Fórum Geek
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Fórum GeekEntrar

Fórum para discussão de todo o universo Geek: Seriados, filmes, quadrinhos, livros, games e muito mais.


#Mesa 003 - Fire and Blood

power_settings_newInicie sessão para responder
+4
Luckwearer
Prime
Babi
Chris
8 participantes

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Ele fizera um juramento. Assim como Princípe Aemon, o Cavaleiro do Dragão; lembrado como o mais nobre cavaleiro que já viveu e que dera a vida defendendo o Rei Aegon, o Indigno; embora o Rei tenha insultado Aemon durante todo o seu reinado e merecesse a morte que teria. Tudo isso pois Príncipe Aemon havia feito um juramento. Ou como Sor Duncan, o Alto, que como um cavaleiro andante quebrou vários dentes do Príncipe Aerion Targaryen, defendendo uma mulher de Dorne. Mais tarde, ele foi feito Senhor Comandante e queimou ao lado de seu Rei Targaryen em Solarestival. Mas Sor Duncan havia feito um juramento. Assim como fizera Sor Barristan Selmy, o Ousado, que agora corajosamente entregava-lhe a vida pela de seu Rei. Seus cinco dedos enrolavam-se em volta do cabo do arakh, que resvalava na palma suada de sua mão.
— Vamos, meu guardinha, vamos, vamos, vamos! Seu tempo está esgotando, seu rei está sofrendo! — Kean berrava em meio a gargalhadas.
Rhaego dirigiu-lhe um olhar tempestuoso e avistou um brilho soturno nos pálidos olhos do homem, sabia que estava fazendo exatamente o que ele queria, que estava deixando-se quebrar sob sua vontade, mas também sabia que não tinha outra escolha. Afinal, quando envergou o manto, ele também fizera um juramento.

O dia em que conhecera seu Senhor Comandante, na Sala do Trono da Fortaleza Vermelha, era tão límpido quanto a vestimenta que o homem trajava. O então menino vagava o olhar deslumbrado pelas paredes decoradas com os crânios de dragões Targaryen; — caveiras polidas de tamanhos variados, onde as menores mais lembravam a cabeça de um gato, e as maiores eram tão grandes que seus dentes lembravam-no espadas curvadas de ônix cintilante. O crepúsculo da manhã invadia o Grande Salão ao clarear as altas e estreitas janelas, fazendo uma névoa alva reluzir pelas paredes, pelo chão e pilares, e em volta da magnificente figura de Barristan Selmy, com sua armadura esmaltada rebrilhando ao encontro da luz. Talvez fossem fantasias de sua cabeça, enfeitando memórias queridas e a muito engavetadas nos confins de sua mente; mas não se importava.
— Eu sei navegar tanto quanto ele. — Gabava-se para o homem, alegando ser tão bom quanto o Mestre dos Navios do Rei, seu pai.
Barristan abaixara os olhos para a figura magrela de cabelos platinados, sorrindo.
— É mesmo? — Retrucou.
— Sim. Sou tão bom quanto lutando também. — Desde pequeno compensava a falta de modéstia com confiança de sobra.
— Rhaego, o Temível Cavaleiro do Mar. — nomeou-lhe, rindo.
— Esse vai ser meu título, obrigado! — Respondia com o entusiasmo que só uma criança poderia cultivar.

As memórias se diluíram e deram lugar aos gritos de Daeron ecoando dentro do pátio de Harrenhal, onde a névoa lúcida de suas lembranças eram substituídas por um ar saturado que misturava o odor de lama, chuva e o aroma pútrido de morte. Montes de homens já haviam usado o manto branco, e a maioria deles fora esquecida, mas não Barristan Selmy, pensou; não Sor Vovô, ele há de ser lembrado mesmo centenas de anos após a sua morte, entre bem-nascidos e camponeses, em canções, histórias e fábulas. A mão tremula crispou-se ao redor do punho do arakh. "O Estranho vem para todos os homens no fim", o velho uma vez lhe dissera antes da batalha, um cavaleiro como ele não merecia outra morte se não lutando, com espada em mãos; mas mesmo assim, em seu momento final, Barristan sorriu.
— Foi uma honra, sor. — Fora tudo que o tyroshi conseguira murmuriar, firmando os dedo antes de executar o golpe, único e preciso; que pôs fim a vida de um dos maiores cavalheiros que os Sete Reinos já vira.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Tumblr_inline_nvf5146cpH1qd0qka_500

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Talia[Babi]
Vestimenta: Vestimentas nobres e uma calça normal.

Independente da reação de Jan ao ouvir aquelas palavras, sabia que a resposta seria guerra, seja de qual lado fosse anunciada. Observou Mylan afastando-se numa cavalgada rápida até que adentrou o castelo, encontrando Jenna, um pouco suja e fedendo, completamente descabelada, mas amarrada e amordaçada, o que fazia de seus pensamentos o único jeito de atacar Talia, que ignorou os olhos raivosos e mandou os guardas levarem a garota com ela, assistiria a derrota do pai ao lado dela, nas ameias do castelo. E lá em cima, a visão da região era ampla suficiente para que pudessem acompanhar seja lá o que se desenrolasse.

Mylan chegou no Portão Sangrento pouco depois, deparando-se com Jan mais uma guarnição ao seu redor, eram cerca de cem homens, mas o que lhe chamara atenção de fato eram as vestimentas do rei, que agora usava sua armadura com o elmo ameaçador tampando-lhe o rosto. Gritou as palavras de Talia e o homem ficou em silêncio por alguns minutos, quebrando-o ao acenar com a cabeça e começar avançar com seus homens. Atravessaram a construção e avançaram pelo corredor de colinas, chegando aos longos campos do pequeno vale nos pés de Lança do Gigante, cheios de lagos e florestas, não tão grandes como em regiões exteriores, mas ainda dignos de beleza e vida. Ao avistarem o rei e sua comissão aproximando-se, distante do corredor já, tudo começou. Duas cavalarias brotaram das árvores e assim como fizeram com Daeron, uma emboscada dominou-lhes os olhos, enquanto os cavalos chegavam com lanças e matavam um por um, dos cem homens. Quando um dos cavaleiros derrubou Jan do cavalo e desceu de seu próprio, tomando cuidado com o homem, devido seu histórico conhecido de batalhas ganhas, surpreendeu-se ao ver que o rei mal conseguia levantar seu martelo ou muito menos ter coragem de avançar nele. No meio da confusão e carnificina que rondava aquela comissão, o cavaleiro cortou a garganta de um homem que não era Jan, deixando-o afogar-se em seu próprio sangue após tirá-lo de seu elmo.
Um dos homens da guarnição agarrou uma trombeta e assoprou-a, com tudo que tinha, alastrando o chamado por todo vale. Distante, Talia observava com paciência. O exército dela arrumou-se de acordo com o plano, adentrando-o no corredor e criando uma grande parede de escudos, com inúmeras camadas. A mulher agradecia mentalmente à Brandyn e toda sua vivência numa parede de escudos para que soubesse como e onde funcionaria melhor.
Então, esperaram.

Os tambores de guerra começaram ser tocados enquanto os grandes números de homem marchavam em direção à Portão Sangrento, a passagem impenetrável. Porém, antes que chegassem próximos suficientes para que os arqueiros pudessem acertá-los, pararam e durante todo caminho dentre os homens, foram abrindo caminho para catapulta.
Por todo local, os arqueiros do Vale observaram aflitos um único barril sendo colocado na catapulta. Os arcos estavam em mãos, as flechas preparadas para serem soltas, não havia sequer um deles não preparado para soltá-las por segundo. Os arqueiros pelas partes baixas da colinas após a construção olhavam com estranheza a cena, estavam escondidos e em silêncio, alguns barris ao lado, esperando serem derrubados pelo corredor. As infinitas fileiras de homens que formavam a parede de escudos também esperava ansiosos.
E o silêncio que durou muito tempo só foi quebrado quando a catapulta lançou o barril em direção ao Portão Sangrento. Os arqueiros na área esperada para que impactasse apenas afastaram-se rapidamente, correndo para os lados. O inesperado aconteceu quando o barril impactou-se alguns metrôs abaixo das amuradas, explodindo em chamas verdes que inundaram toda área naquela altura, destruindo toda parte superior da construção, levando inúmeros destroços, de variados tamanhos, ao chão, junto com cadáveres, enquanto os homens que estavam nos andares de baixo viram faíscas das chamas caírem e espalharem-se como uma doença. Em questão de segundos, metade dos arqueiros estavam em chamas, gritando de dor, enquanto a outra metade fora engolida pela explosão, e grande parte do Portão Sangrento estava destruído.
Talia apertou o colar de Daeron em seu pescoço ao ver uma claridade verde muito longe, entre as colinas, perguntando-se o que havia acontecido.

Foram três horas para que as chamas se apagassem, mas faltando alguns resquícios, o exército de Jan avançou mesmo assim, com seus cavalos e homens a pé, pulando pelas chamas ou desviando-se. Avançaram rapidamente no corredor, o que obrigou os arqueiros escondidos começarem seus ataques, derrubando barris e lançando flechas, interrompendo todo caminho deles. Os poucos homens à cavalo chegaram portando lanças nas paredes de escudos, abrindo-as com certa dificuldade e sendo empalados pelos homens. Mas novamente, a catapulta arrastou-se por baixo do que fora a grande barreira no corredor, com outro barril. Um dos arqueiros avistando aquilo avisou seus companheiros e colocou uma de suas flechas nas chamas, mas o comandante mandou que esperasse, e assim o fizeram, perguntando-se o que o líder tinha em mente. Viram o barril sendo lançado em direção a parede de escudos e, assim como no portão, as chamas vieram como ondas ao impactarem-se, engolindo toda parede de escudos e saindo do corredor numa explosão que pulou pelas laterais também. E ali, Talia pôde entender o que era a tal claridade verde.
O comandante que tinha feito uma escolha arriscada, provou-se esperto ao ver outro barril sendo carregado entre a multidão de soldados que corriam pelo corredor após a destruição da parede de escudos, deixando que seus arqueiros soltassem suas flechas e acertassem-no. As chamas surgiram novamente, mas dessa vez matando centenas do exército de Jan e interrompendo o progresso dos homens. A quantidade que conseguiu avançar foi combatida pelo exército dos Targaryen, já dentro do vale.
Porém, quando as chamas cessaram, nada mais puderam fazer os arqueiros, se não acertar quantos homens pudessem, enquanto milhares de soldados avançavam para o campo. O campo de batalha que tornou-se o pequeno vale aos pés da grande montanha durou por muitas horas, até que o vencedor foi anunciado.
Talia apertou seus punhos, furiosa, ao ver Jan aproximando-se do castelo, com uma armadura qualquer. O homem fitou sua filha e a garota sorriria se pudesse, soltando uma lágrima de saber que seu pai havia ganhado. Ele tirou os olhos da garota e viu, depois da estreita ponte de pedra, a ponte de madeira terminando de ser elevada, muitos dos soldados correram de volta para o castelo ao verem a batalha perdida e Talia não podia culpá-los, tampouco negá-los, precisava numa situação como aquela de cada espada possível.
— O que faremos agora, senhor? — perguntou um comandante à Jan.
— Comecem outro cerco, por aqui, em breve entraremos neste castelo — gritou Jan para que Talia e sua filha pudessem ouvir.
Talia apenas gritou de volta.
— Tome cuidado, Jan. Qualquer movimento muito ousado contra esse castelo e a garganta dela será cortada — avisou Talia agarrando a garota pelo braço e puxando-a para perto, com grosseria.
Jan fechou o rosto, irritado com o tratamento com sua filha, principalmente com a aparência da garota que parecia mal tratada.
— A cada dia que passar com essa ponte levantada e o castelo fechado, eu enviarei um dedo dos reféns. Talvez algo mais, veremos — respondeu Jan.
— A cada dia que passar recebendo dedos ou algo mais, darei um dedo de sua filha de volta. Talvez algo mais, veremos — retrucou Talia com um sorriso.
O rei olhou-lhe por alguns segundos, mais irritado ainda, virou os olhos pra filha e acenou com a cabeça para ela, dando meia volta e cavalgando pra longe.


Droenn[Prime]
Vestimenta: Vestes de dormir.

Tobin escutou o Stark com atenção, ficando alguns minutos em silêncio, pensativo.
— Eu já tive um irmão que via coisas do tipo. Por muito tempo acreditei ser loucura dele, mas uma vez ele previu chamas inundando nosso pântano e dias depois, tivemos dezenas de pessoas com febre, tão quente que por muito tempo achamos que seria algo fatal. Então, eu descobri depois de um tempo que é assim que funcionam as visões destes tais videntes verdes, cheias de enigmas e mistérios.
— E onde está esse irmão, agora? — perguntou Rina.
— Morto após a febre — respondeu Tobin, criando um silêncio pelos minutos seguintes. — Pode me dizer em que tipo de momentos você teve essas visões?
Droenn parou para pensar. O primeiro fora na traição das outras duas companhias mercenárias, quando estava tão bêbado que desmaiara no chão, lembrava-se de ter visto um gigante portando a espada de Daeron e outra pessoa que acreditava ser o próprio Daeron, depois de tê-lo conhecido, viu homens esfolados cercando-os, o que revelou-se verdade durante suas batalhas no Norte, assim como também viu campos de batalha cheios de sangue e cadáveres, e a Sala de Trono aos pedaços, enquanto nevava forte ao seu redor, o que chamava-lhe atenção principalmente era o próprio Trono de Ferro coberto de neve.
O segundo fora durante seus dias de recuperação após a Batalha de Winterfell, onde passava mais tempo dormindo que acordado devido as sérias feridas. Sonhara com outro campo de batalha coberto de cadáveres, a diferença que neste um tapete de neve o cobria, enquanto estandartes que não conseguia reconhecer ou lembrar-se estavam em chamas.
O terceiro fora seu toque no represeiro do Bosque Sagrado de Correrio, que trouxe-lhe a visão de Harrold jogando o pai de Daeron para fora do lugar, um rapaz estranho e inúmeras visões que nunca entendera. Lembrava-se, principalmente, da aparência de Daeron que era mais ferida e diferente da última vez que o vira, mas o homem estava morto e aquilo só o intrigava se eram de fato verdade aquelas imagens ou mentira.
Os outros sonhos vieram naquela febre.
— Exceto quando encostei no represeiro de Correrio, toda vez que estava de cama ou quase em coma — respondeu Droenn.
Tobin parou para refletir, então virou-se para Droenn novamente.
— Sempre que está com a mente fraca, então. Posso fazê-lo dormir por mais tempo que o normal. Muito mais tempo que o normal. Não sei como isso pode afetá-lo ou quanto tempo terá essas visões, se é que terá. É sua escolha querer isso.
— Como isso o fará entender as visões? — questionou Rina.
— Não fará. A diferença que desta vez ele saberá que são visões e seja lá o que mostrar, pode ser útil.


Rhaego[Dwight]
Vestimenta: Trapos rasgados e sujos.

A cabeça do Sor Vovô, como Rhaego chamava-o, rolou pelo chão enquanto seu corpo caiu sem vida, deixando uma poça de sangue formar-se. O sangue de seu companheiro e comandante da Guarda Real estava por todo lugar, principalmente nos braços, nas roupas e no rosto de Rhaego que ficou mais atordoado que esperado. As gotas de água que caiam sem parar do céu negro e agourento misturaram o líquido com a lama.
— Esse é meu garoto! — gritou Kean soltando um berro de prazer e diversão, enquanto os gritos de Daeron estavam diminuindo.
— Terminei com o olho, senhor — avisou Brack.
— Brack, levante-o. — E o homem levantou Daeron, deixando-lhe de joelhos, mostrando à todos seus guardas o olho mutilado e o rosto coberto por sangue. Kean agachou-se do seu lado. — Observe bem, reizinho.
Daeron olhou para o corpo sem vida de Barristan e sua cabeça decepada com os olhos vazios, sem reação, o que fez Kean sorrir.
— Vamos ver se precisaremos continuar a torturar o pobre coitado para que Rhaego me obedeça. Vou precisar, Rhaego? — berrou a pergunta.
Desmond que era o próximo virou-se para Rhaego.
— Eles não irão parar, Rhaego, faça logo! — exclamou acordando o homem do choque.
Rhaego acordou de sua distração ao sentir uma mão apertando seu ombro. Virou-se para ver que era Desmond. Ambos, mais algumas dezenas de mercenários, foram enviados para um castelo modesto afim de protegê-lo de alguns ladrões que tentavam invadir fazia semanas. O sétimo dia após a chegada deles, fizeram dos ladrões uma pilha da cadáveres facilmente. Era a última tarefa avaliativa dele, antes que fosse aprovado na companhia.
— Qual o problema? — perguntou Rhaego.
— Nenhum. Jacken foi pegar nossa recompensa, nosso trabalho está terminado.
Rhaego acenou com a cabeça e limpou seu arakh na calça.

Em Braavos, na taverna da Companhia Blackhand, foi surpreendido por Brandyn ao ter sua história pedida pelo velho. Contou após alguma hesitação e juntos saíram do cômodo, chegando no centro do lugar onde estavam todos.
— A partir de hoje, Rhaego é nosso novo membro da companhia! — anunciou Brandyn à todos, que gritaram em resposta, erguendo as canecas e garrafas.
Desmond surgiu ao seu lado e entregou a luva negra.
— A partir de hoje, Rhaego, você faz parte de nossa família. Você é nossa família — disse o homem com um sorriso. — Hoje e para sempre!
— Hoje e para sempre! — ecoou os mercenários.
Deu alguns tapinhas no ombro dele e ficou ao seu lado, observando-lhe colocar a luva. Por fim, o próprio homem estendeu sua mão com a luva e Rhaego devolveu o gesto com a própria mão negra dele. Apertaram-nas, cumprimentando-se.
— Bem-vindo à Companhia Blackhand, rapaz.

O punho coberto pela luva negra apertou-se no arakh, enquanto Desmond deu um pequeno sorriso à Daeron e abaixou a cabeça como Barristan fizera.
— Fizemos um juramento, Rhaego, trate de não quebrá-lo — disse com os olhos focados na lama e o sangue de Barristan espalhando-se, onde logo seria o seu. — Hoje e para sempre, irmão.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Quando contou sobre as visões para o Reed, Droenn achou que o rapaz tomaria-o como louco, mas estava equivocado. Atentou-se ao relato de Tobin, e surpreendeu-se com o final. O Stark estava um tanto receoso, temia que aquelas eram terras nas quais não poderia se arriscar, e temia o que poderia encontrar. No entanto, sabia que era o seu dever. Detalhou a ocorrência daquelas visões, o que fez o cranogmano propor-lhe:
─ Posso fazê-lo dormir por mais tempo que o normal. Muito mais tempo que o normal. Não sei como isso pode afetá-lo ou quanto tempo terá essas visões, se é que terá. É sua escolha querer isso.
─ Como isso o fará entender as visões? ─ Rina questionou.
─ Não fará. A diferença que desta vez ele saberá que são visões e seja lá o que mostrar, pode ser útil.
Droenn fitou os tecidos ainda úmidos por um breve momento antes de dizer algo.
─ Assim faremos. Esta situação já me consumiu o suficiente.

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Ele cambaleou e quase caiu com o embalo da lâmina, enquanto todos os olhos se viraram na direção da cabeça que rolava pelo chão enlameado. Seus lábios moveram-se silenciosamente numa prece ao Estranho, — repudiava qualquer forma de Religião e nem mesmo os fiéis aos Sete procuravam favor à ele, — mas se era a crença de Barristan, rezaria não importa a quem para que seu espírito fosse bem acolhido. Evidentemente não encontrou nada a não ser silêncio como resposta, mas não esperava que fosse diferente.

