Pra quem quer saber mais sobre a base da história, tá aqui, de resto é só acompanhar mesmo. Eu tenho alguns problemas com escrita, na verdade vários, então esperem bastante erros e coisas do tipo. Sejam pacientes. De resto, as chances de eu fazer algo com o personagem que você criou que você não goste são grandes e é quase certeza que aconteça, uma hora ou outra, mas espero que no geral, fiquem satisfeitos com o rumo que vou dar à eles.
Por fim, espero que comentem sempre e deem suas opiniões sobre a história e os personagens, pra me motivar sempre a continuar essa fanfic.
Boa leitura.
S01E01 - Pilot
Spoiler :
Sentia uma forte dor de cabeça quando acordou, talvez estivesse com alguma lesão ou fosse a vida após a morte, não conseguia abrir os olhos, mesmo acordado, era como se estivesse morto de fato, mas sentia muito além da dor. O ar de onde ele estivesse parecia doce ao mesmo tempo que poluído por fumaça, era confuso de distinguir o que respirava, e como não bastasse só isso, gotas de água estalavam em seu rosto sem parar. Ao tomar coragem de abrir os olhos, foi obrigado acostumar-se com a claridade. Podendo analisar onde estava, surpreendeu-se. Deitado em sua cela habitual, a janela que dava ao espaço e uma visão privilegiada da Terra agora tinha como paisagem algo totalmente novo e estranho: um par de nuvens cinzentas soltando milhares de gotas. Chuva. Foi quando lembrou de tudo que acontecera naquelas últimas horas.
Estava deitado na cama de sua cela quando luzes laranjas começaram apagar-se e acender-se nos corredores, ligeiramente, junto às vozes desesperadas da sala de controle, pedindo que todos mecânicos e técnicos dividissem-se pela Arca, aparentava estar com sérios problemas, não em um ou dois lugares como o habitual, mas por ela inteira. Levantou-se na hora, enfiando o rosto na janela que dava ao corredor da prisão e as únicas pessoas naquela estação eram os outros adolescentes aflitos, alguns gritando por respostas e outros apenas tirando graça com o desespero dos amigos. Ele, porém, estava intrigado, nunca, nas suas duas décadas de vida na Arca, a vira numa situação como aquela, e isso porque não presenciava os problemas pessoalmente, apenas ouvia o terror crescente nos alto-falantes.
Então, tudo começou a tremer e as luzes apagaram-se.
Saiu debaixo da janela, ajoelhando-se com dificuldade, ainda tonto. Limpou a água do rosto, esfregando os olhos também para melhorar sua visão. Colocou alguns dedos na parte de trás da sua cabeça e gemeu de dor, botando-os em frente aos seus olhos para confirmar se realmente havia sangue. E havia. Soltou alguns lamentos sozinho, ergueu-se e teve de apoiar-se na cama para não cair. Com certeza do equilíbrio restaurado, tirou a mão do colchão e virou-se para porta, alegrando-se de vê-la aberta, quase como se estivesse arrombada. Puxando-a para dentro do quarto para abri-la, saiu para o corredor. A audição ainda estava tão confusa quanto sua cabeça, então os sons altíssimos do ambiente chegavam aos seus ouvidos como enigmas, acompanhados de um zumbido incomodante. Fora de sua cela, havia um corredor com as demais, que ia para esquerda e para direita, tendo bifurcações em ambos lados.
Ou assim, devia ser. Seus olhos arregalaram-se ao deparar-se, a quase dez celas de distância, com uma enorme cratera na direção esquerda, uma que lhe trazia diversas emoções. Estava maravilhado pela linda floresta engolindo toda visão, verde e densa, como nas histórias, acima de tudo parecia tão viva e os sopros fortes de ar que batiam em seu rosto eram doces, cheiravam a algo, diferente de sua vida na Arca. Porém, preocupou-se bastante, pois também notou a distância das árvores, muito abaixo de onde estava, o que lhe fazia pensar se a estação não pousara numa colina. É claro que pousou, seu idiota. Tirou sua atenção da aterradora altura e viu muitos adolescentes fugindo pelos corredores distantes, desesperados. Resolveu segui-los, apressando-se para alcançá-los. Antes que pudesse acompanhá-los, a estação tremeu violentamente, jogando-o no chão e devolvendo toda dor de cabeça que sentira. Tentou levantar novamente, mas estava zonzo demais, então, poucos segundos depois, sentiu mãos agarrando-o e foi erguido. Olhou para quem o ajudava e identificou um rapaz alto de cabelo castanho escuro, um pouco longo, já caindo nos ombros, de olhos da mesma cor.
— Consegue caminhar sozinho até a saída? — perguntou com certa urgência na voz e não podia culpá-lo. Seu sotaque era estranho, parecia um irlandês caipira.
Iria respondê-lo, mas uma garota o impediu, ao chegar neles depois de uma corrida.
