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A Educação Ideal para o Brasil Sexta_economia

O que é necessário para uma educação ideal para o Brasil?


Antes de falar sobre uma educação ideal, é interessante destacar os problemas da tão polêmica educação brasileira:


  • Infraestrutura (poucas escolas têm disponível todo o material que o MEC propõe que elas tenham, como laboratórios de informática, de ciências, e outras coisas mais simples, como salas de aula em boas condições);
  • Metodologia: Alunos enfileirados, silenciosos, obedecendo a autoridade da sala. Isso não parece um ambiente de aprendizagem. 
  • Conteúdo: Uma parte esmagadora do conteúdo é utilizado (quando de fato aprendido pelo aluno, o que é raro, já que a maioria só "memoriza" para a prova) somente para fazer vestibular. O aprendizado para a vida é muito pouco, considerando o que a vida cobra dos alunos depois. Com 18 anos é obrigado a votar, mas ninguém nunca o ensinou na escola o que um deputado ou um senador faz. Aprender fórmulas complicadas de química é interessante para quem vai seguir carreira na área, mas não é tão importante de forma que deva-se aprender sobre isso antes de aprender a se tornar um cidadão.
  • Professores desvalorizados: Tanto pelos alunos quanto pelo próprio governo. O professor é uma das profissões mais importantes em uma sociedade, mas é desvalorizada aqui no Brasil, tanto em salário quanto em reconhecimento. As greves que eles fazem não são à toa. Já vi professor receber o salário parcelado pelo governo. 
  • Desinteresse em aprender: Alunos que vão à escola porque querem aprender são muito raros. A maioria vai por obrigação e não tem interesse nenhum no conteúdo abordado. Como os estudantes vão aprender algo que é quase colocado à força em suas mentes?


Existem outros problemas, mas deixarei esses acima como os principais. Quem quiser destacar mais algum, fique à vontade.

Levando toda essa problemática em conta, não é difícil perceber o que deve mudar para que a educação brasileira se torne melhor. Mas o que seria o ideal?

Primeiro, deixo esse link para quem se interessar: http://g1.globo.com/sao-paulo/sao-jose-do-rio-preto-aracatuba/noticia/2016/07/escola-desenvolve-projeto-de-estudo-baseado-no-interesse-dos-alunos.html

Daí, surge a palavra chave: "interesse". Como seria uma escola na qual os alunos decidem o que vão aprender no dia, e não o professor? E se eles mesmo decidissem se vão fazer uma prova para avaliar seus conhecimentos? Esse ambiente seria certamente muito mais harmonioso que o cenário atual.

Eu, particularmente falando, acho que esse é o segredo: utilizar uma metodologia de ensino em que o estudante é o protagonista, onde ele escolhe o que vai aprender e de que forma prefere. Além disso, os conteúdos principais a serem passados deveriam ser os que o aluno certamente vai usar durante a vida, tais como entender como funciona a política do pais, saber seus direitos e deveres como cidadão, e, acima de tudo, aprender como viver em comunidade, tendo mais empatia e respeito pelos outros, mais vontade de fazer trabalho voluntário, etc.

A educação é a base da economia. Se ela melhora, teremos uma sociedade melhor em todas as outras áreas. 

E vocês, o que pensam sobre isso?

Imagens ilustrativas (encontradas ao se pesquisar "Educação Brasileira" no google imagens):