— Esse é meu garoto! — gritou-lhe Kean soltando um berro de prazer e diversão, enquanto os gritos de Daeron estavam diminuindo.
— Terminei com o olho, senhor — avisou um de seus homens.
— Brack, levante-o. — E o homem levantou Daeron, deixando-lhe de joelhos, mostrando à todos seus guardas o olho mutilado e o rosto coberto por sangue. Kean agachou-se do seu lado. — Observe bem, reizinho.
Daeron olhou para o corpo sem vida de Barristan e sua cabeça decepada com os olhos vazios, sem reação, o que fez Kean sorrir.
— Vamos ver se precisaremos continuar a torturar o pobre coitado para que Rhaego me obedeça. Vou precisar, Rhaego? — berrou a pergunta.
Seu olhar vagava apático entre a cabeça decepada e o rosto mutilado do rei, não conseguindo evitar os pensamentos de que causara tudo aquilo. O tyroshi perdeu-se por alguns segundos, absorto em seus sentimentos de culpa e afundando numa sensação súbita de sufocamento e vertigem.

O mar lutava para engoli-lo, agarrando-o com seus braços disformes e tentando arrastá-lo para o fundo. Observava a guerra sobre uma ótica embaçada de baixo d'água, onde os sons eram abafados e a tormenta se transformava em calmaria. Passou por sua cabeça se entregar à escuridão que o puxava para as profundezas do mar, mas logo afastou tais ideias de sua mente quando um turbilhão de pensamentos inundou-a, rememorando-o de que aquela batalha não era só dele.

Rhaego guerreou contra a vontade do mar, emergindo à superfície e agarrando-se a primeira coisa que encontrou, — a encosta do navio inimigo. Cuspiu a água de seus pulmões, recobrou a respiração e firmou as mãos nas cordas que estavam presas a lateral da embarcação, escalando-a até o topo. Suas vestimentas pesavam empapadas em água, dificultando-o para alcançar a amurada, — seus próprios braços começavam a pesar cansados. Quando finalmente alcançou-a, sentiu toda a sua força desaparecer de seu corpo, seus músculos enrijeceram e sua visão enuviou-se.
Assustou-se com a possibilidade de cair.

— Levante-se, seus homens precisam de motivação para ajudá-los nessa batalha e pelo que vejo mais problemas virão — Desmond segurava-lhe o braço, puxando-o para dentro do navio, onde o caos se instaurava.

Como agora instaurava-se em sua mente. Começaram aquela Guerra juntos, em Pedra do Dragão, e antes disso eram companheiros na Companhia Blackhand. Rhaego sempre fora atrevido e desrespeitoso, até mesmo com as figuras que evocavam enorme respeito, — entre as quais seu pai, Brandyn e Sor Barristan, — mas algo em Desmond sempre lhe inspirara grande estima. Talvez fosse porque, apesar de um cavaleiro singular e detentor de uma honra inestimável, era um homem simples e descomplicado; não uma figura inatingível, mas sim, ao mesmo tempo, um herói e um amigo.

A chuva caía fria em sua nuca e o vento afogava-lhe as madeixas áureo-cerúleas de encontro ao rosto. Entorpecido, só levantou os olhos da cabeça ao chão ao escutar uma voz à muito familiar.

— Eles não irão parar, Rhaego, faça logo! — Desmond esbravejou, arrastando-o de volta para a realidade como o arrastou-lhe do mar. — Fizemos um juramento, Rhaego, trate de não quebrá-lo. — disse, dando um pequeno sorriso a Daeron e abaixando os olhos para a lama. O homem fora leal ao Targaryen do início ao fim, e isto era algo a ser admirado. — Hoje e para sempre, irmão.
Rhaego apertou o cabo do arakh com a mão enluvada, — a luva negra que recebera das mãos de Desmond ao se juntar aos Blackhands. Uma lágrima escorreu-lhe pela bochecha, camuflada entre a chuva gelada.
— Hoje e para sempre, irmão. — Repetiu pesaroso, despedindo-se de seu amigo com o beijo assassino de sua lâmina.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Tumblr_inline_nvf5146cpH1qd0qka_500

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Novamente, outra cabeça rolou pela lama enquanto o corpo sem vida derramou-se ao mesmo tempo.
Daeron abaixou os olhos, em choque, dois de seus amigos mais fieis foram mortos em sua frente, por sua culpa. Ambos fiéis à sua família mesmo sob todas circunstâncias, mesmo quando a escolha era entre ele e suas vidas, escolheram-no. E para quê os homens deveriam juramentar suas vidas à ele quando ganhavam um fim tão cruel e ridículo como aquele, no meio do nada, sob as lágrimas das nuvens e sobre uma lama fedida. Barristan, o Ousado merecia muito mais. Desmond também, o homem que tomara conta de sua irmã por tanto tempo, o homem que o levara junto de Harrold para fora de Porto Real quando todo continente queria matá-lo. Cerrou os olhos e deixou uma lágrima escorrer pelo rosto, engolindo em seco.
A cada descer do arakh, a cada cabeça adicionada ao chão, Rhaego sentia mais um pedaço de si sendo jogado fora. Perguntava-se o que continuaria intacto em sua sanidade mental depois daquilo, se seria digno de carregar um título de Sor com ele ou mesmo fazer parte da Guarda Real. Estava matando todos seus irmãos de juramento, todos homens que lutaram ao seu lado por tanto tempo.
— Ainda não acabou, guardinha! — gritou Kean.
Rhaego levantou os olhos para próxima vítima, deparando-se com ninguém menos que o impaciente Arys, o homem dos machados, que lutava tão bem como ele, e que fizera o juramento ao seu lado, na mesma noite.
— Não ouse deixar esse filho da puta te dominar ou te quebrar, Rhaego — murmurou Arys encarando-o, alto suficiente para que Kevan ao seu lado escutasse e baixo suficiente para que Kean não entendesse mais que algumas palavras. — A partir de hoje você carrega nosso nome.
E quando abaixou a cabeça para que o golpe viesse, Rhaego desceu o arakh e adicionou uma terceira cabeça à lama. Daeron deixou que outras lágrimas descessem, mas tomou coragem, abriu os olhos e encarou outro amigo morto.
Virando-se para o próximo, Rhaego deparou-se com pai e filho despedindo-se. Kevan Royce virou-se para Rhaego e acenou com a cabeça para ele, assim como fez para Daeron, abaixou-se e esperou o golpe. E antes que seu fim viesse de suas mãos, Rhaego hesitou, diferente dos outros, não tinha nenhuma memória afetiva por aquele homem, mas naquele momento notou como poderia ser um ótimo cavaleiro da Guarda Real, tão cedo entrou e confirmou-se tão honrado, aceitando sua morte pelo rei, que jurou há semanas, tão facilmente e calmamente. Quando desceu o arakh em seu pescoço, soube que havia participado dos dois momentos mais importantes da vida do homem, ao colocar por si mesmo o manto em suas costas e ao tirar sua vida.
Escutou o choro baixo de Yohn, o velho homem com cabelo e uma grande barba brancas. Em dias passados, o homem teria xingado Kean até os sete infernos, mas quando a cabeça de seu filho rolou pelo chão, quebrou-se rapidamente. Não era seu herdeiro, mas era seu filho mais querido, o que mais herdara dele, sua inteligência, sua honra e seu desejo quando jovem por aventuras. Era sério e educado, o futuro poderia recompensá-lo facilmente. Era o que pensava, mas no final o futuro do filho fora ser morto em Harrenhal, um castelo amaldiçoado e esquecido pelo mundo.
Rhaego quis pedir para que o homem ajeitasse o pescoço para o golpe ser limpo, mas vendo-o tão quebrado após a morte de seu filho, a morte que viera de suas mãos, não conseguiu dizer uma palavra, então apenas desceu um golpe em seu pescoço, não matando-o de primeira e derrubando-o no chão, e finalmente decepando sua cabeça no segundo golpe que veio rapidamente em seguida para que não sofresse.
E, então, faltava apenas um.
Cetim ignorou completamente Daeron, pouco importando-se com o homem. Seus olhos estavam em Rhaego que devolveu o olhar. O garoto chorava como uma criança, saia catarro de seu nariz que ele tentava limpar, mas não conseguia, nem mesmo conseguia parar de soluçar.
— Não me mata, por favor, não me mata — implorou o rapaz, aumentando o choro. — Eu não quero morrer, senhor. Eu não quero morrer.
— Abaixe-se, Cetim — pediu Rhaego, esforçando-se com tudo que tinha para não demonstrar o quão afetado estava.
Cetim não obedeceu, continuou chorando e soluçando.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
As runas ancestrais de Sor Yohn pouca proteção lhe providenciaram no momento em que sua cabeça também desgarrou-se do tronco. A cada um dos seus que matavam uma parte sua morria junto, e não sentia que haviam muitas mais sobrando. Limpou os cabelos do rosto e olhou para o próximo, os olhos escuros fitavam-no com desespero.
Cetim chorava como a criança que o era, catarro saía de seu nariz enquanto soluçava assustado.
— Não me mata, por favor, não me mata — implorou o rapaz, aumentando o choro. — Eu não quero morrer, senhor. Eu não quero morrer.
— Abaixe-se, Cetim — pediu Rhaego, esforçando-se com tudo que tinha para não demonstrar o quão afetado estava.
Cetim não obedeceu, continuou chorando e soluçando.

Faltava-lhe coragem. Havia enfrentado dos mais refinados cavaleiros westerosi aos mais brutais dos gritadores dothraki, mas não tinha a coragem necessária para tirar a vida de uma criança. Sabia que seria o mais difícil de fazer, era apenas um menino e tinha tido uma infância até mesmo pior do que a sua, sendo brutalizado desde cedo, além de sempre tê-lo servido com lealdade para que merecesse aquele fim. Ele havia jurado proteger a vida do rei com a sua, não Cetim. Ele devia morrer com seus irmãos.

— Eram seis por seis, mesmo que só tenhamos matado cinco dos seus, fui eu quem cortou a garganta de seu homem. — Virou-se para Kean e olhou-lhe nos olhos. — Como você mesmo disse fui eu quem começou com toda essa confusão, e serei eu também a terminá-la, não há maneira mais adequada do que com a minha vida ao invés da vida de um garoto que não vale duas estrelas de cobre. — Sua argumentação fazia sentido, mas a imprevisibilidade do homem não. Sabia que o risco de negar-lhe o pedido era enorme, e a possibilidade de que mesmo aceitando depois viesse a matar Cetim tão grande quanto, mas era um risco que havia de tomar, nem que fosse seu último.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Tumblr_inline_nvf5146cpH1qd0qka_500

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
O sorriso de Kean ao escutá-lo pedindo para que fosse a sexta vítima era notável, assim como a preocupação de Daeron que se tornasse verdade e o azulado fosse morto como seus companheiros. Cetim não soube reagir aquilo, o choro aumentou, mas não pelo medo e sim por um misto de culpa, e tristeza, lutara e vivera ao lado daquele homem por meses, meses que tornaram-se anos de tantas vezes que salvaram a vida do outro e as situações enfrentadas. Não queria morrer, mas também não queria perdê-lo.
Quando o arakh foi jogado longe, o Senhor de Harrenhal aproximou-se, ficando frente à frente dele.
— Se eu pedir para que se ajoelhe e seja meu homem agora, você faria? — perguntou Kean, curioso.
Rhaego olhou para Daeron que fitava-o nervoso, voltou os olhos para Kean e escolheu sinceridade.
— Não.

— Por que não? — exclamou Serena, chateada.
— Porque eu não vou ser o idiota que vai te dar uma espada de verdade e te ver decepando a perna de alguém — respondeu Rhaego tentando tirar a garota de perto dele o mais rápido que pudesse. Ela era insistente e irritante.
— Eu só quero treinar!
— E eu só quero ficar em paz!
Serena irritada, bufou e acertou um chute na perna do homem, correndo para longe dele. Fazia alguns anos que estava ali, naquele dia em especial era um grande evento na taverna, cheio de pratos deliciosos e bebidas suficientes para que todos ficassem embriagados. Estava fora do lugar, tinha ido mijar e ao virar-se, deparara-se com Serena esperando-o, pedindo uma espada para que treinasse. Crescia rapidamente, mas continuava louca por lutas e extremamente infantil, e por mais que fosse irritante, gostava da garota.
Adentrou na taverna e desviou de Shaddan que dirigia-se ao cômodo de Brandyn para que discutissem algum assunto sobre a companhia, era um recente membro de alguns meses, mas ganhara confiança rápido por ali, mostrando-se extremamente inteligente. Não conhecia-o muito, nem tinha interesse. Outra vez teve que desviar-se, desta vez do Stark que bamboleava bêbado, mal conseguindo se manter em pé, enquanto Talia gargalhava e tentava ajudá-lo. Sentou-se num canto do lugar ao pegar seu prato, nem mesmo esperando alguns segundos antes de atacar sua carne de cordeiro e engolir litros de cerveja para que ajudasse descer, misturando o sabor do álcool com os limões e a crosta de ervas que temperaram a carne. Virou-se para o lado com a carne na boca, deparando-se Hann olhando-o com seu típico rosto sério, deu um sorriso cheio de carne entre os dentes e o homem virou-se balançando o rosto.
Desmond passou duas meses em frente à dele e acenou com um sorriso, que ele devolveu, enquanto atrás dele vinha Serena que apontou o dedo do meio, no qual ele devolveu e ela riu, fazendo-o sorrir também.
Quando terminou de comer, escorou-se na parede e observou a taverna. Viu Brandyn e Shaddan saindo da sala com alguns papeis na mão, enquanto discutiam algo; riu um pouco ao ver Droenn vomitando num canto enquanto Talia virava uma garrafa e dava alguns tapinhas em suas costas; notou Daven com duas mulheres em cada braço, soltando algumas piadinhas que as faziam rir, então dando alguns beijinhos nelas, logo não demorou para que os três começassem dirigir-se para o segundo andar onde ficavam os quartos e o loiro percebendo o olhar de Rhaego, piscasse para ele com um sorriso vitorioso que o azulado devolveu.
— Levanta, Rhaego! — escutou Serena gritando, mas ignorou-a.
Rhaego estava focado naquele grande grupo de pessoas divertindo-se entre si, rindo e sorrindo, felizes mesmo com a vida difícil que carregavam. Ele mesmo sorriu ao notar que aquele grande grupo eram a família dele e não podia desejar pessoas melhores. Olhou para sua luva negra e sabia que os representava.


E conforme a luva foi jogada nas chamas, sentiu que mais um pedaço de si havia sido perdido. Kean tirara de sua mão rapidamente e ele não podia fazer nada se não aceitar, como fazia há horas.
— Um homem morto não precisa dessas coisas, não é? — disse Kean, sorrindo.
Rhaego ergueu os olhos para o rosto de Kean e esbugalhou-os ao sentir a espada do homem atravessando seu peito, borrifou um jato de sangue no peito do homem quando o mesmo tirou a espada dali e afastou-se. Caiu no chão de joelhos e ficou assim por alguns segundos.
— Espero que seja um bom copeiro, garoto, seu amigo acaba de se sacrificar por você — falou Kean à Cetim que olhava a cena em choque.
Antes de cair definitivamente no chão, Rhaego viu a expressão de Daeron e as lágrimas que escorreram pelo rosto dele. Então, seu rosto foi em direção à lama e ficou ali até que sua vida sumisse de vez.
— Que dia, não é? — exclamou Kean num berro em meio de gargalhas. — Sinto muito, reizinho, mas sua Guarda Real está oficialmente morta.
E afastou-se do cadáver de Rhaego, mandando homens pegarem Daeron e o levarem para as celas, enquanto Cetim continuava encarando o corpo sem reação.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 FHUU7R6

O plano era bem simples, por mais arriscado e perigoso que fosse. O ataque funcionaria em dois grandes grupos, o primeiro se dividiria em alguns pequenos para que exterminassem os vigias, sejam em grandes navios ou torres que representassem perigo, enquanto o segundo viria em seguida, após o sinal de fogo, zarpando em Lannisporto e dominando a cidade. Os grupos que cuidariam da parte surdina ainda teriam mais o que fazer, talvez a parte mais importante, aproveitariam-se de uma das embarcações dominadas para que se disfarçassem de soldados do leão e adentrassem o grande rochedo por sua principal entrada: Boca do Leão, uma imensa caverna natural, localizada na parte ocidental, que ao avançar do tempo tornara-se um porto para entrada de dracares e barcos de pesca com suas cargas. E por mais que tudo parecesse fácil, Rochedo Casterly nunca fora dominado por ataque ou cerco anteriormente. As Terras Ocidentais eram de fato ricas, tão ricas que traziam em conhecimento geral uma infinidade de homens bem treinados. Era o castelo mais bem protegido do continente, afinal.
Nalia entendia muito bem o peso de carregar uma escolha tão importante e arriscada como aquela nos ombros. Deixando o cobertor de lado e levantando-se da cama, sentiu a brisa gélida e salgada arrepiando seu corpo nu. Observou Aaron observando o mar de uma das janelas pequenas do quarto, enquanto colocava suas roupas. Caso ganhasse aquela batalha, entraria na história de Westeros e seria lembrado para sempre nas Ilhas de Ferro, mas caso perdesse, seria lembrado como o idiota Greyjoy que perdera contra os leões de Rochedo Casterly e condenara seu povo. Precisavam de todos homens disponíveis para o ataque e o rei conseguira, mas com um preço gigante. O fracasso não era uma possibilidade aos olhos do loiro, levaria tanto o exército à cova, quanto as Ilhas de Ferro. E este era o peso que o homem carregava consigo, o peso do seu lar e seu povo estar nas mãos de seus planos.
— Com medo de perder para alguns leões? — provocou Nalia, abraçando-o por trás.
Não havia romance entre eles, tampouco era esposa dele ou pretendiam que fosse, mas era inegável que o desejo crescente dos dois criara uma relação de confiança. Ela e Skyron eram os dois únicos com quem o rei podia ser ele mesmo e passar o que perturbava sua mente. Todo líder é um ator sob os olhos de seus homens, lhe dissera uma vez.
— Certa vez me disseram que apenas idiotas seriam estúpidos de não terem medo — comentou Aaron com um sorriso, virando-se para tentar beijá-la.
— Seja quem lhe disse isso, está certa. Medo é tão importante para um homem quanto sua espada e escudo, é o que lhe impede de ser um idiota e avançar contra um exército, sozinho. — respondeu, interrompendo o beijo do homem ao colocar seu dedo indicador nos beiços dele. Aproximou sua boca do ouvido dele e sussurrou: — Você só me terá por completa novamente quando tivermos num dos quartos dentro daquele castelo.
Nalia afastou-se dele com um sorriso sacana e piscou de forma sensual, dirigindo-se à porta.
— E coloque logo suas roupas, majestade, tenho ciúmes que o resto da tripulação o veja assim. — E saiu.
Ao ar livre do mar, aquela noite estava maravilhosa, podia ver todas estrelas no céu e sentir com muito prazer o cheiro salgado das ondas que batiam com força contra a embarcação. Muitos dos comandantes estavam espalhados pelo navio, alguns deles sendo nortenhos que escolheram ficar distantes dos piratas, o ódio era claro e problemático, durante toda viagem vários problemas e brigas surgiram ao contato direto, mas que foram controlados rapidamente.
Quando o Rei finalmente saiu de dentro de seu quarto, estava com um sorriso no rosto e rapidamente soltou algumas piadas com quem topava em seu caminho. Os comandantes reuniram-se rapidamente em frente à ele, esperando as palavras do homem que espalhariam pelo resto da enorme tropa.




Mapa da reunião nortenha: http://prntscr.com/dav9bb
Mapa da reunião na Dama de Ferro: http://prntscr.com/dav8ly

Talia[Babi]
Vestimenta: Roupas quentes.