— Eu ajudei todos que encontrei naquelas alas, alguém mais aqui? — questionou ao rapaz, no mesmo tom de voz.
— Mandei uma dúzia deles para fora da estação, ele foi o último que encontrei.
Diria algo, mas novamente foi interrompido, dessa vez pela estação deslizando severamente pela colina, deixando-a bastante torta e difícil de se manter em pé. O trio virou o rosto quando escutou berros, para direção que vinha e, claramente, estava distante. Nenhum dos três trocou sequer uma palavra, apenas correram para fonte e descobriram que saia de uma cela. Não tinha porta, então puderam ver de cara um quarto destruído e uma garota presa a algumas barras de ferro, a única coisa que a impedia de cair para floresta lá embaixo.
A dupla entreolhou-se, como se aquela situação fosse impossível de ser resolvida. Ainda estava tonto, mas não ligou, pediu que o rapaz o segurasse pelas pernas, rastejou-se até que grande parte de seu corpo ficasse para fora do chão intacto do quarto e seus braços pudessem alcançar a garota.
— Pegue minha mão, rápido! — exclamou, sentido-se mais tonto ainda.
— Eu não consigo, não consigo — respondeu ela, aterrorizada. Mesmo com os braços firmes na barra, estava congelada de medo.
— Confie em mim e eu vou te salvar dessa, okay?
Ela ergueu os olhos e o encarou, indecisa.
— Por favor, eu to quase vomitando em você — brincou, tentando tranquilizá-la, mesmo que fosse a verdade.
Conseguiu ver um pequeno sorriso de canto e a garota respirando fundo, soltando uma das mãos que foi pega rapidamente por ele.
— Puxem! — gritou para dupla de salvadores e sentiu o rapaz o puxando pelas pernas com a ajuda da outra garota.
Quando todos quatro finalmente puderam resfolegar em paz, deitados no corredor, o herói da garota soltou uma risada, aliviado e animado pela adrenalina, mesmo que minutos atrás estivesse aterrorizado, por dentro. Olhou para garota em seus braços e sorriu para ela, recebendo um abraço e um beijo na bochecha de agradecimento.
— Eu mereço também — disse o outro rapaz, sorrindo.
Sentiram a nave tremendo novamente, então levantou-se junto ao restante e correram dali, indo o mais depressa possível para saída. Não eram os únicos afastando-se velozmente da estação soltando-se da colina e caindo na floresta, muitos outros adolescentes iam com eles. Viu várias coisas durante a fuga desesperada, uma garota muito perto do fim da colina, gravando a queda da estação com uma câmera, não parecia nem um pouco preocupada, e uma figura prateada atravessando sua vista e a de muitos outros, aparentava ser o melhor corredor dali, pois sumira nas primeiras filas desgovernadas e dispersas de adolescentes fugindo, enquanto ele devia estar nas últimas. Continuou correndo, mesmo que já soubesse que a estação naquele momento estava impactando-se nas árvores. Só parou quando estava sem fôlego, caindo na lama e deixando seu rosto ser lavado novamente pela chuva.
— É sempre bom fazer exercícios, não é? — disse o garoto de cabelos prateados, deitado ao seu lado, recuperando-se da corrida também. — Só não esperava que fosse fazer tanto.
— Que?
— Prazer, Peter Dunham — apresentou-se, esticando a mão — mas pode me chamar de Pete.
— Prazer, Jason Perry — devolveu o gesto, encarando com estranheza o jovem sorridente.
Foi nesse momento, pouco depois que toda angustia passou, que todos delinquentes puderam realizar onde estavam. Jason sorriu, ficando de pé e olhando em volta. Estava na Terra. O prazer foi por água abaixo quando viu a situação deles, todos machucados, muitos feridos mortalmente. Caminhou lentamente em direção ao rapaz que o ajudara, encontrando-o com alguém em seus braços, a pessoa parecia ser um amigo dele e tinha um estilhaço em sua barriga. Era um caso perdido. Não conhecia nenhum dos dois, mas de todos que estavam ali, pelos atos dentro da nave, preferiu ficar perto dele do que dos assassinos e outros tipos tão ruins quanto.
— Não se preocupa, você vai ficar bem. Acha que vai deixar essa vida antes de pagar todas suas dividas? — disse ele, sorrindo, para o amigo morrendo aos poucos, que riu e engasgou-se com o próprio sangue. Não demorou para que morresse.
— Tudo bem? - perguntou Jason.
Sem ver seu rosto, só pode supor que estava chorando, mas rapidamente ele respirou fundo e levantou-se, virando-se para ele. Jason pôde ver que estava um pouco abalado, mas pelo esforço de tentar esconder, resolveu não dizer nada.
— Vou melhorar – respondeu com um sorriso de canto.
— Jason.
— Tyler — disse ele, revelando o nome.
— Pete.