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Concordo com todos os defeitos apontados, toda minha vida escolar foi no ensino público, sei como é. Acho que o que é mais notável no Brasil é o desinteresse, como você apontou. Sempre me emputeceu ver zé maloca na sala atrapalhando aula ou passeando na escola, só porque a mãe não quer em casa e ele é obrigado a ir seja lá por quais motivos, etc. A primeira coisa que eu acho que devia ser radicalmente mudada é essa: tirar o caráter obrigatório da escola, escola como veículo que carrega alunos a uma boa carreira e é responsável por tudo isso - quando, na minha opinião, ela é apenas um instrumento e fonte. Quando o indivíduo não quer nada com nada lá dentro, ele acaba vendo o lugar como refúgio, lazer, passeio, e acha que pode fazer o que quiser, já que a educação é dever do Estado. De fato, a educação é dever do Estado, mas forçar alunos a usufruir da educação não é papel do Estado. Não quer? Não fica. Eu sempre ouvi frases assim dos professores pra quem zoava a aula, mas a instituição da escola nunca passou essa ideia concretizada, nunca foi um ultimato. Na aula seguinte os mesmos figuras estariam zoando e atrapalhando a aula de outro professor. Na minha opinião, deveria existir mais rigor na matrícula dos alunos, no que concerne ao aspecto comportamental. A escola deveria fazer uma entrevista com os responsáveis no ato da matrícula, questionar qual o objetivo, o que é esperado, se o aluno e o responsável entendem que deverão trabalhar juntos da escola para que um melhor ensino seja garantido, enfim, indagações básicas que preencheriam um formulário e faria parte do histórico escolar do indivíduo e reiterariam que a escola por si só não é obrigada a fazer o aluno ter algum interesse no ensino ofertado, e que sob quaisquer desavenças provocadas por ele, aquela instituição teria respaldo legal para negar rematrículas nos anos seguintes, ou, em casos mais extremos, negar até mesmo que ele assista aulas naquela instituição. Assim, alguma redução no acúmulo desse tipo de aluno ocorreria, e já seria alguma melhora nesse aspecto. "É pior, porque se o ensino for negado a ele, ele tem uma desculpa para fazer o que quiser". Talvez, mas acho importante reconhecer que esse tipo de comportamento contribui para essa educação patética. Nem tudo são rosas. "Ele só ficaria pulando de escola em escola". A repetição do mesmo erro só reforça que ele realmente não se interessa no que escola nenhuma oferece, então, por que forçá-lo a se interessar?

Essa questão é muito complicada. Ao mesmo tempo que uma mudança mirando no método de ensino parece atraente e funcional, não podemos esquecer que existe um organismo vivo, composto pelos alunos. Não dá pra tratar a sala de aula como um sistema que segue regras e padrões. O que você sugeriu seria ótimo se o interesse fosse geral, mas sempre vai existir uma parcela significativa de indivíduos que não querem nada ali, que veem a escola como refúgio, lazer, passeio, já que atividades eles não desempenham - por mais que a escola deixe a ele a opção de escolher o que vai querer estudar, se focar no que vai querer ser na vida. Acredito que um método de ensino flexível e que se adapte aos variados naipes de alunos e que seja aplicável para todos eles é o mais adequado, mas não tenho nenhuma base para teorizar o mínimo sobre.

Eu não concordo que a remuneração seja o maior problema no que diz respeito à desvalorização dos professores. Esse ofício só é exercido com qualidade quando há paixão envolvida, quando há um talento (não necessariamente inato) ou disposição extraordinária para tal. Posso estar errado, mas não vejo nada melhorando num cenário em que os professores brasileiros recebem mais que um médico. Eles só ganham mais. Não vão trabalhar melhor porque ganham melhor, por mais que exista sim essa relação. Também é importante lembrar que o ensino é repasse (e troca) de conteúdos, experiências e sabedoria, não uma dependência professor-aluno na qual o professor é o ditador do certo, do errado e da razão. Existem vários péssimos professores por aí, profissionais que não ligam para o ofício e o fazem pelo (pouco) dinheiro que ganham e quando ganham ou porque não conseguiram emprego em qualquer outra área desejada. O que eu acho é: a contratação de professores devia ser mais frequente, os concursos públicos e os processos seletivos deviam ser mais intensos, para que dessa forma, com alguma regularidade, a escola pudesse ser contemplada com pelo menos um ou dois professores que realmente se importam com aquilo que trabalham e nas consequências dos seus trabalhos. Geralmente, esses sim sabem lidar com uma sala de aula e sabem como extrair o melhor dos alunos, sabem montar um plano de ensino, uma ementa de curso, e sabem como isso irá reverberar no aprendizado. A relação, pra mim, é a seguinte: corpo de alunos desanimador, falta de investimentos, falta de enfoque na entrada de professores de qualidade = professores ruins, com o primeiro lado da igualdade gerando o segundo, e não o contrário - o professor não é capaz de influenciar diretamente no comportamento do corpo de alunos para com a escola (se o indivíduo vai ser um bom ou um mau aluno), apesar de poder contribuir negativamente ou positivamente, como um expoente. Sobre o modo com que os indivíduos são dispostos na sala perante o professor, não acho que isso influencie em qualquer coisa. Sim, é uma sugestão de autoritarismo, mas o bom professor sabe se conectar com os alunos e fornecer alguma horizontalidade no aprendizado, ao invés de "eu estou certo e vocês devem me obedecer".

