Para quem caiu de paraquedas aqui e por algum motivo vai ler o conteúdo abaixo, isso é um RPG de Naruto mestrado por mim e jogado por três membros. Ele segue o máximo possível que um Shonen seguiria, em aparência pelo menos, então tem várias coisas de anime que se você não é habituado vai acabar tendo um cringe inacreditável.
Eu sou o laranja, o Akuma é o verde, o Saiko é o azul e o Takeshi é o vermelho.
Akuma - Gulielmus
Saiko Uchiha - Chris
Takeshi Kanbara - Dwight
Capítulo 1 - Time 9. O inicio!:
Spoiler :
Há muito tempo atrás, muito antes da Era dos Estados Combatentes, nenhum de nós humanos possuía Chakra. Sem defesa, estavámos destinados a morrer por mãos estrangeiras e até mesmo pelas nossas próprias mãos, em epidemias de fome e doenças que se espalhavam com muita facilidade. Mas fomos salvos por uma deusa bondosa, que sentiu mais amor pela humanidade do que talvez nós mesmos. Ela nos deu uma segunda chance, o Chakra. Com isso, o homem que a fez virar os olhos para a humanidade, ganhando sua atenção, se tornou o que chamamos hoje de Rikudou, o primeiro e mais forte usuário de Chakra de todos tempos.
Ele espalhou por todo continente seus ensinamentos e disso vieram os vários clãs que hoje existem. Anos atrás, todos nós estavámos em guerra um contra o outro, mas agora somos todos aliados e até amigos, tudo por causa da criação de Konoha, nosso novo e eterno lar. Seus pais são os atuais protetores desse lar. Eu sou um protetor desse lar. Mas daqui um tempo, vocês serão os novos protetores desse lar.
Vocês, hoje, são crianças, mas assim que aceitarem a bandana que carregam, se tornarão adultos. Não importa o tamanho e a idade de vocês, assim que você se torna um Shinobi, você deixa para trás sua infância e sua infantilidade. Vocês crescerão e se tornarão os sucessores de seus pais. Será um caminho difícil e as vezes cruel, mas eu tenho certeza que com esforço e determinação todos conseguirão.
Vocês devem estar se perguntando o que é um Shinobi? Bem, um Shinobi é...
— Nós já ouvimos isso mil vezes, sensei, não precisa repetir! — interrompeu Kotetsu, entediado.
— É verdade! — alguém apoiou.
— Eu nunca falei isso antes, Kotetsu. Esse é o discurso do Primeiro Hokage para primeira turma graduada na primeira academia já feita. É uma tradição importantíssima! Não me interrompa mais ou sairá da aula! — berrou Watari, o professor. Ele não era muito paciente com seus alunos.
— Não interrompa o sensei, Kotetsu, isso é um desrespeito gigantesco com o superior! — reclamou Mizuki perto do garoto, repreendendo-o.
— Eu sou um genin agora, eu quero ir pra missões e treinar, não ouvir palestra! — disse Kotetsu. — Eu já ouvi sobre essa maldito Rikudou e essa Kaguya umas quinhentas vezes.
— Calem a boca! — berrou o professor, calando os dois.
Watari suspirou e colocou o papel com o discurso em cima da mesa, pegando outra folha.
— Eu vou anunciar os times agora — disse ele, simplesmente.
Nem mesmo notou que não havia terminado o discurso, porque no seu interior tudo que ele queria era se livrar daquelas malditas crianças logo.
Watari começou a falar os times, calmamente, anunciando os membros e o nome do Sensei, e as vezes o local de encontro. Alguns dos Jounins preferiram se encontrar com os alunos fora da sala de aula.
— Time 8: Kushina Uzumaki, Hikari Hyuuga e Mizuki Harashi. A Sensei de vocês se chama Yoko Mitarashi.
Kushina sorriu para Hikari que apenas devolveu um pequeno sorriso. Mizuki engasgou, limpou a garganta e respirou fundo. Ele não era muito bom com mulheres e estava num time que, exceto ele, só tinham mulheres. Pelo menos Kushina era legal e Hikari era tímida demais para se preocupar com a própria timidez dele em relação à mulheres.
Yoko Mitarashi era conhecida como uma das melhores kunoichis da vila.
— Time 9: Akuma, Saiko Uchiha e Takeshi Kanbara. O Sensei de vocês é chamado de Yusuku Sengoku.
Eles não tinham ideia de quem era ele.
— Yusuke, desculpa, errei o nome.
"Merda", foi seu segundo pensamento, logo depois de pensar que Watari era um idiota que mal sabia ler. Preferia ter ficado no time de Minato, Kushina, ou até mesmo Shikaku; mas acabara com dois moleques que pouco conhecia. Não tinha muita paciência para ficar interagindo com pessoas novas, sabia que Akuma vivia se metendo em problemas, e a simples ideia de ter de conviver com alguém como sua irmã lhe cansava. Já o Uchiha pouco ouvira falar, não sabia nada sobre ele, exceto a reputação louvável de seu clã, que para ele era indiferente.
Para completar, dentre todos os famosos e respeitáveis jounins de Konoha, caíra no time de alguém que nunca ouvirá falar, seu sobrenome não lhe remetia a nenhuma família de respeito.
Ajeitou a senbon na boca e olhou para os dois, mas não havia nada a ser dito agora.
Saiko havia sido um dos primeiros a chegar na Academia, como de costume. Estava sentado em seu canto habitual, ignorando a algazarra e conversalhada de alguns enquanto aguardava Watari-sensei chegar para dar início a última aula. Não demorou tanto até que o mentor chegasse. Apesar de não demonstrar, o Uchiha estava ansioso para sair da Academia e ganhar sua bandana, era um passo importante em seu avanço. Watari chegou fazendo um discurso sobre o que é ser um Shinobi, algo que desinteressava totalmente a Saiko, já que não via importância naquilo, mas apenas relevou e aguardou o anúncio das equipes. Escutara seu nome na equipe 9 junto do órfão Akuma e do estrangeiro Takeshi, não possuía preferência por ninguém em especial desde que mais ajudassem do que atrapalhassem. Não demonstrou reação nenhuma, apenas fechou os olhos e continuou com as mãos unidas em frente ao rosto. O que mais lhe deixou curioso nisso tudo é o desconhecimento total de seu sensei, nunca ouvira falar no ninja.
"Valeu, Pai, tô te devendo uma!", suspirou de alívio quando escutou o instrutor terminou de anunciar a equipe 8; não ficaria na mesma equipe que o mala do Mizuki e isso já era um bom conforto para a ânsia que sentia. Estava bastante inquieto desde o início do discurso de Watari, tanto que não prestou atenção em absolutamente nada do que ele disse e, se não fosse pelo nervosismo, teria reclamado tanto quanto Kotetsu pela enrolação do instrutor. Essa ânsia o acompanhava desde que saiu de manhã do orfanato e cruzou o longo caminho habitual da floresta até o centro da vila, tanto que quando chegou a academia, atrasado como sempre, não conversou muito com os colegas que interagia normalmente.
Estava sentado ao lado de Kotetsu e Sayuri, como de costume, e trocou apenas algumas palavras com ambos sobre a seleção dos times. Gostava da ideia de ter algum deles no seu time, Kotetsu pelas competições que teriam como parceiros e Sayuri por já serem amigos, mas não era algo que ele havia pensado muito atentamente. Por isso, não ficou muito decepcionado quando Watari finalmente anunciou seu nome e de seus futuros parceiros: Takeshi e o Uchiha. O primeiro era o estrageiro que parecia não gostar de papo, pelo menos não com ele, sempre um pouco distante e só falando com alguns da sala, mas que parecia ser forte. Akuma olhou para a cara dele com um sorriso na cara, mas recebeu o olhar indiferente que já estava esperando.
O último era mais ou menos a mesma coisa, quietão e distante, só que meio metidão e também não gostava de papo. Mandou o mesmo sorriso para ele e fez um leve aceno, não esperando receber nenhuma resposta. Voltou sua atenção para o professor, um pouco mais tranquilo e despreocupado, já que o suspense já havia terminado.
Se virou para Kotetsu e Sayuri, curioso: — Vocês já ouviram falar desse cara? Não conheço nenhum tal de Sengoku.
— Nunca ouvi falar — respondeu Sayuri. Aproximou-se, sussurrando no ouvido de Akuma. — E olha que eu olhei os arquivos do meu avô ontem, hehe.
Kotetsu soltou uma risada.
— Pra combinar com você, Akuma, um fracassado com outro fracassado — zombou, sorrindo.
Riu de volta, com um sorriso desafiante: — Aposto que ele deve ser uma arma secreta da vila e selecionaram ele pra equipe com mais potencial daqui...
— Eu sou o... — começou Kotetsu, já elevando a voz e pronto para "gritar", mas Sayuri sabendo que isso resultaria no expulsamento do seu amigo idiota, apenas socou seu estomago e lhe fez cair em cima da mesa, choramingando.
— Vamos prestar atenção no professor pra isso acabar logo — repreendeu Sayuri.
Deu uma risada exagerada, apontando o dedo para o garoto de cabelo verde, ainda com o mesmo sorriso de desafio.
— Que merda você tá rindo, cabelo de tijela!? — berrou Kotetsu, batendo as mãos na mesa.
Sayuri suspirou e enfiou o rosto na mesa.
— Dessa tua cara de bocó! — não pensou muito numa resposta apropriada e compensou com o tom de voz, se levantando.