Jason arqueou uma sobrancelha para o surgimento repentino do rapaz novamente, esticando sua mão dessa vez para Tyler que aceitou-a como ele, sem expressar muita coisa.
— E agora? — ouviu alguém perguntar para garota que estava junto a Tyler na estação.
Reparou com atenção nela pela primeira vez, surpreendendo-se por sua beleza. Era magra, um pouco baixa, tinha olhos castanho esverdeados e pequenos, assim como seu rosto, o nariz era arrebitado e o cabelo era ondulado, um castanho avermelhado que terminava na altura dos seios.
— Qual o nome dela? — perguntou Jason, curioso.
— Creio que seja Caterine – respondeu Tyler.
Caterine olhou para pessoa um tanto confusa, não esperava alguém recorrer a suas sugestões, mas ao ver que tantas pessoas esperavam sua resposta, muitas das quais ajudou a sair da nave, resolveu responder com bastante seriedade.
— Se vocês prestarem atenção, verão que há fumaça subindo das árvores muito longe daqui, embaixo dessa colina. Devem ser uma das outras estações. Precisamos ir para lá.
— Há fumaça subindo para lá também — apontou outra pessoa para direção oposta da colina. — Parece mais próxima que aquela outra.
— Deve ser a segunda divisão de celas, eles farão o mesmo que nós — disse Caterine.
Na Arca, existiam duas grandes divisões de celas conectadas por corredores, a possibilidade de ter sido destruída na queda no planeta fazia total sentido.
— E o que “nós” faremos? — questionou a garota da câmera.
— Iremos atrás daquela estação, haverá adultos por lá.
— Alguém aqui quer voltar a ser subjugado por aqueles escrotos do Conselho? - berrou a garota.
Muitos gritaram que não.
— Então, fodam-se eles, se sairemos daqui, é para ir atrás dos nossos e não de ditadores. Eu não pretendo voltar a celas quando estou na Terra!
Caterine encarou a garota como se fosse socá-la a qualquer momento, mas respirou fundo e começou caminhar para longe do aglomerado de adolescentes, ao ver que nada do que diria adiantaria de algo. Jason continuou encarando a rebelde, distraído, só acordando do transe quando viu a ruiva passando ao seu lado.
— Ei, você — exclamou Jason, automaticamente.
— Diga — falou ela, o encarando agora.
— Pelo que vejo, todos aqui irão atrás do resto da nossa estação. Venha conosco, sair sozinha numa vastidão dessa é perigoso demais.
— Por que da preocupação? - questionou, levantando uma sobrancelha.
— Você ajudou muitas pessoas hoje, um conselho é o mínimo que merece.
Caterine por algum motivo pareceu receosa em segui-los, encarando a fumaça longe com muita atenção, mas no fim, suspirou e aceitou.
Jason andava ao lado dos três que conhecera há pouco tempo, o rapaz de cabelo prateado estava fascinado com a Terra e não parava de falar em momento algum. Pela segunda vez naquele dia, não podia culpar alguém pelo que sentia ali. Estava fascinado também, adentrando na floresta que crescia conforme afastavam-se da colina, podia ver pequenos animais escondidos em buracos devido a chuva, além da beleza estupenda. Era extraordinariamente gostoso de se respirar na Terra, tudo parecia real, ao contrário da Arca que tudo era artificial.
Descobriram a localização exata da outra parte da estação sem muitos problemas, algumas dezenas de metros de distância e foi suficiente para que escutassem todo caos ocorrendo lá. O grande grupo de sobreviventes da colina depararam-se com um grande aglomerado de pessoas em volta de algo. Atrás daquela confusão, havia a outra estação, pousada com sucesso, causando dano apenas a vegetação em volta.
Jason adentrou na multidão junto aos outros, empurrando as pessoas, e viu o que chamava tanta atenção: era uma briga entre dois delinquentes, estava igualada, socos e chutes, caiam e rolavam na lama, mas não desistiam, ambos já sangravam e tinham machucados no rosto.
— Qual o motivo disso? — perguntou Tyler à uma pessoa qualquer.
— Aquele ali — apontou para o rapaz que acertou uma joelhada no estômago do outro — pegou a arma de algum guarda moribundo dentro da nave e quis ordenar em todos daqui, o outro negou respeitá-lo e agora estão brigando.
— Que idiotice – disse Jason, entrando no ringue e dirigindo-se aos dois, querendo separá-los. Tyler foi atrás, para ajudá-lo.
Um dos amigos do ditador jogou-se na frente de Jason e acertou um soco em seu rosto, levando-o ao chão e tentou atacar Tyler que defendeu, acertando um chute em seu peito, fazendo-o voar para longe.
Pete observou a situação surpreso, ao ver uma briga de duas pessoas se tornar de várias rapidamente, perdeu até mesmo os amigos de vista. Afastou-se de todo aquele caos, vendo a garota rebelde gravar tudo enquanto ria.
— Legal, não é? - exclamou para ela.
