Demoraram alguns dias para que chegassem no Norte. Perto daquelas terras, o mar começou se tornar mais violento, as brisas mais frias e o céu se tampar por nuvens negras, chovendo e trovejando sem parar. Foi assim por dias, até que finalmente chegassem em terra firme. Os cinco navios zarparam nas águas de uma vila qualquer que usariam como porto. Usaram todos barcos e ainda assim demorou quase duas horas para que todo exército chegasse na praia. Os membros do Pequeno Conselho foram os primeiros a chegar. Ali, já não havia mais tempestade, apenas estava de noite, uma noite que parecia mais escura que qualquer outra que viram na vida. O ar estava pesado e congelante, batia contra o rosto deles trazendo o desagradável cheiro de morte, mas para onde andavam e para onde olhavam na vila, não havia sequer um cadáver ou algo vivo para contar história. Apenas silêncio e solidão. Viam que algumas casas, cercas, barracas e outras coisas estavam quebradas, mas era apenas isso. Não importasse quantos homens tinham ou quem tinha atacado, nenhum massacre desaparecia do local onde ocorrera.
Avançaram para floresta não muito longe da vila, adentrando-a. Ali, as coisas se tornaram diferente. No momento que adentraram aquelas árvores, foi como se tivessem sido cercados por uma névoa escura, um breu interminável, tiveram que acender inúmeras tochas para enxergar. Mas aquilo não era a única coisa. Nenhuma alma ali, nenhuma, não sentiu todos pelos do corpo se arrepiarem. Nenhuma alma ali não foi dominado de repente por medo, a sensação de serem observados, de algo os esperar, de algo rastejar entre eles, procurando agarrar suas pernas e levar para a escuridão desconhecida naquelas terras. Os homens que vinham nas laterais da grande quantidade que caminhava pela floresta, sentiam puro medo do que poderia vir por ali, e os que vinham atrás tentavam se misturar com os da frente desesperadamente, temendo o que viria por trás. Droenn que liderava em frente, sentiu as mãos e as pernas tremendo, como se tivesse em seu oitavo dia do nome e fosse jogado numa caverna escura, cheia de seus pesadelos. O sentimento de desolação era insuportável, tenebroso, aflitivo e, por algum motivo, mortal.
Mas continuaram seu caminho.
Os cavalos começaram relinchar e não querer avançar. O dragão de Serena que voava sobre as árvores, desceu e começou a voar baixo, perto dela, como se fosse um simples pássaro atravessando uma floresta qualquer. Para um dragão, aquilo era anormal.
Treze horas depois de chegarem em terra, a noite continuava. Perguntando aos soldados, alguns que prestavam atenção no tempo disseram que aquela altura o sol já devia ter surgido. Duas horas depois, estavam finalmente fora da floresta e dentro de uma área mais aberta. Puderam ver melhor o céu e ele estava tão escuro que nem conseguiam ver as nuvens, tampouco as estrelas, a lua parecia engolida naquela escuridão. Pareciam estar dentro de uma caverna mesmo a céu aberto, onde precisavam de tochas para enxergar.
Faltavam dois dias ou menos para chegarem as florestas da casa Hornwood, onde pretendiam procurar notícias sobre o que acontecera. Acamparam aos pés de um grande rochedo, onde ficaram apenas algumas horas e voltaram a marchar. E a noite continuava.
Entraram numa floresta pouco depois de saírem do acampamento, ali o frio estava se tornando tortuoso. Droenn há horas esfregava o pescoço com as mãos, coçando, apertando, tentando desesperadamente aliviar a tensão e pressão que começava surgir ali. Rhaego, olhando-o, disse que as marcas se tornavam mais visíveis a cada dia. E aquilo não era a única coisa que tinham notado que crescia a cada dia.
Os desaparecimentos também.