Kotetsu queria pular em cima do rapaz, mas Watari os interrompeu.
— Parem com isso, agora mesmo!
Os dois sem opção voltaram para seus lugares.
Cruzou os braços e fechou a cara, embora não tenha se estressado tanto assim, voltando para seu lugar e ficando quieto.
Watari olhava para cima, fitando os rapazes, irritado.
Hikari sorriu, observando aquela cena. Estava triste de não ter caído no time de Akuma, mas no fundo sabia que daria no mesmo, ela nunca conseguiria falar com ele sem gaguejar. Só esperava poder vê-lo de novo nos próximos dias.
— Time 10: Shikaku Nara, Inori Yamanaka e Choza Akimichi. O Sensei de vocês se chama Izumo Sarutobi.
Inori chorou de frustração, não bastava estar no mesmo time que o chato e sonolento Shikaku ou o gordo do Choza, ela não estava no mesmo time de Saiko.
Choza continuou a comer suas batatas, já esperando aquilo, era a tradição das famílias principais.
Shikaku nem saiba o que estava acontecendo, estava com o rosto sobre os braços, dormindo.
Mas apesar da reação dos membros da equipe, todos ficaram surpresos de ouvir que um dos filhos do Hokage seria o Sensei da equipe deles. Era outro Jounin bem famoso e conhecido.
— Time 11: Minato Namikaze, Kotetsu Suizan e Sayuri Sarutobi. O Sensei de vocês é... — Watari deu uma engasgada, surpreso. — O Sensei de vocês se chama Jiraya, um dos três Sannins.
Kotetsu que estava com o rosto apoiado na mão, olhando para o nada, entediado, esbugalhou tanto os olhos que pareciam estar prestes a cair da cabeça dele.
— ISSO, ISSO! HAHA! — berrou ele, gargalhando e apontando para o rosto de Akuma. — TOMA, SEU INÚTIL!
Sayuri ficou boquiaberta com aquilo.
Minato pareceu surpreso também, mas não teve nenhuma reação exagerada, afinal naquele momento já tinha olhos demais nele.
Ignorou o comentário de Kotetsu e sorriu para Sayuri, animado: — LEGAL! Seu sensei vai ser um sannin!!!
Não tinha pensado muito nisso antes de Kotetsu falar, mas enquanto ouvia sobre os jounnins das equipe seguinte começou a se preocupar um pouco sobre não nunca ter ouvido sobre o seu próprio sensei. Será mesmo que escolheriam um fracassado qualquer? Talvez fosse algo que os manda-chuvas da aldeia fariam com um órfão mas será que os dois parceiros mereciam isso?
— Eu nem acredito nisso — falou Sayuri, ainda assustada. Ergueu os braços no ar, soltando um gritinho de conquista. — Aeee!
Kotetsu franziu o cenho ao ser ignorado.
Sentiu um pouquinho de inveja, mas sabia que eles mereciam um sensei tão forte, até mesmo o Kotetsu. Olhou para Minato, do outro lado da sala e acenou para ele também, com um sorriso na cara.
Minato devolveu o gesto, timidamente.
— Você tem sorte, Namikaze. Enquanto eu fico no time do cara que nem o Watari sabe o nome, você será treinado por um ninja lendário. Ao menos a deusa Musume é justa, e fez minha inveja lhe colocar no mesmo time do mala do Kotetsu. — Takeshi continuou movendo a senbon na boca, os olhos caídos em desinteresse, mas lhe desanimava não estar no time de alguém como Jiraya.
Não sabia muito sobre os sannin, na verdade, muito menos sobre o tal de Jiraya, mas já que todo mundo falava tanto deles, deviam ser fortes e isso já era digno de seu respeito. Só estava esperando que o seu sensei também fosse tão forte assim, mesmo sendo desconhecido.
Abriu os olhos quando ouviu o nome de Jiraya sendo destinado a equipe 11. Ficou um pouco desapontado por não ter alguém daquele nível como sensei.
Minato soltou uma risadinha baixa e fraca.
— Kotetsu não deve ser tão ruim assim.
— Não me ignora, seu merda! — berrou o rapaz para Akuma, um pouco distante na sala.
Minato engoliu em seco.
— Bem, eu tenho certeza que seu Sensei vai ser um bom ninja também — disse ele, tentando "animar" o amigo.
Cruzou os braços e exagerou uma careta de desgosto, desviando o olhar e ainda mantendo o tratamento de silêncio para Kotetsu.
— Não briguem, ainda estamos em aula e o professor quer falar! — exclamou Mizuki, ajeitando seus óculos.
— Vai a merda — respondeu Kotetsu.
— É, vai a merda. — completou, quebrando um pouco a atuação e voltando logo em seguida.
— É, tenho certeza que ele não é tão ruim assim. Abençoada seja Musume. — Ele completou, ainda desanimado, esperava um Sensei pior do que Watari.
— Chega, mais uma palavra e eu tiro todos vocês de sala! — berrou Watari, batendo o punho no quadro e fazendo um barulhão.
— Sensei, e agora o que fazemos? — perguntou alguém.
Watari respirou fundo, depois mais uma vez e sorriu.
— Agora é esperar o Sensei de vocês ou quem tem um local marcado, ir neles. Mas antes... — Foi até a mesa e tirou uma pilha de papéis, foi até o primeiro aluno da primeira mesa a esquerda e entregou para fosse distribuído aos poucos. — Eu falei disso no dia da graduação, é algo muito bom se graduar e virar um genin, mas isso não é brincadeira. Assinem esse papel e vocês serão considerados adultos a partir de agora, não mais crianças. Suas ações serão de total responsabilidade de vocês e... bem, vocês estarão assinando que sabem o risco que estão se metendo.
No papel havia algumas informações e o lugar onde assinar embaixo. A informação de mais destaque era o fato de que estariam aceitando serem chamados para uma guerra, como soldados, caso necessário. Não era algo que os adultos desejavam, mas em situações urgentes como ocorrera na Terceira Guerra Mundial Shinobi, onde várias crianças tiveram de ir para o campo de batalha (algumas até mesmo não eram graduadas), era inevitável.
Assinando aquele papel, todos eles sabiam que era o começo da vida "adulta" deles.
Saiko recebeu o papel, leu o que havia nele com atenção e, por fim, assinou seu nome nele.
Ficou mais sério depois que recebeu o papel e finalmente parou para lê-lo. Como o sensei tinha falado, aquilo não parecia nem um pouco com uma brincadeira, ele pedia um comprometimento bastante pesado. Olhou para os colegas em volta, pensativo, hesitando um pouco em fazer sua assinatura.
Seria o início de um caminho sem volta e isso assustava um pouco ele, por mais que fosse o que ele sempre quis desde que entrou na academia. Olhou para Kotetsu e Sayuri de lado e falou, com uma voz meio preocupada:
— Tô com um pressentimento ruim...
"Takeshi Kanbara", escreveu.
Kotetsu já estava assinando, mas Sayuri estava encarando o papel também.
— Eu vou ser como meu pai — murmurou ela, anotando o nome dela. Depois se virou para Akuma. — Não se preocupe, nós somos os melhores e além disso, vamos cuidar um dos outros, não é?
— Quero que ele morra — respondeu Kotetsu.
Fez um meio sorriso, ficando um pouco mais aliviado por mais alguém compartilhar daquele sentimento. Assentiu com a cabeça, tão sério que nem se incomodou com o comentário de Kotetsu.
Apanhou o pincel e, depois de reler mais uma vez, assinou seu nome único. "Akuma".
Sorriu, um sorriso meio amargo mas ainda decidido.
Agora começa a nossa vida de verdade, amigos...
Alguns times saíram da sala de aula e foram atrás de seu Sensei, outros esperaram até que ele entrasse na sala de aula e os chamasse.
Um por um, os alunos foram sumindo da sala de aula.
Uma hora depois, quando toda sala já estava vazia, nem mesmo Watari estava ali mais, só restavam os três membros do Time 9.
Antes de sair, Watari entregou os equipamentos Shinobi deles. Só eram permitidos usarem reais armas shinobi após a graduação, antes disso treinavam com cópias de madeira e materiais não mortais, teoricamente.
O calor estava torturante ali, mesmo com as janelas abertas, e eles já não escutavam tanto barulho assim perto da sala. Talvez não só os alunos da turma deles já tinham ido embora, mas também da Classe B.
— Mas que DROGA! Cadê ele?! — bufou, falando tão alto como sempre com sua voz arranhada. Estava em pé, andando sem parar pela sala e tentando ocupar o seu tempo com o que podia, desde ajeitar sua bandana na testa pela milésima vez, checar dentro de cada carteira da sala, da mesa do professor e até do lixo.
Tentou algumas vezes puxar conversa com os dois colegas, mas nenhum deles ainda tinha dado confiança.
— Não é POSSÍVEL que eu sou o único que não reparei nessa demora!!!
— Se você não reparou não devia reclamar tanto, Akuma. Algum de vocês conhece esse tal sensei? — Não costuma puxar assuntos, mas estava curioso sobre. — Eu vim de fora, mas já ouvi falar sobre o Sannin Jiraya ou o filho do Grande Hokage, nunca sobre um Yusuke Sengoku. Será que ficamos sob a tutela de um perdedor?
— Acho que o atraso dele responde por si só. — respondeu Saiko. — Deve ser um jounin qualquer.