— Sim, estou há poucos minutos na Terra e já virou meu lugar favorito — respondeu ela, sorrindo.
— Peter Dunham, mas pode me chamar de “Pete” — disse ele, esticando o braço.
— Alice, prazer.
— Pete? — perguntou uma pessoa em voz alta, surpreso, atrás dele.
Peter virou-se para ver quem era e surpreendeu-se igualmente, deparando-se com ninguém menos que seu melhor amigo.
— Thomas! - exclamou pulando no amigo e o abraçando.
Mal puderam terminar o abraço e tomaram um susto junto a todos outros, ao escutarem o som de uma arma sendo disparada.
No meio da confusão, estava Caterine com a arma em mãos, ainda para cima. Olhava impaciente para todos eles, principalmente para os briguentos.
— Devolve minha arma, sua puta — gritou o idiota que achava-se o líder.
— Aproveita e enfia no cu dele — respondeu o que brigara com ele.
— Quer apanhar de novo, Hunt? Vou enfiar toda essa arrogância no seu rabo — ameaçou.
O tal Hunt apenas juntou tudo que tinha na boca, inclusive catarro, e cuspiu no rosto do rapaz. Como resposta, o mesmo começou a gritar e querer atacá-lo, mas os amigos o seguraram, enquanto Jason e Tyler seguraram Hunt.
— Parem com essa estupidez, isso não vai nos levar a lugar nenhum! - gritou Caterine.
— E quem é você para dizer o que é estúpido ou não? Não foi você que quis nos levar de volta aos adultos? - gritou alguém.
— Sim, fui eu. Precisamos voltar aos adultos porque não sobreviveremos sozinhos na Terra, mal a conhecemos, muitos aqui mal sabem algo de agricultura e menos ainda de medicina. O que farão quando adoecerem? O que farão quando as frutas que acharem acabarem ou forem venenosas? Nem mesmo maturidade existe entre nós, olha essa briga, se brigarmos toda vez por bobeira, logo estaremos nos matando. Eu não apoio o Conselho, cada um de nós sofreu suficiente por causa deles, mas precisamos dos adultos, queiram ou não.
Jason olhou em volta, esperava alguém chamá-la de idiota e se rebelar, mas no fim, apenas admitiram a verdade. Afastou-se do Hunt após o mesmo soltar-se mal humorado, dando olhares sombrios à ele e Tyler, antes de sumir entre a multidão. Virou os olhos para garota da câmera e a viu quieta, não gravando mais, e encontrou Pete ao lado de outro rapaz.
Suspirou, teriam dias difíceis pela frente.
S01E02 - Day Trip
Spoiler :
Escutou Lisa rindo e juntou-se a ela, adorando ouvi-la tão feliz. Andavam juntos ao lado de um pequeno riacho, procurando ervas avermelhadas, serviriam de medicação para o guarda moribundo dentro da estação. Ninguém realmente queria que o homem vivesse, mas Caterine fez questão de colocá-lo no último andar, saindo de lá poucas vezes, não por escolha, tinha medo de que quando voltasse, após um grande período fora, encontrasse o homem engasgando-se com o próprio sangue. Não importava para Jason se ela tinha alguma relação com ele ou qualquer que fosse, o ajudara no dia que aterrissaram na Terra e, considerando-a como amiga, a ajudaria sempre que pudesse. Nessa oportunidade, teve sorte, pois talvez fosse o único no acampamento com sabedoria avançada suficiente sobre medicina para cuidar de feridas relativamente graves.
— Obrigado de novo por me salvar na estação — agradeceu Lisa pela milésima vez desde aquele dia. — Você é meu herói.
— Para com isso — reclamou Jason, rindo sem graça.
Escutaram passos atrás deles e viraram-se, deparando-se com Todd, o rapaz que brigara com Adam. Desde aquele dia agia diferente, abandonara a postura de ditador e tratava as pessoas como se fossem melhores amigos, conquistando-as consideravelmente rápido. Algo que não podia tirar dele era que tinha uma ótima lábia. E é ótimo em falsidade também, pensou mal-humorado. Não gostava dele, durante a briga recebeu outro soco que dessa vez apenas o fez recuar e fora de Todd, que sorrira para ele, adorando aquela confusão.
— O que você quer, Todd? — perguntou, enchendo todas palavras com sua impaciência.
— Qual o problema, cara de batata? Só estava procurando o príncipe e a princesa para ajudá-los nessa empreitada — o tom de deboche era perceptível.
— Que empreitada?
— Acha que sou idiota? Eu sei que a rainha pediu à vocês que procurassem algo para ajudar o reizinho dela.
Os apelidos vieram com o passar dos dias, propagando-se entre os delinquentes como uma doença e Jason odiava todos.
— Vai tomar conta da sua própria vida, Todd — respondeu Jason, virando as costas para ele e ignorando-o.
Todd irritou-se com aquilo, aproximando-se velozmente e puxando-o pelo ombro, colocando-o cara a cara com ele.