Notaram no acampamento. Homens disseram que seus amigos estavam desaparecidos. Houve uma contagem de diferentes grupos e o número era de três mil e cem. Quinhentos homens tinham desaparecido sem que ninguém visse. Como?, era a pergunta que todos se faziam. Na floresta, tudo piorou. Sem que percebessem novamente, homens vieram gritando que soldados estavam sumindo. O pior daquela vez é que notando enquanto andavam, descobriram que os sumiços vinham das laterais e o fundo do exército. Estava tão escuro que uma criança poderia enfiar a adaga nas costas de um homem e arrastá-lo para trás de uma árvore sem que ninguém visse.
Seis horas depois, tinham dois mil e oitocentos homens.
Dez horas depois, a noite continuava. Os homens começaram ficar doentes, outros pareciam enlouquecer, atacando os companheiros até conseguirem os acalmarem, alguns sentavam-se escorados em árvores ou pedras, choravam por suas mães e não conseguiam mais levantar-se. Os soldados começaram chamar aquilo de Doença do Inverno. O resto que não se "adoentava" começava a tremer e sentir medo de tudo ao seu redor, tramar em sua mente seus piores pesadelos. Olhavam para o Norte, o breu que vinha em frente e sua mente iniciava brincadeiras sombrias, fazendo-os imaginarem e temerem seus piores pesadelos. Alguns conseguiam ver tais pesadelos como se fossem reais de fato, outros apenas tinham que lidar com o sentimento.
Duas horas depois, os soldados começaram a conversar entre si, teorizando que eram os sintomas para Doença do Inverno. Uma hora depois, voltaram a acampar, dessa vez por mais tempo para que todos dormissem e descansassem. Se aquela doença fosse cansaço, seria resolvida naquele momento. Quando já tinha se passado tempo suficiente para que todos tivessem descansado, voltaram a marchar. Descobriram que não era cansaço. Descobriram que tinham dois mil e quinhentos homens agora. A doença se espalhava rapidamente. Assassinatos começaram se espalhar pelo exército, homens enlouquecidos gritando coisas para amigos e companheiros, como se fossem seus piores inimigos. Queimaram todos corpos a mando de Serena. Talvez aquele tivesse sido o pior erro deles.
Atrás do exército, o fogo cobria os cadáveres e os consumia. Em frente ao exército, o clima parecia piorar, o breu aumentar e o sentimento de asfixiação dominá-los completamente, a ponto de seu próprio consciente os fazerem ficar sem fôlego. Os suicídios começaram ali. Em três horas, homens já cortavam suas próprias gargantas ou matavam seus amigos a pedido dos mesmos, antes de se matarem. O desespero e o medo era tão grande para alguns que nem mesmo a morte parecia uma solução, apenas enlouqueciam, começavam gritar e corriam para a profunda escuridão, por motivo algum, se não loucura.
Sete horas depois, o pesadelo começou. Inúmeros homens alegavam escutar vozes em seus ouvidos, como se estivessem sussurrando em seus ouvidos, bem atrás deles, mas quando se viravam, nada havia. Era um idioma desconhecido, vindo de vozes que pareciam o gelo se partindo num lago congelado. Como se alguém deslizasse uma adaga em vidro. Demorou para que chegassem, mas as vozes alcançaram a frente do exército, inundando Serena e os demais de medo. Naquele ponto, a sensação de que estavam sendo observados já tinha se tornado a principal coisa que sentiam, além do medo e a asfixiação.
Acamparam novamente e fizeram a contagem, agora tinham dois mil e duzentos homens. Tinham perdido trezentos desde a última contagem. E a noite continuava.
Todos vocês sentiram o básico que falei dos sentimentos negativos. Por mais foda ou merda que qualquer um seja nesse exército, vocês são todos como crianças numa escuridão infinita... e uma criança numa escuridão infinita, bem...
Números: http://prntscr.com/g579n8Rhaego[Dwight]Vestimenta: Sua armadura era modesta, uma camada de cota de malha por baixo de couro fervido, o que ajudava muito na sua movimentação, já que tinha o peso e a dificuldade de se mover com o casaco de pele.
