Dirigiu tranquilamente pelas ruas enquanto ouvia música country num volume alto que fez com que o mesmo não notasse uma van preta colando ao seu lado. A porta lateral da SUV se abriu, chamando a atenção do loiro, e um homem com máscara de ski e metralhadora começou a atirar no veículo de Chris, que sem pensar duas vezes acelerou mais ainda. A van continuou a metralhar a Wrangler e por fim, bateu no carro do galanteador fazendo com que o mesmo tombasse para fora da pista, caindo num barranco. Causando grandes danos no veículo. A van deu o fora do local, e lá embaixo, estava Chris gemendo de dor com alguns cortes e um tiro no ombro esquerdo.
Com dificuldade ele pega seu celular e disca um número, aguardando que atendessem.
— Aye. — disse a pessoa do outro lado da linha, com um sotaque irlandês.
— Até logo. — despedia-se a doutora Blood de colegas que passavam por ela pelos corredores do hospital.
Chegando na recepção do hospital, para sua surpresa, estava aquele homem que a médica atendeu há alguns dias com ferimentos de briga. Gabriel conversava com a recepcionista um pouco nervoso, procurando por Mary. Quando o rapaz notou a presença dela, se aproximou.
— Hey, eu estava procurando por você. — disse com um sorriso, mas seu tom era nervoso.
— Hey. — cumprimentou de volta Mary estranhando a presença dele. — O que precisa?
Gabriel olhou para os lados para ver se ninguém ouvia a conversa e começou a falar:
— Eu tenho um amigo que está ferido… — iniciou.
— Oh meu Deus, precisa de uma ambulância? — perguntou a médica.
— Na verdade preciso de alguém para tratar ele fora do hospital. — disse Gabriel sem jeito.
No mesmo instante ela percebeu o que estava acontecendo, e fez um sinal para ambos irem para fora do hospital. Quando estavam longe das pessoas, ela tomou a palavra:
— Eu não posso operar fora do hospital. O quão grave é?
— Só alguns cortes… E uma bala no ombro.
A doutora nada pode falar além de reagir com uma expressão de “é sério isso?”. Negativou a si mesma olhando para o nada.
— Por favor, ele está mal. — pediu novamente.
Embora ela soubesse que aquilo não era boa coisa e não quisesse se envolver com o perigo. Ela via bondade no olhar de Gabriel, por algum motivo confiava nele. Levou as mãos até a cabeça e acenou positivamente com a cabeça.
— Está bem, mas temos que pegar algumas coisas em minha casa. — disse Mary.
— Obrigado. — disse o homem aliviado. — De verdade.
Os dois foram até o jipe que o Gabriel veio dirigindo e foram até a casa da médica, que pegou um kit médico com alguns outros utensílios. E com bastante pressa, foram até o Sadboys, onde Chris estava repousando.
Entraram com pressa no bar, que estava vazio, e o velho Bad Assher mostrou aonde eles estavam para a doutora. Foram até a sala dos fundos e lá estava, Chris deitado sobre a mesa, sem camisa, com a jaqueta de travesseiro, acompanhado de Dwight e Will.
— Jesus Cristo. — murmurou Mary enquanto tirava gazes do kit. — Devo perguntar?
Dwight negativou com a cabeça, até porque mesmo se eles fossem dizer, não sabiam que havia atacado Chris. A doutora percebeu que o negro havia chamado Gabriel para fora da sala, suas mãos removiam a bala do ombro do loiro, mas seus ouvidos ouviam a conversa dos dois fora da sala.
— Você trouxe uma doutora para tratar de um ferimento de bala? — indagou Will.
— Nós podemos confiar nela. — disse Gabriel.
— Ah, é? E a quanto tempo você conhece ela? — insistiu o negro, inconformado com a situação.
Gabriel não quis responder para não dar argumentos ao parceiro, mas continuou a defender a médica:
— Ela veio até um bar tratar de um desconhecido fora do hospital, Will. O que você acha que ela vai fazer com isso? Nos ameaçar em troca de favores? Se não fosse por ela, Chris poderia piorar. Ela está nos ajudando, eu confio nela.
— Isso e a garota Marconi explodirá um dia. — alertou Will. — E caíra sobre você! — terminou apontando para Gabriel e voltando para a sala.
Dwight segurava Chris para que ele não se mexesse muito enquanto a doutora removia a bala. E logo depois a médica limpou o ferimento e fez um curativo, terminando finalmente.
— Obrigado, doc. — agradeceu o loiro, meio fraco ainda.
— Sem problemas. — disse Mary dando um sorriso para ele e os outros.
A profissional juntou o que sobrou do kit médico e se retirava da sala, quando retornou como se tivesse esquecido algo e encarou Will.
— Eu não falarei nada.