— Como é que é, anão? — As palavras saíam furiosas da boca de Todd. Por ser mais alto, abaixava a cabeça dando ao seu rosto uma visão sombria, enquanto encostava seu peito o máximo possível em Jason, querendo ameaçá-lo com a proximidade.
— Chega — ordenou Tyler, brotando entre as árvores.
— Parece que seu guarda-costas chegou — comentou rindo. — Fodam-se vocês, querem salvar o maldito guarda, que salvem.
Antes de sumir na floresta, virou-se para eles e cuspiu no chão, sorrindo em seguida e adentrando no matagal.
— Sinto que você está virando meu salvador — falou Jason à Tyler, brincando.
— Não fique quieto na próxima vez, já conheci idiotas suficientes para saber que ele é um dos que tentam convencer todos e, principalmente, a si mesmo que pode se sobressair. Mostre que você não se ajoelhará à ele e a reação será tão desesperada quanto a dele em relação à Adam.
— Não sou um dos melhores lutadores, Tyler.
— Aproveite seu tamanho e acerte-o no saco, é o maior ponto fraco de um homem — sorriu Tyler, bagunçando o cabelo de Jason como se ele fosse uma criança, sabendo que aquilo o tirava de sério. — Agora, deixemos o assunto chato de lado. Encontraram as ervas?
— Sim, faz um tempo — respondeu Lisa, tirando algumas plantas do bolso de seu casaco cheio de furos e velho.
— E por que não foram para o acampamento? — questionou, curioso.
A dupla entreolhou-se, sabendo que andaram mais algum tempo para que pudessem conversar a sois.
Caterine acompanhou todo processo de perto, ansiosa. Mesmo desastrado, Jason apresentava destreza e firmeza nas mãos, surpreendendo-a. Mais um pouco de conhecimento e talvez se torne um ótimo médico, pensou vendo os olhos do garoto focados na ferida, não distraindo-se em momento algum. Ela não tinha noção do por que da presença do homem naquela estação, passara tempo suficiente nas grades para ser visitada e mesmo assim não fora, então por que estava ali? Perguntava-se a si mesmo se deveria se importar, pensava nisso ocasionalmente desde o momento que o encontrara moribundo em um dos corredores. Não soube como, mas parecia pela ferida que algum estilhaço durante a queda havia feito um corte profundo em suas costelas, chegando até mesmo na barriga, mas nesta, a ferida já era mais leve e menos perigosa. Agora, o rapaz limpava a ferida e cuidava, para que não se infectasse.
— Acho que é o suficiente por enquanto. — Jason pronunciou-se, cortando o silêncio daquela cela que servia como moradia para o ferido. — Vou continuar tratando-o com essas ervas, serão suficientes por um tempo, mas caso não sejam...
— Ele vai precisar de muito mais que isso pra sobreviver, não é? — mesmo que tivesse feito uma pergunta, Caterine claramente não precisava de uma resposta.
— Olha pelo lado bom, pelo menos agora temos mais um motivo para ir atrás dos adultos — comentou Peter. Como sempre estava de bom humor, mas naquela frase sua voz saíra mais grave do que o esperado.
— Vamos todos, então? — perguntou Jason aos colegas. Dentro da cela estava o ferido na cama, Jason ao seu lado, Caterine no lado do rapaz, Tyler na porta, Peter escorado no parapeito em frente ao quarto, Thomas ao seu lado e Lisa silenciosa ao lado do asiático.
— Precisamos de alguém aqui, se o deixarmos sozinhos, é bem provável que voltemos com ele sob uma cova — respondeu Tyler.
— Deixem comigo — disse Thomas. Ao receber um olhar de desapontamento do melhor amigo, respondeu: — Nunca fui fã de Indiana Jones e nem pretendo ser agora.
O grupo não segurou a risada, até mesmo Caterine que estava tão séria desde que pousara na Terra, soltou risadas.
— Mandarei Kevin subir aqui, ele me parece um cara robusto, diga à ele que caso as coisas fiquem confusas demais e só vocês dois não bastem para impedir aquele idiota do Todd, tranquem a porta com vocês dentro ou fora. Não importa, tenho as chaves. — Ao terminar, Caterine mostrou as tais chaves.
A tecnologia da Arca era avançada suficiente para que chaves fossem esquecidas, mas todas portas tinham fechaduras caso houvessem problemas.