Lysa Arryn estava morta. A notícia alastrara-se rapidamente, antes mesmo de todos ocupantes do Ninho da Águia fossem obrigados a descer para Portões da Lua. Desde então, tinha visto Lucan algumas poucas vezes, assim como seu irmão mais novo que aparentava mostrar alguma emoção fora tédio e rebeldia pela primeira vez.
Agora, estava em frente à uma verdadeira confusão de nortenhos.


Rhaego[Dwight]
Vestimenta: Trapos rasgados, fedidos e sujos, em seu peito há uma grande marca de sangue que fora onde a espada atravessara.

O vazio e a escuridão era a única coisa que representava sua vida e seus olhos até o momento que abriu-os novamente. Num resfôlego desesperado por ar, os pulmões de Rhaego voltaram funcionar assim como resto de seu corpo.
Estava num quarto escuro que confundiria com a escuridão de minutos atrás se não fosse por raios de luz que passavam por rachaduras e buracos, o chão era frio como gelo e caiam algumas gotas de água do teto, em seu rosto. Fora sua presença, o resto do local estava completamente vazio.


Droenn[Prime]
Vestimenta: Roupas quentes.

Droenn ainda não estava tão bem quanto deveria, mesmo melhorando da febre, mas mesmo assim ergueu-se de sua cama e foi até o local onde havia a reunião. Todos ocupantes do Ninho foram obrigados descer até Portões da Lua, o castelo nos pés da grande montanha, onde em frente à ele jazia o grande acampamento de Jan.
Soube da batalha pouco depois que aconteceu, o resultado não fora o desejável, mas pelo menos tinha noção que o plano de Talia fizera com que a grande maioria do exército de Jan fosse levado à morte e agora, formando o cerco, estavam um número não muito decente. Poderiam aniquilá-los rapidamente, se não fosse o fato de junto a grande parte dos inimigos, praticamente quase todo exército que estava dentro do vale fora morto, agora restavam apenas algumas dezenas, maioria ferida.
O lugar onde estavam reunidos os lordes nortenhos e a rainha não era igual ao do castelo nas alturas, todos estavam de pé. Cumprimentou Talia e recebeu alguns acenos do restante, então sentou-se num canto e esperou que tudo começasse.
— Perdemos muitos homens dos nossos por causa desses malditos ataques! — reclamou Kaylee Glover, substituta do traidor após Daeron matá-lo num espancamento, odiava-o muito e não gostava nem um pouco da rainha.
— São malditos estupradores, ladrões e saqueadores! — gritou outro lorde.
— O que você tinha na cabeça ao fazer esse acordo? Ao dar-lhes a maior fonte de riqueza do continente! Podem muito bem saquear o lugar e nos trair, como traiçoeiros que são! — reclamou Taren Hornwood, esquecendo-se de respeitá-la como alguém muito acima dele.
Vários outros gritos de indignação e reclamações espalhavam-se por ali, estava uma verdadeira confusão de vozes.


Alayne[Mary]
Vestimenta: Um bom couro sob uma cota de malha, vestia-se muito bem para aquecer-se.

Alayne respirou fundo quando uma brisa gostosa do mar bateu contra seu rosto, não era acostumada ou sequer adoradora daquela quantidade infinita de água salgada, mas gostava do clima gélido que lembrava-a do Norte, passara muito tempo em terras ensolaradas.
— Malditos piratas, bando de filhos da puta — escutou Hugar reclamar ao seu lado.
— Qual o problema? — perguntou ao homem.
— Eles estarem vivos.
Riu da raiva do homem. Não sentia amor pelos homens, mas também não sentia tanto ódio quanto o resto dos nortenhos, e ver o brutamontes tão irritado e soltando sua reclamações de hora em hora, era um bom passatempo para o tédio de dias e dias num navio.
— Fique aqui enquanto vou para reunião — pediu Alayne.
— Eu deveria ir com você, caso tentem algo — respondeu Hugar, colocando as mãos no pomo de seus machados.
— O motivo de não ir é porque eu me preocupo mais no que você pode tentar do que o que eles podem — retrucou ela.
Descendo até um barco, foi junto alguns soldados em direção ao navio em liderança da frota, subindo por ele e ficando ao lado de outros comandantes nortenhos, grande maioria de Porto Branco, que acenaram respeitosamente à ela. Desde sua chacina nas Gêmeas, o respeito que já era grande por parte de seu povo, tornara-se o dobro ou mais.
Ficou em pé com os braços cruzados, esperando que o loiro começasse a falar.


Aaron[Chris]
Vestimenta: Vestimentas normais.

Pode falar o que tiver que falar aí.


Skyron[Josh]
Vestimenta: Vestimentas normais.

Tocava sua harpa calmamente, perdido em seus pensamentos, quando foi interrompido por Garrett, falando sobre a reunião dos comandantes e que logo teriam a palavra de Aaron. Tirando os olhos do céu e focando-se em Dama de Ferro, que viajara durante todo longo e demorado percurso ao lado de Harpa do Mar, notou a presença dos comandantes das Ilhas de Ferro, assim como alguns da Companhia Dourada, nortenhos e dorneses. Uma mistura estranha, conflituosa por parte dos nortenhos, mas que desejava lutarem bem lado a lado pelo sucesso necessário.
Levantou-se, guardando sua harpa em seus cômodos e passou por Garrett conversando com seu filho. O rapaz era jovem, na margem dos dezessete ou dezoito anos, agia como os rapazes de sua idade, temperamental e louco por riquezas e feitos, mas que seu pai insistia em colocá-lo sob tutela de Skyron, justificando que seria um homem muito melhor para ensiná-lo amadurecer e se tornar algum capitão no futuro. O problema era que Alfer com toda sua juventude a flor da pele, era extremamente arrogante e irritante, dificultando qualquer ensinamento e lição de Skyron.
— Senhor, meu senhor, aqui está sua ponte, senhor — apontou Wyllam, gaguejando como sempre, de forma empolgada. — Cuidado, senhor, pode cair.
O homem falava como um louco, mas era obediente e de certa forma esperto, o que surpreendera o Greyjoy ao conhecê-lo melhor. Era um dos seus melhores.
— Obrigado, Wyllam — agradeceu com um sorriso, pulando para cima dela e atravessando-a, aterrissando seus pés no chão de Dama de Ferro, onde o irmão acabara de sair de sua cabine.
Colocou-se em frente a grande quantidade de comandantes piratas, esperando para ouvir o que o irmão tinha a dizer também.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Manteve-se em pé diante dos nortenhos, enquanto esperava pela chegada de Droenn. Ainda estressada pela perda da batalha, tentava procurar soluções para o novo cerco que tinha se formado no vale, não conseguindo tirar de sua cabeça os milhares de homens que morreram por sua culpa. Mesmo que não pudesse suspeitar que Jan carregava fogovivo em seus barris, não obteve sucesso em se livrar do sentimento de que a derrota tinha sido sua responsabilidade, pensava realmente se como rainha teria sucesso no que aconteceria depois, não só em relação ao fim da reconquista, mas também ao combate que se seguiria. Seria a regente até que seu filho tivesse idade para reinar, e isso não aconteceria antes da próxima guerra que viria. Tentava pensar que se não fosse pelas chamas verdes que tomaram a parede de escudos e o corredor de pedras, a batalha teria sido da mulher, mas como havia temido, Jan foi mais esperto e conseguiu uma arma que Talia nem mesmo tinha certeza da existência.

Acordou de seus pensamentos quando o amigo entrou no salão cumprimentando a mulher que deu um pequeno sorriso de canto, aliviada pela melhora do Stark. Mesmo que o homem ainda carregava uma expressão cansada e doentia, não acreditava que aquilo duraria muito tempo. Ficou mais tranquila ao saber mais cedo no dia que o companheiro participaria da reunião e por isso foi aos aposentos do mesmo e explicou para ele o que tinha em mente ao trazer os Greyjoys para seu lado. Anteriormente tinha escolhido não envolver o enfermo naqueles assuntos, preferia que ele se recuperasse antes de ter essas coisas em sua cabeça. O aliado acenou para os outros no salão e sentou-se no canto da sala. Sem muita demora deu-se inicio a reunião

— Perdemos muitos homens dos nossos por causa desses malditos ataques! — reclamou Kaylee Glover, fazendo Talia direcionar seu olhar a ele levantando uma sobrancelha. Era o homem que tinha substituído o traidor apos Daeron causar a morte do mesmo.

— São malditos estupradores, ladrões e saqueadores! — gritou outro lorde.

— O que você tinha na cabeça ao fazer esse acordo? Ao dar-lhes a maior fonte de riqueza do continente! Podem muito bem saquear o lugar e nos trair, como traiçoeiros que são! — reclamou Taren Hornwood, sem respeito nenhum para com a rainha que apenas virou seu olhar vazio metralhando o homem.

Mais reclamações vieram a seguir dos outros nobres que falaram ao mesmo tempo gerando uma confusão de vozes que Talia apenas ignorou esperando que calassem a boca. Não era momento para aquele tipo de argumentação, tinham perdido o plano A e os Greyjoys eram seu plano B. Olhava sem expressar muita coisa para os nortenhos que davam milhares de argumentos pra o acordo que ela fez ter sido burrice. Torcia para que aquilo não trouxesse futuros problemas como tinha sido no passado com o Glover, não podia ter junto a seus aliados inimigos, principalmente agora. Fez com que Lysa morresse exatamente por esse motivo, mas não poderia causar a morte de cerca de 15 nortenhos, não só por serem muitos, mas por serem os homens do seu amigo. Esperou até o momento que se calaram pra começar a falar, virou seu olhar primeiro a Taren.

— E o que você tinha em mente, senhor? Desculpe-me a pergunta, mas não temos uma frota, e agora não temos milhares de homens. Eu entendo a raiva que vocês tem dos homens de ferro, saquearam suas casas e atacaram suas mulheres, mas no momento eles são nosso plano reserva. — Disse num tom serio e alto para que todos ouvissem rodando o olhar pelos nortenhos. — Muitos de vocês devem saber como as ilhas de ferro reagiram ao domínio de Aegon, o conquistador. Foi necessário uma batalha para que o Targaryen conquistasse o lugar, e não temos recurso para uma nova batalha contra uma das casas que até agora não tinha se manifestado nessa guerra, muito menos tempo. Provavelmente alguns de vocês ouviram boatos sobre o que vem em seguida, mas eu vi com meus próprios olhos, os mortos estão de fato se aproximando. — Falou esperando que não a tratassem como louca — De qualquer modo, vocês devem saber também como Aegon encerrou os conflitos nas ilhas de ferro. Vickon Greyjoy se tornou o senhor das ilhas e sua linhagem evitou conflitos por muito tempo. São homens de ferro de fato, estão acostumados a saquear e serem violentos, porém não sei por vocês, mas no momento eu prefiro ter a força bruta do meu lado do que contra mim. Não dou a minima quantos saques eles façam de Jan enquanto estamos em guerra, porém não aceitarei estupro assim como Daeron não aceitou, mas desde que eles sigam o plano, não dou a minima os métodos que usem. Agora eles são nossa única escolha, e não farei que todas as mortes que aconteceram até agora tenham sido em vão. — Deu um pausa enquanto em sua mente ao falar aquilo surgiu não só a imagem de Daeron, como de Kyan, Shaddan, Rhaego, Desmond e dos homens que queimaram em sua batalha, não faria aquilo ser por nada, e até que a guerra trouxesse seu ultimo suspiro não desistiria. —Aaron Greyjoy conquistará o rochedo e irá cumprir com sua promessa, mesmo sendo um pirata ele não é estupido, com isso terá a atenção de Jordan Lannister que tentará reconquistar sua casa e levará muitos dos que ainda sobram de Jan em nossas portas. O leão provavelmente tentará um cerco, mas nesse tempo, os Greyjoys virão com homens aos nosso portões e ajudarão a acabar com o pouco que ainda resta do Baratheon. Quando isso acontecer teremos o caminho livre para porto real, junto com a derrota de Jordan que terá de lutar em duas frentes. Vocês tem medo que eles traíam a nos, mas além de quererem se separar do reino, eles querem também sua vingança, os nortenhos não foram os únicos a pagar pelos atos do meu tio, e vocês sabem o quanto isso é motivação o suficiente, mesmo não sendo a única deles. Se no futuro eles me traírem e tentarem saquear o nosso reino, faremos juntos com que se arrependam, mas por enquanto essa é nossa saída. — Encerrou esperando a reação dos nobres.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 6gK8ZbC

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
O sol estava baixo no horizonte, mas o céu era de um azul desanuviado quando Talisa gritava com as dores do parto. Vestia somente uma fina renda de Myr, tingida com padrões intrincados de roxo e manteiga, dando um contraste inusitado em combinação com os longos cabelos verdes que pendiam em três tranças presas com anéis, que suados em decorrência do esforço do parto grudavam na pele nua de seu pescoço.
— É o preço que se paga por deitar-se com um nobre qualquer que aportou nessa ilha, avisei sua mãe dos riscos, mas ela não me dá ouvidos. — Seu pai era um homem grande e gordo, resmungava de um lado para o outro com a enorme barriga balançando sob o roupão amarelo, enquanto seus dedos do tamanho de salsichas coçavam inquietos a barba bifurcada sob o queixo gorduroso. — Eu avisei, eu avisei. Mas não, ninguém ouvirá a este velho gordo e tolo, claro que não.
As contrações intensificaram e as palavras do homem faziam seu nervosismo crescer gradativamente, sentia como se adagas a cutucassem de dentro para fora, tentando abrir caminho. Reprimia os gritos que conseguia, mas uma dor colérica instaurava-se dentro de si, e num ímpeto de raiva ordenou que o homem deixasse o quarto; assustado, deslizou os pés silenciosamente em direção à porta, deixando o local. Sua mãe deu-lhe a mão para segurar, e ela apertou-a com toda sua força quando a parteira avisou-lhe que enxergava o bebê, gritando com mais intensidade do que nunca.

Os gritos de dor só cessaram quando deram lugar a um choro inocente, seguindo a primeira aspiração de ar do recém-nascido. As sedas de dormir sob si estavam empapadas em sangue e suor, mas Talisa abriu um largo sorriso febril ao ver a criança.
— É forte e saudável, — a parteira falou, examinando a criança suja de sangue. — um menino, Senhora. Sabe como se chamará?  
Ela reclinou-se sobre uma pilha de almofadas e segurou-lhe em seus braços pela primeira vez, notando pequenos fios prateados no topo de sua cabeça, bem como olhos atentos de um violeta escuro.
— Rhaego, — respondeu-lhe, em um murmúrio extenuado, — se chamará Rhaego.


Ele sentiu uma onda de adrenalina percorrer todo seu corpo em direção aos pulmões, — que entraram em choque e expandiram-se, — inflando-se com ar e fazendo-o resfolegar desesperado, abrindo os olhos de súbito. Respirava de forma pesada, era como se ao mesmo tempo aprendesse a respirar e também sufocasse de encontro a morte; os músculos de seu coração entravam em espasmos ritmados, um tambor fúnebre que batia em seu íntimo, bombeando sangue em uma velocidade acima do comum. O pânico engolfou-lhe ainda mais, ali deitado ao chão, ao ver uma ferida cicatrizada em seu peito, ofegou inquieto enquanto sentia seu tórax comprimir-se novamente, talvez pelo susto, talvez acostumando-se com o ar fluindo em seus pulmões novamente, provavelmente pelos dois.
Aos poucos conseguiu retomar o controle de seu corpo, respirando pausadamente e sossegando seus batimentos cardíacos. Sentiu o chão frígido e úmido sob sua costas, apoiou sobre um cotovelo e içou o tronco, sentando-se. Tateou incrédulo o peito desnudo aonde a espada havia atravessado-lhe, sua mão contraiu-se sobre a região, como quem cutuca uma ferida para descobrir se não está sonhando. Ele não estava.
Ainda levemente ofegante, como se redescobrisse seus sentidos, farejou o local para sentir um cheiro forte de sangue seco e urina; — suspeitava que o odor estava impregnado até mesmo nos trapos que vestia; — vagueando o olhar de relance pelo local em seguida: um calabouço sem janelas ou cama, apenas um pequeno quarto vazio, com uma porta fechada a meia altura sobre a sua cabeça, e só não estava mergulhado no breu absoluto por pequenos sinais de luz que irrompiam de estreitas rachaduras na parede de pedra negra, permitindo-lhe observar esses detalhes.

Sua memória estava um tanto enuviada mas lembrava-se da espada que o atravessara, guardava o sabor da lâmina que penetrou em seu peito e irrompeu por entre suas omoplatas, um sabor metálico misturado com o gosto de sangue. Lembrava-se de seu último suspiro trêmulo, quando uma tempestade de memórias queridas inundou sua mente, lembrava-se da sensação de morrer. E então, tudo havia ficado escuro. Não havia nada no caminho, nada além. Rhaego sempre fora um homem com muita vontade de viver e pouco medo de morrer, mas agora a morte apavorava-lhe mais do que qualquer inimigo que tenha enfrentado.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Tumblr_inline_nvf5146cpH1qd0qka_500

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Aaron fitava o mar através de uma pequena janela de sua cabine, refletindo sobre a situação atual enquanto observava o agito do mar. Aquela sensação lhe deixava um pouco mais tranquilo, misturado com a brisa que tocava a parte superior de seu corpo que estava nua, o deixando mais relaxado. Estava prestes a entrar na maior batalha de sua vida, não podia se deixar tomar pelo pessimismo. Mas toda essa reflexão foi quebrada quando sentiu o calor dos braços de Nalia que envolveram o seu corpo.

— Com medo de perder para alguns leões? — provocou Nalia.

Não havia romance entre eles, tampouco era esposa dele ou pretendiam que fosse, mas era inegável que o desejo crescente dos dois criara uma relação de confiança. Ela e Skyron eram os dois únicos com quem o rei podia ser ele mesmo e passar o que perturbava sua mente. Todo líder é um ator sob os olhos de seus homens, lhe dissera uma vez.

— Certa vez me disseram que apenas idiotas seriam estúpidos de não terem medo — comentou Aaron com um sorriso, virando-se para tentar beijá-la.

— Seja quem lhe disse isso, está certa. Medo é tão importante para um homem quanto sua espada e escudo, é o que lhe impede de ser um idiota e avançar contra um exército, sozinho. — a mulher respondeu, interrompendo o beijo do homem ao colocar seu dedo indicador nos beiços dele. "Você só me terá por completa novamente quando tivermos num dos quartos dentro daquele castelo." sussurrou a mulher no ouvido do pirata.

O rei apenas soltou um "tsc", desaprovando com a cabeça, porém dando uma breve risada. Nalia afastou-se dele com um sorriso sacana e piscou de forma sensual, dirigindo-se à porta, deixando algumas palavras no ar:

— E coloque logo suas roupas, majestade, tenho ciúmes que o resto da tripulação o veja assim. — e saiu.

O loiro apenas riu e recolheu suas vestes do chão, trajando-as sem pressa. Após isso, se dirigindo até a porta, dando uma pausa para suspirar. Tirou toda o peso que lhe afligia e retomou sua postura de costume. Ao ar livre do mar, aquela noite estava maravilhosa, podia ver todas estrelas no céu e sentir com muito prazer o cheiro salgado das ondas que batiam com força contra a embarcação. Muitos dos comandantes estavam espalhados pelo navio, alguns deles sendo nortenhos que Aaron conhecera antes de deixar o Vale, dos quais já haviam sido informados por Talia do plano.
Quando o Rei finalmente saiu de dentro de seu quarto, estava com um sorriso no rosto e rapidamente soltou algumas piadas com quem topava em seu caminho. Os comandantes reuniram-se rapidamente em frente à ele, esperando as palavras do homem que espalhariam pelo resto da enorme tropa.

Havia todos aqueles olhares para si, aguardando o que o Rei das Ilhas havia a dizer. O loiro circulou seu olhar pelo convés, analisando superficialmente um a um dos presentes no local. Estava posicionado na ponta da Dama de Ferro, agora com um olhar sério para todos.