A cara emburrada sumiu na hora que eles finalmente deram algum sinal de vida e resolveram falar qualquer coisa. Parou sua caminhada infinita e se virou para eles: — ENTÃO! É isso mesmo que tava me preocupando agora, ninguém nunca ouviu falar dessa cara e olha que a Sayuri é neta do Hokage e já xeretou os arquivos dele mil vezes.
— E "caaara", até um Sannin vai assumir uma equipe, será que eles fariam algo assim com a nossa equipe?! — se comunicava de uma forma meio exagerada e com o tom de voz sempre alto.
Saiko tremeu uma das sobrancelhas devido ao alto falatório de Akuma, o garoto era bastante barulhento. Nada respondeu.
Impaciente, subiu em cima da mesa do professor e ficou em pé em cima dela.
— Mas que porcaria, os outros times já devem tar treinando com o sensei deles!
Takeshi não parava de pensar em como as coisas seriam melhores em Uzushio, suspirando por fim.
Se sentou, se acomodando ali mesmo e emburrando ainda mais a cara.
Pensou por um instante que pelo menos seus parceiros não eram Kotetsu e a Yamanaka.
— Vamos até o lado de fora, eu to cansado de esperar esse cara.
Bufou e se virou para o quadro negro, pensativo.
— Eu topo, mas não vou deixar isso ficar barato não!
Saiko que não estava falando nada ou conversando, acabou notando que havia alguns sons parecidos com gritaria vindo de fora da sala.
Os outros dois acabaram percebendo isso também e Akuma foi até a porta checar, dali ele viu fumaça roxa vazando do interior de alguma sala e vários alunos tossindo.
Akuma se virou para os companheiros para dizer algo sobre aquilo, mas foi derrubado no chão sem querer, quando um vulto (numa velocidade que eles nem conseguiram acompanhar) adentrou na sala e jogou bombinhas de fumaça.
Os três tossiram enquanto a fumaça estava de pé.
— MAS... O Q-QUE... — tentou reclamar e berrar em meio as tossidas, não entendendo nada do que estava acontecendo.
Saiko tapou os olhos e a boca com o braço, soltando leves tossidas que não conseguiu conter. Não fazia ideia do que estava acontecendo.
Takeshi cuspiu sua senbon em meio as tossidas, tentando se aproximar das janelas para respirar melhor.
Quando a fumaça foi se dissipando, eles finalmente puderam ver o que estava bem a frente deles: um grande pano pendurado nas paredes por kunais, nesse pano estava escrito em branco (tinta) "Yusuke Sengoku" bem grande.
— Cheguei! — exclamou o homem, em frente ao pano, de pé e com os braços cruzados.
Seu cabelo era espetado e negro, seus olhos da mesma cor.
Depois de recuperar o fôlego e de toda aquela fumaça se dissipar ele finalmente notou que se tratava do professor. Estava um pouco aliviado dele finalmente ter chegado e tudo aquilo não ser nada demais, mas não conseguia não ficar um pouco ofendido com toda aquela demora e show.
Se aproximou do sensei, com uma cara emburrada e o encarando de cima a baixo.
Takeshi ficou boquiaberto com tamanha imbecilidade, sem palavras para reagir a tudo àquilo.
Uma gota de suor caiu da testa de Saiko representando sua frustração ao ver aquela cena. Não esperava algo daquele nível.
— M-mas...
— MAS O QUE VOCÊ TÁ PENSANDO?!!!!!! — deu um berro.
— VOCÊ DEMOROU TODO ESSE TEMPO SÓ PRA PENSAR NISSO, Ô... ééé... — não se lembrava do nome dele. — Eu nem lembro do seu nome, mas que DROGA!
Yusuke meio assustado com a reação do aluno, apenas coçou a nuca e apontou com a outra mão pro pano.
— Está escrito ali, Akuma.
Seu nome estava bem grande ali.
Nem havia parado para ler o nome, com os nervos a flor da pele.
Takeshi se sentiu cercado por idiotas novamente. "Ah, cara...", pensou consigo mesmo.
"Ótimo, minha equipe é pior do que parecia" pensou Saiko, encarando aquela cena com desaprovação.
— Desculpa, pessoal, eu acabei acordando atrasado — falou Yusuke soltando uma risadinha desconfortável. — E, meio que errei a sala de vocês...
Olhou de volta para a cara dos parceiros e gruniu: — Vocês vão ficar do lado dele agora? EU SOU O CERTO AQUI!
Se virou de volta para ele.
— Você não deveria ser um shinobi de elite, como pode se atrasar? — continuou reclamando.
— Você não deveria ser um gennin, como pode não me respeitar? — reclamou Yusuke.
— C-como assim? — berrou de novo. — VOCÊ NÃO RESPEITOU A GENTE, FICOU FAZENDO A GENTE ESPERAR UMA HORA!
— Sabe quanto é UMA HORA? A gente podia fazer tanta coisa em uma hora...
— Um ninja tem que ser paciente — respondeu Yusuke, calmamente.
— E pontual. — ironizou Saiko.
— I-ISSO! PONTUAL!
— Tudo que vocês não são. — Completou.
Yusuke suspirou, todos estavam contra ele. Tinha perdido aquela batalha.
— Eu sou pontual, é que eu moro muito longe, lá no orfanato que fica depois daqui do centro da vila e lá pra dentro da floresta e (...) — Ele repetiu o mesmo longuíssimo discurso que sempre fez a anos para se justificar, já que sempre chegou atrasado por morar longe.
Em meio a todo seu discurso, ele já havia ignorado um pouco a presença do sensei, ficando virado para os companheiros e continuando com suas justificativas: — ... e além disso o caminho é muito perigoso, vira e mexe eu encontro um animal selvagem e eles ME ODEIAM! Teve uma vez que eu vi um javali e... (...) — ele não parou de tagarelar, estava botando para fora toda a vontade de falar que não extravasou na última hora.
— Temos algo em comum, viu? — disse Yusuke sorrindo. — Já é um bom começo.
Saiko apenas fechou os olhos, tentando ignorar todo o barulho que Akuma conseguia incrivelmente fazer sozinho.
Takeshi levou as mãos a nuca, cansado daquilo. — E então, quando vamos começar isso?
— E inclusive, esse mesmo javali vem me perseguindo faz... — a pergunta de Takeshi meio que o trouxe de volta para a realidade. — É verdade! — se virou para o sensei. — Você fez a gente esperar muito é bom que a gente faça algo legal!!!
Não demorou muito para que o quarteto saísse da sala e fosse para alguma praça perto dali de Konoha, que dava uma boa visão para toda vila, por ser uma parte alta. Yusuke estava sentado no parapeito e os três estavam em frente à ele, pouco distantes, sentados na escada.
— Bem... hm... — Yusuke estava claramente pensando no que falar. — Essa é a minha primeira vez como sensei, então sejam pacientes. É a primeira vez de vocês como gennins também, então também vou ser. Viu? Uma troca justa. Agora... falem aí o nome de vocês, o que gosta, o que não gostam, hobbies e sei lá, o sonho que vocês tem.
— Isso é algum tipo de treinamento, sensei? — questionou, curioso e intrigado.
— Ou um teste!
Yusuke encarou o aluno, em silencio.
— Não é um teste, nem um treinamento.
— São só perguntas mesmo.
— Hm... — cerrou os olhos, intrigado e não acreditando muito que fosse só isso. — "Sei"...
— Hm... por onde a gente começar? Porque você não fala primeiro?
— Eu? — falou ele, surpreso. — Hm...
— Bem, meu nome é Yusuke Sengoku, como vocês já sabem. Eu gosto de paz... e ramen, é eu gosto de ramen. Eu não gosto... eu não tenho nada em mente agora. Meus hobbies são... não tenho nada em mente agora também. Meu sonho? Eu queria ser um Anbu, mas me negaram, infelizmente. — Terminou com uma voz triste.
— Sério?! Por quê não deixaram você ser? — perguntou, curioso e ainda um pouco intrigado com todas aquelas perguntas.
— Muito emotivo, de acordo com eles — respondeu Yusuke, frustrado. — Um exagero!
— Hm... — voltou a cerrar os olhos e continuou com perguntas, embora dessa vez fosse obviamente para ganhar tempo e tentar descobrir se aquilo era um teste mesmo ou não. — E por quê ANBUs não podem ser emotivos?
— ANBUs geralmente são enviados em missões de assassinato, não de pequenas presas, mas de grandes, tipo... "vai lá e mata o Kage inimigo!" — Yusuke falou a última parte fazendo uma voz diferente, como se fosse algum velho líder de algo. — Nós Jounin temos missões complicadas também, mas geralmente temos algumas escolhas a se fazer nela e nossa personalidade não faz diferença, desde que a missão seja concluída. Um ANBU naturalmente não pode nem mesmo abrir a boca, ele tem que ser frio como se não fosse humano... porque algumas missões são... — Do tipo que te ordenam a assassinar uma criança, pensou Yusuke, mas preferiu não falar nada. — Bem, são complicadas.
Escutou até com atenção, embora tenha se perdido um pouco no meio do discurso do sensei, o deixando bem óbvio com uma careta de confusão.
— O Uchiha tem futuro pra coisa, então. — Falou sem se importar.
— Humpf. — Saiko apenas ignorou.
Bufou também e comentou: — Vocês dois, isso sim!
— Acredita que eles não falaram quase nada em todo o tempo que a gente ficou te esperando? — falou com o sensei.
— Já você não tem futuro pra nada.
— Em compensação você falou mais do que deveria. — retrucou Saiko.