O que você disse sobre a infraestrutura não tem como discordar. Pela falta de laboratórios e tecnologia, parece que o MEC reuniu todos os estados brasileiros e disse "nós vamos formar teóricos, pesquisadores e professores, apenas". No ensino superior é pior, pois é mais do que crucial que alguns cursos tenham suporte prático e tecnológico, mas sempre falta.

Sobre conteúdo, eu já acho que o erro está na forma como o ensino ocorre, e não nele em si. Matérias com partes mais abstratas, como matemática, física e química, carecem de exemplos práticos de como as matérias são aplicadas na vida real. A sensação de entender como tal conceito gera tal coisa é libertadora, e pode mudar a opinião de muitos alunos sobre várias matérias. Quem quer cursar Letras e ser professor de alguma língua não vai ser um profissional pior ou melhor só porque ele estudou matérias que não queria, na escola. Na minha opinião, independente do que foi escolhido como carreira, é necessário sim aprender bhaskara, mol, movimento retilíneo uniforme (essas matérias das odiadas exatas), pois são conceitos básicos de como o mundo ao redor é regido e construído, e como ele funciona (o mesmo vale para outras áreas como humanas, línguas, biologia, etc). O que acontece é que o desinteresse nas áreas com as quais não se vai trabalhar já existe, mas é elevado quando o conteúdo é mal repassado. Eu acho que a escola tem papel do ensino pleno, de formar seu senso comum mais elevado, para que você não careça no básico de outras áreas. Ela não é ensino técnico, tampouco superior.

É tudo um loop de negatividades correlacionadas que geram outras. Às vezes apenas me conforto em pensar que isso nunca há de melhorar.

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Sinceramente, eu nunca fui um aluno exemplar ou que dava muita atenção a escola, tampouco mostrava interesse, tanto que repeti de ano mais vezes do que eu prefiro admitir e apesar de tudo eu não jogo a culpa totalmente na forma no qual fui ensinado, mas sim, teve culpa. A última escola que eu estudei resolveu adotar um novo molde de ensino pro Médio para competir com outra escola vizinha, que basicamente era resumir os três anos em dois e no último focar completamente em nos preparar para o vestibular, independente da pessoa querer ou não fazer isso (o que chega ser engraçado, considerando o fato que nessa mesma escola era disponibilizado vários cursos de técnico, que no fim poderiam te dar margem suficiente para seguir sua vida profissional sem faculdade ou qualquer outro meio, caso fosse do desejo da pessoa). Resultado: apertaram tanto o conteúdo para caber em dois anos, que as vezes o professor tinha que dar, sei lá, três tópicos no pouco tempo que ele tinha e acabava só dando um e meio, deixando o resto para outro dia e por assim vai, isso quando não jogavam quadros e mais quadros de texto, davam meia hora pra copiar aquilo, explicava em dez minutos correndo e já pulava pro próximo tópico. Esse ano foi terrível, todos meus amigos e conhecidos reclamaram, alguns até mesmo saíram da escola. No fim do ano eles conseguiram a meta de resumir as 301931 matérias que queriam num ano só? Sim, mas a que custo? O custo de elevar o "lê, memoriza pra prova e esquece depois dela" ao extremo e por consequência acabar com o desempenho dos estudantes?

Eu não to nem considerando que esse sistema só foi introduzido no primeiro ano, exatamente na minha sala e continuaria nos nossos anos seguintes, mas quem já tava no segundo e terceiro ano nessa escola, continuaram com o ensino anterior... preciso nem falar que enquanto a gente se afogava em trocentos tópicos, víamos essas turmas passando pelo corredor para ir ver filme na sala de informática, né? Enquanto o primeiro ano recebia cinco tópicos por dia, o resto recebia um ou raramente dois, ganhando sempre uns 30 minutos ou as vezes até mais livre, onde jogavam, conversavam e viam filmes. Sério, o segundo e o terceiro ano viam filme toda semana, a gente viu um num ano INTEIRO, puta merda. Essa "injustiça" + o cansaço do ano corrido = alunos completamente insatisfeitos e desinteressados em dobro. Pra piorar, aumentaram a carga horária e nessa escola a educação física (obrigatória, puta merda, vai tomar no cu quem mandou essa merda de """"disciplina"""" ser obrigatória) era de tarde se você estudasse de manhã, ou seja, assim que acabasse o turno da manhã, uma hora depois começava a educação física e pra mim que morava longe acabava me limitando a ter que passar das 7 da manhã até 17 da tarde na escola ou por perto dela.