— Quando eu era garoto meu pai me dissera que tornaria as Ilhas de Ferro um reino independente. Que ele se tornaria um rei respeitado por todos. E ele morreu lutando por isso. — fez uma pausa encarando Skyron — Nós estamos há um passo de conseguir realizar o que meu pai não conseguira, mas com um diferencial: Não será somente as Ilhas de Ferro que serão respeitadas após essa batalha, serão também os homens de ferro. Nós iremos até o Rochedo Casterly mostrar para eles que não somos conhecidos dessa forma apenas por nossa localização.

Alguns piratas cochichavam e assentiam enquanto ouviam as palavras de seu rei, já os nortenhos o encaravam com a mesma expressão desaprovadora de antes, mas Aaron apenas ignorava-os.

— Não, não será uma batalha fácil, meus amigos. Haverá muitos corpos caídos, infelizmente, mas o número de soldados Lannisters caídos será muito maior! Cada gota de sangue derramada deles é um tijolo para o muro da nossa vitória. E eu vos digo: se nem a maldita antiga Valíria conseguiu me derrubar, não serão alguns leões que vão conseguir! — o Greyjoy aumentava seu tom de voz cada vez mais conforme a empolgação dos piratas cresciam. — Com essa vitória nós teremos nosso reino e não só o meu, mas o nome de nós todos na história como aqueles que fizeram o feito único de dominar o Rochedo. Nós não iremos apenas lutar nessa batalha, nós iremos mostrar quem os homens de ferro realmente são! — terminou berrando.

— Rei Aaron! —  gritou um dos piratas saudando o Greyjoy.

Apesar dos nortenhos manterem as mesmas caras fechadas, não demonstrando nenhuma mudança de opinião a respeito. Já os homens de ferro gritaram o nome de seu rei repetidamente, passando a energia deles para o loiro que sorriu ao ver aquela cena e abriu os braços num gesto de satisfeito. Conforme o barulho fora diminuindo, se dirigiu até os nortenhos, mais especificamente em frente a Alayne:

— Senhora Karstark, vocês são meus convidados de honra. Me deixe saber se precisarem de algo. — falou com um sorriso lateral, recebendo um aceno positivo da mulher e olhares mortais do resto dos nortenhos. — Ou não. — murmurou sem que seus odiadores pudessem ouvir.

Seus olhos encontrara seu irmão em meio aquela multidão e fizera um sinal com a cabeça para o mesmo, indicando que ambos fossem para a ponta do navio para conversarem. Conforme Skyron se aproximava de onde Aaron estava, o mais velho começara a falar:

— Eu invejo sua lealdade, meu irmão. Mesmo preferindo que ficássemos em Pyke vivendo nossas vidas como antes, permanece do meu lado nesta batalha sem se opôr. Ou será que ao invés de lealdade é medo de levar alguns pontapés do irmão mais velho? — brincou dando uma risada.

O sorriso de Aaron foi desaparecendo lentamente, até que o mesmo se escorou na proa do navio enquanto fitava o horizonte. Apesar da brincadeira, realmente admirava a lealdade do irmão. Era difícil saber o que Skyron pensava já que sempre se demonstrava tranquilo, mas nesse caso o Lorde Supremo das Ilhas de Ferro sabia o que o Comandante da Frota de Ferro achava de tudo aquilo.

— Nosso pai não se importava com o bem do reino e os homens de ferro, apenas com seu trono e sua independência. — disse, movendo seu olhar para baixo. — Eu sei que estou arriscando muita coisa nessa guerra, mas o fato de eu querer transformar as Ilhas em um lugar respeitado me faz um líder melhor que ele, não faz? — Aaron perguntou aflito, agora olhando nos olhos do irmão.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Vm74

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Skyron aguardava calmamente a fala do irmão, enquanto apreciava os ventos leves e frios da noite.

— Quando eu era garoto meu pai me dissera que tornaria as Ilhas de Ferro um reino independente. Que ele se tornaria um rei respeitado por todos. E ele morreu lutando por isso. — fez uma pausa encarando Skyron. Se Aaron estivesse mais perto e possuísse uma ótima visão, talvez conseguisse ver algumas memórias passando pelos olhos do irmão ao longo que discursava.

Sentia o gosto salgado de sangue na boca após ter sido novamente atingido pela espada de madeira. Já estava quase ganhando a luta, mas se desconcentrou bastante nos últimos minutos. Balon observava o filho alto de treze anos treinar com um rapaz um pouco mais velho, com uma expressão fria e fechada. Skyron largou a espada no chão e encarou o pai.

— Eu não quero lutar. — Já fazia um ano desde a morte de Alysanne, mas ainda havia em Skyron traços de tristeza.
— Os seus inimigos querem e eles não vão se importar se você quer ou não - respondeu Balon, secamente. O outro rapaz parou de atacar enquanto pai e filho discutiam.
— Eu não tenho inimigos.
— Todos são seus inimigos até que se prove o contrário. Pare de tolice e continue treinando, Skyron.
— Não gosto de lutar, pai. Preferiria estar lendo um bom livro, ou tocando harpa.
— Faça isso, e enquanto você estiver tocando cordas de harpa, seus inimigos estarão tocando as cordas vocais de seus parentes e amigos com uma espada. Lembre-se, Skyron, você é um homem de ferro, não de tripas musicais. Agora, volte ao treino.

Mais tarde, Aaron o aconselhou a não desobedecer o pai, para que não sofresse nenhuma consequência. Skyron resolveu fingir obedecer, relutante. Independente de ter continuado lutando e ir se tornando um guerreiro cada vez maior, Skyron ainda não gostava daquilo. Não era o tipo de vida que queria, apesar de ser um bom lutador. Posteriormente, o Greyjoy escreveu uma música sobre um garoto que se sentia preso em uma cela de espadas, manchadas de sangue e partes de corpos, com um piso de sal.

 — Nós estamos há um passo de conseguir realizar o que meu pai não conseguira, mas com um diferencial: Não será somente as Ilhas de Ferro que serão respeitadas após essa batalha, serão também os homens de ferro. Nós iremos até o Rochedo Casterly mostrar para eles que não somos conhecidos dessa forma apenas por nossa localização.

Skyron estava concordando em silêncio com aquele plano do irmão, mas por dentro estava bastante preocupado. A vitória dos Greyjoy era algo incerto demais. No mínimo, iriam perder muitos homens, e no pior dos casos, um deles ou os dois irmãos poderiam morrer naquela batalha. Olhava para alguns dos seus homens e perguntava-se quantos deles ele estava olhando pela última vez.

— Você nunca vai ser um bardo ou um escritor — dizia a garota que tocava um alaúde, que também tinha treze anos. Seus cabelos eram ruivos-alaranjados e tinha a expressão mais calma que Skyron já vira em uma pessoa. — Se seu irmão morrer, você pode até ser um rei no futuro.
— Eu sei — Skyron respondeu, chateado, encarando o mar ao lado da garota, naquele fim de tarde. Apreciava bastante o som tocado pelo instrumento dela. — Por isso tenho que protegê-lo com todas as minhas forças. A única motivação que tenho para continuar lutando.
— Proteja a si mesmo também, ou não poderá proteger mais ninguém depois.

Aquelas lembranças faziam Skyron ficar um pouco triste. A garota estava ficando bastante próxima do Greyjoy naqueles tempos, mas havia morrido semanas depois daquele dia. Disseram que ela tinha uma doença crônica e sabia que iria morrer logo. Talvez fosse por isso que ela lhe dava conselhos tão bons que acabou influenciando bastante na personalidade do Greyjoy.

— Não, não será uma batalha fácil, meus amigos. Haverá muitos corpos caídos, infelizmente, mas o número de soldados Lannisters caídos será muito maior! Cada gota de sangue derramada deles é um tijolo para o muro da nossa vitória. E eu vos digo: se nem a maldita antiga Valíria conseguiu me derrubar, não serão alguns leões que vão conseguir! — Aaron aumentava seu tom de voz cada vez mais conforme a empolgação dos piratas cresciam. — Com essa vitória nós teremos nosso reino e não só o meu, mas o nome de nós todos na história como aqueles que fizeram o feito único de dominar o Rochedo. Nós não iremos apenas lutar nessa batalha, nós iremos mostrar quem os homens de ferro realmente são! — ele terminou berrando.

Skyron não compartilhava da mesma animação que seus homens, mas tentava permanecer neutro e aparentemente sem preocupações. Depois de falar com os nortenhos, o irmão chamou o Capitão para conversar a sós. Conforme Skyron se aproximava de onde Aaron estava, o mais velho começara a falar:

— Eu invejo sua lealdade, meu irmão. Mesmo preferindo que ficássemos em Pyke vivendo nossas vidas como antes, permanece do meu lado nesta batalha sem se opor. Ou será que ao invés de lealdade é medo de levar alguns pontapés do irmão mais velho? — brincou dando uma risada, que desvaneceu-se aos poucos, enquanto se escorava na proa do navio e fitava o horizonte. — Nosso pai não se importava com o bem do reino e os homens de ferro, apenas com seu trono e sua independência. — disse, movendo seu olhar para baixo. — Eu sei que estou arriscando muita coisa nessa guerra, mas o fato de eu querer transformar as Ilhas em um lugar respeitado me faz um líder melhor que ele, não faz? — Aaron perguntou aflito, agora olhando nos olhos do irmão.
— Eu diria que melhor é relativo — Skyron respondeu, com uma expressão amigável. — Você é melhor que ele em muitos aspectos; como em motivar um exército e em boas intenções. As Ilhas de Ferro estão bem melhor no seu comando. Mas, talvez não seja tão realista quanto ele foi — lembrou-se do diálogo do treinamento quando era criança. — Eu diria que o que faremos hoje é jogar um jogo. Mas não como o cyvasse que jogamos há algum tempo, que exige estratégia. Estamos jogando uma moeda de ouro, que tem iguais chances de cair um lado ou outro. O que eu espero é que, pelo menos, consigamos de alguma forma manipular essa moeda.

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
— Eu diria que melhor é relativo — Skyron respondeu, com uma expressão amigável. — Você é melhor que ele em muitos aspectos; como em motivar um exército e em boas intenções. As Ilhas de Ferro estão bem melhor no seu comando. Mas, talvez não seja tão realista quanto ele foi — deu uma pausa. — Eu diria que o que faremos hoje é jogar um jogo. Mas não como o cyvasse que jogamos há algum tempo, que exige estratégia. Estamos jogando uma moeda de ouro, que tem iguais chances de cair um lado ou outro. O que eu espero é que, pelo menos, consigamos de alguma forma manipular essa moeda.

Ouviu atentamente o que o irmão dizia, enquanto refletia sobre as palavras do mesmo. Desde pequeno tinha de admitir o quão bom com palavras Skyron era, não era pra menos o talento com canções. Aaron nada dissera, apenas concordou positivamente com a cabeça, em seguida deu leves tapas nas costas do irmão mais novo.

— Obrigado, meu irmão. — disse se retirando. — Se souber alguma canção que faça nortenhos não me encararem com olhares mortais, por favor, toque-a. — brincou antes de sair.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Vm74

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Os nortenhos em momento algum calaram suas bocas, continuaram com o caos mesmo sob as palavras de Talia, nenhum deles entendeu o que a mulher quisera dizer ao falar de mortos, tampouco acalmaram-se com as palavras desta. Os gritos e insultos voltaram, alguns que concordavam com ela, a grande maioria que não.
— É respeitável sua fé, Talia, mas sua fé não ganhou a batalha contra Jan e nem vai contra a de Rochedo Casterly. — Locke falava com a voz alta, mas ainda calma e fria de sempre. — São um bando de piratas contra cavaleiros bem treinados, serão aniquilados.
— Isso se não roubarem o que puderem depois da nossa parte da tropa ser dizimada, irem embora do lugar e voltarem com os bolsos cheios pras Ilhas de Ferro. São traiçoeiros, escute o que falamos, mulher! — berrou um dos líderes dos Clãs das Montanhas
— Você e Lorde Stark estão nos levando a morte! — berrou Mance Bole.




Horas depois do discurso, o ataque começou.

Os irmãos abraçaram-se, talvez pela última vez.
— Boa sorte, irmão, tente não ser morto por lá — disse Aaron.
— Você também - respondeu Skyron, quebrando o abraço.
Ambos sorriram minuciosamente pro outro, antes de Nalia vir e despedir-se de Skyron também, desejando-lhe toda sorte do mundo.
O homem desceu até um dos barcos que levavam o grande grupo e ordenou que começassem remar, pegando alguns remos para si próprio.
— Cuidado para não se cagar, Wyllam, ainda não chegamos ao Rochedo - provocou Rodrik, fazendo com que alguns homens rissem. Era da tripulação de Skyron também.
— Senhor, meu senhor, está nos liderando, não há motivo para medo — respondeu o homem.
— E que cheiro de merda é esse no ar? — provocou Rodrik novamente, cheirando Wyllam.
— Talvez seja o seu próprio, Rodrik - disse Garrett, soltando uma gargalhada de toda tripulação, mesmo de Rodrik que fez uma expressão de quem havia sido encurralado em sua própria brincadeira.
Skyron riu daquilo, notando que Alfer estava quieto e encarando o que vinha em frente.
— Nervoso? — perguntou Skyron.
Alfer olhou-lhe e virou o rosto em direção aos homens. Skyron suspirou, claramente o rapaz não gostava dele e não fazia ideia de por qual motivo.
— Meu filho vai honrar o nome do pai hoje, matando muitos leões, não é mesmo? — falou Garrett num sorriso amarelado.
— Vai honrar o nome ou vai finalmente criar um? — retrucou Rodrik, rindo.
— Vou honrar o nome — respondeu Alfer, sério. — E eternizar meu próprio entre os homens de ferro.
Os piratas fizeram "uau" em um eco zombeteiro que irritou profundamente Alfer, mas antes que pudesse respondê-los, homens de outro barco gritaram que haviam chegado.
Então, dividiram-se.
— Cuide de meu filho por mim, capitão — pedira Garrett antes de mudar de barco e ir em direção ao navio que usariam para adentrar Boca do Leão.
E Skyron, Alfer, Wyllam e Rodrik foram em direção à uma das torres em alguns rochas grandes que conectavam-se com terras cheias de árvores que em alguns quilômetros circundavam as muralhas de Lannisporto. Precisavam matar os vigias de lá antes que vissem seus homens invadindo o navio.
O pequeno grupo que cuidaria da torre resumia-se em Skyron comandando, Alfer com sua espada em mãos, Wyllam com a sua curta, Rodrik com seu machado e Haereg com seu arco.
Skyron notou que o céu dava seus primeiros pitacos de uma tempestade e sabia muito bem que os sinais que o maligno Deus da Tempestade poderia estar sobre eles naquele ataque não ajudaria em nada na confiança do exército Greyjoy.
Mas sua atenção fora curta aquele detalhe, precisava concentrar-se em seu real e principal objetivo. Na entrada da torre, o grupo escutou algumas vozes.
— São dois — avisou Skyron para o restante do grupo. Não sabia se havia alguém ali dentro, na parte de baixo, e quantos poderiam haver por toda torre.
Surpreendeu-se ao ver uma mancha passando por sua visão rapidamente, correndo em direção aos homens. Tentou pará-lo, mas num piscar de olhos, Alfer já estava pulando contra o homem direito com sua espada reta.

Mapa: http://prntscr.com/dcgr49




Uma explosão de luz inundou o local ao ter sua porta aberta com violência, fazendo com que o azulado afastasse-se rapidamente de sua fonte, rastejando para longe e colocando as mãos em frente os olhos, tentando tampá-los daquela claridade, doíam e ardiam como se estivessem em chamas. Escutou o impactar dos pés de alguém no chão e sentiu o alguém agarrando-lhe com mãos pesadas e fortes, arrastando-o até a porta, onde foi pego por outro homem e jogado para fora da cela, rolando na lama. Ergueu-se com dificuldade, tentando sustentar-se com o pouco de força que tinha e tentava recuperar, seus olhos começaram adaptar-se e na visão turva, enxergou Kean em pé, um pouco distante, mas ainda em sua frente. Olhou para o lado e viu Daeron tão distante quanto, olhando-o com choque. Rhaego notou que estava tremendo ao virar seu pescoço para que seus olhos voltassem a Kean, todo seu corpo estava tremendo. Medo, talvez.
— Tudo bem aí? — perguntou Kean ao aproximar-se, esticando-se um pouco para que sua orelha ficasse mais perto de Rhaego, enquanto sua mão fazia uma concha nela, como se fosse ajudar a escutá-lo.
Rhaego estava olhando para baixo, sem saber o que dizer, sem saber como dizer. Estava desmantelado, com medo e extremamente confuso.
— O pobre coitado talvez ainda esteja desacordado, o que acham de acordá-lo? — exclamou Kean numa voz divertida.
Sentiu mãos o agarrando e foi arrastado até um concho cheio de água, vendo que os cavalos que bebiam água ali foram rapidamente afastados por outros homens. O susto de ter seus cabelos puxados e sua cabeça enfiada na água, acelerou sue coração como nunca antes, e naquela altura aquilo era bastante coisa, desde o momento que acordara, o órgão batia tão rápido que parecia estar prestes a explodir. Resfolegou desesperadamente ao ser retirado da água e por muito pouco tempo, pois o processo se repetiu mais duas vezes.
Tentou erguer-se novamente após ser jogado onde estava, ficando de joelhos e apoiado com seus dois braços. Seus cabelos estavam brancos com algumas mechas azuis, o que aumentava o brilho roxo de seus olhos.
— Não sabia que o guardinha também era Targaryen, meu reizinho — comentou Kean encarando-o. — Ele é? — perguntou depois de alguns segundos, ao notar que Daeron não responderia sem que mandasse.
— Velaryon — respondeu Daeron.
Kean aparentou não ter ideia de quem eram.
— Uma família extinta com algumas características de Valiria — explicou Daeron, mentindo sobre não existirem mais.
O Targaryen estava com as feridas dos socos de Rhaego cicatrizando, algumas com suas cascas faltando pouco para que sumissem, mas o que chamava atenção de fato era o olho do rei que não saia do chão, vazio, triste, perdido. Como os de Rhaego.
— Poderia nos render uma boa recompensa, que triste — refletiu Kean olhando para cima. — Bem, não importa agora. O que importa, meus amigos, é essa pessoa na minha frente.
O homem olhou para Daeron que aparentava estar tão confuso quanto Rhaego.
— Vocês realmente acham que não sei contar? Mataram seis dos meus. Um, dois, três, quatro, cinco, seis. O sexto voltou. Rhaego voltou. Não podem me ver como vilão agora, estamos de acordo — explicou Kean com um sorriso que mostrava todos seus dentes. Agachou-se em frente à Rhaego e deu alguns tapinhas no rosto dele, que nem mesmo o encarava. — Você demorou dias pra acordar, mesmo Rody em sua primeira vez durou apenas algumas horas.
Virou o rosto e chamou o sacerdote. Rhaego ergueu os olhos e viu o pescoço do homem bem em sua frente, seus braços e pernas estavam soltos, sem correntes, poderia enforcá-lo, poderia tentar quebrar seu pescoço, poderia tentar usá-lo de refém, poderia arrancar um lasco da garganta do homem com seus dentes, estava com muita fome, mas apenas abaixou os olhos novamente, tentando parar de tremer seus joelhos e fixá-lo de forma certa na lama.
O sacerdote ajoelhou-se no chão ao lado de Kean após o mesmo chamá-lo, os olhos eram tão vazios e perdidos quanto de Rhaego.
— Esse, Rhaego, é o seu salvador — disse Kean, passando o braço por trás das costas do homem e agarrando o braço oposto do que estava ao seu lado, puxando e apertando-o contra ele. — Espero que seja grato à ele pela eternidade. Pode começar agradecendo-o agora.
Novamente, Rhaego ficou quieto.
— Ele te trouxe de volta a vida e é tudo que diz para ele? — reclamou Kean, suspirando.
Ele e o sacerdote afastaram-se ao levantarem.
— Tragam-os para meus aposentos, Brack — ordenou Kean sumindo dali, por fim.

