O sol ardente das terras de verão tremeluzia sobre as águas escuras do Ramo Verde. Resfolegou com a brisa fresca do sul inundando-lhe as narinas, expirando-a em seguida. Por mais bem recebido que tenha sido no Norte, sentia-se bem por voltar ao Sul, — era um homem acostumado com o sol escaldante de Essos.
Ao bater os olhos nas Gêmeas Rhaego sentiu uma angústia febril crescer em seu âmago, entre as ameias das fortificadas torres-irmãs ligadas pela grandiosa ponte estavam fincados os estandartes das casas nortenhas traidas, que balançavam com o sopro do vento, — estavam aos trapos e manchadas em sangue, com um corpo esfolado preso a estacas. O tyroshi prontamente desviou o olhar para os amigos, se para ele já havia sido desconfortável não podia imaginar o que eles sentiam. Droenn sempre fora duro como gelo, desde que o conhecera, mas o ódio em sua expressão era palpável ao avistar aquilo; Alayne, por sua vez, não fazia questão de esconder o que sentia por trás de um semblante frígido. Algo queimava dentro dela, Rhaego já havia sentido aquilo diversas vezes, e ele só podia sentir pena dos soldados que cruzassem seu caminho. Roose Bolton..., ele pensou, para um homem tão temido é na mesma medida estúpido ao brincar com a honra de nortenhos de tal maneira. Lembrava-se das consequências de seu ato ao fincar a cabeça do filho do Khal em uma estaca, e de como aquilo servira de incentivo para os inimigos. Pagará com o sangue, certamente. O Norte se lembra.
A primeira semana de cerco havia sido completamente infrutífera, os Freys estavam preparados para o ataque e afugentaram qualquer tentativa de invasão ao forte castelo. Daeron enfiou-se em sua tenda e só saiu de lá quando foi a procura de seu dragão, e assim que voltara ordens lhes foram dadas para se prepararem. Rhaego recebera uma armadura simples, que apesar de favorecer a mobilidade lhe era desconfortável, havia acostumado-se com o couro flexível a tal ponto que o simples tilintar da cota de malha atacava-lhe os nervos, — mas era ciente da proteção extra que garantia. Logo que se aprontaram o dragão os sobrevoou e avançou impiedoso contra as muralhas do castelo, ele parecia maior, e mais perigoso, do que nunca.
— Tremendo, Rhaego? — escutou Alayne provocar-lhe, ao seu lado
— Ainda não, mas caso a senhorita comece, recomendo-a voltar para o tricote. — Respondeu com um sorriso, fazendo-a rir.
Gritos engoliram qualquer possibilidade de resposta da loira quando o portão levadiço foi içado e a invasão teve seu início. Inúmeros soldados esperavam-os no interior do pátio, onde ambas as forças colidiram em meio a berros, encontro de lâminas com escudos e o som de carne rasgando.
A sua frente três homens esperavam-o, dois de espadas e um com machado, apenas um de cada estava com escudo. O homem de cabelos azuis mantinha a postura ereta, com o arakh a altura da cintura e a mão esquerda elevada em frente ao rosto. Podiam ter sobrevivido a primeira semana, mas ele via que eram todos covardes, — havia medo por trás de seus olhos, e Rhaego podia saboreá-lo.
Esperou o primeiro avançar e rodopiou, — sabia que parado era um alvo fácil, — girando pelo flanco vazio e desferindo diversas pancadas contra o escudo. Aço cantou durante uma troca de golpes, até que seu arakh encontrou espaço e decepou o braço armado do inimigo acima do cotovelo. Rhaego empurrou o homem assustado para trás e saltou sobre o segundo deles, que foi ao chão ao receber um chute, acobertando-se atrás de seu escudo. Foi necessária apenas uma investida da lâmina valíriana para que o escudo partisse em dois e lascas de madeira voassem pelo campo de batalha. Uma segunda foi suficiente para degolá-lo, fazendo um jorro de sangue espirrar sobre o solo. O terceiro e último tentou cravar a espada em suas costas, mas o arakh interpôs-se. O mercenário virou-se para ajeitar o corpo e impeliu ambas as lâminas que se enroscavam, jogando todo seu peso sobre a mão esquerda e chocando a manopla contra a lateral do rosto do rapaz. Sentiu o impacto percorrer seu braço quando colidiu com o crânio do oponente, que teve a lâmina esfumaçada abrindo sua barriga antes que pudesse retomar a consciência.