Foi tudo que dissera, fazendo Will retribuir apenas assentindo sem jeito. Gabriel se ofereceu para levá-la em casa. E então os dois saíram do bar, deixando o clima um pouco menos tenso.
S01E06 - Begins
Spoiler :
Dirigia em silêncio com a companhia da doutora na carona. Não dizia nada pois não havia palavras para explicarem a situação para ela, então a conversa do carro se resumia em Mary explicando onde ficava sua casa para ele.
A médica, inquieta, puxara assunto:
— Então… Você e seu chefe parecem terem algumas diferenças.
Gabriel fungou uma risada.
— Ele não é meu chefe. — respondeu olhando para a rua através da janela do carro. — Está mais para um amigo que está se distanciando.
— Posso perguntar o que vocês fazem?
— Temos uma loja de bebidas. — respondeu rindo.
Mary revirou os olhos rindo também, no fundo ela sabia que era melhor não saber. Aos poucos o sorriso de Gabriel sumia, conforme ele lembrava do passado quando tinha seus quinze anos e morava na rua, Bad Assher e Will precisavam de alguém para um trabalho sujo qualquer e o destino cruzou seus caminhos, dando a oportunidade de Gabriel sair das ruas mas como consequência entrar para a vida do crime.
Se desfez das memórias do passado e reparou a médica olhando para o movimento da estrada, quieta. Não podia negar que havia achado ela uma pessoa interessante, além de bela.
Minutos depois estavam em frente a casa de Mary, ambos desceram do jipe e o homem acompanhou ela até a porta.
— Obrigado de verdade pelo que fez hoje. — agradeceu novamente Gabriel.
— Está tudo bem. — disse pegando as chaves em sua bolsa. — Obrigada pela carona.
Os olhares dos dois se encontraram, deixando Mary sem jeito. Um pouco atrapalhada ela fala:
— Bem, boa noite ent…
Fora interrompida pelos lábios de Gabriel que tocaram os seus, inesperadamente. Foi um beijo rápido, mas marcante o suficiente. O homem se afasta sorrindo.
— Boa noite.
Mary apenas acena com a cabeça sem jeito e corada, entrando para dentro de casa. E Gabriel vai até o jipe para retornar ao bar, dando uma risada devido ao que fez.
Conversava com Chris enquanto Will estava num telefonema, o loiro estava sentado num sofá que ficava na sala de reuniões, reclamando da situação:
— Eu volto a dizer: vocês são péssimos com festas de boas-vindas. — disse fazendo uma careta devido ao ombro ferido.
Dwight apenas riu do amigo, dando um gole numa garrafa de cerveja que bebia. O negro retornou para sala desligando o celular e começou a falar:
— Era um dos homens de Lazarus. — fez uma pausa olhando para baixo — Deu os detalhes de onde fica o galpão dos russos e para onde temos de levar as armas.
— Vamos mesmo fazer isso então? — questionou o irlandês.
— Ainda não sei. Isso é claramente esse maldito italiano nos testando, ele tem homens suficientes para pegar as armas daquele galpão.
Chris tomou a palavra dessa vez, dando uma ideia:
— E que tal as armas da Dama? Podíamos oferecer para ele.
— Mas ele não afetaria os russos com isso. Ele quer causar dano na máfia rival e na gente ao mesmo tempo. — falou Dwight. — Nós temos que pensar muito antes de tomar uma decisão.
O negro e o loiro concordaram com a cabeça.
— E quanto ao nosso outro problema? — falou Chris. — Os caras que me atacaram.
— Eu vou falar com o Al. Se foi ele, resolveremos isso. — respondeu Will.
Após mais alguns minutos de assunto, Dwight despediu-se dos amigos e foi para casa passar a noite com sua mulher, já havia sido um dia e tanto e uma boa noite de sono faria bem. Teve o dobro de cuidado no caminho para não ter nenhuma surpresa desagradável como houve com seu amigo. Após um aparente tranquilo caminho, chegara em casa. As luzes estavam todas apagas, indicando que Barbara já estava dormindo.
Entrou no quarto e lá estava ela, deitada apenas com um abajur acesso ao lado da cama. Se virou quando ele adentrou o recinto, sorrindo para ele e feliz por vê-lo bem, mas, ainda assim, preocupada já que Chris havia sido atacado mesmo depois do marido dizer que eles não estavam em perigo.
— Estava esperando por você. — falou em tom baixo a mulher.
O ruivo sorriu para sua amada e despiu-se, deitando ao lado dela. Colocou sua mão no branco rosto dela e começou a beijá-la. Começara a se desfazer das roupas de Barbara, tendo enfim algum momento de prazer após vários problemas. E ali ficaram até o sono tomá-los por completo.