Rhaego e Daeron foram levados por todo caminho por meia dúzia de homens, enquanto ele estava sem nenhuma corrente, o rei tinha uma em seus pulsos e outra nas pernas, tendo que caminhar de forma desajeitada. Adentraram na maior torre de Harrenhal, passando por vários locais do lugar que seriam pequenas salas em castelos normais, mas que ali tinham o tamanho de grandes salões. O trajeto só terminou numa pequena sala que mesmo sendo grande, em comparação ao restante era pequena. Ali dentro, depararam-se com uma grande mesa onde Kean sentava-se numa ponta, o sacerdote ao seu lado da parte esquerda, o tal Edam em seguida. A dupla foi levada até a parte direita, onde Daeron sentou-se ao lado do homem e Rhaego na cadeira seguinte.
A parte da mesa ocupada pelo quinteto estava cheia de comida, cheirando maravilhosamente bem.
— O que estão esperando, podem começar a comer — disse Kean cortando um pedaço de sua carne.
Daeron e Rhaego prepararam-se para começarem, mas o homem socou a mesa, assustando-os.
— Vocês não — repreendeu numa expressão sombria.
Rhaego estava morrendo de fome, mas obedeceu.
— Gosto de fazer pequenos banquetes aos meus novos amigos — explicou ele —, algo que vocês ainda negam tornarem-se. Então, não.
Edam e eles dois viraram-se para olhá-lo enquanto falava.
— Não, não, não. Não me olhem enquanto como, sou tímido — pediu Kean sorrindo, parando de comer e só voltando quando Edam focou em seu prato e o que comia, enquanto Rhaego e Daeron olhavam para baixo. — Como você está, guardinha? — perguntou, mas não esperou ou deu oportunidade que o mesmo falasse algo: — Fico pensando em como deve ser horrível saber que tudo isso, todas perdas, são por sua causa.
Rhaego quase levantou os olhos para olhá-lo, mas lembrou-se que não devia e encarou a deliciosa comida em sua frente, enquanto sua barriga roncava e doía.
— Cada um deles está morto por sua estupidez e incompetência. Na verdade, por ambas partes de vocês. Deveriam estar na Sala do Trono, festejando a vitória enquanto você colocava sua coroa na cabeça, certo, reizinho? — Falava com comida dentro da boca ou não, sorrindo uma vez ou outra.
O único olho de Daeron cedeu a tristeza por um instante, mas voltou a ficar vazio rapidamente.
— Tantos erros, tantos erros. Como vocês podem conviver consigo mesmo? — questionou Kean após terminar de beber um copo de hidromel, que ajudou a carne descer. — Você falhou com seus homens e você falhou com seus companheiros. Mas creio que o peso do reizinho ainda seja maior, por causa de seu fracasso, sua mulher e seu filho estão mortos. E que morte cruel deve ter sido. Será que foi estuprada por vários homens antes de ser morta como Nyra Martell foi?
Daeron franziu as sobrancelhas e cerrou os lábios conforme sua fúria começou crescer.
— A mulher foi sua segunda mãe, certo? Deuses, reizinho, coitada da mulher que se relacionar com você — disse Kean gargalhando.
Edam que estava quieto, olhou para Daeron, um olhar estranho que o mesmo notou, mas continuou quieto.
— Daeron, meu amor, onde você está? — gemeu Kean, simulando o estupro, enquanto movimentava-se para frente e para trás na cadeira. — Para.
Daeron fechou os punhos.
— Para, por favor.
Rhaego notou seu sei apertando os punhos e temeu pelo temperamento do homem, que assim como da irmã, nunca fora sua maior qualidade. Mas aquilo fora a única coisa que o rei fizera enquanto Kean o provocava.
— Estou apenas brincando, não fique tão sério assim, reizinho — falou Kean, rindo como sempre. — Mas eu realmente fico surpreso com sua incapacidade como um rei. Você tinha tudo para ganhar essa guerra e... mesmo assim a perdeu. Como?
Daeron continuou encarando sua comida.
— Vamos lá, deve ter alguma explicação! — insistiu, mas o Targaryen continuou quieto. — Deuses. Como ele não me fala, talvez seja melhor por você, Rhaego, que vivenciou tudo, provavelmente. O que acha do reinado do nosso reizinho? Digo, enquanto durou — e riu novamente.

Mapa: http://prntscr.com/dcgsbw


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Embora ainda sentisse o corpo um tanto mole, estava disposto a ter um diálogo com os nobres. Trajado em roupas quentes, caminhou pelo castelo em direção ao local da reunião, enquanto recordava-se das notícias que lhe foram trazidas mais cedo. Ao chegar, cumprimentou a rainha e os demais presentes, e observou que todos permaneciam de pé ─ o recinto não passava de uma sala modesta. Para início, os lordes nortenhos não pouparam suas desaprovações acerca do tratado feito com os Greyjoy, expressavam-nas com berros e perguntas à rainha, ao passo que uma desordem vocal tomava conta da situação de pouco em pouco. Droenn suspirou, esfregando com as costas da mão os olhos sustentados por olheiras. Esperava aquela reação por parte dos demais nortenhos, e não os culpava, mas também não via outra saída além dos homens das Ilhas de Ferro. Concluiu que deviam buscar uma mínima relação pacífica, ou estariam perdidos.

Irado e beirando o desrespeito, Taren Hornwood dirigiu-se à rainha, esta que relevou, lidando bem com as palavras: esclareceu o plano, mostrou-se imparcial e salientou a vinda dos mortos. No entanto, não havia orgulho maior como o do povo nortenho, e os nobres honraram-no. Teimosos, perpetuaram a algazarra, mesmo ainda quando a rainha falava.

─ É respeitável sua fé, Talia, mas sua fé não ganhou a batalha contra Jan e nem vai contra a de Rochedo Casterly — Locke dizia com a voz alta, mas ainda calma e fria de sempre. ─ São um bando de piratas contra cavaleiros bem treinados, serão aniquilados.
— Isso se não roubarem o que puderem depois da nossa parte da tropa ser dizimada, irem embora do lugar e voltarem com os bolsos cheios pras Ilhas de Ferro. São traiçoeiros, escute o que falamos, mulher! — berrou um dos líderes dos Clãs das Montanhas.
— Você e Lorde Stark estão nos levando a morte! — berrou Mance Bole. Droenn fitou o homem: desenhadas pela naturalidade dum semblante zangado, as rugas denotavam a idade avançada, bem como a branquidão dos cabelos quebradiços. Diante de uma mente mais experiente, o Stark tentou medir suas palavras:
─ Se o senhor já conta com tal fim, não entendo o motivo desta reunião ─ falou, não mais alto que os demais nobres. ─ O que está feito, está feito. Os piratas já estão a caminho do Rochedo Casterly, resta-nos aguardar. Assim como a rainha, compreendo a preocupação e partilhei dela antes, mas peço que preservemos o bom senso e não pensemos com o coração ─ buscou o rosto de Dieck Locke. ─ E a fé nunca ganhou batalhas, mas homens sim, senhor Locke. Não espero que sejam os mais novos amigos de guerra dos piratas e pelo que vejo, nunca serão, no entanto, quem detém homens e a nossa esperança de vitória, são eles.

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Os lordes nortenhos em grande maioria ignoraram Droenn, não se importando nem um pouco com suas palavras, exceto a Glover, que fez questão de responder:
— Se dependemos deles, é pela incompetência de Daeron! — disse em voz alta, em meio aos berros e a confusão.
— Malditos Targaryen, malditos Baratheon e maldita guerra, espero que todos queimem no inferno de seus deuses — berrou um dos líderes dos Clãs das Montanhas.
— Essa vadia não merece estar ai na frente, muito menos aquela irmã bastarda. Todos bastardos! — gritou outro deles que a dupla não conseguiu reconhecer.
Droenn notou naquele momento, Mors num canto, silencioso, desde a morte de sua filha, o lorde tornara-se mais quieto do que o normal, e mais triste. Era o único nortenho que estava quieto, mesmo que a minoria se controlasse, a grande maioria estava em fúria.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Ouviu atentamente as palavras do amigo, mantendo seu olhar sério nos outros nobres que se mostravam desatentos a qualquer coisa que os dois falavam. Nem por um segundo calaram-se fazendo com que Talia ficasse cada vez mais irritada com a falta de respeito. Concordou com Droenn, mesmo que fosse uma das únicas pessoas a ouvi-lo. Não tinha confiado nos piratas apenas pela aparência dos homens, ou porque queria dar a eles a vingança que queriam, sabia dos riscos que corria com os Greyjoys, mas agora era realmente a única chance de vitória deles, e pensar com o coração não venceria aquilo, tinha que usar a cabeça.

— Se dependemos deles, é pela incompetência de Daeron!
— Malditos Targaryen, malditos Baratheon e maldita guerra, espero que todos queimem no inferno de seus deuses
— Essa vadia não merece estar ai na frente, muito menos aquela irmã bastarda. Todos bastardos!

Talia ouvindo aquilo apenas abaixou seu olhar pra sua barriga. Sabia que não devia deixar que aquilo a atingisse, mas sentiu-se cerrando os dentes e os punhos.

Era uma tarde ensolarada diferente do comum em Ponta Tempestade, o que fazia com que a garota só tivesse em mente o quanto seria um bom dia para treinar ou correr pelo patio. Sentava-se ao lado do pai em uma mesa no quarto do homem, que a sua direita amolava suas armas bebericando de vez em quando um corno de cerveja, enquanto de seu lado esquerdo sentava-se o meister ensinando para a garota coisas que ela não dava a mínima na época. Apoiava seu rosto nas mãos entediada com a aula enquanto Edren lançava alguns olhares para ela dando risadinhas com a expressão da garota.  

— Pra que isso, pai? — Perguntou emburrada para o homem — Sou só uma bastarda, todos dizem que não vai fazer diferença eu saber essas coisas, seria util se eu tivesse lá fora, sou muito melhor ganhando dos garotos com uma espada do que tendo que aguentar isso — Falou vendo a expressão do pai passar de um olhar sorridente para um tempestuoso. Pediu para que o meister saísse da sala dizendo que a aula tinha acabado. Assim que a porta fechou Edren colocou uma das mãos no ombro da garota ainda com seu olhar irritado.

— Não me importo com que digam, você é minha filha e carrega meu sangue em suas veias. Não posso te dizer que será legitimada amanhã, mas algum dia farei que seja, e se não conseguir, até meu último suspiro você será legitima ao meu ver. Não deixe que te rebaixem com palavras, sempre tentarão isso, mas sei que você é mais que um titulo, basta você saber também e mostrar que estão errados — Falou dando uma pausa e abraçando a garota que apenas retribuiu carregando uma culpa infantil pelo que havia dito. O homem se afastou bagunçando o cabelo dela e voltando com o sorriso mais sincero que ela já havia conhecido — Espero que ganhe deles mesmo, porque você terá que compensar a aula que perdeu hoje — Encerrou o homem fazendo com que ela desse um sorriso animado e saísse correndo em direção ao pátio.


Manteve seu punho cerrado voltando seu olhar aos nobres. “Vadia”, “Bastarda”, “Puta”, entre outros. Não era algo raro para ela, tinha ouvido aquilo a vida inteira, e a princípio não tinha entendido o que fizera com que ela se estressasse, mas ao lembrar-se do pai, entendeu. Além de odiar que falassem que Daeron tinha sido incompetente ou tratassem Serena como lixo, odiava que tratassem-na como se não fosse capaz de algo.  Manteve o olhar furioso nos presentes, não dava a mínima se não ficariam calados para ouvi-la, mas falaria o que tinha que falar:

— Vocês agem como se fossem os únicos a sofrer com a guerra, e se me dão o perdão da palavra, isso é patético. Todos nessa sala perdemos alguém desde que isso começou...— Disse num tom mais alto que os outros falavam, enquanto rodava  o olhar e em sua cabeça vinha a imagem do pai sorrindo e dando um beijo na testa da garota. “Não se preocupe comigo, voltarei logo e farei com que carregue meu nome”. —  E vocês sabem que não começou nesses últimos meses — Daeron riu da preocupação dela e a abraçou. “ Falta pouco para que essa guerra acabe, Rainha da Beleza, tente não se preocupar de mais.”.— Vocês querem que eu faça o que? Se a única coisa que vocês têm para sugerir é fugir, então façam. Querem me trair? Então tentem, quem sabe daqui a alguns anos seus filhos não lhe perguntem o que aconteceu e vocês digam bravamente que carregaram tanta honra quanto o homem que matou o avô deles em um casamento. —Olhou para Taren continunando sem dar tempo para que falassem— Afinal, ser filho de um traidor deve trazer muita satisfação não é mesmo? — Virou o olhar para a senhora Glover curiosa com como ela trataria aquilo, mas  logo direcionou-se para os outros — Posso ser considerada uma vadia ou ter sida uma bastarda, mas meu filho não é, ele carrega o sangue de Daeron e é o herdeiro legitimo aquele trono. Mas se isso não é o suficiente pra vocês então corram com o rabo entre as pernas mesmo, sempre ouvi que os nortenho eram o povo mais bravo de Westeros, porém acho que se enganaram, talvez até mesmo os piratas sejam melhores que vocês, porque pelo que sei eles agora estão lutando por algo. — Deu uma pausa vendo o rosto de cada um deles . — Estou dando a vocês a opção de fugir, mas lembrem-se que agora não tem para onde correr. Jan perdoou- os uma vez com sangue, não perdoará duas. E acho que vocês sabem o que acontece quando ganharmos essa guerra, ninguém gosta muito de desertores, são de pouca confiança. — Cerrou o dente novamente soltando o ar de seus pulmões e inspirando em seguida— Tentem ser corajosos pelo menos uma vez na vida de vocês e lutem como homens, vejo que muitos tem coragem de lançar xingamentos se escondendo em meio aos outros, mas tenho duvidas se algum tem coragem pegar uma espada e lutar com tanta coragem ao meu lado. Se acham que não tem mais jeito de sairmos vitoriosos, então assistam-me.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 6gK8ZbC

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Uma vez ouvira dizer que originalmente os combates eram um sacrifício sangrento para os deuses de Ghis, a nação que fundou Meereen. O Império Ghiscari, bem como todos os seus deuses, haviam morrido há muito tempo; mas ainda assim as arenas continuavam abertas, enchendo os bolsos dos mestres de escravos. Rhaego acreditava que as arenas de luta eram de fato um sacrifício de sangue, afinal; — somente os deuses haviam mudado.

Mas até mesmo para os escravos à vida poderia ser luxuriosa deste que o mesmo soubesse lutar, e ele sempre soubera. Seu nome já fora entoado ao pisar nas arenas, tinha companhia de mulheres e comia e bebia somente do melhor, mas não deixava-se enganar; sabia que independente de quem ganhasse dentro da Arena, seriam os mestres a saírem vitoriosos. Ele aguardava mais uma batalha ansioso, com a mão fechada sobre o punho do arakh, podendo ouvir a multidão bradar clamando por sangue derramado lá fora.
— Moleque, — Uma voz chamou-lhe, seu mestre era uma desagradável figura enfeitada, seu caminhar lembrava-lhe a um pato gordo. — este homem quer dar uma olhada em você, tente comportar-se.
Tirou uma madeixa azul de frente aos olhos e virou-se para encarar a figura, ainda mais espalhafatosa do que seu mestre, dirigindo-lhe um olhar de cima à baixo. Sua pele era escura e vestia uma túnica cor de vinho sob uma capa verde musgo, com botas de cano alto feitas em couro branco.
— E o que o pavão tostado pode querer comigo? — Disparou sem se importar. Era jovem, e como todo jovem, era tolo.
— Petulância é o primeiro sinal de um homem burro, rapaz, e você o apresenta sem pudores. Mas posso fazer de seu atrevimento algo valioso. — O homem devolveu-lhe o olhar analítico, e então encarou-lhe nos olhos. Sorriu. — Me chamo Salladhor Saan, Príncipe do Mar Estreito. Sei que não tem muito tempo, então minha proposta para você será direta: ganhe sua próxima luta e aceite se juntar a minha tripulação, e então lhe garantirei liberdade. Não será mais propriedade de ninguém, e se esperto for nunca mais o será.
— Se me livrar da posse desse porco, matarei o inimigo que for tão rápido quanto posso cuspir. — Respondeu de prontidão. Seu dono produziu um som de desagrado ao ouvir aquilo, mas o sorriso no rosto de Rhaego era largo.
Trocar as arenas pelo mar parecia uma proposta muito boa, muito boa para ser real, mas no fundo não queria desacreditar.
O homem voltou a sorrir e deu meia volta, junto de seu mestre, ambos dando-lhe as costas para voltarem as arquibancadas, mas antes de sumir respondeu:
— Os homens de Westeros estão sempre com pressa — lamentou-se. — De que serve, pergunto-lhe? Aquele que se apressa na vida, apressa-se a chegar à morte.

Suas sobrancelhas franziram-se ao ser deixado sozinho na sala escura. Westeros? Ele sabe? Não poderia, como poderia ele saber? Conjeturava inquieto, teriam seus olhos lhe entregado? Não, não era alguém tão importante para ser procurado. Poderia ser um amigo de seu pai, então? Era um pirata certamente, e seu pai um homem viajado, mas sabia que não o conhecia, lembraria de um tipo como aquele. Tentou esvaziar a cabeça, pensaria naquilo depois, agora precisava concentrar-se em vencer sua luta. O olhar vagueou ligeiro pelas paredes de tijolos coloridos do Portão do Destino, ele sempre tentava contar os nomes gravados de todos os guerreiros que lá dentro ruíram, mas os portões se abriram e seu rosto fora tomado pelo sol escaldante de Essos, — outra batalha se iniciava.