O grupo saiu rapidamente da estação, caminhando pelo acampamento formado. Tinham bolsas feitas com tecidos, enfiadas em estacas de madeira, para coletar água e outras bolsas para frutas que encontraram, era o principal alimento dos adolescentes, mesmo que algumas vezes achassem pequenos roedores. Estavam ali há quase uma semana e algumas vezes andavam pelas redondezas, mas nunca avançavam além da visão que a colina dava. Aquele dia seria diferente. Ao chegarem no lugar, arriscaram-se em seguir o lado esquerdo e tiveram de enfiar-se novamente na floresta para fugir das encostas. Havia algumas presenças novas no grupo que saíra da estação. Alice correu para eles com a câmera em mãos, louca para gravar as aventuras que teriam pelas áreas inexploradas da Terra. Já, Adam, viera por pedido de Jason, que no fundo apenas queria afastá-lo de Todd, os dois arrumavam problemas diariamente e algumas vezes brigavam. No quarto dia, Adam trouxe um roedor que encontrara na floresta e Todd tentara convencê-lo de compartilhá-lo para ele e seu grupinho de amigos, mas negando, os dois começaram uma discussão e ao ter o roedor arrancado das mãos, acertou um gancho no queixo do rapaz, iniciando outra briga. No fim, Adam mandou Todd e quem tentara apoiar a estupidez do rapaz para "casa do caralho", afastando-se do acampamento e provavelmente comendo sozinho. Esperou ser menosprezado pelo rapaz ao oferecê-lo a chance de ir com eles, mas recebeu um sim ligeiro.
— Quando partimos? — perguntara, bebendo um pouco de água.
O grupo andava pacientemente pela floresta, por não conhecê-la preferiram tomar cuidado, mesmo a Terra conhecida nas histórias tinha seus perigos, imaginavam que essa depois de um século fosse pior.
Caterine andava sozinha, pensativa, quando Adam surgiu ao seu lado, pulando um pequeno morro que ela apenas atravessou pela lateral, evitando.
— Você é sempre tão séria assim? — questionou com um sorriso estranho no rosto.
A garota levantou uma sobrancelha, mas continuou andando e encarando o que vinha em sua frente para que não tropeçasse.
— Não. E você, é sempre tão brigão como aparenta?
— Brigão apenas com quem merece — respondeu, piscando para ela e sorrindo maliciosamente.
Ela apenas sorriu, achando o rosto do rapaz engraçado.
— Um péssimo brigão, aliás — comentou o que vira nas brigas do rapaz, tirando uma com a cara dele, que como resposta riu de forma sarcástica.
— Olhem só! A rainha sorrindo e o lobo solitário sendo social, este é um evento histórico, meus caros amigos – exclamou Alice surgindo ao lado deles com sua câmera ligada e em frente ao seu rosto, obviamente gravando os dois.
— O dia que essa câmera descarregar, eu serei o primeiro a rir da sua cara — disse Adam.
— Até lá, toma um closer só seu — respondeu ela, rindo e focando a câmera no rosto de Adam que pulou sobre ela, tentando tirar o objeto de suas mãos, mas errando. Alice apenas afastou-se correndo e gargalhando da raiva do rapaz.
Caterine juntou-se a garota, rindo da impaciência do rapaz e seu fracasso de vingar-se.
— Um péssimo brigão — repetiu, sorrindo.
O restante do grupo estava disperso.
— Cara, eu sei que você tá afim dela e claramente ela tá afim de você. O jeito mais simples dela ser sua mina, a garota do seu coração, o amor da sua vida, a pessoa com quem você quer passa o resto da vida, sua fonte de felicidade, é você chegando nela — disse Peter com o braço em volta do ombro de Jason, encarando a garota andando alguns metros a frente.
— E como faço isso? Sou péssimo com garotas!
— Nota-se, meu caro amigo – lembrou-se Peter das tentativas passadas. — Você foi bom ao chamá-la para ir contigo buscar as ervas. Siga esse exemplo.
— Você que mandou ela ir comigo.
— Você que fez ela querer demorar mais um pouco pra falar contigo.
— Foi sorte.
— Siga o exemplo, cara. Siga o exemplo.
Antes que Jason pudesse respondê-lo, Peter o empurrou em direção a garota, fazendo-a virar-se para ele e dizer "oi".
— Você sabe que ele vai se enrolar, não é? — falou Tyler, ficando ao lado do rapaz.
— Sim, essa é a graça — respondeu Peter rindo da expressão embaraçada de Jason.
Quando finalmente chegaram à uma descida da colina, correram para ver se era seguro e viram um caminho descendo pelas costas da colina, até lá embaixo, onde a natureza ficava mais densa. Não recuaram, o grupo foi direto para o caminho, um por um, descendo-o rapidamente. Chegaram, finalmente, a parte debaixo pouco tempo depois. A floresta ali era de fato mais densa, algumas árvores emaranhavam-se pelas raízes e as copas juntavam-se mais, criando efeitos lindos da luz do sol adentrando em furos pelas folhas. Alice foi a mais maravilhada, gravando aquilo com muita empolgação, estava feliz como não ficava há anos fazendo aquilo, guardando memórias da primeira descida na Terra depois de um século. Orgulhava-se, principalmente, de ser uma das primeiras a pisar.
— Agora precisamos seguir noroeste para chegar à onde estava a fumaça dias atrás — disse Tyler ao grupo, tomando a dianteira.