"Eles são piores do que eu imaginei", pensou Yusuke. Era sua primeira vez como sensei, sabia que crianças naturalmente eram estranhas por causa da idade, mas aqueles três eram figuras destacáveis, principalmente o garoto Akuma que era hiperativo demais.
— O que?!! Como assim não tenho futuro pra nada? Saiba você que... — se levantou para responder Takeshi, mas logo se perdeu com a retrucada do Uchiha, se interrompendo no meio do pensamento e se voltando para encará-lo.
— Não vamos brigar — pediu Yusuke.
— Eu não tenho culpa se vocês são duas estátuas!
Saiko apenas riu da infantilidade do parceiro de equipe e virou o rosto para o outro lado.
— Poxa! Quem sabe se vocês tivessem abrido a boca de vocês, a gente não ia ter que ficar respondendo as perguntas do sensei!!
[18:24] <Takeshi> — Alguém vai responder elas? Já perdemos tempo de mais esperando o sensei se atrasar.
— Ah, ele espera...
— Ele fez a gente esperar mesmo. — fez uma careta.
Yusuke encarou aqueles três com uma expressão de quem queria morrer.
— É verdade, a paciência é a virtude de um ninja. — Concordou com Akuma.
— Então, como eu disse antes, é sua vez — falou apontando novamente para Akuma.
— E eu digo mais, vai ser difícil a gente ser uma equipe se vocês mal falam o que tão pensando!
Se virou para o professor, se interrompendo de novo no meio do raciocínio.
— Vez de que? — se fez de desentendido, com uma atuação óbvia.
— De responder as perguntas.
— Ata, as perguntas... Quais eram mesmos, Yusuke sensei?
— O nome de vocês, o que gostam, o que não gostam, seus hobbies e o sonho.
Claramente, Yusuke estava começando a perder a paciência.
Olhou para os dois e vendo estampado nos rostos deles que não estavam nem um pouco animados para tomar a vez dele e começarem a responder. Bufou, derrotado e voltou a se sentar.
— Meu nome é Akuma! Só Akuma mesmo, sem sobrenome, tipo Akuma do Nada. Eu não tenho clã, sabe? Bem... — Coçou o queixo, pensativo, claramente se alongando mais do que deveria.
— Eu gosto de... Ah sim! Eu gosto do bosque que fica em volta do meu orfanato. Sabe o orfanato de Konoha? Ele fica bem afastado lá pros arredores da vila, é bem longe daqui do centro e tal... — tentou se controlar e não devagar demais. — Ah sim, voltando... Eu gosto bastante daquele bosque, sabe?
— Tem uma área aberta bem grande e é bem bonito de noite, de vez em quando eu gosto de acampar lá, mas as tias do orfanato não deixam porque a gente tem horário pra dormir, sabe como é?
"Eu acho que não gosto desse moleque", pensou Yusuke.
Bufou: — Tem horário pra tudo, pra dormir, pra comer, pra acordar, pra se vestir.
— Tem horário até pra brin... — se interrompeu no meio da palavra e reformulou. — ... pra lazer.
— Ah sim, o que eu não gosto?
— Não gosto de gente chata... — soltou um olhar desafiador pros colegas e depois continuou. — Não gosto de pessoas ruins nem de quando são injustas, isso acontece muito aqui na aldeia, sabia?
— Hm, também não gosto de ficar pensando demais, eu prefiro fazer as coisas rapidamente e... — se ninguém interrompesse ele poderia continuar pelo resto da tarde toda.
— Eu gosto de coisas rápidas também — falou Yusuke, inocentemente.
— Sério? Então a gente tem isso em comum, os instrutores da academia sempre falam que eu sou impulsivo demais.
— Não gosto de ficar planejando as coisas nos mínimos detalhes e tal...
"Puta merda."
— Ah, verdade, sensei! E os sonhos pro futuro? Eu não falei deles!
— Hm...
Ele voltou a se sentar, já que tinha se levantado no meio do falatório. Ficou um pouco mais sério de que costume e pensou mais no que iria dizer.
Eu queria me tornar alguém de respeito, sabe? Tipo... Queria conquistar um lugar na vila, ter minha própria vida e tomar minhas próprias decisões. Acho que sendo um shinobi eu consigo isso, ter um lugar meu no mundo e não me importar tanto assim com os outros.
Ficou pensativo depois disso e não falou mais.
Aquela parte tinha sido a primeira que realmente tinha interessado Yusuke.
Ele encarou o rapaz por alguns segundos, analisando-o. "Hiperativo e falante demais, obviamente deve ser muito emotivo. Vai ter problema em ser um Shinobi, infelizmente."
— Bem, agora é você com o palito na boca.
— Mas eu não falei a história do meu nome ainda... E tinha mais coisas pra falar eu acho.
Coçou o queixo, estava mais animado do que o comum naquele dia.
— Guarde um pouco de surpresas para o futuro, Akuma. Não queremos nos cansar rápido de você.
— Já notamos que você é o diabo em pessoa, não se preocupe com isso.
Ele riu do comentário do professor e assentiu com a cabeça.
— Tudo bem!
— Takeshi Kanbara, de Uzushio. — Ele tirou a senbon de entre os dentes, para falar melhor. — Hm... eu gosto de caldo de abóbora, tenho preguiça de pessoas apressadas ou barulhentas de mais, mas acho que vou ter de me acostumar com isso.
— Não tenho realmente muito para fazer nesse lugar, me ocupo com livros e pergaminhos na maior parte do tempo, prefiro planejar as coisas nos mínimos detalhes. Sobre meus sonhos, quero voltar para minha Vila no futuro, me tornar um ninja respeitável e tentar ter uma vida medíocre pelo maior tempo possível, nada muito diferente dos outros jounins.
— Eu não tenho uma vida medíocre.
Pensou em caldo de abóbora, não prestando muita atenção no que mais ele dizia: — Eu gosto também, mas prefiro abóbora cozida!
"Completo oposto do anterior, esse é tão desanimado que se não fosse pelo nome, eu acharia que sou o sensei de um Nara. E, claramente, não se sente tão bem assim em Konoha..."
— Agora só restou você — falou Yusuke, olhando para Saiko.
— Meu nome é Saiko Uchiha. Eu odeio um monte de coisas, e eu particularmente não gosto de nada relevante a se citar aqui, talvez apenas afinidade com treinamento. O que eu tenho não é um sonho, porque vou torná-lo realidade. Me tornarei o líder de meu clã e deixarei o nome dos Uchihas maior do que já é. — disse Saiko de forma bastante objetiva.
"Hm, ele é distante e quieto, provavelmente pelo que ocorreu com o irmão dele... mas é um garoto interessante."
— Legal... — apesar do pouco que tem em comum com o Uchiha, Akuma gostou bastante em saber que ele tem bastante motivação em mente com seu objetivo, diferente de Takeshi, que parece só querer ser levando pela vida ao invés de alcançar algo.
Pensou um pouco sobre tudo que foi dito nos últimos minutos. Por mais que tenha se perdido em alguns momentos e se desconcentrado, sua mente ainda captou bastante do que o sensei e os colegas falaram e ele revisou um pouco tudo isso. Ficou bastante silencioso e pensativo.
Yusuke saltou do parapeito e ficou em pé, de frente aos três.
— Amanhã será nossa primeira tarefa como um time: um exercício de sobrevivência.
— Eu serei o adversário de vocês.
Encarou o sensei, abrindo um sorriso desafiador ao ouvir sobre o que ele tem em mente.
— Legal! A gente vai ter que derrotar você?!
Yusuke sorriu.
— Fico feliz que você está animado com isso, Akuma. Sim, de certa forma.
— É claro que eu tô!
— Por mim a gente começava agora mesmo!!!
— De qualquer maneira, é isso por hoje. Me encontrem amanhã no Campo de Treinamento 43, as cinco da manhã. Levem seus equipamentos ninja, vocês vão precisar.
— E, ah, não jantem ou tomem café da manhã.
— O que?!!!
— Como assim, sensei?! — achou aquilo um absurdo.
— Nem caldo de abóbora? — Perguntou.
Saiko estranhou a orientação, mas apenas relevou. Se levantou e começou a caminhar lentamente para fora do local, tentando imaginar como seria o teste de amanhã.
Com as mãos nos bolsos.
E olhos fechados.
Yusuke ignorou um de seus alunos indo embora e continuou olhando pros outros dois.
Assistiu o Uchiha indo embora, mas não o impediu ou reagiu quanto a isso, apenas entendeu.
— Vocês vão vomitar, se comerem.
— E vamos morrer de fome se não comermos, não? — Parecia óbvio para ele.
— Talvez.
— S-sério? — ficou abismado com o comentário e com a seriedade do sensei sobre isso.
— Sim, Akuma.
— É claro, a gente precisa se alimentar, sensei!
— De onde a gente vai tirar energia?
— Um Shinobi faz missões que as vezes necessitam de dias sem comer.
— Vocês vão ser algumas horas, parem de chorar.
Fechou a cara e fez bico, cruzando os braços.
— É que eu sinto muita foma, principalmente a noite...
— Vai ver é por isso que tem horário pra dormir no orfanato.
— Não vão te repreender se não comer o que servem no orfanato? Não sei como funcionam orfanatos...
— Não. — disse sério. — Agora que eu sou um ninja eu tenho mais liberdade quanto as regras... Na verdade eu até... — pensou sobre o que ouviu as cuidadores discutindo sobre ele a alguns dias atrás. Ouviu elas dizendo que logo logo ele teria que ser liberado do orfanato, já que como ninja, ele teria que ser responsável por cuidar de si mesmo.