Espremeu seus olhos que demoraram a se adaptar ao fulgor gerado pela luz que abruptamente atravessara a porta recém-aberta. Ardiam como fogueiras ao primeiro contato com o sol e ele instintivamente retraiu-se, rastejando em direção as sombras e encobrindo a visão com as palmas das mãos. Ouvia passos pesados caminhando em sua direção, mas seus olhos recusavam-se a abrir, mesmo quando fora agarrado e arrastado até a porta; tentou reagir, mas seu corpo estava dormente. Foi alçado e outro par de mãos segurou-lhe, jogando-o de encontro a lama, rolou sobre o solo pegajoso e tentou erguer-se, somente para resvalar e cair com o rosto de encontro ao chão. A essa altura seus olhos adaptavam-se à claridade, pode ver Kean em pé a alguns metros de si, e ao virar a cabeça encarou um mutilado Daeron em choque. Ficar de joelhos na lama e avistar o Targaryen daquela maneira fez com que sua mente desenevoasse, recobrando-lhe parte da memória. Lembrou-se de cada um dos seus, cada cabeça rolando sobre o mesmo solo enlameado. Voltou-se tremendo para encarar os pés de Kean, não conseguia levantar o olhar.
— Tudo bem aí? — Kean aproximou-se, levantou a cabeça por um instante e o viu com a mão em forma de concha ao redor da orelha, como se fosse escutá-lo melhor. Zombava-lhe.
Rhaego nada lhe disse, nada que dissesse faria diferença, apenas abaixou os olhos e calou-se. Em uma situação diferente teria uma resposta insolente para tudo e para todos, mas agora tremia, entorpecido e confuso, e o silêncio era tudo o que tinha para dizer.
— O pobre coitado talvez ainda esteja desacordado, o que acham de acordá-lo? — exclamou Kean, entre risos.
Sentiu as mãos pesadas agarrarem-lhe novamente, sendo arrastado até o cocho dos cavalos que relincharam ao serem tirados de perto. Seguraram-lhe os cabelos com força e enfiaram seu rosto n'água, seu coração saltou no peito e bolhas escapavam de sua boca ao tentar respirar, inutilmente. Buscou o ar desesperado ao ter sua cabeça levantada, mas logo imergiu novamente, por mais duas vezes. O homem então jogou-lhe de volta ao chão, caindo sobre os joelhos e levantando as mãos para amparar a queda, evitando que caísse de rosto na lama novamente. Questionava-se se não teria sido melhor permanecer morto.
— Não sabia que o guardinha também era Targaryen, meu reizinho — comentou Kean ao ver a tinta em seus cabelos escorrer, dando lugar aos fios brancos. — Ele é? — perguntou depois de alguns segundos, ao notar que Daeron não responderia sem que mandasse.
— Velaryon — respondeu.
Kean aparentou não ter ideia de quem eram.
— Uma família extinta com algumas características de Valíria. — explicou Daeron, mentindo.
— Poderia nos render uma boa recompensa, que triste. Bem, não importa agora. O que importa, meus amigos, é essa pessoa na minha frente. — O homem virou-se para Daeron, que tinha seu olhar também pregado ao chão, vazio. Podia ver que os socos que lhe dera estavam encascando e a face mutilada desinchava. — Vocês realmente acham que não sei contar? Mataram seis dos meus. Um, dois, três, quatro, cinco, seis. O sexto voltou. Rhaego voltou. Não podem me ver como vilão agora, estamos de acordo. — Seu largo sorriso mostrava todos seus dentes. Agachou-se em frente à Rhaego e tapeou-lhe algumas vezes no rosto, que nem mesmo o encarava. — Você demorou dias pra acordar, mesmo Rody em sua primeira vez durou apenas algumas horas.

O homem virou-se e chamou o sacerdote, parava agora a sua frente, desatento e com o pescoço exposto. Pensou em dezenas de maneiras para matá-lo ou tê-lo como refém, mas não tinha força para isso, não agora. Sua pele estava quente, provavelmente febre, e seus joelhos tremiam com dor; se avançasse seria para que outra espada atravessasse seu peito. Fixou o olhar morto na lama.
O sacerdote ajoelhou-se no chão ao lado de Kean após o mesmo chamá-lo, os olhos eram tão vazios e perdidos quanto os seus. Não podia acreditar, mas parecia que todos aqueles homens não seguiam-o, mas eram controlados por ele. Sentiu um arrepio subir-lhe pela espinha.
— Esse, Rhaego, é o seu salvador — disse Kean, passando o braço por trás das costas do homem ao seu lado, puxando e apertando-o contra ele. — Espero que seja grato à ele pela eternidade. Pode começar agradecendo-o agora.
Novamente, Rhaego ficou mudo e encarou o chão. Não dissera nada desde que acordara, nem mesmo uma palavra.
— Ele te trouxe de volta a vida e é tudo que diz para ele? — reclamou Kean, suspirando.
Se via pensando, alheio as bobagens que o homem dizia. Se de fato morresse, teria alguém derramado uma lágrima sobre sua morte? Pensava que talvez não. Ele e o sacerdote afastaram-se ao levantarem.
— Tragam-os para meus aposentos, Brack — ordenou, sumindo dali por fim.

Arrastou os pés por todo o caminho em que foram escoltados, a grandeza melancólica de Harrenhal era, de algum modo bastante desconfortante, profundamente sombria e solitária. Ao contrário de Daeron não puseram-lhe correntes, mas sabia qual era o jogo do homem: lhe dava uma falsa ideia de liberdade, queria quebrá-lo de dentro para fora, mostrar quem estava no controle e desmantelar sua confiança até que não sobrasse nada mais dentro de si, e então fazer dele mais uma ovelha em seu rebanho. Não seria uma delas. Entraram em uma sala que consideraria grande em qualquer outro lugar, mas era diminuta em comparação a vastidão de tantas outras partes do castelo. Kean sentava-se em uma das extremidades da grande mesa ao centro, com o sacerdote a sua esquerda e o homem que fora poupado depois dele. Daeron fora colocado do lado oposto ao sacerdote, à direita de Kean, e Rhaego sentou-se logo após, de frente a Edam.
Seu estômago deu uma ressonadela atiçado pelo cheiro deliciosamente provocante que a comida em cima da farta mesa proporcionava. Se era verdade o que Kean lhe dissera, não comia haviam dias.

— O que estão esperando, podem começar a comer — disse Kean, cortando um pedaço de sua carne com uma naturalidade horripilante.
Daeron e Rhaego prepararam-se para começarem, mas o homem socou a mesa, assustando-os.
— Vocês não — repreendeu-os numa expressão sombria, oposta ao que recém demonstrara.
Sua barriga respondeu com um ruidoso "roooooooooon", mas Rhaego limitou-se a retirar as mãos da mesa e repousá-las sobre o colo. Juntou-as, num gesto que sempre confortava-lhe, para notar que algo estava faltando. Mais um pedaço de sua memória voltou ao lembrar-se de Kean jogando sua luva nas chamas, mais uma parte de si que estava morta, pensou em silêncio.
— Gosto de fazer pequenos banquetes aos meus novos amigos — explicou ele, em tom agridoce. —, algo que vocês ainda negam tornarem-se. Então, não.
Edam e eles dois viraram-se para olhá-lo enquanto falava.
— Não, não, não. Não me olhem enquanto como, sou tímido. — pediu Kean sorrindo, parando de comer e só voltando quando Edam focou em seu prato, enquanto Rhaego e Daeron olhavam para baixo. — Como você está, guardinha? — perguntou, mas não esperou ou deu oportunidade para que falasse algo: — Fico pensando em como deve ser horrível saber que tudo isso, todas perdas, são por sua causa.
Rhaego quase levantou os olhos para olhá-lo, mas lembrou-se que não devia e encarou a deliciosa comida em sua frente, enquanto sua barriga roncava e doía. Era estúpido, mas falava a verdade.
— Cada um deles está morto por sua estupidez e incompetência. Na verdade, por ambas partes de vocês. Deveriam estar na Sala do Trono, festejando a vitória enquanto você colocava sua coroa na cabeça, certo, reizinho?
"Tomaremos o que é nosso por direito, tomaremos o trono do Usurpador, com Fogo e Sangue se necessário for. E das cinzas do que restar, reergueremos nossas casas e tradições". Estúpido; disse rudemente a si próprio em seus pensamentos, nós somos as cinzas. Um sentimento novo de desolação tomou seu coração por inteiro.
— Tantos erros, tantos erros. Como vocês podem conviver consigo mesmo? — questionou após terminar de beber um copo de hidromel, que ajudou a carne descer. — Você falhou com seus homens e você falhou com seus companheiros. Mas creio que o peso do reizinho ainda seja maior, por causa de seu fracasso, sua mulher e seu filho estão mortos. E que morte cruel deve ter sido. Será que foi estuprada por vários homens antes de ser morta como Nyra Martell foi?
A boca de Daeron retorceu-se ao ouvir aquilo.
— A mulher foi sua segunda mãe, certo? Deuses, reizinho, coitada da mulher que se relacionar com você — sua risada tinha algo de obsceno que deixava qualquer um desconfortável. — Daeron, meu amor, onde você está? — Kean gemeu, simulando o estupro, movimentando-se para frente e para trás na cadeira. — Para.
O Targaryen fechou os punhos, Rhaego não achava que ele aguentaria muito mais daquilo.
— Para, por favor. — Continuava, a cadeira emitia um rangido incômodo ao arrastar-se contra o chão
Rezou para que o homem parasse. Daeron, assim como a irmã, não tinha no temperamento uma de suas maiores virtudes; mas de alguma forma segurou-se.
— Estou apenas brincando, não fique tão sério assim, reizinho — falou Kean, rindo como sempre. — Mas eu realmente fico surpreso com sua incapacidade como um rei. Você tinha tudo para ganhar essa guerra e... mesmo assim a perdeu. Como?
Daeron continuou encarando sua comida.
— Vamos lá, deve ter alguma explicação! — insistiu, mas ele continuou quieto. — Deuses. Como ele não me fala, talvez seja melhor por você, Rhaego, que vivenciou tudo, provavelmente. O que acha do reinado do nosso reizinho? Digo, enquanto durou — e riu novamente.
As vezes sentia o desejo de chorar, de entregar-se e ceder à vontade do homem. Mas então ouvia sua sonora risada, a aresta de escárnio e zombaria presente em cada uma de suas palavras, e Rhaego obrigava ao calor em seu coração que queimasse suas lágrimas.
— Terminado, se o que diz é verdade. — Moveu apenas os lábios para falar, o corpo estava estático. — O que me intriga é o seu reinado, aqui em Harrenhall, louvável como mantém um domínio de terror desta maneira. — Que os fantasmas de Harren e seus filhos assombrem-no, pensou, a maldição do castelo nunca falhara em trazer infortúnio a quem tentava dominá-lo, cedo ou tarde. — Artimanha perigosa manter tantos homens com rancor perto de si, mas não cabe a mim julgar. — Seu tom era ausente, o olhar fixo sobre a mesa mantinha-se apático. — Mas me diga, Lorde Kean, por que manter o rei aqui? Entendo querer fazer seus jogos comigo, não tenho valor, e você me pareceu alguém interessado em uma boa recompensa. Ora, não há homem mais valioso do que Daeron Targaryen em Westeros, sor, certamente Jan encheria seus bolsos de ouro a troco de sua cabeça. — Deu uma fungadela, seu semblante era insosso. — E mesmo que seu teatro sobre o Ninho seja verdade, ainda que eu ache improvável que Jan poderia impregnar um castelo dito impregnável em tão pouco tempo, outra Targaryen ainda vive. Uma criança em pose de pelo menos um ovo de dragão, é impulsiva e age com o coração. Valem mais do que rubis, os tais ovos, e fariam-o rico pelo resto de seus dias. — Dos poucos que lhe restam, sua mente reteve essa parte. — Isso se parar de tirar-lhe pedaços e negociar um resgate generoso com a garota, é claro. — Seu tom era resoluto, acalentava a crença de que o homem poderia ter o mínimo de bom senso.
Notou que não estava com medo de morrer, não era essa a real tragédia afinal, mas sim o que ele deixaria morrer dentro de si enquanto vivo. E aquele homem não levaria mais nenhum pedaço. Já fora propriedade de alguém no passado, "e se esperto for nunca mais o será", dissera-lhe Salladhor Saan. Não era mais jovem, não era mais tolo.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Tumblr_inline_nvf5146cpH1qd0qka_500

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Abraçando seu irmão mais velho e sentindo a brisa fria noturna, Skyron refletiu se pelo menos um dos dois sobreviveria, e torcia por Aaron. Os dois saírem vitoriosos daquela batalha e ficarem para sempre na história, vivendo com as Ilhas de Ferro independentes, ricas e felizes era uma visão muito utópica. O anseio por mais poder é o que faz os homens caírem, pensou. Apesar do pessimismo, Skyron pretendia dar o melhor de si e estava confiante de que iria se surpreender. Só esperava que essa surpresa fosse positiva.

— Boa sorte, irmão. Tente não ser morto por lá — disse Aaron, como o loiro alto já previa.
— Você também — respondeu, desvinculando-se do abraço e batendo algumas vezes no ombro do irmão, sorrindo.

Nalia também veio se despedir, desejando-lhe sorte. Como ela já estava acostumada com o tipo de resposta do irmão mais novo de seu "amante", Skyron lhe disse que não acreditava em sorte e nem gostava da ideia de sua vida depender do aleatório. Mas mesmo assim agradeceu-lhe e também a abraçou, com ela sorrindo por já estar esperando aquilo.

No barco, após ter percorrido uma certa distância, Skyron apenas observava as conversas de sua tripulação e notou que o filho de Garrett estava bastante sério e silencioso.

— Nervoso? — perguntou. Mesmo o conhecendo há anos, Skyron ainda não entendia Alfer muito bem e por que ele o odiava. O que o motivava a ser daquele jeito queria o Greyjoy descobrir algum dia, mas se dependesse da impulsividade do garoto naquela noite, provavelmente nunca saberia.

Alfer o ignorou, como já esperava.

— Meu filho vai honrar o nome do pai hoje, matando muitos leões, não é mesmo? — falou Garrett num sorriso amarelado.
— Vai honrar o nome ou vai finalmente criar um? — retrucou Rodrik, rindo.
— Vou honrar o nome — respondeu Alfer, sério. — E eternizar meu próprio entre os homens de ferro.

Os piratas fizeram "uau" em um eco zombeteiro que irritou profundamente Alfer, mas antes que pudesse respondê-los, homens de outro barco gritaram que haviam chegado. Então, dividiram-se.

— Cuide de meu filho por mim, capitão — pedira Garrett antes de mudar de barco e ir em direção ao navio que usariam para adentrar Boca do Leão.
— Farei isso — Skyron respondeu, com firmeza. Só gostaria que Alfer pelo menos se deixasse ser cuidado.

O grupo formado por Skyron, Alfer, Wyllam, Haereg e Rodrik foi em direção à uma das torres em algumas rochas grandes que conectavam-se com terras cheias de árvores que em alguns quilômetros circundavam as muralhas de Lannisporto. Precisavam matar os vigias de lá antes que vissem seus homens invadindo o navio. O pequeno grupo que cuidaria da torre resumia-se no Greyjoy no comandando, Alfer com sua espada em mãos, Wyllam com a sua curta, Rodrik com seu machado e Haereg com seu arco. Enquanto isso, o céu começava a dar sinais de uma tempestade próxima.

Na entrada da torre, o grupo escutou algumas vozes.

— São dois — avisou Skyron para o restante do grupo. Não sabia se havia alguém ali dentro, na parte de baixo, e quantos poderiam haver por toda torre.

Surpreendeu-se ao ver uma silhueta passando rapidamente por sua área de visão, correndo em direção aos leões. Tentou pará-lo, mas num piscar de olhos, Alfer já estava pulando contra o homem direito com sua espada reta.

Sem muitas alternativas, Skyron ligeiramente virou para o resto do grupo e acenou para que o seguissem, e então correu para avançar no homem da esquerda antes que pudesse atacar Alfer. O Greyjoy correu, retirando sua espada no caminho com a mão direita, e sem perder tempo, bateu com sua espada na cabeça do vigia, fazendo seu corpo bater na parede da torre logo em seguida.

Depois de ambos os vigias estarem mortos, Skyron encarou o filho de Garrett, enquanto embainhava sua espada.

— É interessante que você permaneça vivo para que possa eternizar seu nome em alguma coisa — disse, em um tom sério, mas não aparentando estar irritado.

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Josh escreveu:
Sem muitas alternativas, Skyron ligeiramente virou para o resto do grupo e acenou para que o seguissem, e então correu para avançar no homem da esquerda antes que pudesse atacar Alfer. O Greyjoy correu, retirando sua espada no caminho com a mão direita, e sem perder tempo, bateu com sua espada na cabeça do vigia, fazendo seu corpo bater na parede da torre logo em seguida.

Depois de ambos os vigias estarem mortos, Skyron encarou o filho de Garrett, enquanto embainhava sua espada.

— É interessante que você permaneça vivo para que possa eternizar seu nome em alguma coisa — disse, em um tom sério, mas não aparentando estar irritado.


Você precisa tirar 4 para concluir essa ação.

http://prntscr.com/dg110d + 6


O aço valiriano adentrou facilmente o crânio do homem, quase decepando aquela parte de cima de sua cabeça se não fosse pela força moderada de Skyron.
Alfer não se incomodou de responder Skyron, apenas limpou a espada na calça e ouviu algumas reclamações de Rodrik, então minutos depois subiu pela torre com o restante, onde encontraram apenas mais dois homens, um dormindo e outro observando o mar, distraído.
Foram fáceis de se matar e com aquilo só podiam rezar que o resto fizesse o trabalho tão bem quanto eles.

Segunda torre de vigia: http://prntscr.com/dg1bkg
Homens de Ferro: http://prntscr.com/dg1cg8 + 1 pelo ataque inesperado

Terceira torre de vigia: http://prntscr.com/dg1cp1
Homens de Ferro: http://prntscr.com/dg1cxs + 1

Primeiro navio vigiando a região: http://prntscr.com/dg1d7i
Homens de Ferro: http://prntscr.com/dg1dc6 + 1

Segundo navio vigiando a região: http://prntscr.com/dg1djw
Homens de Ferro: http://prntscr.com/dg1e0l + 1

Terceiro navio vigiando a região: http://prntscr.com/dg1e8l
Homens de Ferro: http://prntscr.com/dg1efa + 1


O medo dos piratas que o Deus da Tempestade estivesse contra eles tornou-se mais forte ao ouvir de  uma trombeta, vinda de uma das torres de vigia, próxima da cidade. Ali, foi anunciado aos moradores de Rochedo Casterly e Lannisporto a presença de inimigos, e para os piratas, a provável derrota.
O elemento surpresa não existia mais.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz

O som da trombeta dos inimigos chegou aos ouvidos da frota como gigantescas ondas procurando puxá-los para o fundo do mar e nunca mais deixá-los emergir, e aquele mau presságio fora suficiente para amedrontar os corações mais bravos dos piratas e preocupar os mais valentes dos nortenhos e mercenários.
Mas Aaron Greyjoy não permitiu-se impactar-se com aquele primeiro fracasso, não poderia, a última coisa que seus homens precisavam era de um líder tão amedrontado quanto eles. Ele era a imagem que respeitavam, que seguiam, o exemplo deles. Num grito alto e grosso, mandou que assoprassem as suas próprias trombetas e assim fizeram. A primeira foi de Dama de Ferro, a segunda foi de Harpa do Mar e as que se seguiram foram de  todos outros navios, criando um coro de cornetas tão alto que não surpreenderiam-se se fosse ouvido no outro lado do mar. Junto a movimentação da tropa em direção a cidade portuária, os tambores começaram ser tocados, iniciando a canção de guerra dos Greyjoy.
A nada simpática canção da Frota de Ferro causou mais medo a cidade que esperavam, assim como suas trombetas. A frota marinha dos Lannister saíram de onde estavam e esperaram mais proximidade dos inimigos para que fossem em direção à eles.
Mas com o surgir crescente de dezenas e dezenas de navios até que virassem centenas, os leões em suas próprias embarcações e os habitantes que ousaram sair de suas casas, tremeram ao verem-nos.




Mapa geral do mar: http://prntscr.com/dg6obh

Não é exatamente assim, só pra dar um ideia geral mesmo.

Talia[Babi]
Vestimenta: Roupas quentes.