Após uma comum noite em claro, Josh já estava no seu escritório cedo da manhã. Observava um quadro de pistas e ligações do caso Marconi, enquanto tomava uma xícara de café para mantê-lo ativo. Criava hipóteses, possíveis cenários em sua cabeça e tentava encaixar as peças daquele quebra-cabeça.
A maior dificuldade do caso era a falta de pistas, já que tudo que tinha era corpos baleados, uma garota desaparecida e um palpite de quem seriam os responsáveis pelo crime, mas sem prova nenhuma além de achismo. Porém, Cohle não era nenhum detetive qualquer. Encerrou 90% dos casos no último ano, um total de cinquenta criminosos presos. Havia realmente algo de especial no homem, embora julgado estranho pelos outros.
Ouviu batidas na porta de sua sala e sem tirar os olhos do quadro de pistas, informou que estava aberta rapidamente para seja quem fosse entrar, mesmo desaprovando que o incomodassem.
— Detetive Cohle? — disse uma voz feminina estranha.
O mesmo se virou e deparou-se com uma mulher e um homem parados, ambos com distintivos na cintura.
— Agente Anna Danvers, FBI. — se apresentou estendendo a mão para o detetive. — E esse é meu parceiro, o agente Nelson Barnes.
Josh olhou para os dois e depois para mão da mulher, enfim apertando. Mas logo em seguida voltando sua atenção para o quadro. Os agentes se entreolharam após o oficial ter praticamente os ignorados, mas a mulher voltou a falar:
— Fomos mandados pelo governo para investigar junto com você o acontecimento em Venturas.
O detetive fez uma anotação na lousa e permaneceu em silêncio, fazendo com que Anna estranhasse o homem mais ainda. Após uns segundos sem palavras, Josh fala:
— Vocês não são muito jovens para serem agentes do FBI?
— Somos ambos agentes renomados, nossa idade não influencia em nossa competência. — disse a agente já perdendo um pouco da paciência com o jeito de Josh.
Josh largou a caneta na mesa, terminou seu café e pegou sua jaqueta na cadeira. Retirou-se da sala dizendo para os dois agentes:
— Eu não preciso de ajuda nesse caso.
E desapareceu tão rápido que nem pode ouvir o irônico “claro que não” que a federal largou após ele sair.
Estava dirigindo pela rua principal indo rumo a Venturas, para dar mais uma olhada na mansão Marconi, porém quando estava próximo da esquina onde ficava o Sadboys, reduziu a velocidade notando Will recebendo um caminhão de bebidas no bar. Primeiramente não havia dado importância, até ver o negro entrando no veículo e o caminhão saindo dali sem deixar nenhuma bebida. Notara também a placa do caminhão indicando ser um veículo de Norms City, então para investigar, Josh seguira o veículo.
S01E07 - Drinks
Spoiler :
— Aqui está o endereço onde você vai deixar as armas. Um dos meus caras está lá. — disse Will entregando um papel ao motorista do caminhão de bebidas.
— Certo. E você, ficará aonde? — perguntou o gordo de bigode e boné que transportava as armas.
— Na próxima rua, na primeira casa branca. — repondeu Will.
O caminhão parou na casa desejada pelo negro e o mesmo desceu do veículo, se dirigindo até a casa. Josh que estava de carro logo atrás, estranhou mas continuou a seguir o caminhão de bebidas.
William entrando em sua casa, atira-se no sofá, soltando um longo suspiro. Havia uma grande decisão a tomar sobre a situação com os italianos, ainda tinha a garota na casa do Bad Assher e agora o ataque que Chris sofrera. Tinha convicção de que acertaria as coisas com Lazarus colocando a culpa do assalto na máfia russa, mas subestimou a inteligência dele, agora ele estava dentro do joguete do chefão Marconi.
Ainda aguardava uma resposta de Al, queria ir a fundo nessa investigação para ter certeza de que não havia sido os homens do gângster que atacaram Chris. Mas infelizmente não havia conseguido contatar o homem, teria de ir pessoalmente até lá.
Escutara a maçaneta da porta girar, eis que Johnny chega em casa, acompanhado de uma bela jovem, de cor negra e longos cabelos trançados. O garoto ao ver o pai fez uma cara de desapontamento e apenas fez um gesto de “vamos lá” para a garota, subindo as escadas rumo ao seu quarto. Will apenas negativou a si mesmo. Embora fosse carrancudo, lhe chateava a distância que tinha com seu garoto devido a Johnny culpá-lo pela morte de sua mãe.
