Não esperava nada diferente do Guliel...
Spoiler :
Triste e desconfortável, mesmo que tenha muito a dizer. É no mínimo desolador pensar a vida do personagem principal como algo real e medir as consequências de uma guerra: inicialmente jovem, apaixonado e sonhador; virando algo sem braços e pernas, — e boca, olhos, ouvidos e nariz, — só tronco, cabeça e consciência, 'um pedaço de carne que pensa' como ele mesmo se define. E é pior ainda pensar que, guardadas as devidas proporções, milhões de jovens tiveram fins iguais ou até piores por motivos que nem eram de seu respeito, com vidas e sonhos jogados no lixo.
Tanto a cena em que ele nota não ter os membros quanto a que percebe que seu rosto foi mutilado são sufocantes; mas a hora em que ele se desespera pra tentar pedir socorro e ninguém entende me deixou desconfortável pra caramba, puta aflição se imaginar no lugar de alguém numa situação dessas.
É clara a angústia que o filme passa quando o final feliz é ele conseguir morrer, e mesmo assim falha, tendo que viver como um pedaço de carne sedado numa mesa de hospital, sem ninguém pra ajudar. Com certeza no top 5 filmes mais desconfortáveis que já vi, e espero nem tão cedo ver de novo, mas se sai bem em tudo: estrutura, direção, roteiro, atuações e, especialmente, na crítica que faz. Os momentos de sofrimento na cama foram muito bem intercalados com as cenas coloridas, de memórias e sonhos desperdiçados. 5/5.
Estranho ver que o Donald Sutherland, em 1970 e 2015, parece a mesma porra.