— Vocês agem como se fossem os únicos a sofrer com a guerra, e se me dão o perdão da palavra, isso é patético. Todos nessa sala perdemos alguém desde que isso começou. E vocês sabem que não começou nesses últimos meses.
Os nortenhos calaram-se aos poucos, a voz da rainha tornara-se mais alta do que qualquer grito que tentassem dar, por mais alto que fosse, e aquilo era suficiente para calá-los.
— Vocês querem que eu faça o que? Se a única coisa que vocês têm para sugerir é fugir, então façam. Querem me trair? Então tentem, quem sabe daqui a alguns anos seus filhos não lhe perguntem o que aconteceu e vocês digam bravamente que carregaram tanta honra quanto o homem que matou o avô deles em um casamento.
Taren sentiu os olhos da mulher nele e abaixou os seus próprios para o chão.
— Afinal, ser filho de um traidor deve trazer muita satisfação não é mesmo?
Kaylee desviou os olhos, irritada, a verdade era cruel e mesmo sendo seguida nos questionamentos contra a mulher, era muito julgada pelo resto dos nortenhos pelos erros de seu pai. Sentia vergonha do homem, sentia vergonha do legado que deixara à ela, assim como os outros lordes que o acompanharam na traição, e trazer aquilo a tona a deixara completamente desconfortável.
— Posso ser considerada uma vadia ou ter sida uma bastarda, mas meu filho não é, ele carrega o sangue de Daeron e é o herdeiro legitimo aquele trono. Mas se isso não é o suficiente pra vocês então corram com o rabo entre as pernas mesmo, sempre ouvi que os nortenhos eram o povo mais bravo de Westeros, porém acho que se enganaram, talvez até mesmo os piratas sejam melhores que vocês, porque pelo que sei eles agora estão lutando por algo.
Aquilo mexeu com os nortenhos mais do que Talia esperou que fizesse.
— Tentem ser corajosos pelo menos uma vez na vida de vocês e lutem como homens, vejo que muitos tem coragem de lançar xingamentos se escondendo em meio aos outros, mas tenho duvidas se algum tem coragem pegar uma espada e lutar com tanta coragem ao meu lado. Se acham que não tem mais jeito de sairmos vitoriosos, então assistam-me.
Talia Baratheon encarou cada lorde naquela reunião com uma feição severa e séria, alguns continuaram encarando-a, outros desviaram o olhar, mas nenhum deles olhavam-na mais como antes, como uma vadia ou só como uma bastarda. Desconhecida daquele povo, apenas viu neles um silêncio após suas palavras, mas para Droenn que nascera com aqueles e vivera por muitos meses de guerra ao lado deles, notou um certo respeito vindo deles que o fez sorrir, mesmo que de leve. Talia estava ganhando a confiança que queria aos poucos, por mais complicado e difícil que fosse, mesmo naquela situação.
Sem outra palavra dos nortenhos, a rainha tirou os olhos deles e acenou respeitosamente com a cabeça para Mors que estava quieto, sabia da dor do pobre homem e era um dos nortenhos que mais respeitava, fora um dos poucos que a respeitara mesmo quando era só uma bastarda que andava ao lado de Daeron. Talvez o único entre aqueles lordes.

Bateu no quarto de Serena após despedir-se de Droenn nos corredores. Encontrou-a deitada na cama, lendo um livro, enquanto seu dragão estava deitado sobre uma mesinha.
— Serena Targaryen lendo um livro? — brincou com um sorriso, mas realmente surpresa ao vê-la lendo sobre batalhas históricas, um livro claramente de aparência antiga e um tanto quanto acabado, perguntava-se onde a garota arrumara aquilo e de onde o gosto por leitura viera. Notou também um amontoado de livros num canto do quarto.
— O tédio — disse ela sem graça, fechando o livro e deixando-o cair sobre a cama. — Pode entrar, ele não morde.
Talia estava parada na porta, encarando o dragão que abriu um dos olhos e a encarou.
— Ele não é selvagem como de Daeron, é bem dócil até.
Tomando coragem, adentrou no quarto e fechou a porta atrás de si.
— Pode tocá-lo se quiser, ele gosta — disse ela apontando com os olhos para que ela fosse em direção ao dragão. Indo ou não, Serena ficou em silêncio por alguns instantes, então disse: — Como você está lidando com tudo isso do Daeron? Não conseguimos falar sobre isso nesses últimos dias.
Era notável as olheiras sob os olhos da garota, que estava muito bonita com o cabelo curto.


Rhaego[Dwight]
Vestimenta: Trapos rasgados, fedidos e sujos, em seu peito há uma grande marca de sangue que fora onde a espada atravessara.

Kean sorriu após ouvir as palavras de Rhaego, estava surpreso com a atitude repentina do homem.
— Parece que mesmo como um cadáver ambulante, a coragem nas palavras continua — observou ele, sorrindo. — Mas você está certo, guardinha, ele é mais útil como uma recompensa do que um de meus homens para mim. São vários motivos para que ele ainda esteja sob meus cuidados, o principal é que esse mundo é muito tedioso para que eu jogue fora uma futura amizade com o descendente de Aegon, O Conquistador! — exclamou gargalhando a última parte, olhou para Daeron e o mesmo continuou em silêncio, fazendo com que perdesse o sorriso e suspirasse. — Daeron, O Mudo, pelo visto.
O salão tornou-se tão silencioso quanto Daeron, apenas os sons baixos e irritantes de Kean comendo eram ouvidos, o sacerdote não tocara na comida e Edam desistira depois de algumas colheradas. Kean ao notar os quatro olhando para baixo, em silêncio, riu daquilo.
— Os quatro quebrados, um quarteto e tanto, não acham? — comentou com o sorriso que nunca parecia sair de seu rosto. — Todos aqui são figuras interessantíssimas! Pensei que Edam era apenas um camponês qualquer, mas acabei ouvindo pelo castelo que ele já foi considerado um herói por essas regiões, defendendo as vilas de ladrões há muitos anos atrás. Me pergunto por que parou, um dos ladrões foi o motivo de você ser feio pra caralho assim?
— Isso aconteceu antes — respondeu Edam numa voz triste.
Daeron olhou-lhe por alguns segundos, um olhar que Edam compartilhou e desviou rapidamente.
— Diga-nos o motivo, por favor! — pediu Kean, curioso, enquanto alguns servos que surgiram pegavam as panelas e seu prato da mesa, levando-os embora.
— Acidente enquanto forjava uma espada — respondeu.
Kean assoviou, encarando-o.
— Um acidente curioso, nota-se — comentou numa voz baixa e pensativa.
Outro servo surgiu no salão, carregando uma grande panela com luvas, devido sua temperatura alta. Rhaego surpreendeu-se ao ver que era Cetim, com alguns ferimentos no rosto de quem havia sido espancado, mas não tanto quanto o próprio rapaz que ficou chocado de ver seu mestre ali. Paralisou por alguns segundos, mas ao notar os olhos de Kean sobre ele, continuou andando e colocou a panela em frente ao homem, abriu-a revelando uma grande quantidade de sopa quente ali dentro e colocou uma porção no prato do homem.
— Estou resfriado — explicou Kean à eles. — Esse rapaz aprendeu muito bem com você, guardinha. Tomou todos socos e chutes que meus homens puderam dar, mas mesmo assim negou-se ajoelhar-se perante mim. Eu gosto de vocês dois — disse apontando para Rhaego e Cetim — e de você também, reizinho, apesar de estar mudo — falou, agora desanimado, apontando para Daeron.
Cetim nem mesmo deu-se trabalho de acenar com a cabeça respeitosamente, apenas deu as costas para Kean e saiu do salão, dando uma última olhada, ainda muito surpreso, para Rhaego. Kean riu daquilo e começou a engolir sua sopa, queimando a língua em um certo ponto e soltando um grito de dor, enquanto tomava água para ajudar.
Minutos passaram-se, novamente um silêncio que só foi terminar quando Kean voltou focar seus olhos no quarteto, principalmente em Edam e Daeron.
— Dois heróis, dois homens quebrados. Essa é uma lição que aprendi há muito tempo e sinto por você nunca ter aprendido antes, reizinho: homens bons são os primeiros a cair.
Daeron virou o olho um pouco para o lado que Kean estava.
— Você tinha os temíveis dez mil homens da Companhia Dourada, uma frota com inúmeros piratas e sabe-se lá quantos mais homens. Provavelmente os Bastardos Ligeiros também — falava para Daeron, olhando para Rhaego no final, que surpreendeu-se com o homem ter conhecimento do nome que as três companhias formavam. — Tantos homens, tantos homens! E um dragão! Mesmo assim, ao invés de atacar Porto Real, dominá-lo tão facilmente como você poderia, qual foi sua escolha? Ajudar o Norte! E o que você ganhou com isso? Nada. — Kean largou a colher no prato e colocou uma das mãos em frente o rosto, como se estivesse estressado com aquilo. — Se alguém fez com que sua esposa e seu filho fossem mortos, foi você.
Rhaego notou que Daeron desviou o olho de Kean e focou-lhe em seus pés o máximo que podia.
Kean suspirou novamente e levantou-se da cadeira.
— Chegou a hora, Brack — disse ele. — Mandem que tomem atenção nos portões a partir de agora.
Dos seis soldados no salão, dois deles acenaram com a cabeça e correram, enquanto Brack e o restante agarraram Daeron e Rhaego, levando-os para fora.
O Velaryon notou que seu rei trocava sua atenção dos pés para o que vinha em volta repetidamente, enquanto seus lábios moviam-se levemente, mas não entendeu o que ele murmurava. Pararam de andar quando chegaram num tipo de pátio, tão grande que daria dois de Winterfell. Não demorou para que inúmeras pessoas se reunissem em volta deles, inclusive Cetim e Edam. Quando uma multidão firmou-se ao redor deles, Kean começou falar:
— Espero que todos estejam indo bem hoje! Só tenho agradecimentos pela prosperidade de Harrenhal, vocês são ótimos trabalhadores. Ótimos amigos! — berrava, feliz.
Rhaego notou que muitas pessoas olhavam para o homem com temor, alguns com certa raiva, outros apenas para o chão, olhos tão vazios que julgou estarem quebrados também. Mas apenas os habitantes e trabalhadores, os soldados não pareciam quebrados, tão pouco mostravam alguma emoção, estavam apenas sérios, exceto Brack que parecia adorar seu lorde.
— Estes dois homens ao meu lado são Daeron Targaryen e Rhaego Velaryon, um Rei e um Guarda Real! — gritou alto suficiente para que todos escutassem e as pessoas ao verem o cabelo de ambos, ficaram chocadas, começando uma série de murmúrios sobre eles. — Disseram que estava morto, mas não estavam! São sobreviventes!
Daeron encarava a lama sob seus pés, ainda com seu único olho tão vazio quanto o cego. Rhaego ouvia o homem, encarando-no.
Kean que berrava seu discurso, ao terminá-lo, virou-se para ambos. Tudo que Rhaego entendera era que o homem queria provar um ponto, talvez mostrar-se mais poderoso.
— Jurem — disse Kean, sério.
Ambos continuaram quietos.
— Não vou repetir mais uma vez — avisou sorrindo.
A multidão estava tensa, Cetim olhava aquilo com nervosismo, mesmo Edam estava nervoso, mas a dupla continuou quieta.
Kean gargalhou, assoviou para seus homens e o primeiro a ser agredido foi Rhaego, que tomou um soco fortíssimo no estomago que o fez ajoelhar-se na lama, enquanto tentava retomar o fôlego perdido. Ao seu lado, Daeron recebeu um soco tão forte que caiu na lama. Mas os dois ergueram-se novamente, ficando de pé.
O Lorde de Harrenhal esperou as palavras, mas novamente ficaram quietos. Suspirou e mandou que seus homens continuassem.
Quatro homens os cercaram, um deles acertou o estomago de Daeron e o outro acertou um soco em seu rosto que o fez cair, dando oportunidade do primeiro acertar um chute em sua barriga, fazendo-o rolar no chão. Rhaego tivera o mesmo tratamento, recebendo alguns socos e chutes que o fizeram cair na lama.
E pela segunda vez levantaram-se.
Kean assoviou, sorrindo.
Agarraram Daeron pela gola e começaram espancá-lo novamente, abrindo suas feridas que já estavam cicatrizando e criando novas.
Brack aproximou-se de Rhaego e acertou-lhe um soco tão forte que o fez cair de bruços no chão, tentou levantar-se, mas acabou cedendo pela dor.

— Levanta, Rhaego! — berrou o rapaz gordinho. — Vou te bater até você me dar meu pão.
Era uma tarde ensolarada e quente em Tyrosh, o gordinho chamado Luvas e o amigo ao seu lado gargalhando do sangue escorrendo pela boca de Rhaego de bruços no chão após um fortíssimo soco do gordo, eram dois órfãos de ruas como ele, assim como as crianças em volta que riam dele e pediam por uma luta. Mas não havia criança alguma ali, em grande maioria eram rapazes, como ele era, faltando poucos dias para que completasse dezessete anos de seu nome. Os outros ladrõezinhos odiavam-no por sua agilidade e habilidade de roubar coisas, e naquele momento não era diferente, o pão que roubara e comeria poucos instantes depois chamou atenção de Luvas e seu amigo, que começaram uma briga pelo pão que ele não daria.
— Levanta, seu merda, vou te bater até você me dar meu pão! — berrou o gordo, chamando-o para briga.



Droenn[Prime]
Vestimenta: Uma armadura normal, um pouco velha devido o uso, com ombreiras um pouco maiores que o normal, além da cota de malha embaixo. A mesma que usava na época da Companhia Blackhand.

— Tudo bem, meu amigo? — questionou Talia conforme andavam no corredor, ao vê-lo distraído em seus pensamentos que resumiam-se nas visões e seus significados.
Droenn demorou um pouco para responder, indeciso se explicava aquilo agora, mas resolveu deixar para depois, caso quisesse.
— Estou sim, apenas pensando na guerra.
Ao chegarem no fim da caminhada juntos, onde um iria para esquerda e o outro seguiria em frente para seu quarto, Droenn chamou a mulher antes que ela sumisse no corredor, fazendo-a virar-se para ele.
— Parabéns pela reunião, Talia, você foi ótima nela.
A mulher sorriu e acenou com a cabeça, voltando a caminhar.
Em seu quarto, deparou-se com Tobin preparando a poção com as ervas novamente, enquanto Rina estava sentada na cama, observando-o. Seria a quinta vez que tentava ter as visões novamente, estava começando achar que não funcionaria. Tomou-a e deitou na cama, respirou fundo e fechou os olhos, sentindo o sono chegar rapidamente.
Então, por muito tempo, apenas a escuridão o cercou.

Ainda com os olhos fechados e sem enxergar nada, escutou um zumbido incomodante alastrar-se por seu ouvido enquanto alguns sons identificáveis como gritos de homens, relinchos de cavalos, o clangor de espadas e o crepitar de chamas dominavam sua audição. Era o som de um campo de batalha. Abriu os olhos com dificuldade e notou que estava deitado em neve, ergueu-os com dificuldade, enxergando pouca coisa, viu alguns homens lutando entre si, em meio a uma confusão sinistra de mutilação e cadáveres, viu alguns cavalos correndo para lá e para cá, e então seus olhos fecharam-se e seu rosto voltou para neve. Poucos minutos depois, acordou novamente. Desta vez, mesmo com dificuldade, conseguiu levantar-se aos poucos e deixar os olhos abertos, acostumando-se com onde estava.
Ainda sobre neve e sob o calor do sol, uma floresta estava em sua frente, um pouco distante. Olhou-a por alguns segundos antes de virar-se e ser surpreendido por um tapete de neve que cobria o chão até o pé da grande construção de gelo que era a Muralha. Sentiu um frio dominar seu corpo de repente e tomou um susto ao escutar um berrante vindo de lá. Escutou outro. Virou-se para floresta e viu algumas figuras vestidas de trapos surgindo, algumas que logo viraram centenas de selvagens surgindo das árvores.
Julgou ao vê-los ainda entre as árvores que aproximavam-se da Muralha para atacá-la, mas conforme viu-lhes aproximando-se, notou que não corriam para algo. Corriam de algo. Os primeiros selvagens atravessaram sua vista e continuaram correndo sem sequer olhá-lo, o que lhe fez acreditar que assim como na visão que Harrold matara o pai de Daeron, nenhum deles podia vê-lo.
Sua atenção, por fim, foi chamada quando o interior da floresta começou sumir numa tempestade de neve e o frio ao seu redor tornou-se pior.
E pela terceira vez, o berrante foi tocado.

Pode fazer uns posts pequenos a partir de agora, Prime, por causa de algumas ações simples que você vai ter que escolher fazer, tipo agora que ficar parado, ir pra floresta, se esconder ou correr com a galera é contigo.


Alayne[Mary]
Vestimenta: Um bom couro sob uma cota de malha, vestia-se muito bem para aquecer-se. A Adaga de Obsidiana pendurada em seu pescoço.
Armas: Espada nomeada como Solar, a empunhadura negra é feita de couro e o pomo feito de prata, em formato de sol, daí o nome. Uma adaga com os dizeres de sua casa gravado na lâmina curvada: o sol no inverno. Tem a empunhadura negra e sem adornos. Um escudo de madeira com bordas de metal.

— O que é isso? — questionou Alayne, arqueando uma sobrancelha. Uma pequena adaga negra de algum material contorcido, mas ainda assim belo, estava pendurado por uma corda enrolada na mão de seu marido, que deixava balançar em frente os olhos da loira.
— É um presente — respondeu ele com um sorriso, envolvendo seu pescoço com a corda. — Considere como um amuleto de sorte, toda vez que estiver longe de mim, isso me representará.
Alayne encarou a adaga, depois seu marido, voltou os olhos para adaga e novamente para seu marido, e começou a rir.
— Qual a graça? — perguntou ele.
— Eu já ouvi falar de maridos dando à suas mulheres presentes como flores, joias e outras coisas, mas nunca ouvi falar de adagas de obsidiana — respondeu ela, sem conter sua risada.
Henrik ficou vermelho, mas riu junto dela.
— Continue caçoando mesmo, idiota — reclamou ele, chateado e controlando um sorriso no rosto que queria aparecer de toda maneira.
Ela apenas deu um abraço no amado e beijou-lhe.
— Agradeço pelo presente, idiota — disse após terminar o beijo, abraçando-o com mais força.
— Preciso ir, tenho algumas coisas pra fazer — avisou Henrik, separando-se do abraço e beijando-a de novo.
— Aliás, onde você conseguiu isso? — perguntou Alayne antes que ele saísse do quarto.
— O pai do meu pai deu à ele quando o mesmo chegou a idade adulta, a mesma coisa comigo — respondeu ele. — Pelo que sei Pedra do Dragão é cheia de obsidiana.
Pedra do Dragão, refletiu Alayne, outro lugar que esperava visitar um dia, sabia que as construções dos Targaryen tinham a obrigação de serem extraordinárias e aquela era uma delas. Mas esses pensamentos foram jogados fora quando notou que aquela adaga era de família.
— Não dê isso a mim, é da sua família — retrucou envergonhada, preparando-se para tirar o cordão.
— Não tire, por favor — pediu ele, interrompendo-a. — Você é minha família, Alayne Karstark, ou Alayne Manderly, se quiser.
A loira deu um sorriso doce para ele ao ouvir aquilo. E antes de fechar a porta do quarto deles, Henrik virou-se para ela mais uma vez:
— Qualquer ajuda que precisar, estou aqui pra isso, lembre-se — disse ele com um sorriso tão doce quanto o dela, referindo-se a recente descoberta que ela estava grávida. — Até mais tarde, mamãe.

Uma leve chuva bateu contra o rosto de Alayne e seu cabelo dourado, molhando suas vestes calmamente, mas não dava atenção aquilo. O navio que estava era um dos primeiros na fila que aproximava-se de Lannisporto e, consequentemente, seria uma das primeiras tripulações a lutar contra a frota dos Lannisters.
Beijou o presente de seu falecido amor e deixou que caísse sobre seu peito. Que me dê sorte mesmo, seu idiota, pensou enquanto retirava sua espada da bainha e preparava-se para batalha ao lado de Hugar que estava com um sorriso gigantesco no rosto.
— Parede de escudos! — berrou para sua tripulação ao ver os arqueiros do navio inimigo soltando uma saraivada de flechas neles. Junto de sua tripulação, ergueu seu escudo e protegeram-se das setas.
Ouviu pontes sendo derrubadas sobre as amuradas e viu inimigos atravessando-as. O primeiro inimigo a descer vestia-se apenas com couro fervido e algumas camadas de roupa, portava uma espada longa e era corpulento, enquanto o que vinha atrás era mais magro, porém possuía uma armadura, todo seu tronco era protegido por uma camada de aço, tinha manoplas do mesmo material e um elmo aberto, seria difícil acertá-lo.