Por fim, meu ponto com toda essa história é que de fato o ensino não tá sendo posto totalmente errado, mas são poucos os pontos positivos, sempre tem, claro, os dois lados da moeda, não se pode exigir um ensino com qualidade superior se o aluno vai continuar completamente desinteressado, mas aí entramos numa parte que precisa ser ensinada desde cedo. Eu e Josh estávamos discutindo esses dias exatamente isso, que o fundamental deveria ser levado mais a sério do que já é e pelo menos no(s) último(s) ano(s) já construir o aluno para escolher o que quer seguir na vida ao chegar no Ensino Médio. Também acho que escolher uma profissão não deve anular o aprendizado de matérias que não se interligam diretamente, mas muito do conteúdo poderia ser repensado e nem todos eles são necessários de serem entregues ao aluno. A verdade é que existem bilhões de jeitos de fazer a aula ser mais dinâmica e o segredo tá nessa frase que o Josh disse: "utilizar uma metodologia de ensino em que o estudante é o protagonista", julgando que o aluno tá na escola, talvez até mesmo por obrigação, mas tenha um MÍNIMO de interesse, o termo "protagonista" não precisa ser aplicado de forma que a pessoa tenha a rola chupada e sim aplicado de forma que o professor ao invés de jogar a matéria no quadro dizendo que quem quiser copiar pode, quem não quiser boa sorte, poderia na verdade conhecer aos poucos cada aluno, ver como funcionam, suas dificuldades, sua ""personalidade"", e então tentar ajudá-lo desse jeito. Claro que numa sala com 40 alunos isso seria impossível, mas conhecendo seus alunos e vendo suas dificuldades, mesmo não podendo focar neles individualmente, ainda daria a oportunidade de modificar seu tipo de ensino para que eles entendam, ao invés de simplesmente seguir a fórmula em todas salas e anos que dão aula.

Concordo com o Prime sobre já ser exercido com qualidade quando se tem paixão envolvida e aí que eu vejo o problema, o profissional precisa realmente se esforçar para manter a paixão viva quando se tem que conviver com uma sala desinteressada e um ensino de bosta, recebendo uma miséria, e mesmo conseguindo a manter viva, não vai ser a mesma depois de um tempo e o cara vai acabar caindo de qualidade aos poucos. Mas o dinheiro é bem importante mesmo, querendo ou não influência no desempenho do profissional, uma pessoa que vê "qualidade = ganhar mais dinheiro", com toda certeza vai se esforçar mais, não é lá o tipo mais exemplar que poderíamos ter de um professor, mas é a verdade. Enfim, meu professor de matemática do ano passado era um cara MUITO foda mesmo, mas era notável que ele já tinha chegado num ponto que não tava nem mais aí, só tava passando o conteúdo no quadro, explicando e se você quisesse ouvir, beleza, se não foda-se. O cara tinha talento, era esperto, mas são poucos mesmo que conseguem de verdade atrair a atenção dos alunos, tudo isso porque a cagada da educação se estende para todas direções.

Resumindo: pra mudar isso teria que "refazer" tudo, desde o método de ensino, os professores, as escolas, seus sistemas, seus objetivos, os ensinamentos às crianças, a dinâmica das aulas, a interação, cara é muita coisa. Eu também acho que dificilmente isso vai mudar algum dia e sinceramente como um velho amigo meu dizia (que infelizmente morreu de fisgada): eu to cagano mermo.

E só mais uma coisa que eu lembrei quando ia postar, sobre isso de ensinar politica na escola, é uma coisa que deveria ser importante e já ensinada mesmo (não sei se alguma já deu isso, mas a minha pessoalmente nunca), mas teria que tomar MUITO cuidado com quem a ensina, eu tinha uma professora de história que tendia tudo pro lado esquerdista da força e colocava quem era de direita como inimigos, tanto que quando eu chamava ela de comunista e fingia que era o Augusto Lima, ela ficava muito puta, dizendo que não acreditava que eu era aluno dela, que eu conseguia ter essa mentalidade recebendo aulas de história dela. Porra, aí não, bicho. Você tem o ponto de vista e opinião que quiser, mas se for pra ensinar sobre algo com dois lados, tente ser o mais centrista possível. Então, é, seria complicado e teria que ter muita disciplina da parte dos professores e da escola.