Andaram mais quilômetros, provavelmente, mas tudo que encontravam eram mais árvores e algumas vezes clareiras, mas só isso. Tiveram que andar por mais horas até acharem algo e ali o céu estava cinza novamente, mergulhado em nuvens agourentas. O grupo parou muitos metros antes do local em si, surpreenderam-se ao ver centenas de estacas de madeiras jogadas no chão. Avançaram, muito curiosos, ainda que agora cautelosos e quando as copas saíram de suas vistas, puderam ver algo que parecia uma nave, grandiosa, mesmo que pequena em comparação a estação que caíra na Terra. Em frente a nave estava algumas construções improvisadas para sobrevivência do mesmo tipo que fizeram, algumas estacas de madeira estavam em pé e conectadas as outras, aparentando ser uma parede, e conforme adentravam, podiam ver que o objetivo delas era de fato formarem paredes ou muralhas, mas muitas estavam aos pedaços, outras caídas e a minoria quebrada até a metade, mas todas estavam com sua base ainda enfiada em terra.
— Que lugar é esse? — perguntou Peter, completamente intrigado.
Tyler aproximou-se da nave, limpando uma certa parte com a mão.
— Já vi uma dessas na Arca — comentou, observando o simbolo que ostentava.
— Parece que temos um membro infiltrado do Conselho aqui — disse Adam, encarando-o com suspeita.
— Vi em arquétipos durante minhas aulas de mecânica — respondeu sem ligar muito para a suspeita de Hunt.
Jason virou o rosto ao ver Alice enfiando-se no meio de algumas estacas destroçadas, pulando-as e avançando, a seguiu e escutou o resto indo atrás dele. Ao verem o que ela gravava, encontraram-se num grande cemitério. Havia uma centena de covas, todas com nomes escupidos em cruzes de madeiras. Absolutamente todas covas tinham cruzes com seus respectivos nomes. Brenda, Harry, Michael, Jenny, Clarke, Dennis, Jonathan e muitos outros.
— Que porra de lugar é esse? — questionou Adam em voz alta, tão assustado quanto os outros.
Como ironia do destino, sentiram algumas gotas caindo em suas cabeças e ao levantarem o rosto para ver se era chuva, foi como se do nada, uma tempestade brotasse sobre suas cabeças. O dia tornou-se noite e a luz tornou-se trevas num piscar de olhos, os raios de luz agora eram infinitas gotas d'água que os encharcariam rapidamente se não tivessem enfiado-se dentro da nave. Encontraram muitas coisas dentro da nave: mochilas, roupas, cobertores, acessórios, etc. Tiveram sorte de encontrar uma lamparina e algumas lanternas. Guardaram as lanternas num canto e ligaram a lamparina, iluminando o lugar em volta deles. Tinha vários assentos colados nas paredes e alguns espalhados pelo primeiro andar, o segundo tinha mais alguns, não tantos. E era isso a nave.
— Você está com a arma? — perguntou Tyler a Caterine.
— Sim — respondeu, simplesmente.
Todos estavam sentados em volta da lamparina, num silêncio absurdo. Peter incomodado com aquilo, resolveu interrompê-lo:
— Tive uma ideia de como passar o tempo até a tempestade lá fora ir embora.
— Como? — perguntou Jason.
— Vamos contar o motivo pelo qual fomos presos. Que tal nos conhecermos, hein?
Falava da ideia com uma empolgação notável, algo que tristemente nenhum deles pareceu compartilhar.
— Vamos lá, Jason, conte-nos sua história.
Um pouco receoso, o rapaz engoliu em seco e resolveu contar, pensando que não perderia nada falando de seu crime:
— Fui preso roubando remédio.
— Para alguém querido? — perguntou Caterine.
— Sim, minha mãe. Mas no final... — ele parou, tentado arrumar um jeito de continuar a falar aquilo sem que passasse vergonha em frente ao grupo. — Mas fui pego na segunda vez roubando remédios da enfermaria, fui preso e minha mãe morreu algumas semanas depois. Soube por vizinhos que era alguma doença sem cura.
O silêncio anterior retornou, dessa vez melancólico, todos deram alguma olhadela de pena à Jason.
— Você é mais forte do que aparenta — disse Caterine sorrindo, falava com carinho, tentando consolá-lo.
— Não me considero forte. Na segunda semana após isso, não suportando mais, quebrei o espelho da cela e tentei me matar, mas por sorte acabei me cortando de forma errada e puderam me salvar sem ter que gastar demais. Depois disso, escolhi que viveria pela minha mãe, ela me criou para que eu fosse alguém bom — falava com tanta tristeza que agora todo grupo prestava completa atenção a sua história. — Alguém vivo — terminou com um sorriso forçado para eles, que morreu em seguida.
Por algum tempo, ninguém disse mais nada.
