Qual foi o último livro que você leu?

Aqui foi:

O meu foi "Um Império de Gelo - Scott, Shackleton e a Idade Heróica da Ciência Na Antártica" de Edward J. Larson (ed. L&PM).



http://livraria.folha.com.br/livros/historia/imp-rio-gelo-edward-j-larson-1316408.html

O livro mescla muito bem as aventuras dos desbravadores do Polo Sul, mas que também buscavam "fazer ciência" de 1ª qualidade.
É uma outra abordagem para o tema, que vai além da clássica visão de uma simples corrida para ser o primeiro a chegar ao extremo sul.

Terminei ontem.
O rei do inverno (vol 1 de 3, da série As Cronicas de Artur).

O Estilo Mafioso De Gerenciar

Michael Franzese é uma das raras pessoas que deixou a Máfia e está viva para compartilhar os segredos do sucesso nos negócios da maior e mais antiga organização criminosa do mundo. Franzese vai provar para você que a forma como ele fazia milhões por semana dentro da máfia pode ser aplicada aos negócios fora da Máfia (menos a parte ilegal, é claro).

Bem legal, principalmente quando o autor compara as ações da máfia da tv e filmes com a verdadeira máfia das ruas.

Bem, Estação onde de Emily ST. Jhon Mandel foi um livro que estava bem ansioso pra começar a ler, ele retrata um futuro pós-apocalíptico (Nossa Rodrigo, que original) após a um surto de gripe da Geórgia (Gripe suína) que pôs um fim no mundo como conhecemos. No entanto os poucos que sobreviveram vão se adaptando ao novo mundo como podem, usando carros como carroças, fast-foods como casa e por aí vai. o único problema é um romance que inventaram no meio que é recorrido sempre com um flashback do velho mundo, o que costuma demorar. fora isso é um livro que recomendo sim.

Mitologia Nórdica.

O último foi Belas Maldições, me arrependi apenas de não ter lido antes, tranquilamente um dos livros mais divertidos que já li

É um ensaio pequeno e denso que busca ler, da ótica socio-filosófica, as principais doenças mentais causadas pela atual conjuntura da sociedade, como depressão, TDAH e Síndrome de Burnout. E o faz com precisão assustadora, para um livro de dez anos atrás.

A partir do começo do século XXI, quando evoluiu da sociedade da disciplina, da relação submissa bem definida de chefe e empregado, senhor e escravo, a humanidade foi acometida pela onda de positividade contemporânea: o lema é “nós podemos”, não há limite para a ação, a liberdade é plena e o empreendedorismo individual está em alta. Todos são chefes e funcionários de si mesmo, e o “eu” é uma empresa na qual o indivíduo dessa sociedade de desempenho investe pesadamente, sendo gratificado com ilusórias sensações de liberdade e autorrealização. Ilusórias pois o indivíduo não está liberto de nada, está preso na constante busca narcisista à melhor versão de si mesmo e nunca atinge a autorrealização.

Esse panorama gera expectativas e competições interiores que jamais culminam em coisa alguma que não o cansaço, que não as doenças neuronais como depressão, TDAH e Síndrome de Burnout. O autor ainda defende que esses transtornos não são resultado do acúmulo daquilo que é negativo, mas daquilo que é positivo: informação, projetos, autorrealização, poder, multitasking, motivação, expectativa, e por aí vai. A internet agrava tudo.

Se tudo o que se vivencia é positivo em demasia e não existe equilíbrio entre o positivo e o negativo, o cérebro aos poucos recompensa cada vez menos com bem-estar. E isso é notável, basta ficar dias sem fazer aquilo que se gosta, ou sair da zona de conforto. Ao retornar, a sensação de recompensa é muito maior. Aplicando-se isso à escala macro da sociedade do desempenho, dos projetos de vida e metas utópicas, das aparências, da multitarefa, tem-se “zumbis saudáveis e fitness [...] por demais mortos para viver, e por demais vivos para morrer”. Talvez o progresso, a igualdade, a facilidade, a amplitude de possibilidades não sejam sinônimos de um mundo definitivamente mais saudável. Cada vez mais nossas doenças deixarão de ser imunológicas para se tornarem psíquicas.

Para citar o autor: “A sociedade disciplinar ainda está dominada pelo não. Sua negatividade gera loucos e delinquentes. A sociedade do desempenho, ao contrário, produz depressivos e fracassados.”

Lintzi escreveu:

Terminei ontem.
O rei do inverno (vol 1 de 3, da série As Cronicas de Artur).

Bão demais!

Vou ficar usando esse tópico pra recapitular o que eu ando lendo.


Foi escrito por um indígena, e nunca fui de ligar pra alguma causa, mas durante a leitura consegui estabelecer empatia com a cultura nativa que sofre supressão de pouco em pouco até um dia ser totalmente extinta. O título é assumidamente mera provocação, já que não dá norte para resolução de problemas ambientais, mas, ao evidenciar a extinção da cultura indígena como reflexo direto de um mundo cada vez mais despreocupado em se relacionar com a natureza e que é focado no progresso apenas pelo progresso, já elucida uma questão que imagino passar despercebida por boa parte da população - da elite e das classes médias, principalmente. A cultura indígena é o que se tem de mais íntimo e verdadeiro em relação à terra e ao meio ambiente. É por essa razão que são especialistas da subsistência. É a única “sustentabilidade” legítima, e tudo que se tenta reproduzir atualmente, na cidade e no campo, são tentativas de se aproximar dessa relação, enquanto contentamo-nos orgulhosamente com o resultado mínimo que obtemos, sendo que podíamos mais. Acabar com o que resta desse povo, sem tentar aprender e aplicar em mundo globalizado, é assumir que não se liga mais pra questão ambiental, e aquilo que se produz na tentativa de resgate e controle de danos é falso e efêmero. As implicações disso não pertencem à esfera política ou ideológica, até porque o tempo cobra, eventualmente, e cobra todo mundo.

Não é que o homem devia abandonar o mundo globalizado e morar no mato. Mas existe, de fato, o progresso pelo progresso ali na entrelinha, limitando ações em prol do meio ambiente. A necessidade de manter viva a cultura nativa é em razão da perda irrecuperável de conhecimento crucial, principalmente no que diz respeito à sustentabilidade e ao meio ambiente. Enfim, o discurso é bonito e toca, mas eu não sei se essa é uma questão que ainda tem salvação.

Prazeroso e divertido de ler, faz uma crítica pesada ao comunismo soviético stalinista. Apesar de fábula, quase tudo que acontece é uma metáfora ao real, assim como os personagens. Toda sociedade tem um Sansão e uma Quitéria, fortes, aptos, porém burros demais para fazer qualquer outra coisa que não seja trabalhar - consequentemente, submissos e obedientes; uma Mimosa, o contingente burguês cuja participação social depende dos próprios interesses privados; um Benjamin, a quota intelectual seleta e reclusa que vive num niilismo social, estagnada - não ajuda, nem atrapalha, apenas existe, enquanto entende tudo. A ausência de uma democratização da educação é um tema pungente e o livro ilustra muito bem os resultados disso numa sociedade, que são as dominações. Não é atoa que se tornou uma das maiores referências anticomunistas.

Entrei de férias e agora vou finalizar essa série