— Bem, não importa. Acho que eu tenho que ir também, sensei. — falou com seriedade no olhar.
— Hmpf... então vou lá também, até amanhã, Yusuke-sensei. Tente não se atrasar de novo.
Se curvou de maneira respeitosa para o sensei e se virou para ir embora, partindo direto para o caminho até o orfanato, não se importando muito em tentar continuar diálogo ou contato com o colega ou com o sensei.
— Até mais, pessoal. — E sumiu numa nuvem de fumaça.
Ele espalhou por todo continente seus ensinamentos e disso vieram os vários clãs que hoje existem. Anos atrás, todos nós estavámos em guerra um contra o outro, mas agora somos todos aliados e até amigos, tudo por causa da criação de Konoha, nosso novo e eterno lar. Seus pais são os atuais protetores desse lar. Eu sou um protetor desse lar. Mas daqui um tempo, vocês serão os novos protetores desse lar.
Vocês, hoje, são crianças, mas assim que aceitarem a bandana que carregam, se tornarão adultos. Não importa o tamanho e a idade de vocês, assim que você se torna um Shinobi, você deixa para trás sua infância e sua infantilidade. Vocês crescerão e se tornarão os sucessores de seus pais. Será um caminho difícil e as vezes cruel, mas eu tenho certeza que com esforço e determinação todos conseguirão.
Vocês devem estar se perguntando o que é um Shinobi? Bem, um Shinobi é...
— Nós já ouvimos isso mil vezes, sensei, não precisa repetir! — interrompeu Kotetsu, entediado.
— É verdade! — alguém apoiou.
— Eu nunca falei isso antes, Kotetsu. Esse é o discurso do Primeiro Hokage para primeira turma graduada na primeira academia já feita. É uma tradição importantíssima! Não me interrompa mais ou sairá da aula! — berrou Watari, o professor. Ele não era muito paciente com seus alunos.
— Não interrompa o sensei, Kotetsu, isso é um desrespeito gigantesco com o superior! — reclamou Mizuki perto do garoto, repreendendo-o.
— Eu sou um genin agora, eu quero ir pra missões e treinar, não ouvir palestra! — disse Kotetsu. — Eu já ouvi sobre essa maldito Rikudou e essa Kaguya umas quinhentas vezes.
— Calem a boca! — berrou o professor, calando os dois.
Watari suspirou e colocou o papel com o discurso em cima da mesa, pegando outra folha.
— Eu vou anunciar os times agora — disse ele, simplesmente.
Nem mesmo notou que não havia terminado o discurso, porque no seu interior tudo que ele queria era se livrar daquelas malditas crianças logo.
Watari começou a falar os times, calmamente, anunciando os membros e o nome do Sensei, e as vezes o local de encontro. Alguns dos Jounins preferiram se encontrar com os alunos fora da sala de aula.
— Time 8: Kushina Uzumaki, Hikari Hyuuga e Mizuki Harashi. A Sensei de vocês se chama Yoko Mitarashi.
Kushina sorriu para Hikari que apenas devolveu um pequeno sorriso. Mizuki engasgou, limpou a garganta e respirou fundo. Ele não era muito bom com mulheres e estava num time que, exceto ele, só tinham mulheres. Pelo menos Kushina era legal e Hikari era tímida demais para se preocupar com a própria timidez dele em relação à mulheres.
Yoko Mitarashi era conhecida como uma das melhores kunoichis da vila.
— Time 9: Akuma, Saiko Uchiha e Takeshi Kanbara. O Sensei de vocês é chamado de Yusuku Sengoku.
Eles não tinham ideia de quem era ele.
— Yusuke, desculpa, errei o nome.
"Merda", foi seu segundo pensamento, logo depois de pensar que Watari era um idiota que mal sabia ler. Preferia ter ficado no time de Minato, Kushina, ou até mesmo Shikaku; mas acabara com dois moleques que pouco conhecia. Não tinha muita paciência para ficar interagindo com pessoas novas, sabia que Akuma vivia se metendo em problemas, e a simples ideia de ter de conviver com alguém como sua irmã lhe cansava. Já o Uchiha pouco ouvira falar, não sabia nada sobre ele, exceto a reputação louvável de seu clã, que para ele era indiferente.
Para completar, dentre todos os famosos e respeitáveis jounins de Konoha, caíra no time de alguém que nunca ouvirá falar, seu sobrenome não lhe remetia a nenhuma família de respeito.
Ajeitou a senbon na boca e olhou para os dois, mas não havia nada a ser dito agora.
Saiko havia sido um dos primeiros a chegar na Academia, como de costume. Estava sentado em seu canto habitual, ignorando a algazarra e conversalhada de alguns enquanto aguardava Watari-sensei chegar para dar início a última aula. Não demorou tanto até que o mentor chegasse. Apesar de não demonstrar, o Uchiha estava ansioso para sair da Academia e ganhar sua bandana, era um passo importante em seu avanço. Watari chegou fazendo um discurso sobre o que é ser um Shinobi, algo que desinteressava totalmente a Saiko, já que não via importância naquilo, mas apenas relevou e aguardou o anúncio das equipes. Escutara seu nome na equipe 9 junto do órfão Akuma e do estrangeiro Takeshi, não possuía preferência por ninguém em especial desde que mais ajudassem do que atrapalhassem. Não demonstrou reação nenhuma, apenas fechou os olhos e continuou com as mãos unidas em frente ao rosto. O que mais lhe deixou curioso nisso tudo é o desconhecimento total de seu sensei, nunca ouvira falar no ninja.
"Valeu, Pai, tô te devendo uma!", suspirou de alívio quando escutou o instrutor terminou de anunciar a equipe 8; não ficaria na mesma equipe que o mala do Mizuki e isso já era um bom conforto para a ânsia que sentia. Estava bastante inquieto desde o início do discurso de Watari, tanto que não prestou atenção em absolutamente nada do que ele disse e, se não fosse pelo nervosismo, teria reclamado tanto quanto Kotetsu pela enrolação do instrutor. Essa ânsia o acompanhava desde que saiu de manhã do orfanato e cruzou o longo caminho habitual da floresta até o centro da vila, tanto que quando chegou a academia, atrasado como sempre, não conversou muito com os colegas que interagia normalmente.
Estava sentado ao lado de Kotetsu e Sayuri, como de costume, e trocou apenas algumas palavras com ambos sobre a seleção dos times. Gostava da ideia de ter algum deles no seu time, Kotetsu pelas competições que teriam como parceiros e Sayuri por já serem amigos, mas não era algo que ele havia pensado muito atentamente. Por isso, não ficou muito decepcionado quando Watari finalmente anunciou seu nome e de seus futuros parceiros: Takeshi e o Uchiha. O primeiro era o estrageiro que parecia não gostar de papo, pelo menos não com ele, sempre um pouco distante e só falando com alguns da sala, mas que parecia ser forte. Akuma olhou para a cara dele com um sorriso na cara, mas recebeu o olhar indiferente que já estava esperando.
O último era mais ou menos a mesma coisa, quietão e distante, só que meio metidão e também não gostava de papo. Mandou o mesmo sorriso para ele e fez um leve aceno, não esperando receber nenhuma resposta. Voltou sua atenção para o professor, um pouco mais tranquilo e despreocupado, já que o suspense já havia terminado.
Se virou para Kotetsu e Sayuri, curioso: — Vocês já ouviram falar desse cara? Não conheço nenhum tal de Sengoku.
— Nunca ouvi falar — respondeu Sayuri. Aproximou-se, sussurrando no ouvido de Akuma. — E olha que eu olhei os arquivos do meu avô ontem, hehe.
Kotetsu soltou uma risada.
— Pra combinar com você, Akuma, um fracassado com outro fracassado — zombou, sorrindo.
Riu de volta, com um sorriso desafiante: — Aposto que ele deve ser uma arma secreta da vila e selecionaram ele pra equipe com mais potencial daqui...
— Eu sou o... — começou Kotetsu, já elevando a voz e pronto para "gritar", mas Sayuri sabendo que isso resultaria no expulsamento do seu amigo idiota, apenas socou seu estomago e lhe fez cair em cima da mesa, choramingando.
— Vamos prestar atenção no professor pra isso acabar logo — repreendeu Sayuri.
Deu uma risada exagerada, apontando o dedo para o garoto de cabelo verde, ainda com o mesmo sorriso de desafio.
— Que merda você tá rindo, cabelo de tijela!? — berrou Kotetsu, batendo as mãos na mesa.
Sayuri suspirou e enfiou o rosto na mesa.
— Dessa tua cara de bocó! — não pensou muito numa resposta apropriada e compensou com o tom de voz, se levantando.
Kotetsu queria pular em cima do rapaz, mas Watari os interrompeu.
— Parem com isso, agora mesmo!
Os dois sem opção voltaram para seus lugares.
Cruzou os braços e fechou a cara, embora não tenha se estressado tanto assim, voltando para seu lugar e ficando quieto.
Watari olhava para cima, fitando os rapazes, irritado.
Hikari sorriu, observando aquela cena. Estava triste de não ter caído no time de Akuma, mas no fundo sabia que daria no mesmo, ela nunca conseguiria falar com ele sem gaguejar. Só esperava poder vê-lo de novo nos próximos dias.
