Sinceramente, eu nunca fui um aluno exemplar ou que dava muita atenção a escola, tampouco mostrava interesse, tanto que repeti de ano mais vezes do que eu prefiro admitir e apesar de tudo eu não jogo a culpa totalmente na forma no qual fui ensinado, mas sim, teve culpa. A última escola que eu estudei resolveu adotar um novo molde de ensino pro Médio para competir com outra escola vizinha, que basicamente era resumir os três anos em dois e no último focar completamente em nos preparar para o vestibular, independente da pessoa querer ou não fazer isso (o que chega ser engraçado, considerando o fato que nessa mesma escola era disponibilizado vários cursos de técnico, que no fim poderiam te dar margem suficiente para seguir sua vida profissional sem faculdade ou qualquer outro meio, caso fosse do desejo da pessoa). Resultado: apertaram tanto o conteúdo para caber em dois anos, que as vezes o professor tinha que dar, sei lá, três tópicos no pouco tempo que ele tinha e acabava só dando um e meio, deixando o resto para outro dia e por assim vai, isso quando não jogavam quadros e mais quadros de texto, davam meia hora pra copiar aquilo, explicava em dez minutos correndo e já pulava pro próximo tópico. Esse ano foi terrível, todos meus amigos e conhecidos reclamaram, alguns até mesmo saíram da escola. No fim do ano eles conseguiram a meta de resumir as 301931 matérias que queriam num ano só? Sim, mas a que custo? O custo de elevar o "lê, memoriza pra prova e esquece depois dela" ao extremo e por consequência acabar com o desempenho dos estudantes?
Eu não to nem considerando que esse sistema só foi introduzido no primeiro ano, exatamente na minha sala e continuaria nos nossos anos seguintes, mas quem já tava no segundo e terceiro ano nessa escola, continuaram com o ensino anterior... preciso nem falar que enquanto a gente se afogava em trocentos tópicos, víamos essas turmas passando pelo corredor para ir ver filme na sala de informática, né? Enquanto o primeiro ano recebia cinco tópicos por dia, o resto recebia um ou raramente dois, ganhando sempre uns 30 minutos ou as vezes até mais livre, onde jogavam, conversavam e viam filmes. Sério, o segundo e o terceiro ano viam filme toda semana, a gente viu um num ano INTEIRO, puta merda. Essa "injustiça" + o cansaço do ano corrido = alunos completamente insatisfeitos e desinteressados em dobro. Pra piorar, aumentaram a carga horária e nessa escola a educação física (obrigatória, puta merda, vai tomar no cu quem mandou essa merda de """"disciplina"""" ser obrigatória) era de tarde se você estudasse de manhã, ou seja, assim que acabasse o turno da manhã, uma hora depois começava a educação física e pra mim que morava longe acabava me limitando a ter que passar das 7 da manhã até 17 da tarde na escola ou por perto dela.
Por fim, meu ponto com toda essa história é que de fato o ensino não tá sendo posto totalmente errado, mas são poucos os pontos positivos, sempre tem, claro, os dois lados da moeda, não se pode exigir um ensino com qualidade superior se o aluno vai continuar completamente desinteressado, mas aí entramos numa parte que precisa ser ensinada desde cedo. Eu e Josh estávamos discutindo esses dias exatamente isso, que o fundamental deveria ser levado mais a sério do que já é e pelo menos no(s) último(s) ano(s) já construir o aluno para escolher o que quer seguir na vida ao chegar no Ensino Médio. Também acho que escolher uma profissão não deve anular o aprendizado de matérias que não se interligam diretamente, mas muito do conteúdo poderia ser repensado e nem todos eles são necessários de serem entregues ao aluno. A verdade é que existem bilhões de jeitos de fazer a aula ser mais dinâmica e o segredo tá nessa frase que o Josh disse: "utilizar uma metodologia de ensino em que o estudante é o protagonista", julgando que o aluno tá na escola, talvez até mesmo por obrigação, mas tenha um MÍNIMO de interesse, o termo "protagonista" não precisa ser aplicado de forma que a pessoa tenha a rola chupada e sim aplicado de forma que o professor ao invés de jogar a matéria no quadro dizendo que quem quiser copiar pode, quem não quiser boa sorte, poderia na verdade conhecer aos poucos cada aluno, ver como funcionam, suas dificuldades, sua ""personalidade"", e então tentar ajudá-lo desse jeito. Claro que numa sala com 40 alunos isso seria impossível, mas conhecendo seus alunos e vendo suas dificuldades, mesmo não podendo focar neles individualmente, ainda daria a oportunidade de modificar seu tipo de ensino para que eles entendam, ao invés de simplesmente seguir a fórmula em todas salas e anos que dão aula.
Concordo com o Prime sobre já ser exercido com qualidade quando se tem paixão envolvida e aí que eu vejo o problema, o profissional precisa realmente se esforçar para manter a paixão viva quando se tem que conviver com uma sala desinteressada e um ensino de bosta, recebendo uma miséria, e mesmo conseguindo a manter viva, não vai ser a mesma depois de um tempo e o cara vai acabar caindo de qualidade aos poucos. Mas o dinheiro é bem importante mesmo, querendo ou não influência no desempenho do profissional, uma pessoa que vê "qualidade = ganhar mais dinheiro", com toda certeza vai se esforçar mais, não é lá o tipo mais exemplar que poderíamos ter de um professor, mas é a verdade. Enfim, meu professor de matemática do ano passado era um cara MUITO foda mesmo, mas era notável que ele já tinha chegado num ponto que não tava nem mais aí, só tava passando o conteúdo no quadro, explicando e se você quisesse ouvir, beleza, se não foda-se. O cara tinha talento, era esperto, mas são poucos mesmo que conseguem de verdade atrair a atenção dos alunos, tudo isso porque a cagada da educação se estende para todas direções.
Resumindo: pra mudar isso teria que "refazer" tudo, desde o método de ensino, os professores, as escolas, seus sistemas, seus objetivos, os ensinamentos às crianças, a dinâmica das aulas, a interação, cara é muita coisa. Eu também acho que dificilmente isso vai mudar algum dia e sinceramente como um velho amigo meu dizia (que infelizmente morreu de fisgada): eu to cagano mermo.
E só mais uma coisa que eu lembrei quando ia postar, sobre isso de ensinar politica na escola, é uma coisa que deveria ser importante e já ensinada mesmo (não sei se alguma já deu isso, mas a minha pessoalmente nunca), mas teria que tomar MUITO cuidado com quem a ensina, eu tinha uma professora de história que tendia tudo pro lado esquerdista da força e colocava quem era de direita como inimigos, tanto que quando eu chamava ela de comunista e fingia que era o Augusto Lima, ela ficava muito puta, dizendo que não acreditava que eu era aluno dela, que eu conseguia ter essa mentalidade recebendo aulas de história dela. Porra, aí não, bicho. Você tem o ponto de vista e opinião que quiser, mas se for pra ensinar sobre algo com dois lados, tente ser o mais centrista possível. Então, é, seria complicado e teria que ter muita disciplina da parte dos professores e da escola.