O terror que assombra Downhill

Mas isso é só o começo

- Se você estiver vendo esse vídeo por favor mande ajuda, estamos presos nesse pesadelo sem fim... - Dizia uma voz masculina sem se identificar na gravação antes que a filmagem parasse de funcionar... – Droga de câmera! Era nossa última esperança.

Já era noite e uma neblina tomava todo o lugar. Alguns postes de luz estavam acesos, porém a maioria estava com mal funcionamento, ora não funcionavam, ora piscavam repetidamente. Os alunos andavam pelo pátio olhando para todos os lados, com expressão de medo e desespero em seus rostos. Alguns pareciam ter manchas vermelhas espalhadas pelos uniformes e um dos alunos mancava tentando acompanhar os outros.

- Mais rápido, estamos quase chegando no portão – Falou um rapaz que liderava o grupo, com uma lanterna na mão ele virava para trás constantemente olhando para todos os outros, parecia conta-los sempre que o fazia para ter certeza de que estavam todos lá.
Enquanto andavam ouviu-se mais atrás o som metálico como se alguém estivesse amolando uma faca. Estranhamente o som ficava cada vez mais forte a medida que andavam na direção oposta.
- Andem logo, ele está se aproximando! – Gritou um garoto no meio do grupo acelerando o passo e ultrapassando algumas pessoas.

Eles começaram a andar mais rápido na direção do portão, queriam correr, mas seu amigo que estava mancando não conseguiria acompanha-los de maneira alguma. Após alguns minutos caminhando em passos rápidos eles chegaram a uma estrutura de 3 metros feita de grades de aço, uma placa pendia em cima da estrutura, era a entrada de Highbron, uma grande universidade localizada na pequena cidade de Downhill. Eles sacudiram, empurraram e deram chutes no portão tentando abri-lo, mas sem sucesso. Sem que percebessem o som que os perseguia havia cessado misteriosamente. Os alunos sabiam que escalar seria a única maneira de sair de lá, mas um deles ficaria para trás.

- Temos que deixá-lo, vamos morrer se não formos logo – Gritou um rapaz alto de cabelos negros, vestido com uma jaqueta de couro preto – Sabem que ele não pode nos seguir lá fora dizia o jovem começando a escalar a grade do portão.

Todos pararam se entreolhando enquanto o garoto escalava a estrutura. Quase que instantaneamente a neblina começou a ficar mais densa ao redor dos jovens que permaneciam parados esperando alguém dar o primeiro passo.

- Juntem-se agora! – Uma jovem gritou no meio de todos, eles se juntaram formando um pequeno círculo e abaixaram as cabeças como se estivessem tentando se esconder de algo ou apenas não quisessem ver o que estava prestes a acontecer – Ele não pode nos pegar se não olharmos para ele.

-AAAAAAH!!

Um grito de desespero ecoou pelo lugar enquanto o garoto acima do portão era puxado por um tipo de chicote névoa adentro. Os gritos de agonia do jovem continuavam à medida que outros sons saiam de dentro das sombras.... Até cessarem num último grunhido quase que inaudível. Uma das garotas levantou o rosto para ver o que havia acontecido e a mesma coisa a puxou escuridão adentro. Novamente ouviram-se gritos e outros sons indistinguíveis vindos de dentro da névoa. Quando os gritos se cessaram novamente em um grunhido estranho a neblina se dispersou mostrando duas enormes poças de sangue a apenas alguns metros do grupo de alunos que levantaram a cabeça para olhar ao redor, mas nenhum sinal dos dois que foram puxados neblina adentro. A neblina quase que desapareceu permitindo aos jovens avistar centenas de manchas de sangue por todo o ambiente mostrando um lugar que antes era cheio de vida e agora não passava de um cenário de um filme de terror.

- Será que acabou? – Disse um jovem se soltando dos outros e virando o rosto levemente para espiar.
A neblina voltou a ser uma fumaça densa ao redor deles e novamente o mesmo ‘’chicote’’ se amarrou na perna do garoto e começou a puxa-lo lentamente para as sombras. Nesse momento o pior aconteceu.... Alguns jovens se soltaram para puxa-lo de volta, mas saíram das sombras mais chicotes que seguraram cada um dos alunos e os arrastou. Somente a garota e o jovem com problema na perna permaneciam abraçados de cabeça baixa no meio dos gritos agonizantes de seus amigos. Após alguns minutos não ouvia-se mais nada além do vento.

- Acabou Julia... Ele venceu – Disse o garoto começando a soltar a menina e levantando o rosto.

- Não Jimmy, não me solte! – Ela gritou tentando segurar o garoto enquanto as lágrimas de medo escorriam pelo seu rosto. Mas foi em vão.

Jimmy acabara de ser puxado para longe de Julia. Dessa vez não ouviu-se nenhum grito, a garota permaneceu com o rosto abaixado enquanto a névoa se dissipava mais uma vez. Ela escutou passos e mais uma vez ouviu a voz de Jimmy.

- Julia, levante o rosto, olhe para mim e tudo isso acabará – Ele falava lentamente tentando acalma-la.

- Não!! Você matou o Jimmy, você matou todos e quer me matar também – Ela gritava entre os soluços de medo.

- Você não entende, eu estou bem, apenas levante o rosto e olhe para mim – Ele disse ainda num tom de voz calmo.
A garota sabia que era o fim, ela sabia que não havia para onde correr e sua vida passava diante de seus olhos, todos os seus 19 anos revisados em alguns segundos. Mas o momento que mais lhe incomodou foi ao rever a cena de seu amigo Jimmy abrindo uma porta no porão da universidade.

- Droga Jimmy porque você foi abrir aquilo?! Se você tivesse me escutado nada disso estaria acontecendo! - Ela gritou poucos segundos antes de levantar a cabeça e dar de cara com dois olhos vermelhos brilhando na escuridão, então uma mão saiu das trevas em direção, agarrando seu rosto e arrastando-a para seu fim...