— Time 10: Shikaku Nara, Inori Yamanaka e Choza Akimichi. O Sensei de vocês se chama Izumo Sarutobi.
Inori chorou de frustração, não bastava estar no mesmo time que o chato e sonolento Shikaku ou o gordo do Choza, ela não estava no mesmo time de Saiko.
Choza continuou a comer suas batatas, já esperando aquilo, era a tradição das famílias principais.
Shikaku nem saiba o que estava acontecendo, estava com o rosto sobre os braços, dormindo.
Mas apesar da reação dos membros da equipe, todos ficaram surpresos de ouvir que um dos filhos do Hokage seria o Sensei da equipe deles. Era outro Jounin bem famoso e conhecido.
— Time 11: Minato Namikaze, Kotetsu Suizan e Sayuri Sarutobi. O Sensei de vocês é... — Watari deu uma engasgada, surpreso. — O Sensei de vocês se chama Jiraya, um dos três Sannins.
Kotetsu que estava com o rosto apoiado na mão, olhando para o nada, entediado, esbugalhou tanto os olhos que pareciam estar prestes a cair da cabeça dele.
— ISSO, ISSO! HAHA! — berrou ele, gargalhando e apontando para o rosto de Akuma. — TOMA, SEU INÚTIL!
Sayuri ficou boquiaberta com aquilo.
Minato pareceu surpreso também, mas não teve nenhuma reação exagerada, afinal naquele momento já tinha olhos demais nele.
Ignorou o comentário de Kotetsu e sorriu para Sayuri, animado: — LEGAL! Seu sensei vai ser um sannin!!!
Não tinha pensado muito nisso antes de Kotetsu falar, mas enquanto ouvia sobre os jounnins das equipe seguinte começou a se preocupar um pouco sobre não nunca ter ouvido sobre o seu próprio sensei. Será mesmo que escolheriam um fracassado qualquer? Talvez fosse algo que os manda-chuvas da aldeia fariam com um órfão mas será que os dois parceiros mereciam isso?
— Eu nem acredito nisso — falou Sayuri, ainda assustada. Ergueu os braços no ar, soltando um gritinho de conquista. — Aeee!
Kotetsu franziu o cenho ao ser ignorado.
Sentiu um pouquinho de inveja, mas sabia que eles mereciam um sensei tão forte, até mesmo o Kotetsu. Olhou para Minato, do outro lado da sala e acenou para ele também, com um sorriso na cara.
Minato devolveu o gesto, timidamente.
— Você tem sorte, Namikaze. Enquanto eu fico no time do cara que nem o Watari sabe o nome, você será treinado por um ninja lendário. Ao menos a deusa Musume é justa, e fez minha inveja lhe colocar no mesmo time do mala do Kotetsu. — Takeshi continuou movendo a senbon na boca, os olhos caídos em desinteresse, mas lhe desanimava não estar no time de alguém como Jiraya.
Não sabia muito sobre os sannin, na verdade, muito menos sobre o tal de Jiraya, mas já que todo mundo falava tanto deles, deviam ser fortes e isso já era digno de seu respeito. Só estava esperando que o seu sensei também fosse tão forte assim, mesmo sendo desconhecido.
Abriu os olhos quando ouviu o nome de Jiraya sendo destinado a equipe 11. Ficou um pouco desapontado por não ter alguém daquele nível como sensei.
Minato soltou uma risadinha baixa e fraca.
— Kotetsu não deve ser tão ruim assim.
— Não me ignora, seu merda! — berrou o rapaz para Akuma, um pouco distante na sala.
Minato engoliu em seco.
— Bem, eu tenho certeza que seu Sensei vai ser um bom ninja também — disse ele, tentando "animar" o amigo.
Cruzou os braços e exagerou uma careta de desgosto, desviando o olhar e ainda mantendo o tratamento de silêncio para Kotetsu.
— Não briguem, ainda estamos em aula e o professor quer falar! — exclamou Mizuki, ajeitando seus óculos.
— Vai a merda — respondeu Kotetsu.
— É, vai a merda. — completou, quebrando um pouco a atuação e voltando logo em seguida.
— É, tenho certeza que ele não é tão ruim assim. Abençoada seja Musume. — Ele completou, ainda desanimado, esperava um Sensei pior do que Watari.
— Chega, mais uma palavra e eu tiro todos vocês de sala! — berrou Watari, batendo o punho no quadro e fazendo um barulhão.
— Sensei, e agora o que fazemos? — perguntou alguém.
Watari respirou fundo, depois mais uma vez e sorriu.
— Agora é esperar o Sensei de vocês ou quem tem um local marcado, ir neles. Mas antes... — Foi até a mesa e tirou uma pilha de papéis, foi até o primeiro aluno da primeira mesa a esquerda e entregou para fosse distribuído aos poucos. — Eu falei disso no dia da graduação, é algo muito bom se graduar e virar um genin, mas isso não é brincadeira. Assinem esse papel e vocês serão considerados adultos a partir de agora, não mais crianças. Suas ações serão de total responsabilidade de vocês e... bem, vocês estarão assinando que sabem o risco que estão se metendo.
No papel havia algumas informações e o lugar onde assinar embaixo. A informação de mais destaque era o fato de que estariam aceitando serem chamados para uma guerra, como soldados, caso necessário. Não era algo que os adultos desejavam, mas em situações urgentes como ocorrera na Terceira Guerra Mundial Shinobi, onde várias crianças tiveram de ir para o campo de batalha (algumas até mesmo não eram graduadas), era inevitável.
Assinando aquele papel, todos eles sabiam que era o começo da vida "adulta" deles.
Saiko recebeu o papel, leu o que havia nele com atenção e, por fim, assinou seu nome nele.
Ficou mais sério depois que recebeu o papel e finalmente parou para lê-lo. Como o sensei tinha falado, aquilo não parecia nem um pouco com uma brincadeira, ele pedia um comprometimento bastante pesado. Olhou para os colegas em volta, pensativo, hesitando um pouco em fazer sua assinatura.
Seria o início de um caminho sem volta e isso assustava um pouco ele, por mais que fosse o que ele sempre quis desde que entrou na academia. Olhou para Kotetsu e Sayuri de lado e falou, com uma voz meio preocupada:
— Tô com um pressentimento ruim...
"Takeshi Kanbara", escreveu.
Kotetsu já estava assinando, mas Sayuri estava encarando o papel também.
— Eu vou ser como meu pai — murmurou ela, anotando o nome dela. Depois se virou para Akuma. — Não se preocupe, nós somos os melhores e além disso, vamos cuidar um dos outros, não é?
— Quero que ele morra — respondeu Kotetsu.
Fez um meio sorriso, ficando um pouco mais aliviado por mais alguém compartilhar daquele sentimento. Assentiu com a cabeça, tão sério que nem se incomodou com o comentário de Kotetsu.
Apanhou o pincel e, depois de reler mais uma vez, assinou seu nome único. "Akuma".
Sorriu, um sorriso meio amargo mas ainda decidido.
Agora começa a nossa vida de verdade, amigos...
Alguns times saíram da sala de aula e foram atrás de seu Sensei, outros esperaram até que ele entrasse na sala de aula e os chamasse.
Um por um, os alunos foram sumindo da sala de aula.
Uma hora depois, quando toda sala já estava vazia, nem mesmo Watari estava ali mais, só restavam os três membros do Time 9.
Antes de sair, Watari entregou os equipamentos Shinobi deles. Só eram permitidos usarem reais armas shinobi após a graduação, antes disso treinavam com cópias de madeira e materiais não mortais, teoricamente.
O calor estava torturante ali, mesmo com as janelas abertas, e eles já não escutavam tanto barulho assim perto da sala. Talvez não só os alunos da turma deles já tinham ido embora, mas também da Classe B.
— Mas que DROGA! Cadê ele?! — bufou, falando tão alto como sempre com sua voz arranhada. Estava em pé, andando sem parar pela sala e tentando ocupar o seu tempo com o que podia, desde ajeitar sua bandana na testa pela milésima vez, checar dentro de cada carteira da sala, da mesa do professor e até do lixo.
Tentou algumas vezes puxar conversa com os dois colegas, mas nenhum deles ainda tinha dado confiança.
— Não é POSSÍVEL que eu sou o único que não reparei nessa demora!!!
— Se você não reparou não devia reclamar tanto, Akuma. Algum de vocês conhece esse tal sensei? — Não costuma puxar assuntos, mas estava curioso sobre. — Eu vim de fora, mas já ouvi falar sobre o Sannin Jiraya ou o filho do Grande Hokage, nunca sobre um Yusuke Sengoku. Será que ficamos sob a tutela de um perdedor?
— Acho que o atraso dele responde por si só. — respondeu Saiko. — Deve ser um jounin qualquer.
A cara emburrada sumiu na hora que eles finalmente deram algum sinal de vida e resolveram falar qualquer coisa. Parou sua caminhada infinita e se virou para eles: — ENTÃO! É isso mesmo que tava me preocupando agora, ninguém nunca ouviu falar dessa cara e olha que a Sayuri é neta do Hokage e já xeretou os arquivos dele mil vezes.
— E "caaara", até um Sannin vai assumir uma equipe, será que eles fariam algo assim com a nossa equipe?! — se comunicava de uma forma meio exagerada e com o tom de voz sempre alto.
Saiko tremeu uma das sobrancelhas devido ao alto falatório de Akuma, o garoto era bastante barulhento. Nada respondeu.
Impaciente, subiu em cima da mesa do professor e ficou em pé em cima dela.