Ao bater os olhos nas Gêmeas Rhaego sentiu uma angústia febril crescer em seu âmago, entre as ameias das fortificadas torres-irmãs ligadas pela grandiosa ponte estavam fincados os estandartes das casas nortenhas traidas, que balançavam com o sopro do vento, — estavam aos trapos e manchadas em sangue, com um corpo esfolado preso a estacas. O tyroshi prontamente desviou o olhar para os amigos, se para ele já havia sido desconfortável não podia imaginar o que eles sentiam. Droenn sempre fora duro como gelo, desde que o conhecera, mas o ódio em sua expressão era palpável ao avistar aquilo; Alayne, por sua vez, não fazia questão de esconder o que sentia por trás de um semblante frígido. Algo queimava dentro dela, Rhaego já havia sentido aquilo diversas vezes, e ele só podia sentir pena dos soldados que cruzassem seu caminho. Roose Bolton..., ele pensou, para um homem tão temido é na mesma medida estúpido ao brincar com a honra de nortenhos de tal maneira. Lembrava-se das consequências de seu ato ao fincar a cabeça do filho do Khal em uma estaca, e de como aquilo servira de incentivo para os inimigos. Pagará com o sangue, certamente. O Norte se lembra.
A primeira semana de cerco havia sido completamente infrutífera, os Freys estavam preparados para o ataque e afugentaram qualquer tentativa de invasão ao forte castelo. Daeron enfiou-se em sua tenda e só saiu de lá quando foi a procura de seu dragão, e assim que voltara ordens lhes foram dadas para se prepararem. Rhaego recebera uma armadura simples, que apesar de favorecer a mobilidade lhe era desconfortável, havia acostumado-se com o couro flexível a tal ponto que o simples tilintar da cota de malha atacava-lhe os nervos, — mas era ciente da proteção extra que garantia. Logo que se aprontaram o dragão os sobrevoou e avançou impiedoso contra as muralhas do castelo, ele parecia maior, e mais perigoso, do que nunca.
— Tremendo, Rhaego? — escutou Alayne provocar-lhe, ao seu lado
— Ainda não, mas caso a senhorita comece, recomendo-a voltar para o tricote. — Respondeu com um sorriso, fazendo-a rir.
Gritos engoliram qualquer possibilidade de resposta da loira quando o portão levadiço foi içado e a invasão teve seu início. Inúmeros soldados esperavam-os no interior do pátio, onde ambas as forças colidiram em meio a berros, encontro de lâminas com escudos e o som de carne rasgando.
A sua frente três homens esperavam-o, dois de espadas e um com machado, apenas um de cada estava com escudo. O homem de cabelos azuis mantinha a postura ereta, com o arakh a altura da cintura e a mão esquerda elevada em frente ao rosto. Podiam ter sobrevivido a primeira semana, mas ele via que eram todos covardes, — havia medo por trás de seus olhos, e Rhaego podia saboreá-lo.
Esperou o primeiro avançar e rodopiou, — sabia que parado era um alvo fácil, — girando pelo flanco vazio e desferindo diversas pancadas contra o escudo. Aço cantou durante uma troca de golpes, até que seu arakh encontrou espaço e decepou o braço armado do inimigo acima do cotovelo. Rhaego empurrou o homem assustado para trás e saltou sobre o segundo deles, que foi ao chão ao receber um chute, acobertando-se atrás de seu escudo. Foi necessária apenas uma investida da lâmina valíriana para que o escudo partisse em dois e lascas de madeira voassem pelo campo de batalha. Uma segunda foi suficiente para degolá-lo, fazendo um jorro de sangue espirrar sobre o solo. O terceiro e último tentou cravar a espada em suas costas, mas o arakh interpôs-se. O mercenário virou-se para ajeitar o corpo e impeliu ambas as lâminas que se enroscavam, jogando todo seu peso sobre a mão esquerda e chocando a manopla contra a lateral do rosto do rapaz. Sentiu o impacto percorrer seu braço quando colidiu com o crânio do oponente, que teve a lâmina esfumaçada abrindo sua barriga antes que pudesse retomar a consciência.