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Como falaram aqui, eu discordo de que o interesse do aluno deva ser levado em conta na hora dele estudar. Primeiramente, os direitos humanos garantem a qualquer cidadão o direito a educação, e acredito que esta, por sua vez, seja praticada de várias formas errôneas. Para começar, o método de ensino conteudista, além de ser totalmente ultrapassado, é não inclusivo e opressor. Paulo Freire foi um homem importantíssimo para a educação, e ele se refere a esse método tradicional como "educação bancária", em que o professor transmite o conteúdo aos alunos como se estes não fossem seres pensantes, e além disso, apresentam o conteúdo como se este fosse imutável, morto, e principalmente, totalmente distante de suas realidades. Período passado eu entrei em contato com uma atividade que me pegou de surpresa: Preparar uma aula para alunos de ensino médio de escolas carentes, que careciam de material de apoio (como livros didáticos, laboratórios e afins). Me diga, como despertar o interesse de um aluno que trabalha durante o dia para sustentar a família, enfrenta as mais diversas dificuldades do dia a dia, e querer que ele tenha um desempenho equivalente ao de um aluno que faz curso de piano, de inglês e academia durante o dia, e vai para a aula de carro? São realidades muito distintas para generalizar apenas o querer de uma pessoa que muitas vezes não tem querer. Para explicar melhor, darei outro exemplo que aconteceu comigo: Numa visita a uma escola não regular (escola cujos alunos possuíam alguma deficiência, como Down e altismo) pude observar que, nestas escolas, o método de ensino é totalmente voltado para a realidade dos alunos. Eles não precisam aprender todas as fórmulas de circuitos elétricos, ou modelos atômicos, ou até mesmo todas as regras gramaticais; eles aprendiam o que era vitamina, eles aprendiam o que é um RG, uma certidão de nascimento, através de modelos de ensino em que o aluno não é apenas um ser ouvinte que precisa ser preenchido com informações, mas sim, um ser pensante, em que o diálogo é a principal ferramenta de ensino, com o intuito de desenvolver o raciocínio crítico. Novamente, é isto que Paulo Freire sugere neste trecho de Pedagogia da Autonomia:

"Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os da classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos. Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes. Por que não há lixões no coração dos bairros ricos e mesmo puramente remediados dos centros urbanos?"

Outro ponto que andam falando muito ultimamente graças ao ENEM (vestibular que não era conteudista, mas vem se tornando ultimamente) é a inclusão. Como tenho contato com pessoas que estão se tornando professores, eu digo que a educação está MUITO longe de ser inclusiva. Os professores se formam e não sabem LIBRAS. Os professores se formam e não estão preparados para dar aula a quem não enxerga. Os professores se formam habituados a preparar suas aulas em PowerPoint e levar seu datashow para as turmas. Ora, a educação supostamente era pra ser um direito de todos, inclusive, a constituição de 88 garante o direito a pessoas com transtornos mentais a se matricularem em escolas regulares como qualquer um. Mas o que pude perceber, é que a medida que os anos escolares aumentam, há uma desistência maior destes alunos em escolas regulares. Algo de errado está acontecendo.

Não há como deixar de lado, também, a estrutura e disposição das salas de aula. Essa regra de todos os alunos estarem sempre calados voltados para a figura do professor, e este, erroneamente carregando o papel de autoridade (o que não deveria ocorrer mais, afinal, ninguém deveria aprender com alguém que se tem mais medo do que respeito) é uma característica bem ultrapassada, criada para que as escolas parecessem fábricas e os alunos apenas subordinados que devem sempre obedecer, nunca falar e sempre chegarem na hora.

Enfim, é claro que existem muitos professores sem a menor noção de didática, alunos totalmente descompromissados, mas não dá pra negar que o problema maior vem de uma estrutura enraizada na nossa cultura e que, se nenhum governo der total importância como ocorreu no governo do imperador japonês Meiji, nada mudará no nosso país.

Deixo mais um trecho de Paulo Freire para concluir: "Não há inteligência – a não ser quando o próprio processo de inteligir é distorcido – que não seja também comunicação do inteligido. A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transferir, depositar, oferecer, do¿r ao outro, tomado como paciente de seu pensar, a intelegibilidade das coisas, dos fatos, dos conceitos. A tarefa coerente do educador que pensa certo é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir, desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzir sua compreensão do que vem sendo comunicado."

OBS: Fiquei sabendo dessa escola que coloca o estudante como protagonista, e particularmente, achei ótima a proposta, creio que tem tudo para dar certo.

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