— Mas que porcaria, os outros times já devem tar treinando com o sensei deles!
Takeshi não parava de pensar em como as coisas seriam melhores em Uzushio, suspirando por fim.
Se sentou, se acomodando ali mesmo e emburrando ainda mais a cara.
Pensou por um instante que pelo menos seus parceiros não eram Kotetsu e a Yamanaka.
— Vamos até o lado de fora, eu to cansado de esperar esse cara.
Bufou e se virou para o quadro negro, pensativo.
— Eu topo, mas não vou deixar isso ficar barato não!
Saiko que não estava falando nada ou conversando, acabou notando que havia alguns sons parecidos com gritaria vindo de fora da sala.
Os outros dois acabaram percebendo isso também e Akuma foi até a porta checar, dali ele viu fumaça roxa vazando do interior de alguma sala e vários alunos tossindo.
Akuma se virou para os companheiros para dizer algo sobre aquilo, mas foi derrubado no chão sem querer, quando um vulto (numa velocidade que eles nem conseguiram acompanhar) adentrou na sala e jogou bombinhas de fumaça.
Os três tossiram enquanto a fumaça estava de pé.
— MAS... O Q-QUE... — tentou reclamar e berrar em meio as tossidas, não entendendo nada do que estava acontecendo.
Saiko tapou os olhos e a boca com o braço, soltando leves tossidas que não conseguiu conter. Não fazia ideia do que estava acontecendo.
Takeshi cuspiu sua senbon em meio as tossidas, tentando se aproximar das janelas para respirar melhor.
Quando a fumaça foi se dissipando, eles finalmente puderam ver o que estava bem a frente deles: um grande pano pendurado nas paredes por kunais, nesse pano estava escrito em branco (tinta) "Yusuke Sengoku" bem grande.
— Cheguei! — exclamou o homem, em frente ao pano, de pé e com os braços cruzados.
Seu cabelo era espetado e negro, seus olhos da mesma cor.
Depois de recuperar o fôlego e de toda aquela fumaça se dissipar ele finalmente notou que se tratava do professor. Estava um pouco aliviado dele finalmente ter chegado e tudo aquilo não ser nada demais, mas não conseguia não ficar um pouco ofendido com toda aquela demora e show.
Se aproximou do sensei, com uma cara emburrada e o encarando de cima a baixo.
Takeshi ficou boquiaberto com tamanha imbecilidade, sem palavras para reagir a tudo àquilo.
Uma gota de suor caiu da testa de Saiko representando sua frustração ao ver aquela cena. Não esperava algo daquele nível.
— M-mas...
— MAS O QUE VOCÊ TÁ PENSANDO?!!!!!! — deu um berro.
— VOCÊ DEMOROU TODO ESSE TEMPO SÓ PRA PENSAR NISSO, Ô... ééé... — não se lembrava do nome dele. — Eu nem lembro do seu nome, mas que DROGA!
Yusuke meio assustado com a reação do aluno, apenas coçou a nuca e apontou com a outra mão pro pano.
— Está escrito ali, Akuma.
Seu nome estava bem grande ali.
Nem havia parado para ler o nome, com os nervos a flor da pele.
Takeshi se sentiu cercado por idiotas novamente. "Ah, cara...", pensou consigo mesmo.
"Ótimo, minha equipe é pior do que parecia" pensou Saiko, encarando aquela cena com desaprovação.
— Desculpa, pessoal, eu acabei acordando atrasado — falou Yusuke soltando uma risadinha desconfortável. — E, meio que errei a sala de vocês...
Olhou de volta para a cara dos parceiros e gruniu: — Vocês vão ficar do lado dele agora? EU SOU O CERTO AQUI!
Se virou de volta para ele.
— Você não deveria ser um shinobi de elite, como pode se atrasar? — continuou reclamando.
— Você não deveria ser um gennin, como pode não me respeitar? — reclamou Yusuke.
— C-como assim? — berrou de novo. — VOCÊ NÃO RESPEITOU A GENTE, FICOU FAZENDO A GENTE ESPERAR UMA HORA!
— Sabe quanto é UMA HORA? A gente podia fazer tanta coisa em uma hora...
— Um ninja tem que ser paciente — respondeu Yusuke, calmamente.
— E pontual. — ironizou Saiko.
— I-ISSO! PONTUAL!
— Tudo que vocês não são. — Completou.
Yusuke suspirou, todos estavam contra ele. Tinha perdido aquela batalha.
— Eu sou pontual, é que eu moro muito longe, lá no orfanato que fica depois daqui do centro da vila e lá pra dentro da floresta e (...) — Ele repetiu o mesmo longuíssimo discurso que sempre fez a anos para se justificar, já que sempre chegou atrasado por morar longe.
Em meio a todo seu discurso, ele já havia ignorado um pouco a presença do sensei, ficando virado para os companheiros e continuando com suas justificativas: — ... e além disso o caminho é muito perigoso, vira e mexe eu encontro um animal selvagem e eles ME ODEIAM! Teve uma vez que eu vi um javali e... (...) — ele não parou de tagarelar, estava botando para fora toda a vontade de falar que não extravasou na última hora.
— Temos algo em comum, viu? — disse Yusuke sorrindo. — Já é um bom começo.
Saiko apenas fechou os olhos, tentando ignorar todo o barulho que Akuma conseguia incrivelmente fazer sozinho.
Takeshi levou as mãos a nuca, cansado daquilo. — E então, quando vamos começar isso?
— E inclusive, esse mesmo javali vem me perseguindo faz... — a pergunta de Takeshi meio que o trouxe de volta para a realidade. — É verdade! — se virou para o sensei. — Você fez a gente esperar muito é bom que a gente faça algo legal!!!
Não demorou muito para que o quarteto saísse da sala e fosse para alguma praça perto dali de Konoha, que dava uma boa visão para toda vila, por ser uma parte alta. Yusuke estava sentado no parapeito e os três estavam em frente à ele, pouco distantes, sentados na escada.
— Bem... hm... — Yusuke estava claramente pensando no que falar. — Essa é a minha primeira vez como sensei, então sejam pacientes. É a primeira vez de vocês como gennins também, então também vou ser. Viu? Uma troca justa. Agora... falem aí o nome de vocês, o que gosta, o que não gostam, hobbies e sei lá, o sonho que vocês tem.
— Isso é algum tipo de treinamento, sensei? — questionou, curioso e intrigado.
— Ou um teste!
Yusuke encarou o aluno, em silencio.
— Não é um teste, nem um treinamento.
— São só perguntas mesmo.
— Hm... — cerrou os olhos, intrigado e não acreditando muito que fosse só isso. — "Sei"...
— Hm... por onde a gente começar? Porque você não fala primeiro?
— Eu? — falou ele, surpreso. — Hm...
— Bem, meu nome é Yusuke Sengoku, como vocês já sabem. Eu gosto de paz... e ramen, é eu gosto de ramen. Eu não gosto... eu não tenho nada em mente agora. Meus hobbies são... não tenho nada em mente agora também. Meu sonho? Eu queria ser um Anbu, mas me negaram, infelizmente. — Terminou com uma voz triste.
— Sério?! Por quê não deixaram você ser? — perguntou, curioso e ainda um pouco intrigado com todas aquelas perguntas.
— Muito emotivo, de acordo com eles — respondeu Yusuke, frustrado. — Um exagero!
— Hm... — voltou a cerrar os olhos e continuou com perguntas, embora dessa vez fosse obviamente para ganhar tempo e tentar descobrir se aquilo era um teste mesmo ou não. — E por quê ANBUs não podem ser emotivos?
— ANBUs geralmente são enviados em missões de assassinato, não de pequenas presas, mas de grandes, tipo... "vai lá e mata o Kage inimigo!" — Yusuke falou a última parte fazendo uma voz diferente, como se fosse algum velho líder de algo. — Nós Jounin temos missões complicadas também, mas geralmente temos algumas escolhas a se fazer nela e nossa personalidade não faz diferença, desde que a missão seja concluída. Um ANBU naturalmente não pode nem mesmo abrir a boca, ele tem que ser frio como se não fosse humano... porque algumas missões são... — Do tipo que te ordenam a assassinar uma criança, pensou Yusuke, mas preferiu não falar nada. — Bem, são complicadas.
Escutou até com atenção, embora tenha se perdido um pouco no meio do discurso do sensei, o deixando bem óbvio com uma careta de confusão.
— O Uchiha tem futuro pra coisa, então. — Falou sem se importar.
— Humpf. — Saiko apenas ignorou.
Bufou também e comentou: — Vocês dois, isso sim!
— Acredita que eles não falaram quase nada em todo o tempo que a gente ficou te esperando? — falou com o sensei.
— Já você não tem futuro pra nada.
— Em compensação você falou mais do que deveria. — retrucou Saiko.
"Eles são piores do que eu imaginei", pensou Yusuke. Era sua primeira vez como sensei, sabia que crianças naturalmente eram estranhas por causa da idade, mas aqueles três eram figuras destacáveis, principalmente o garoto Akuma que era hiperativo demais.
— O que?!! Como assim não tenho futuro pra nada? Saiba você que... — se levantou para responder Takeshi, mas logo se perdeu com a retrucada do Uchiha, se interrompendo no meio do pensamento e se voltando para encará-lo.
— Não vamos brigar — pediu Yusuke.
— Eu não tenho culpa se vocês são duas estátuas!