Mapa: http://prntscr.com/dg6fki


Aaron[Chris]
Vestimenta: Com o simbolo da casa, um peitoral de aço sobre uma camada de cota de malha e couro fervido, este que saia da proteção de aço e ia por todo seu braço até as mãos cobertas por manoplas de aço. Em seus ombros haviam ombreiras de aço também.
Armas: Uma espada longa de aço valiriano com o lema Greyjoy forjado e uma adaga cujo pomo é a lula gigante da casa.

Não esperou que o navio ao lado de Dama de Ferro colocasse suas próprias pontes sobre as amuradas e pulassem, mandou seus arqueiros jogarem suas flechas enquanto seus próprios soldados jogavam as pontes para que pudessem atravessar para o navio inimigo. Aaron foi o primeiro a subir, seguido de Nalia e seus muitos homens.
Pulou para embarcação inimiga acertando um golpe no peito do primeiro que tentou machucá-lo e desviou do segundo, deixando-o para Nalia que sorriu e matou-o facilmente.
Em sua frente haviam três homens, todos com espadas.

Mapa: http://prntscr.com/dg6dke


Skyron[Josh]
Vestimenta: Uma armadura Lannister.
Armas: Espada grande de aço valiriano com o pomo esculpido em forma de lula gigante e lança comum com ponta de ferro.

Você precisa tirar 16 para que sua tripulação não faça merda.

http://prntscr.com/dg6693 + 1


Por sorte, a tripulação de Skyron fizera seu trabalho bem e dominara facilmente uma embarcação comercial. O capitão soube disso quando um de seus homens chegou de barco na torre onde estavam, avisando-os que poderiam prosseguir com o plano. E mesmo sob a trombeta dos inimigos e a canção de seu povo, ele escolheu prosseguir com seu papel. Boca do Leão era o jeito mais fácil de conquistar o interior do Rochedo Casterly, talvez o único.
Apenas uma pessoa da tripulação original do navio fora deixada viva, um rapaz que servia como escudeiro do capitão anterior e ele seria o meio deles de adentrar, um meio perigoso e desesperado, mas necessário. Ameaçaram-no suficiente para que o rapaz cheio de medo ficasse aterrorizado, mas prometaram que cumprindo com a parte dele, o deixariam esconder-se em algum canto enquanto o combate acontecia e seria poupado para que fizesse com sua vida o que bem pretendesse depois. Os homens de Skyron vestiram-se com as armaduras dos soldados Lannister e o próprio Skyron não fora uma exceção, teve que se virar com uma que era bastante apertada nele.
O Rochedo era realmente um lugar de uma enormesidade surpreendente, chegava ser assustador conforme aproximavam-se dele e seu sopé. Viram pelas grandes entradas das cavernas que serviam de portões para o porto lá dentro, que Boca do Leão estava uma confusão.
— Quem vem aí? — berrou um guarda numa das torres que ficavam em cada lado do portão onde as embarcações passavam, nelas haviam alguns arqueiros, claramente.
— Sou eu, Modnar! — respondeu o rapaz que revelara seu nome como Edward.
O homem cerrou os olhos e viu o rapaz.
— O que vocês estão fazendo aqui em pleno ataque? — perguntou ele.
— Estamos aqui justamente pelo ataque!
— Onde está Oakip!?
— Está deitado em sua cama, doente!
O guarda ficou em silêncio, observou os soldados e os tripulantes do navio, que por sorte não memorizara nenhum deles, então não fazia ideia de que na verdade eram alguns piratas vestidos com roupas da tripulação anterior.
— Abram os portões! — ordenou, por fim. — Não demorem, seus fodidos! Os inimigos podem tentar atacar por aqui!
Skyron e seus homens suspiraram de alivío. Após atravessarem o portão viram que a caverna era grandiosa e precisariam colocar dezenas de navios em cima do outro para que alcançasse o teto do lugar. O porto não era rico e pomposo, era normal como qualquer outro. Não demorou para que zarpassem. O lugar estava mais cheio de homens comuns que soldados, apesar que a quantidade deles era bem grande. Mas os homens de Skyron poderiam tomar conta daquilo facilmente, o problema era o que viria em seguida.
Demorou quase meia hora para que todo compartimento do navio fosse colocado em chão, assim como os vários barris cheios de peixe.
— O que nos traz hoje, Edward? — perguntou um dos homens ao rapaz.
— Peixes e bebidas da Árvore — respondeu apontando para os barris e as grandes caixas.
O tal homem aproximou-se de um dos barris e foi aí que o ataque ali dentro começou. Ao retirar da tampa, uma espada acertou o rosto do homem e o barril caiu contra o chão, derrubando alguns peixes e Rodrik.
Skyron sorriu ao ver Garrett mal humorado saindo de seu próprio barril e cuspindo um peixe de sua boca. Era um dos barris que ainda estavam na embarcação. Em terra, a caixa que deveria estar cheia de garrafas, estava cheia de homens que saltaram, espalhando-se e atacando, enquanto dúzias saíam de dentro da embarcação Lannister e iam para fora, onde Skyron, Garrett e Alfer que saiu aos xingamentos de seu próprio barril foram juntos.
No píer ao lado do navio, foi onde seus primeiros inimigos daquela noite surgiram, um brutamontes com uma espada longa, quase da mesma altura que a dele, e outro menor com duas espadas. Viu o grandão quase dividindo um homem ao meio com um golpe só e a agilidade surpreendente do menor que matou três de seus homens rapidamente.

Mapa: http://prnt.sc/dg6awy


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Mesmo que não carregasse muitas esperanças que os nortenhos se calariam ao ouvir as palavras da mulher foi o que fizeram a medida que o tom de voz de Talia aumentava até que só restasse as palavras da Baratheon ecoando pelo pequeno salão. Olhava severa para os presentes enquanto pronunciava-se vendo o olhar irritado dos homens abaixando-se ou apenas tornando-se menos hostis ao que ela dizia, percebeu naquele momento que suas palavras, principalmente a parte em que falou dos piratas tinha atingido os nobres. A rainha encarou um por um deles vendo que não olhavam-na mais como uma vadia ou apenas uma bastarda e mesmo que o silencio que tinha se seguido para ela não fosse muito esclarecedor, sabia que tinha conseguido algo com o que havia dito, afinal naquele momento tinha se cansado de agir como uma pedinte e em vez de solicitar algo entregou algo pra eles, e não era só a escolha do legado de suas casas, mas entregou a verdade, e sabia que para muitos homens aquilo podia ser bem doloroso. Assim que terminou com a reunião reparou em Mors sentado no canto da sala e acenou para o homem, mesmo com toda a tristeza que ele carregava, nunca tinha ido contra Talia, e até mesmo quando era uma bastarda do inimigo ele a tratava com incrível respeito e a rainha retribuía esse respeito tratando o homem como um dos nortenhos mais honrados.

Saiu da reunião caminhando junto a Droenn, notando que o amigo carregava um olhar distraído, de modo que seu jeito avoado trouxesse para a mulher curiosidade sobre o que estava acontecendo. Perguntou ao homem se estava bem, notando que hesitou para responde-la, acabando por dizer que estava e que seus pensamentos estavam focados na guerra. Olhou para ele tentando esconder que não tinha acreditado naquilo já que não lhe dizia respeito. Despediram-se quando o corredor separava seus destinos de modo a um ir para a esquerda e o outro continuar reto. Quando se afastava ouviu o companheiro chamou- a fazendo com que virasse para vê-lo elogia-la pelo que havia dito aos nortenhos, causando um sorriso na rainha que assentiu para o homem. Deu as costas novamente para ele e foi em direção aos aposentos de Serena.

Assim que bateu na porta ouviu a garota pedir para que entrasse e foi o que fez abrindo a porta e deparando-se com o pequeno dragão deitado sobre uma mesa e Serena deitada na cama segurando um livro grosso de couro que falava sobre batalhas históricas,  o que despertou na rainha surpresa por saber que antes a menina não tinha aquele habito e ao perceber que no canto do quarto havia um amontoado de outros livros.

- Serena Targaryen lendo um livro? – Brincou com um sorriso
-O tédio – Respondeu a garota sem graça. Ouviu-a fechando o livro e jogando-o sobre a cama, mas seu olhar era direcionado cautelosamente ao dragão negro sobre a mesa – Pode entrar, ele não morde . Ele não é selvagem como o de Daeron, é bem dócil até. – Ao ouvir aquilo a mulher entrou mesmo que ainda receosa sobre o animal, mas apesar de não confiar totalmente, carregava grande  fascínio, mesmo já tendo visto Aerion diversas vezes ainda achava a criatura encantad0ra apesar de perigosa. Talia entrou fechando a porta atrás de si mas ainda com o olhar sobre ele, de modo a fazerSerena notar sua admiração pela criatura que apenas mantinha-se deitada – Pode toca-lo se quiser, ele gosta. – Ao ouvir aquilo a rainha virou seu olhar para a ela erguendo uma sobrancelha surpresa com o que a menina dissera, tratou um dragão como um cachorro domesticado.

Ficou alguns segundo olhando para a garota esperando uma explicação para aquilo mas tudo o que ela fez foi assentir confiante para que Talia se dirigisse a besta. Apesar do medo que carregava sentia que algo além de seu fascínio a atraia para o animal, por isso caminhou devagar vendo-o olha-la calmo sem nem mesmo levantar-se. Ao chegar perto dele o animal levantou a cabeça o que a fez hesitar, mas logo ajeitou-se novamente fazendo a rainha direcionar sua mão até ele, torcendo para que não a visse como uma ameaça. Encostou no animal sentindo suas escamas, pareciam o mesmo material que revestia o ovo verde em seus aposentos, apesar de carregar maior calor, era duro como uma armadura e talvez até mesmo mais resistente. Passou dedos no sentido contrário ao revestimento do animal maravilhada com ele, subindo a mão até seu pescoço fazendo com que o mesmo erguesse de novo sua cabeça, mas dessa vez Talia apenas continuou a toca-lo sem temor. Encostava em uma criatura que até meses atrás estava extinta para ela e a mesma apenas aceitava aquilo calma. Se perguntava se o filho que carregava trazia a ela aquela atração pelo animal ou se apenas se atraia pelo desconhecido e o desvendamento que o animal trazia.

- Como você está lidando com tudo isso do Daeron? Não conseguimos falar sobre isso nos últimos dias. – Falou Serena quebrando o silencio e fazendo Talia perder a atenção do animal apesar de continuar passando a mão sobre ele pensando em uma resposta para aquilo.

Sabia que com Serena não precisava esconder o quanto estava acabada com toda aquela situação, e notava pelas olheiras da garota que para ela também não havia sido fácil. Mas naquele tempo em que não tinha ninguém com que realmente contar tentava esconder sua desolação para mostrar confiança aos seus aliados que estavam por um fio de desistir daquilo, com isso não tinha nem tempo para pensar em como estava. Tirou a mão do dragão e segurou o pingente em seu pescoço virando-se novamente para ela e sentando-se na ponta de sua cama virando o olhar para o chão por alguns segundos.

- Francamente, não tive muito tempo para lidar com o meu luto, mas não está sendo nada fácil  manter-me firme com isso. Estou tendo que assumir responsabilidades que nunca pensei que faria sozinha, e assim que tenho me sentido desde que Jan surpreendeu-nos...Sozinha. – Olhou para a garota com tristeza, reparando o quanto tinha ficado mais bonita com o cabelo cortado apesar do olhar de cansaço. – Me pergunto se foi certo aceitar ter essa criança, não consigo evitar o pensamento de que se eu estivesse lá as coisas poderiam ser diferentes, apesar de saber que eu não poderia fazer muito. – Abaixou o olhar novamente dessa vez colocando seu olhar no livro que a garota lia anteriormente. – Eu amava seu irmão de uma forma que nunca pensei que amaria alguém, Os Blackhands e ele foram as primeiras pessoas que considerei como uma família depois da morte do meu pai – Disse um pouco surpresa, nunca falava sobre o pai, e agora sentia como se pela primeira vez não precisasse guardar aquilo, apesar de saber que o homem tinha feito más escolhas em seguir o irmão principalmente para legitima-la, sentia orgulho de quem ele era e por quem tinha a ensinado a ser. – Agora tudo o que tenho é você, Droenn e uma criança em minha barriga, e tenho medo de fazê-los ter o mesmo destino que todos os outros que se aproximaram de mim. – Olhou nos olhos de Serena dando uma pausa – Imagino que para você também não esteja fácil lidar com isso tudo não é mesmo?


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 6gK8ZbC

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
A embarcação inimiga se aproxima dos Greyjoys e Aaron é o primeiro a tomar iniciativa e a avançar contra eles, tendo Nalia atrás dele e seus homens os seguindo. Eliminou rapidamente um dos soldados Lannister que viera atacá-lo, e o segundo deixara para a mulher que o acompanhava. Mais três inimigos vieram de encontro ao loiro, que sem demora girou a espada e com muita habilidade e precisão cravou o aço valiríano no peito do homem.
Nalia avançou contra o segundo, desferindo diversos golpes contra o oponente, até por fim conseguir derrotá-lo.
O terceiro tentou acertar Aaron, que com muito gingado e molejo dançou para fora do golpe e no contra-ataque degolou o inimigo.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 Vm74

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
Serena observou sua amiga desabafando sentada na cama, mexendo as pernas levemente, com os olhos uma hora no chão e outra hora na mulher. Notara há muitos dias o cansaço e tristeza sobre ela, mesmo que tentasse esconder, a conhecia tempo demais para que fosse iludida.
O quarto que estavam não era muito grande, talvez coubesse sete a oito pessoas, de forma bastante apertada, e isso definia Portões da Lua, não era um castelo grande, era normal, nada pomposo em relação ao restante, cheio de corredores e quartos, por menor que fossem, talvez as maiores coisas que tivesse fosse as duas torres de vigia em suas muralhas e o grande salão onde ocorriam banquetes, feito exatamente para visitas.
— Não faço ideia de quanto tempo eu não chorava antes de saber que meu irmão estava morto, e sinceramente, talvez nunca tenha chorado tanto antes. É engraçado, sabe? — falou com um sorriso triste. — Foi mais fácil de lidar que a morte de meu pai, mas o impacto na descoberta foi maior. E eu sei porque.
Talia fez uma feição curiosa e Serena continuou:
— Desde o momento que fomos traídos. Eu, você, Rhaego e Droenn aprendemos a conviver com mortes e miséria, aprendemos a viver uma vida infeliz... — ficou em silêncio por alguns instantes, então voltou os olhos para o chão e, para surpresa de Talia, seus olhos ficaram lacrimejados. — O que nos tornamos? O que estamos fazendo, Talia? — questionou a segunda pergunta erguendo os olhos para rainha e levantando a voz moderadamente. — Matamos a mãe de nosso principal aliado. O que isso nos torna? Tão ruins quanto Jan?




Chris escreveu:
A embarcação inimiga se aproxima dos Greyjoys e Aaron é o primeiro a tomar iniciativa e a avançar contra eles, tendo Nalia atrás dele e seus homens os seguindo. Eliminou rapidamente um dos soldados Lannister que viera atacá-lo, e o segundo deixara para a mulher que o acompanhava. Mais três inimigos vieram de encontro ao loiro, que sem demora girou a espada e com muita habilidade e precisão cravou o aço valiríano no peito do homem.
Nalia avançou contra o segundo, desferindo diversos golpes contra o oponente, até por fim conseguir derrotá-lo.
O terceiro tentou acertar Aaron, que com muito gingado e molejo dançou para fora do golpe e no contra-ataque degolou o inimigo.


Você precisa tirar 15 para matar o primeiro.

http://prntscr.com/dh2azu + 5


Tentou cravar a espada no peito do homem, mas ele foi rápido e defendeu, iniciando uma troca de golpes que terminou temporariamente quando o mesmo acertou com a empunhadura o rosto de Aaron, partindo seu lábio e deixando-o atordoado, aproveitou-se então para fazer um corte na perna do homem, deixando-o de joelhos no chão e preparando-se para finalizá-lo.

Você precisa tirar 5 para escapar dessa.

http://prntscr.com/dh2cvh + 2


Sem tempo de recobrar completamente sua consciência, o rei ergueu sua espada um pouco acima de sua nuca e defendeu o golpe do homem, levantando-se o mais rápido que podia e girando para cortar seu estomago, que pelo aço valiriano cortou facilmente a cota de malha e o couro que o protegia. Vendo-o chocado pelo corte começando vazar sangue, atravessou sua espada no peito do homem até que chegasse na empunhadura.

Segundo inimigo: http://prntscr.com/dh2ers
Nalia: http://prntscr.com/dh2eub


Nalia trocou poucos golpes com o homem, degolando-o rapidamente. Virou-se para ver seu amante com problemas e riu alto suficiente para que ele escutasse, e entendesse a provocação da mulher.

Você precisa tirar 18 para matar o terceiro.

http://prntscr.com/dh2flc + 5


Mancando, conseguiu desviar com dificuldade do primeiro golpe, mas o homem foi mais rápido e desferiu um corte profundo em seu braço direito, iniciando um sangramento que começou sujar seu braço. Num chute em seu peito, o rei caiu no chão e deslizou por alguns metros, na madeira molhada, parando nas pernas de outro inimigo que olhou para baixo, enquanto em sua mão havia uma espada.
O terceiro inimigo vinha em sua direção.


#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 NDl7aam

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
De olhos fechados, nada via, mas tudo ouvia: um zumbido inquietante trouxe consigo a canção da guerra. Espadas, reconheceu. Espadas, morte, fogo, sangue. Ainda preguiçosas, suas pálpebras se descolaram e deixaram-no contemplar o arritmo da violenta dança daqueles homens. Quem são? Qual o motivo? Quis procurar por estandartes, mas não demorou muito e apagou, beijando a neve outra vez. Acordou, e não fazia ideia de quanto tempo passara, embora agora conseguisse enxergar melhor o seu redor. À sua frente, nem o verde das coníferas conseguia escapar da branquidão. Virou-se, e impiedosa, aquilo que reconheceu como a Muralha esmagou-lhe com sua grandeza colossal. Uma vez a mãe dissera que seus pulmões implorariam por ar quando visse a estrutura de gelo pela primeira vez. E ela estava certa, de alguma forma. Estranhava o frio repentino que subia-lhe pelas pernas, e antes que pudesse mexê-las, o som de um berrante ecoou da Muralha, duas vezes. Quando voltou a atenção à floresta, viu, saindo por entre os troncos, figuras trajadas em trapos. Selvagens. Imóvel, limitou-se a assistir, era o que podia fazer no momento. Um ataque? Não imaginava que tornariam-se uma avalanche, escorrendo veloz em direção à muralha. Uma fuga. Mesmo como uma estátua no meio daquela gente, o bando passou sem notá-lo ─ era como na visão que tivera com o pai de Daeron. Quis olhar para as árvores outra vez, mas estas haviam sido engolidas pelo frio. Teria um longo inverno chegado? Rezou para que não. Uma vez contadas, as histórias da ama de leite perpetuariam-se em sua cabeça, quaisquer elas fossem. Se o que dizia a velha fosse verdade, Droenn estava no fim do mundo, e criaturas desconhecidas habitavam o horizonte para onde olhava. Lembrou-se das histórias, daqueles que caçariam no inverno, dos ventos que assoprariam o continente pelo norte, do anseio por fogo e abrigo que avassalaria os homens e que nunca se cessaria. E só então, algo dentro de si alertou que era a hora. Os caçadores da noite cavalgariam rumo à Westeros e tudo por onde passariam teria uma morte gélida. Não pensou muito, e ainda olhando para trás, caminhou junto dos selvagens. Perguntou-se o que fazia ali, esperançoso de que tudo não passaria de uma visão lúcida.

description#Mesa 003 - Fire and Blood - Página 21 EmptyRe: #Mesa 003 - Fire and Blood

more_horiz
privacy_tip Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
power_settings_newInicie sessão para responder