— Cada um de nós lida com dor de forma diferente, alguns de forma melhor e outros de pior. Mas ambos não tem culpa. Você foi forte ao passar por isso de maneira tão firme — falou Caterine, dando outro sorriso a ele, agora um triste.
— E qual foi seu motivo de estar aqui? — perguntou Jason.
Caterine ficou quieta por alguns segundos, mas respondeu:
— Fazer de tudo para proteger minha família.
— Misteriosa como sempre — murmurou Adam.
— Conte-os sobre você, então, pois devia ser o último a falar isso — respondeu Caterine, o encarando.
Adam notou os outros concordando e sorriu da forma sarcástica típica dele.
— Entendo perfeitamente a situação do Jason. A diferença é que eu era o doente. Meu pai desesperado roubou alguns remédios, foi preso e ejetado, minha mãe entrou em depressão e bebeu até a morte, suas últimas palavras foram que a vida dela e do meu pai terminaram no dia do meu nascimento — terminou encarando a lamparina, triste. Acordou de seus pensamentos pouco depois, virando o rosto para Tyler. — Sua vez.
— Sabem a música que tocou em toda prisão? Fui eu que coloquei.
— Boa – disse Peter.
— Você foi preso por isso, sério? Parabéns — disse Adam, achando o ato idiota.
— Achei uma boa causa dar aos presos algo novo, muitos nem mesmo mereciam estar ali. Além disso, eu tinha amigos lá também.
— Eles devem estar felizes de ter um amigo tão idiota assim — comentou Caterine, sorrindo.
— Devem — murmurou para si mesmo. Sabia que todos estavam mortos, não os encontrara em nenhum das duas estações, fora James com o estilhaço no estomago. Mas nenhum deles precisava escutar mais tristeza. — Sua vez, Alice.
— Prefiro não comentar.
Adam bufou ao ouvir aquilo.
Então, toda aquela conversa terminou em silêncio novamente. A nave ficou quieta e só podiam ouvir os trovões, a água escorrendo pelo teto da nave e o barulho agradável das gotas acertando as árvores lá fora. Peter viu como todos estavam e apressou-se para animá-los.
— Bem, ninguém me recomendou, mas vou contar meu crime. Basicamente eu fui preso por consertar um dos problemas da Arca com fita durex, além claro que nunca fui o exemplo de bom cidadão. Eu roubava erva com o Thomas na Estação Rural.
O grupo olhou para ele sem saberem muito o que fazer pela mudança repentina de clima, algo que o deixou tenso, mas aliviou-se rapidamente ao escutar as risadas começando.
— Cara, não dá pra acreditar que foi você. Falaram disso por dias e mesmo nos últimos antes de eu ser preso, ainda ouvia os trabalhadores fazendo brincadeiras sobre — contou Tyler, rindo.
— Eu estava de saco cheio, okay? Tantas vezes fazendo isso, cansei mesmo.
— Você mereceu ser preso, cara — disse Alice rindo.
Quando finalmente todos foram dormir, Tyler ficou em frente a entrada da nave, observando a chuva, enquanto estava perdido em seus pensamentos e sua tristeza. Caterine rolava para um lado e para o outro, preocupada com seu irmão e atormentada pela presença de Pietro. Alice ficou revendo os videos que gravara até ali. Adam estava encarando o teto, relembrando do inferno que fora sua vida na Arca, mas sorria uma vez ou outra ao lembrar-se de memórias boas, como a de seu pai o colocando na grande árvore da praça, deixando-o escalá-la, enquanto sua mãe ficava de olho em volta, rindo. Peter estava em coma deitado sobre mochilas e cobertores. Jason estava deitado, pensando em sua mãe, quando Lisa deitou ao seu lado.
— Posso ficar aqui? — perguntou com um sorriso.
— Pode.
— Obrigada.
S01E03 - Hell Begins
Spoiler :
S01E04 - The Lone Wolf
Spoiler :
S01E05 - The Hundred
Spoiler :
S01E06 - We Must Be Killers
Spoiler :
S01E07 - Remains
Spoiler :
S01E08 - Killer Within
Spoiler :
S01E09 - A Large World [Season Finale]
Spoiler :
Protagonista - Jason Perry
Josh - Tyler O’Neil Sullivan
Mary - Caterine Heartley
Babi - Alice Liddell
Chris - Peter Dunham
Dwight - Adam Hunt
Gulielmus - Jeremy Cross
Josh - Cynthia Foster
NPC - Thomas
NPC - Todd
NPC - Lily Pate
NPC - Lisa
NPC - Bryan Hopkins
NPC - Sebastian Ward
NPC - Lauren Burke
NPC - John Pierce
NPC - Gwendoline
NPC - Alfrid
NPC - Ollie
NPC - Cody
NPC - Alan
NPC - Dylan
NPC - Jay
Vou adicionar todos outros personagens com o tempo.
Última edição por Luckwearer em Seg Mar 19 2018, 02:13, editado 18 vez(es)