Saiko apenas riu da infantilidade do parceiro de equipe e virou o rosto para o outro lado.
— Poxa! Quem sabe se vocês tivessem abrido a boca de vocês, a gente não ia ter que ficar respondendo as perguntas do sensei!!
[18:24] <Takeshi> — Alguém vai responder elas? Já perdemos tempo de mais esperando o sensei se atrasar.
— Ah, ele espera...
— Ele fez a gente esperar mesmo. — fez uma careta.
Yusuke encarou aqueles três com uma expressão de quem queria morrer.
— É verdade, a paciência é a virtude de um ninja. — Concordou com Akuma.
— Então, como eu disse antes, é sua vez — falou apontando novamente para Akuma.
— E eu digo mais, vai ser difícil a gente ser uma equipe se vocês mal falam o que tão pensando!
Se virou para o professor, se interrompendo de novo no meio do raciocínio.
— Vez de que? — se fez de desentendido, com uma atuação óbvia.
— De responder as perguntas.
— Ata, as perguntas... Quais eram mesmos, Yusuke sensei?
— O nome de vocês, o que gostam, o que não gostam, seus hobbies e o sonho.
Claramente, Yusuke estava começando a perder a paciência.
Olhou para os dois e vendo estampado nos rostos deles que não estavam nem um pouco animados para tomar a vez dele e começarem a responder. Bufou, derrotado e voltou a se sentar.
— Meu nome é Akuma! Só Akuma mesmo, sem sobrenome, tipo Akuma do Nada. Eu não tenho clã, sabe? Bem... — Coçou o queixo, pensativo, claramente se alongando mais do que deveria.
— Eu gosto de... Ah sim! Eu gosto do bosque que fica em volta do meu orfanato. Sabe o orfanato de Konoha? Ele fica bem afastado lá pros arredores da vila, é bem longe daqui do centro e tal... — tentou se controlar e não devagar demais. — Ah sim, voltando... Eu gosto bastante daquele bosque, sabe?
— Tem uma área aberta bem grande e é bem bonito de noite, de vez em quando eu gosto de acampar lá, mas as tias do orfanato não deixam porque a gente tem horário pra dormir, sabe como é?
"Eu acho que não gosto desse moleque", pensou Yusuke.
Bufou: — Tem horário pra tudo, pra dormir, pra comer, pra acordar, pra se vestir.
— Tem horário até pra brin... — se interrompeu no meio da palavra e reformulou. — ... pra lazer.
— Ah sim, o que eu não gosto?
— Não gosto de gente chata... — soltou um olhar desafiador pros colegas e depois continuou. — Não gosto de pessoas ruins nem de quando são injustas, isso acontece muito aqui na aldeia, sabia?
— Hm, também não gosto de ficar pensando demais, eu prefiro fazer as coisas rapidamente e... — se ninguém interrompesse ele poderia continuar pelo resto da tarde toda.
— Eu gosto de coisas rápidas também — falou Yusuke, inocentemente.
— Sério? Então a gente tem isso em comum, os instrutores da academia sempre falam que eu sou impulsivo demais.
— Não gosto de ficar planejando as coisas nos mínimos detalhes e tal...
"Puta merda."
— Ah, verdade, sensei! E os sonhos pro futuro? Eu não falei deles!
— Hm...
Ele voltou a se sentar, já que tinha se levantado no meio do falatório. Ficou um pouco mais sério de que costume e pensou mais no que iria dizer.
Eu queria me tornar alguém de respeito, sabe? Tipo... Queria conquistar um lugar na vila, ter minha própria vida e tomar minhas próprias decisões. Acho que sendo um shinobi eu consigo isso, ter um lugar meu no mundo e não me importar tanto assim com os outros.
Ficou pensativo depois disso e não falou mais.
Aquela parte tinha sido a primeira que realmente tinha interessado Yusuke.
Ele encarou o rapaz por alguns segundos, analisando-o. "Hiperativo e falante demais, obviamente deve ser muito emotivo. Vai ter problema em ser um Shinobi, infelizmente."
— Bem, agora é você com o palito na boca.
— Mas eu não falei a história do meu nome ainda... E tinha mais coisas pra falar eu acho.
Coçou o queixo, estava mais animado do que o comum naquele dia.
— Guarde um pouco de surpresas para o futuro, Akuma. Não queremos nos cansar rápido de você.
— Já notamos que você é o diabo em pessoa, não se preocupe com isso.
Ele riu do comentário do professor e assentiu com a cabeça.
— Tudo bem!
— Takeshi Kanbara, de Uzushio. — Ele tirou a senbon de entre os dentes, para falar melhor. — Hm... eu gosto de caldo de abóbora, tenho preguiça de pessoas apressadas ou barulhentas de mais, mas acho que vou ter de me acostumar com isso.
— Não tenho realmente muito para fazer nesse lugar, me ocupo com livros e pergaminhos na maior parte do tempo, prefiro planejar as coisas nos mínimos detalhes. Sobre meus sonhos, quero voltar para minha Vila no futuro, me tornar um ninja respeitável e tentar ter uma vida medíocre pelo maior tempo possível, nada muito diferente dos outros jounins.
— Eu não tenho uma vida medíocre.
Pensou em caldo de abóbora, não prestando muita atenção no que mais ele dizia: — Eu gosto também, mas prefiro abóbora cozida!
"Completo oposto do anterior, esse é tão desanimado que se não fosse pelo nome, eu acharia que sou o sensei de um Nara. E, claramente, não se sente tão bem assim em Konoha..."
— Agora só restou você — falou Yusuke, olhando para Saiko.
— Meu nome é Saiko Uchiha. Eu odeio um monte de coisas, e eu particularmente não gosto de nada relevante a se citar aqui, talvez apenas afinidade com treinamento. O que eu tenho não é um sonho, porque vou torná-lo realidade. Me tornarei o líder de meu clã e deixarei o nome dos Uchihas maior do que já é. — disse Saiko de forma bastante objetiva.
"Hm, ele é distante e quieto, provavelmente pelo que ocorreu com o irmão dele... mas é um garoto interessante."
— Legal... — apesar do pouco que tem em comum com o Uchiha, Akuma gostou bastante em saber que ele tem bastante motivação em mente com seu objetivo, diferente de Takeshi, que parece só querer ser levando pela vida ao invés de alcançar algo.
Pensou um pouco sobre tudo que foi dito nos últimos minutos. Por mais que tenha se perdido em alguns momentos e se desconcentrado, sua mente ainda captou bastante do que o sensei e os colegas falaram e ele revisou um pouco tudo isso. Ficou bastante silencioso e pensativo.
Yusuke saltou do parapeito e ficou em pé, de frente aos três.
— Amanhã será nossa primeira tarefa como um time: um exercício de sobrevivência.
— Eu serei o adversário de vocês.
Encarou o sensei, abrindo um sorriso desafiador ao ouvir sobre o que ele tem em mente.
— Legal! A gente vai ter que derrotar você?!
Yusuke sorriu.
— Fico feliz que você está animado com isso, Akuma. Sim, de certa forma.
— É claro que eu tô!
— Por mim a gente começava agora mesmo!!!
— De qualquer maneira, é isso por hoje. Me encontrem amanhã no Campo de Treinamento 43, as cinco da manhã. Levem seus equipamentos ninja, vocês vão precisar.
— E, ah, não jantem ou tomem café da manhã.
— O que?!!!
— Como assim, sensei?! — achou aquilo um absurdo.
— Nem caldo de abóbora? — Perguntou.
Saiko estranhou a orientação, mas apenas relevou. Se levantou e começou a caminhar lentamente para fora do local, tentando imaginar como seria o teste de amanhã.
Com as mãos nos bolsos.
E olhos fechados.
Yusuke ignorou um de seus alunos indo embora e continuou olhando pros outros dois.
Assistiu o Uchiha indo embora, mas não o impediu ou reagiu quanto a isso, apenas entendeu.
— Vocês vão vomitar, se comerem.
— E vamos morrer de fome se não comermos, não? — Parecia óbvio para ele.
— Talvez.
— S-sério? — ficou abismado com o comentário e com a seriedade do sensei sobre isso.
— Sim, Akuma.
— É claro, a gente precisa se alimentar, sensei!
— De onde a gente vai tirar energia?
— Um Shinobi faz missões que as vezes necessitam de dias sem comer.
— Vocês vão ser algumas horas, parem de chorar.
Fechou a cara e fez bico, cruzando os braços.
— É que eu sinto muita foma, principalmente a noite...
— Vai ver é por isso que tem horário pra dormir no orfanato.
— Não vão te repreender se não comer o que servem no orfanato? Não sei como funcionam orfanatos...
— Não. — disse sério. — Agora que eu sou um ninja eu tenho mais liberdade quanto as regras... Na verdade eu até... — pensou sobre o que ouviu as cuidadores discutindo sobre ele a alguns dias atrás. Ouviu elas dizendo que logo logo ele teria que ser liberado do orfanato, já que como ninja, ele teria que ser responsável por cuidar de si mesmo.
— Bem, não importa. Acho que eu tenho que ir também, sensei. — falou com seriedade no olhar.
— Hmpf... então vou lá também, até amanhã, Yusuke-sensei. Tente não se atrasar de novo.
Se curvou de maneira respeitosa para o sensei e se virou para ir embora, partindo direto para o caminho até o orfanato, não se importando muito em tentar continuar diálogo ou contato com o colega ou com o sensei.
— Até mais, pessoal. — E sumiu numa nuvem de fumaça.