Armas: Arakh de Aço Valiriano e duas adagas com o punho em formato de cavalos-marinhos esculpidos em prata presas cada uma a um lado da cintura.
Fazia um dia que Cetim começara a se cagar e andar com cheiro de merda, gritando uma vez ou outra de medo, indo para trás de Rhaego como se o homem pudesse protegê-lo do nada. Estava mostrando cada vez mais os sintomas da Doença de Inverno.
No acampamento, Rhaego ferveu água do riacho próximo e levou até o rapaz, empurrando-o com pé para que acordasse, já que estava debruçado no chão. Chutou-o levemente uma vez e o chamou pelo nome, mas o rapaz apenas se contorceu e soltou um gemido estranho da boca. Rhaego empurrou-lhe pelo ombro com a mão livre e o rapaz o respondeu, tirando a adaga e tentando cortá-lo, um golpe que o Velaryon escapou no último instante.
— Toca em mim de novo e eu vou te matar! — berrou Cetim, furioso. — Você nunca mais toque em mim, nunca mais toque em mim. Eu não sou seu. Eu não sou seu. Você não toca mais em mim — berrava, desesperado, chorando. — Você não podia ter feito isso comigo. Você não podia, seu monstro.
Atacou novamente com a adaga, mas dessa vez não Rhaego e sim o ar, como se quisesse que o homem recuasse amedrontado. Os soldados em volta observaram a situação sentados ou escorados em algum lugar, já acostumados com aquilo. Era a Doença do Inverno.
— Não toca em mim! — berrou Cetim avançando contra Rhaego.
Droenn[Prime]Vestimenta: Algumas camadas de couro fervido sob um casaco de pele.
Isso é uma representação do que você tá vestindo sob o casaco de pele.
Armas: Espada com a cabeça de um lobo gigante esculpida em seu punho, nomeada de Netuno. No guarda-mão, as dizeres de sua casa grafados: O inverno está chegando.
Droenn estava escorado numa pedra com Rina em seus braços. Toda vez que a olhava tão pálida e com fome, arrependia-se de ter a trazido. Seus olhos foram dela para Tobin, quando o rapaz começou gritar. Berros uma hora de fúria, outra de medo e muitos outros sentimentos. Fazia isso muito. Fora um dos primeiros a enlouquecer e desde então o trazia acorrentado. Caminhando ficava calmo, apenas se revoltando algumas vezes, mas quando paravam para acampar, ele enlouquecia completamente, obrigando Droenn de amarrá-lo numa árvore. Não sabia o que fazer com ele.
Sua atenção mudou novamente ao ver a cena entre Cetim e Rhaego começando.
Alayne[Mary]Vestimenta: Vestimentas modestas sob duas camadas de couro, uma cobrindo todo seu tronco e outra por cima protegendo completamente seus ombros, a última fundida com uma cota de malha resistente que ia até sua cintura, onde Solar era mantida pacientemente. Por cima, tinha um casaco de pele. Numa bainha no lado contrário da espada, era guardado a lâmina de obsidiana que Henrik havia lhe dado, um dia fora para sorte, agora por precaução.
Armas: Espada nomeada como Solar, a empunhadura negra é feita de couro e o pomo feito de prata, em formato de sol, daí o nome. Uma adaga com os dizeres de sua casa gravado na lâmina curvada: o sol no inverno. Tem a empunhadura negra e sem adornos. Um escudo de madeira com bordas de metal.
Sentia muito medo, tanto medo que nem mesmo nos dias mais amedrontadores de sua vida, seja adulta ou quando criança, equiparava-se ao mínimo do que sentia agora. O frio e a fome estavam a enlouquecendo já também.
Estava escorada numa pedra perto do riacho, ao lado de uma fogueira com outros soldados, ao ver a cena de Rhaego e Cetim começar.