Tentando não se afogar em tristes lembranças, Will ligou a televisão e começou a assistir aos noticiários. Após alguns minutos das notícias de esporte, o tédio do negro fora apagado quando apareceu a foto de Claire Marconi e o repórter noticiando que ela ainda estava desaparecida. Os pais da garota falaram poucas palavras, apenas que tinham fé de que ela estivesse bem. Will não conhecia muito bem o irmão de Lazarus, mas até onde ele sabia o mesmo não se envolvia com assuntos da máfia.
Ouviu o barulho de passos descendo as escadas e vira seu filho indo até a cozinha, abrindo a geladeira e procurando por algo. Foi até a cozinha e puxou assunto com o garoto:
— É uma bela garota.
— É. — respondeu ignorante como sempre.
Pegou duas garrafas de cerveja da geladeira e começou a direcionar para as escadas novamente, mas Will tomou a sua frente trancando sua passagem, segurando seu braço.
— Eu sinto muito, filho. — disse num tom melancólico. — E eu sei que você passou por muita merda por minha culpa. Mas eu te amo, Jonhny.
O garoto tentou disfarçar mantendo a expressão fechada, mas não podia esconder seu olhar surpreso com aquelas palavras. Não conseguira largar outro comentário arrogante, apenas assentiu para o pai, que o retribuiu e o deixou subir as escadas.
Will coçou a cabeça e voltou ao sofá, para tentar descansar um pouco. Os próximos dias seriam bastante cansativos.
— Detetive, Josh. Aqui é a agente Danvers. Solicitamos sua presença no departamento de polícia.
Josh apenas ignorou o comunicado da agente através seu rádio de polícia da caminhonete, desligou o aparelho após isso. Seguia numa certa distância o caminhão de bebidas, dirigindo disfarçadamente o máximo que pudesse, a princípio não havia sido notado.
Começara a estranhar o caminho, já que estavam se afastando do centro da cidade. Quando estava prestes a desistir de seguir o veículo, notara que ele parara em uma casa um pouco mais isolada que ficava no fim da cidade.
O detetive parou próximo de algumas árvores, e começou a observar de longe. O cenário era um gordo descendo do caminhão e aguardando resposta de dentro da casa. Eis que surge Prime de dentro da casa, indo até a traseira do caminhão junto do homem e como Josh suspeitava, a carga não era bebida. Através de um carregador, eles desceram dois grandes caixotes de madeira e começaram a carregar até os fundos da casa.
Tomara um pequeno susto quando ouviu um som de carro velho se aproximando, virou-se para a estrada e notou uma picape velha parando ao seu lado. O motorista era nada mais nada menos que o velho Bad Assher.
— Dando um tempo da cidade, detetive? — brincou o velhote.
O policial teve de pensar em alguma boa resposta, já que foi pego em flagrante espionando um possível crime. Com seu jeito único de sempre, responde o veterano:
— Vai ser uma festa e tanto, presumo, devido ao tanto de bebida que fora entregue nesse local. — o comentário tirou uma breve risada do velho que ficou sério sucessivamente — Se importaria se eu desse uma olhada?
— Volte com um mandato e eu deixo até você capinar meu gramado, detetive. — respondeu sério Bad Assher. — Até mais ver.
O homem deu partida em sua picape fumacenta e dirigiu rumo a casa. Não demorou muito para o gordo motorista do caminhão retornar e dar o fora do local, seguindo direto para fora da cidade. Rumo a Norms City, provavelmente.
O celular do detetive começara a tocar, dizia ser do departamento de polícia. O mesmo, bufando, atendeu querendo ver o que queriam logo.
— Agora eu entendo porque você trabalha sozinho. — disse a voz de Anna. — Se tiver terminado seja lá o que for mais importante que ouvir o que temos a dizer, apareça na sua sala. Temos novas informações sobre o caso Marconi.
— Estou ouvindo. — disse Josh.
— Você tem um “amigo” chamado Gabriel Heisen, não é? Ele deu entrada no hospital com ferimentos de uma suposta briga no dia do crime. Talvez a doutora que atendeu ele tenha algo que lhe interesse. — a agente informou sendo retribuída por um silêncio. — Acredito que a palavra que procura seja “obrigado”.
Ignorando a brincadeira da federal, Josh desligou o celular e entrou em sua caminhonete. Olhou novamente para a casa e começou a raciocinar. Se ele fosse até o departamento de polícia buscar um mandato, seria tempo o suficiente para eles sumirem com seja lá o que tivesse nos caixotes. E mesmo que conseguisse incriminar eles, prenderia os dois membros menos influentes do grupo, não teria como ligar os outros ao tráfico. Infelizmente, Josh teve de abrir mão daquela situação, para encontrar um jeito de incriminar todos de uma vez. Deu partida em seu carro e se dirigiu até o centro da cidade novamente para pegar informação da doutora com os federais.
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Última edição por Chris em Qua Set 21 2016, 22:29, editado 18 vez(es)