Difícil de falar desse filme, apesar de eu ter gostado muito.
Spoiler :
Dos melhores reflexos de descaso juvenil, — por parte dos pais, professores e dos próprios adolescentes consigo mesmos, — que eu já vi num filme do tema, que não é nada simples. Difere dos outros ao focar não nos alunos, que são meros coadjuvantes, mas no professor, que assim como os estudantes é uma pilha de incertezas, infelicidade e sentimento de falha. Professor substituto, o personagem do Adrien Brody era tão inseguro que não se permitia algo constante ("We all need something to distract us from complexity and reality", no caso dele o emprego que ele não deixava se tornar algo "real") ficava algumas semanas e trocava de escola, e a distância que ele colocava entre ele e qualquer outro era um reflexo do vazio que sentia e dos próprios problemas que vivenciou: dos cuidados ao avô senil, que podia ter abusado da mãe que se matou, ao trabalho caótico e todas as crianças perdidas que encontrou pelo caminho, — mas em todo caso ele usava de empatia pra enfrentar a indiferença, apesar das próprias angústias.
Gostei muito que o filme não é exageradamente otimista, como a maioria que trata de educação é, e sim desoladoramente real. As coisas dão errado, o alcançável está longe de ser o utópico: professor falha, os pais falham, os alunos falham fodidamente, e a maioria nem se importa, um aluno pode ser "consertado", mas ainda vão ter milhares no caminho errado e outros milhares que irão pra esse caminho. De qualquer maneira, o Henry continua fazendo o seu melhor, do jeito que pode, contra o desapego com o próximo. O estilo de direção que simula um documentário fortalece a veracidade da história, que apesar de fictícia, é muito real. 5/5.